Lembranças
da meia noite.
Se eu
pudesse de novo voltar...
Quem dera,
se eu pudesse voltar a ser um Chefe de Lobinhos ou escoteiros, ou
seniores/guias. Se amanhã fosse meu sábado... Estaria agora pensando nele, na
tropa, nas patrulhas, no Noninho, na Liceia, no Tonico, na Amanda, são tantos!
Mas que seria uma felicidade seria. Eu lá com eles. Eles sabem como eu sou. Um
irmão mais velho. Nada mais que isto. Eles sabem como nos reunimos. Eles sabem
que quase não ficamos na sede. Eles sabem. Eles sabem que as patrulhas decidem.
Eles sabem. Eles sabem que além de amigos deles eu também sou dos seus pais.
Conheço todos. Já conversei com cada um, já tomei café com Senhor Paulo, eu já
almocei com Dona Nora, já visitei a Vovó do Nelsinho no hospital. Sou amigos
deles e dos seus pais e eles sabem disto.
Quem dera,
se eu pudesse. Ia esquecer a burocracia. Que se danassem aqueles que fossem a
favor dela. Nada de ficar só escrevendo. Hora para isso, hora para aquilo.
Vendo onde eles iam chegar. Eles é que iriam ver, eles é quem dariam o passo
certo. E eu? Alí ao lado se por acaso o passo não fosse perfeito. Quem dera!
Que lindos acampamentos nós faríamos? Que lindas excursões nós faríamos? Eu ao
lado deles, rindo de seus “causos”, de suas piadas do seu andar, vendo suas
construções rústicas, suados, mas alegres, pois estavam realizando os seus
sonhos! Acho ainda seria um bom Chefe. Quem dera quem dera.
Quem dera
se eu pudesse ouvi-los todas as horas, sem ser um religioso, sem ser um
professor, sem ser seus pais. Somente um amigo que sabe ouvir. E quando um não
fosse à reunião, eu ficaria alarmado. Correria a casa dele, porque não foi? E
se ele dissesse que não ia mais, que não estava gostando eu lhe pediria não
como Chefe, mas como seu amigo – Volte, vamos nós dois conversar, vamos ver o
que todos pensam. Se precisamos mudar porque não? Ninguém, mas ninguém mesmo
deixaria a tropa sem eu ir procurá-lo e saber por quê. E para mim seria fácil.
Já conhecia sua família, conhecia seus professores, e eu, apenas um Chefe Escoteiro,
amigo de todas as horas não teria a última palavra, mas teria dois ouvidos para
ouvir e pensar.
Quem dera!
Quem dera! Já pensou meu caro, amanhã, sábado, com um belo programa que eles
fizeram, com meus amigos assistentes, dando a eles o que eles pediram? Já
pensou? Quem dera! Quem dera! Mas pelo menos eu sei que um dia eu fiz isto.
Hoje não mais. Olhe, eu sempre sentia uma dor terrível no coração quando alguém
saísse da tropa. Era como se estivesse perdendo parte de mim mesmo. Afinal para
que serve o escotismo? Para mim? Seria egoísta se pensasse assim. O escotismo é
deles. Eles são quem decidem. Eles somente eles sabem do que gostam. Eu? Sou um
mero coadjuvante, amigo, ouvinte, e quando insistem conselheiro.
Quem dera quem
dera que amanhã eu estivesse lá. Mas vou dormir tranquilo. Dormir pensando que
amanhã, sábado milhares estarão lá. Fazendo o que eu gostaria de fazer. Mas o
tempo passou, não é mais minha vez. Sonhar é bom. É de graça. Não custa nada.
Boa noite meus amigos,
desejo para todos vocês, uma grande, espetacular, grandiosa e sublime reunião.
Durmam bem!
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