Lembranças da meia
noite.
Um delicioso franguinho
caipira.
Dois
dias sem poder sentar na minha varanda as tardes como faço todos os dias. Uma
chuvinha fria, tempo frio e eu não tive como ficar no meu cantinho favorito e
ver os vizinhos passarem. Alguns devagar outros nem tanto, uns a pé outros de
carro. No céu uma bruma cinzenta. Melhor ficar na sala, bem agasalhado se não a
tosse aumenta. Nenhum programa interessante na TV. Minha mente vasculha o
passado e o presente. Percebi que um aroma de alguma coisa frita pairava no ar.
O vizinho talvez estivesse fazendo um franguinho na brasa de sua churrasqueira.
Agora sim fui buscar lá nos meus dezesseis anos quando eu e nossa Patrulha Sênior
comemos um franguinho com este aroma que sentia.
As lembranças avivaram
mais minha memória. Éramos cinco. Soubemos que uma cidadezinha atrás das
montanhas da Lua existia uma companhia de bandeirantes. Surpresa. Nunca tínhamos
visto nada igual. Fizemos um programa de três dias. Um e meio em Taumim, e o
saldo viajando. Bicicletas é claro. Uma jornada e tanto. Mais de trezentos e cinquenta
quilômetros. Chegamos à noite em Itaumim. De manhã soubemos que era dia da
cidade e haveria desfile. Meu Deus! Mais de cem moças. Todas lindas com seu
uniforme de brim azul e lencinho no pescoço. O desfile terminou e as
bandeirantes sumiram. Procuramos e nada. Parecia que os pais esconderam as
meninas a sete chaves. À noite resolvemos ir embora. Novo rumo. Tarumirim e Residência.
Daí pela Rio Bahia retorno a nossa cidade. Bicicletas furando pneu, quebrando
raios e duas da tarde sem chegar a Tarumirim. Quanto atraso.
Lembrei que iriamos
passar em frente na fazenda de um tio meu. Ele era americano. Tio Jerry. Casou
com minha tia irmã de meu pai. Uma bela fazenda. Paramos lá por volta das três da
tarde. Ele estava na varanda da fazenda. Recebeu-nos com uma alegria tremenda.
Disse que fora Escoteiro em Minneapolis nos Estados Unidos. Chamou
dona Ana sua empregada para providenciar um almoço para nós. Gente, que almoço.
Quatro e meia da tarde e lá estava na mesa da cozinha, enorme, um franguinho
frito com batatas fritas, rodelas de cebola crua, um tutu de feijão com
torresmo, um arrozinho solto e linguiças de porco legítimas feitas lá na
fazenda. Nos refastelamos. Só lá pelas nove da noite meu tio Jerry nos deixou
ir embora. Ficou horas contando para nós sua vida de Boy Scout. Fora uma viagem e tanto. Não nos
deixou ir pedalando. Tinha um "Velho" caminhão GMC e lá colocamos as
bicicletas e nos levou até residência. Às onze da manhã estávamos cruzando a
ponte sobre o Rio Doce. Entrada da nossa cidade.
Até hoje me lembro do
franguinho caipira. Hoje isto não existe mais. Só quem um dia saboreou sabe o
que significa um almoço deste. Ainda acho que existem no interior fazendas como
a do Tio Jerry. Um americano que sempre valorizou a boa mesa das nossas Minas
Gerais.
Boa noite meus amigos e
minhas amigas. Durmam bem, um ótimo domingo. São meus votos. Inté!
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