Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A vida é boa como ela é.


 Lembranças da meia noite.
A vida é boa como ela é.

Hoje vou dormir feliz. Muito. Há tempos não me sentia assim. Tomei uma gostosa dose de uísque. Não se preocupem. Havia quase seis meses que não tomava. Adorava. Umas quatro a cinco doses por dia. Os “Doctors” disseram: - Nem pensar! Vais passar desta para a outra mais depressa! Bah! Na hora de conversar eles não querem, mas na hora de deixar a gente triste são mestres. Belos tempos que já se foram. Adorava uísque com duas pedras. Hoje quatro. Tem de ser assim. Se for viver menos paciência.

Andei pensando com meus botões: - Se gosto porque não? Para viver mais? Adianta? Vivo mais um dia bato as botas e lá no céu só caldinho? E olhe me senti bem. Até dei um pulo para cima. Claro que cai de joelhos, mas dei! (A Célia me ajudou a levantar). Agora a cada dois dias tomo uma dose pequena. Ganhei um queijo de minas. Menino! Gostoso “pacas”, salgadinho. Foi um sucesso para minha mente. Um uisquezinho e o queijinho de minas. Estou até pensando em aumentar as doses. Mas vamos com calma. Danados de “Doctor” só “atrapanhando”.

Um calor incrível. Deixei a novela (aliás, alguém sabe o nome do filho do Cesar e da Aline? Eles só falam nosso filho, coitado do garoto acho que não foi batizado e nem nome tem. Vamos ver se ele vai ser um lobinho e sorrir bastante), continuando sem a companhia da Celia lá fui eu para minha varanda. Nem um ventinho para ajudar. – “Noite braba”. Em acampamentos nunca senti calor. Corria para o remanso, para o rio, para o lago e “tibum”.  Aí fiquei pensando, pensando e esqueci o que estava pensando. Comecei de novo e esqueci de novo. Será a velhice? Risos. O vizinho passou e disse belas palavras dignas de grandes poetas: – “Que calor eim?” Falar o que? Onze e dez da noite. Melhor é ligar a infernável máquina e tentar ler o que meus amigos escreveram. Amigos virtuais sempre nos motivam. Muitas vezes pensei em parar de postar no Facebook. Mas eles estão lá não são muitos os que comentam mas animam “pacas” a gente.  

Bem vou dormir, sorrindo. Alegre. Satisfeito com a vida. Se antes já era feliz hoje muito mais. Meu querido uísque estou de volta, “a nois aqui traveis”! – Mas calma, uma dose pequena a cada dois dias. Melhor que nada. Só tenho duas garrafas, uma importada e outra diretamente para mim do Paraguay. Estou tomando primeiro a Paraguay Cite e a outra mais cara por último. Fazer o que? Risos. Lembro-me das goiabas da Estrada do Céu. Centenas de pés a beira da estrada. Cada mais linda que a outra. Enchi o bornal e seguimos em frente. Paramos para comer. A maduras amassadas as “divez” boas para comer. Porque não comemos as maduras antes de partimos? Vá entender os Escoteiros e suas jornadas incríveis.


Durmam bem. Desejo de coração que sonhem sonhos deliciosos. Amanhã tenho encontro com os homens do jaleco branco. De novo? Fazer o que? Deixa eles falarem, muitas vezes ajudam a gente a viver mais. Inté!

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

A verdade dói.


Lembranças da meia noite.
A verdade dói.

A verdade dói. Interessante. Muitas vezes discutimos o assunto qualquer e um dos contendores diz como se ele fosse o dono da verdade – A verdade dói. Dói? Para quem Cara Palida? Qual verdade a minha ou a sua? Nós ficamos magoados quando alguém diz isto. Afinal a contenda seria para que uma conclusão fosse encontrada e o que se viu é um dos contendores achando que o tema devia terminar e diz de uma maneira imperativa que “Você não aceita a verdade por que a verdade dói”. Eu como sou meio sistemático duvido muito de certas verdades que andam apregoando por aí. Primeiro com as alterações nos últimos 40 anos. Até agora não vi resultados. Todos os donos da verdade diziam que era para melhor. Uma associação escoteira com mais de 80 mil associados que pagam taxas anuais e uma minoria tomando decisão por todos? A verdade? A verdade meu amigo dói!

Venho comentando isto há tempos. Vejo agora que não estou sozinho. Dezenas de outros também querem ter ser direitos. Mas os lá de cima insistem que temos estes direitos e para isto é só procurar o lugar certo. A verdade dele. Quem já foi lá sabe que não é assim. Ser um deles para tomar decisões e esta já chegam praticamente prontas no plenário é como ver que esta verdade, uma verdade deles que dói. Se esta verdade dói imagine a mentira. Claro, na visão do outro sua mentira dói muito mais. Ver pessoas afirmando sempre seu ponto de vista, sem ao menos tentar ver que até hoje só tivemos um lado da verdade então já não é verdade. Shakespeare dizia que devemos aceitar o conselho dos outros, mas nunca desistirmos da nossa própria opinião.

“Quando vejo associados insistindo nas suas verdades me lembra de Bob Marley afirmando que a verdade dói, a mentira mata, mas a dúvida tortura.”. Melhor ficar naquela de que não há fatos eternos, como não há verdades absolutas. Mas chega por hoje desta verdade verdadeira ou mentirosa. O melhor é ir dormir. Um dia ouvi alguém dizer que o silêncio é à força dos sensatos. Muitas vezes é melhor ouvir sem retrucar. Acho que eu não sou assim. Não sei ficar calado sem dar o troco. Paciência.   Como dizia Mahatma Gandhi, “Vocês podem me acorrentar, torturar e até destruir meu corpo, mas nunca aprisionarão minha mente”.

A madrugada vem aí. O Velho Escoteiro vai encostar seus ossos e tentar dormir. Não sem antes parabenizar à jovem escoteira que tomou uma decisão que merece meu aplauso. Em vez de só criticar ela arregaçou as mangas e partiu para a ação. Um protesto público. Nem sei quantos vão comparecer, pois é claro que o patrulhamento ideológico irá atuar em todas as áreas para ninguém ir. Poderá até também haver cerceamento a liberdade do pensamento e quem sabe, admoestações e chantagens. Quem viver verá, mas isto mostrou um pouco da verdade do lado de cá, que nem todos estão a aplaudir estas mudanças e este famigerado uniforme, que mostra sem sombra de duvidas que existem pobres e ricos no escotismo. Os ricos podem escolher entre os dezoito ou dezenove tipos da vestimenta, e os pobres só podem comprar o mais barato. Isto é claro se puderem comprar.


Boa noite meus amigos e minhas amigas. Amanhã é outro dia será um belo dia para sorrir com a atitude desta jovem escoteira que até agora mostrou não ter medo de cara feia. Parabéns pelo trabalho. Aceite meu abraço amigo e o meu Sempre Alerta! Durmam bem nas bênçãos de Deus!  

sábado, 25 de janeiro de 2014

Apenas dando uma força ao nosso sorriso.



Lembranças da meia noite.
Apenas dando uma força ao nosso sorriso.

Ei você! Porque esta cara fechada? Sorria, afinal somos Escoteiros e não dizem que nós somos alegres e sorrimos nas dificuldades? Seja alegre gentil e amigo isto faz bem. Não diga por dizer só porque somos uma fraternidade. Diga que somos irmãos de coração.  Li não sei onde que o sorriso libera no cérebro um hormônio chamado betaendorfina. As pessoas que sorriem têm mais hormônios anti-estresse, e a betaendorfina é um hormônio anti-estresse. Comentam que a mulher vive mais que o homem porque ela libera esse hormônio mais que os homens. Portanto meu amigo lembre-se: - Para franzir a testa, você utiliza 32 músculos. Para sorrir, você utiliza apenas 28. Então, por economia não é melhor sorrir mais? Risos.

Use bastante o aperto de mão, se puder não se esqueça do abraço, mas um abraço gostoso que nos aproxima como irmãos. Lembremos que à medida que aprendemos a sorrir mais, o mundo vai sorrir mais para nós. “As pessoas mais sadias, de um modo geral estão sempre sorrindo”. E você meu amigo cara fechada pare com isto. Chefe não é assim. Sempre está sempre mostrando otimismo. Não importa o seu cargo no escotismo você pertence à associação como todos os outros. Tens um lenço azul? Um lenço de Giwell? E daí? Isto faz de você diferente? Venha conosco e nos ajude a nos transformamos em uma grande fraternidade. Esqueça se ele ou ela são de outra associação. Esqueça se eles são ricos ou pobres, esqueça a distância, esqueça tudo que pode dar uma impressão diferente do que você é. Abrace muito, diga Sempre Alerta com alegria. E assim poderemos chegar onde BP sonhou. Que entre nós não existem fronteiras, pois somos todos irmãos!


Boa noite meus amigos e minhas amigas. Hora de dormir. Amanhã domingo é dia de laser e mesmo sendo um aposentado Escoteiro meus ossos pedem uma cama. Durmam com Deus e não deixem de sorrir sempre!

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Coletor um saudoso Escoteiro e seu violão mágico.



Lembranças da meia noite.
Coletor um saudoso Escoteiro e seu violão mágico.
        
              Eu me lembrei dele hoje. Não sei por quê. Afinal era cedo, o calor se fazia presente e havia dias que não cantava nada. Ou melhor, quase não canto mais, pois a tosse não deixa. Se não me engano, pois minha memória não anda boa nos o chamávamos de Coletor. Porque este apelido eu não sei afinal Coletor lembra os templos bíblicos onde os Coletores de Impostos eram odiados. Alguém um dia me disse sorrindo que o imposto é a arte de pelar o ganso fazendo-o gritar o menos possível e obtendo a maior quantidade de penas. Risos. Ninguém gosta de pagar impostos. Seu nome verdadeiro era Cristófamo. Nome que eu nunca tinha ouvido falar e nunca perguntei a ele porque o batizaram com este nome infernal. Melhor mesmo chamá-lo de Coletor. O moço era um craque no violão. Como tocava. Era ele aparecer e uma grande roda se fazia. Não tinha uma bela voz, mas não precisava. Seus dedos deixavam a todos embasbacados. Coletor era um homenzarrão. Grande mesmo. O violão nos seus braços se tornava parte do seu corpo. Parecia que o violão gostava dele, pois se olhasse bem o violão estava sempre sorrindo, embalado por aqueles dedos especiais.

           Ele entrou para nossa patrulha entrando nos seus quatorze anos. Logo se tornou um de nós pela sua simpatia e esforço. Coletor era negro e forte como um touro. Naquela época acredito que tinha mais de um metro de oitenta. Não sabíamos de suas qualidades e seu domínio com um violão. Perguntou-me se podia levar seu violão nos acampamentos. – Claro, eu disse. Mas só pode tocar nos tempos livres. Ele enrugou a testa e perguntou – O que é tempo livre? – Eu ri dele, pois sabia que no campo nosso tempo livre era para trabalhar. Qual não foi nossa surpresa quando a noite na Conversa ao Pé do fogo que sempre fazíamos todas as noites ele pegou o violão e começou a dedilhar. Naquela época o bom violonista tocava sempre com maestria o Luar do Sertão, As Rosas não Falam, Prece ao vento, Para dizer adeus, Chão de estrelas e tantas outras. Deitados em volta da pequena fogueira e olhando para o céu estrelado esquecíamo-nos de tudo.

              Quando Coletor aprendeu as músicas escoteiras foi um sucesso. A escoteirada vivia em sua casa. Ele nunca disse não. Tocava com alegria de saber que os ouvintes apreciavam sua técnica. Afinal quem não gosta de ouvir lindas musicas escoteiras? Ou quando ele tocava as suas prediletas? Eu sonhava o dia que ele pudesse gravar em um disco de vinil aquelas músicas que só seu violão tocava como se estivesse cantando. Já tinha em minha casa o disco do Trio Irakitan que tantas alegrias me trouxe, mas achei que Coletor era melhor no violão. Em Conselheiro Pena fizemos um acampamento de grupos, uma época que não tínhamos distritos, mas uma grande amizade entre todos. Eram quatro Grupos Escoteiros. Na primeira noite, no nosso campo de patrulha as outras ouviram o dedilhar do violão do Coletor. – Dá licença? E assim foram chegando e sua fama se espalhando. No fogo de conselho foi ovacionado de tal maneira que no debandar ninguém debandou. Ficaram lá ouvindo as maravilhosas músicas de Coletor.

               Eu só conhecia sua mãe. Ele nunca falou de seu pai. Perguntei ao Farolete, um sênior vizinho dele e pelo seu olhar vi que não iria contar nada. Só fiquei sabendo no dia seguinte da tragédia. Seu pai um bandido famoso veio visitar o filho e a esposa. A Polícia de Captura estava de campana e uma saraiva de tiros se abateu sobre a casa de Coletor. Morreram todos. Nunca se cobrou nada das autoridades, uma época que a Policia de Captura não dava satisfações a ninguém. O enterro do Coletor e sua família foi a noite. Para evitar palavrórios contrários decidiram que ninguém poderia participar. Ficamos de longe com olhos cheio d’água só espiando no alto de algumas árvores próximo ao cemitério. Durante uma semana dois policias ficaram de guarda na porta do cemitério. Ninguém podia visitar o local onde foram enterrados.

              Uma semana depois tiraram a guarda e eu corri até lá. Não só eu, mas a maioria dos jovens do Grupo Escoteiro. Era uma sepultura comum, só terra em cima e nem uma cruz havia. Não foi preciso de Conselho de Patrulha e nem Corte de Honra. Fizemos nosso trabalho. Com a ajuda do Mausoléu, um coveiro amigo nosso demos a ele e sua família uma bela sepultura. Era o local mais florido daquela morada onde todos diziam que quem estava lá não poderia voltar. Muitos Escoteiros e eu também juramos de pé junto que nas noites de lua cheia Coletor tocava. E como tocava. O campo santo começou a encher de ouvintes. Milhares e milhares acorriam. Eu mesmo ouvi o som do seu violão tocando o Canto da Promessa, da Despedida, do Fogo de Conselho e muitos outros. Nesta hora ninguém chorava e sim dávamos as mãos e fechávamos os olhos para sentir mais a presença do Coletor.


               Um dia a necrópole se silenciou. Os sons do violão do Coletor emudeceu. Alguém disse que ele foi para o céu. Nossa patrulha mesmo assim não desistiu. Todas as noites fazíamos questão de arrumar as flores, limpar seu jazigo e na hora de ir embora dávamos as mãos em volta de sua morada e rezávamos baixinho um Pai Nosso pensando que ele, nosso amigo Coletor estava conosco nesta hora. Dizem que a vida não tem começo e nem fim. Os maiores poetas já diziam também que viver é uma maneira de sentir o mundo em um minuto e morrer é viver para sempre. Nunca mais voltei a minha cidade. Pelas correspondências o ex-Escoteiros da nossa patrulha que ficaram lá sempre diziam que o jazigo continuava limpo. Um deles me escreveu que nasceu sem ninguém plantar um enorme jequitibá. Outro dizia que muitos viram Coletor tocando seu violão em um galho do enorme Jequitibá. São coisas de cidade pequena. As histórias contadas sempre aumentadas, mas que nos fazem sentir que a felicidade existe nas lembranças para sempre!

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Eu tenho os meus segredos.


Lembranças da meia noite.
Eu tenho os meus segredos.

E quem não os tem? Ninguém está imune a eles e sabe que não pode contar para ninguém. Eu tenho os meus segredos que levarei para o túmulo. Errado? Pode ser, mas não são segredos que prejudiquem alguém. São aqueles que a gente mergulha na sombra e diz para si mesmo – Porque foi assim? Não deveria ter sido diferente? Um poeta das Arábias escreveu um dia que não devemos revelar ao amigo todos os nossos segredos: - Por quê? Você não sabe se um dia ele se tornará um inimigo. Portanto não causes ao teu inimigo todo o mal que lhe podes fazer. Por quê? Porque ele pode um dia voltar de novo ser teu amigo.

Tem segredo que pesa. Parece chumbo colocado em nossas costas. A gente tem vontade de contar, mas fica pensando – Será que vale a pena? E se o outro não entender? Mesmo que tentemos mostrar nossas razões a duvida fica. Vale a pena contar? Um amigo meu vivia bem com sua família. Uma noite, todos cantando divertidos na sala de sua residência. Era seu aniversário. Um grande bolo estava prestes a ser deglutido. Ele já com alguns copos de vinhos fazendo efeito resolveu contar seus segredos. Chamou todos e disse que nunca mais iria ter segredos com ninguém. Alguns anos depois encontrei com ele maltrapilho, dentes cariados, cabelos grandes e barba sem fazer sentado em baixo do Minhocão. – O que houve? – Meu amigo, eu resolvi contar todos os meus segredos para minha família. Veja só no que deu!

Melhor ficar com Voltaire que diz – “Quem revela o segredo dos outros passa por traidor. Quem revela o próprio segredo passa por imbecil”. Acho que concordo com ele. Melhor calar. Sei que não é fácil, mas muitas vezes é o melhor caminho.


Boa noite meus amigos e minhas amigas. Durmam bem e amanhã quando levantarem dê um belo sorriso e façam como eu, vou à janela e dou bom dia a minha terra e ao sol que está nascendo. Falo outras coisas, mas é segredo!  Sejam felizes e levem sua felicidade a todos os que habitam ao seu redor. E olhem, guardem as sete chaves os seus segredos. Risos.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Minha maior amiga foi uma Coruja.

Lembranças da meia noite
Minha maior amiga foi uma Coruja.
                        Eu conheci uma Coruja. Por favor, não riam de mim. Não foi uma coruja qualquer. Imagine, ela me olhando e eu olhando para ela e pam! Surgiu uma amizade eterna. Eu era amigo de uma Coruja. Alguém já foi amigo de uma Coruja? Eu fui e sou. Ela me disse um dia que apesar de ser um menino e ela uma ave, ela nos considerava irmãos! Podem acreditar, pois eu acreditei! Eu tenho certeza do dia que surgiu a maior amizade que já encontrei em minha vida.  Faz tempo. Muito tempo. Quem sabe mais de sessenta anos? Sim, acho que foi isso mesmo. Numa floresta densa, fumacenta, mas gostosamente adorável. Difícil para caminhar, abrindo caminhos entre espinhos com meu bastão, usando uma bússola silva velha de guerra, pele queimada, braços e pernas arranhadas, alguns profundos com sangue ao redor. Quem disse que paramos? Quem disse que voltamos ou desistimos? Nunca! Escoteiros não desistem! Ela me disse que nos acompanhava de longe. Disse que não sentiu pena de mim. Não gostava de meninos. Eles eram malvados. Jogavam pedras. Disse que não viu meu rosto. Disse que o chapelão de três bicos atrapalhava.
                       Quando a vi pela primeira vez foi na clareira que fizemos. Difícil. Um matagal imenso. Não foi em um Fogo de Conselho. Não foi não. Lembro que fizemos um “foguito” pequeno, a clareira amarelou. Apenas uma “Conversa ao pé do Fogo”. Canções, “causos”, planos de jornada, gargalhadas coisas de escoteiros. Não vi as estrelas. As árvores não deixavam. Não havia lua. Escuro. Muito escuro. Apenas nosso lampião vermelho a querosene com seu lusco fusco brilhava. Teve um momento sublime. Isto sempre acontece quando escoteiros estão em reunião em plena floresta. Um silêncio se fez. Segundos que só se ouvia os grilos zumbindo. Ela para chamar a atenção crocitava baixinho, e me olhava com seus olhos negros profundos como se fosse me hipnotizar. Ninguém viu. Só eu. Todos foram dormir. Estavam cansados e eu também. A Coruja fez um sinal como se eu devesse ficar ali. Todos foram e eu fiquei. O silêncio continuou a tomar conta da floresta. Nem os grilos zumbiam mais. Vi alguns vagalumes ao lado da Coruja. Pareciam ser seus olhos noturnos a mostrar o caminho.
                       Senti seu peso nos ombros quando ela pousou. Olhava para mim. Não piscou. Não sabia o que fazer. Dizem que na floresta as corujas são sábias, todos a procuram para aconselhar. Uma vez disseram que era o símbolo da deusa Atena. Ela a chamava de Olhos Brilhantes. Contaram-me que uma Sociedade Secreta de nome Bohemian Clube onde anualmente se encontravam só os poderosos eram convidados. Dizem que a reunião era em uma floresta ao norte de São Francisco, e ficavam em volta de uma grande pedra talhada como se fosse uma coruja. Escreveram em baixo: “Weaving dealing spiders come not here”. Parece que vem a ser uma frase de Shakespeare que significava: “Deixe seus negócios sujos na porta”. Dizem que poucos contam até hoje o segredo da cerimônia. Quem contou morreu de morte misteriosa.
                      Mas isto não importa. Importa a amizade que fiz com a Coruja. Quantas coisas belas naquela noite eu e ela conversamos. Eu contei minha vida de menino para ela. Ela me olhava e não piscava. A melhor ouvinte que já tive. Perguntei a ela se era uma ave de mau agouro. Ela riu. Quem sabe? Quem sabe? Disse. Mas olhe retrucou, quando tem uma festa no céu ou aqui na floresta eu pio e canto sem parar. Ela me disse que sabia canções Escoteiras. Ri baixinho. Não acreditas? E começou a cantar A Arvore da Montanha. Cantava com uma voz linda. Cantou outras. Notei que o por do sol aparecia através das árvores. Notei que eu tinha esquecido de tudo a minha volta. Até o orvalho da madrugada não o senti no rosto. Ela me olhou. Passamos uma bela noite juntos. Noite inesquecível. Impossível ter outra como aquela. Ela disse – Adeus! Porque perguntei? Nunca mais voltarei. Dizem que entre nós quem conversa com meninos é condenada ao exílio. – Venha comigo então! Venha morar comigo! Eu levo você para a cidade! Fica na minha casa. Lá tem um pé de Jacarandá lindo!  Não posso ela disse e voou entre os galhos negros e a folhagem espessa para nunca mais voltar!      
                       Eu conheci uma Coruja. Não foi uma Coruja qualquer. Imagine, ela me olhando e eu olhando para ela e pam! Surgiu uma amizade eterna. Eu era amigo de uma Coruja. Alguém já foi amigo de uma Coruja? Eu fui e sou. Ela me disse um dia que apesar de ser um menino e ela uma ave, ela nos considerava irmãos! E acreditem! Eu acreditei! Pena que ela se foi e eu me fui também. Nunca mais voltei naquela floresta. Não sei se ela já morreu se está no exílio. Eu? Estou aqui. Sempre me lembrando daquela noite que conheci uma Coruja de Olhos Brilhantes. Apenas uma noite. Noite que nunca mais irei esquecer...
“O espírito da coruja mora neste acampamento”!
Boa noite meus amigos. Sonhem muito. Eu vou dormir e sonhar... Sonhar que conheci uma Coruja dos olhos verdes...

Lembrando Patropi. Um grande poeta. Que coisa! Agora todo mundo quer vender?


Lembranças da meia noite.
Lembrando Patropi. Um grande poeta.
Que coisa! Agora todo mundo quer vender?

Putz! Acharam o ninho do gavião. Parece que o facebook se tornou um grande comércio. Anunciam de tudo. Em cada dez comentários pelo menos seis dizem: – Estou vendendo meus produtos são maravilhosos. E tem aqueles que dizem: Você vai ganhar muito e não vai gastar nada! Deixe um dezinho ou um cinquinho e você vai ver chover dinheiro no seu bolso. Será que vale a pena, meu?

Sei que a vida está difícil. Sei que muitos pais de família têm bocas para sustentar. Mas o que preciso fazer para não deixar publicarem em minha página e no Grupo Escotismo e suas Histórias não está no Gibi. Eles acham sempre uma brecha. - Pô meu, cê parece que num sei! - Meu, do fundo do meu coração, você prá mim, é problema seu! - É o seguinte, quer dizer, eu também não sei, mas supondo que soubesse, eu diria, sei lá entende!

E tem aqueles que pegam carona nos comentários e em um por um das postagens fazem sua propaganda. Seu marketing. Lá estão as ofertas. “Grande queima” aproveite a oportunidade, não vai haver Repeteco! - “Meu, eu daria tudo para me incluir fora dessa?”, e “olhe, para compensar que cheguei atrasado, posso sair mais cedo?”.

                 Vender eu sei que é uma arte. Eu fiz dois cursos de vendas. Ainda não havia a internet. Nunca vendi coisa alguma e quando tentei quase morri de fome vendendo. Eu ainda não sou bom arteiro na arte de vendas. Como o velho poeta Patropi dizia, “Às vezes a mentira é melhor que a verdade, quer ver? O que é tudo, e o que é nada? Nada é a ausência de tudo, e tudo a ausência de nada”. Para dizer a verdade eu não sabia que você sabia que ela sabia... E até parece que não sei. Caramba! Derrubei com o pé o sustentáculo principal da moradia campeira. Chutei o pau da barraca meu!  “olhe, para compensar que cheguei atrasado, vou sair mais cedo!”.

              Que os que precisam ganhar a vida me desculpem. Mas acho que daqui a alguns tempos só teremos gente vendendo. E os outros compradores? Acho que eles vão para outras paragens e irão sumir em outros sites ou redes sociais. Continuando assim só teremos os que vendem e ninguém que compra. Risos. Não sei se vou gostar desta mudança. Antes fotos de Escoteiros, agora só de chefes. Antes mensagens lindas escoteiras e agora todos reclamando dos amores perdidos ou em letra garrafais: É SUA OPORTUNIDADE! E têm aqueles que te oferecem o mundo de graça. Que loucura meu! Plies! Sem crise! Bicho.

             Não lhe dão sossego. Quando não estão vendendo insistem para você participar de um jogo. Eu nunca joguei com eles. Não entendo nada e já pensou se passar a jogar? Não escreverei mais nada. Minha profissão gratuita de escritor vai para o ralo. Dizem que o Facebook é o maior do mundo. Uma época era o Orkut, mas só no Brasil. Que me desculpem os cristãos, mas lá andam rezando muito. O escotismo que postavam lá sumiu. E só jogo ali, jogo aqui e jogo acolá. Não sei como ainda o Orkut continua sua saga.

            Eu gostaria como um Velho Escoteiro ver moças e rapazes postando mensagens lindas, frases de coragem mostrando que o Escoteiro e a Escoteira sorriem nas dificuldades. Quem sabe contando suas histórias escoteiras, suas fotos de atividades aventureiras e tudo aquilo que achamos maravilhoso no escotismo. Mas não vejo nada. Quem sabe publicaram e eu não li? – Pô, e ninguém me avisa? Eu não sabia que você sabia, que ela sabia... E até parece que não sei?

Pois é, vamos rezar para o Facebook continuar como sempre foi. Se não “me daria para me incluir fora dessa”? Já faz oito anos que estou fazendo comunicação na PUC, mas no próximo ano se Deus quiser, eu passo para o segundo ano... Se for pra fazer faculdade tem que fazer bem feito. É ou não é?

E para finalizar melhor é continuar a postar o inteligente Orival Pessini  o Patropi. Ele sim se divertia com isto e muito mais. Mais que aqueles que só reclamam. É o seguinte, quer dizer, eu também não sei, mas supondo que soubesse, eu diria, sei lá entende?

             -: ”Rosa (rosa), nega (nega) Nega rosa Rosa nega”. Mais tem rosa que é rosa porque é rosa mais não é a minha rosa porque a minha rosa é rosa, mas, a minha rosa é nega Minha rosa Rosa nega...
Que loucura meu! Plies! Sem crise! Bicho. Fuiiii!

Obs. Orival Pessini  o Patropi é um humorista de televisão;


Boa noite meus amigos e minhas amigas. Um lindo sono, anjos velando ao lado, viagens fantásticas na imaginação. Até amanhã! – Sei lá entende?

domingo, 12 de janeiro de 2014

Saudades dos velhos amigos escoteiros que se foram.


Lembranças da meia noite.
Saudades dos velhos amigos escoteiros que se foram.

Não vale! Não vale! Eu sei que estou sendo repetitivo. Já é hora de passar a borracha e virar a página com ela em branco. Chega de lembrar-se de amigos que já se foram e dizer que estão lá no tal do grande acampamento. Olhe, eu já disse quando me for não irei para lá. Não insista, por favor! Nem perto pretendo passar. Para que? Já pensaram eles em volta de uma fogueirinha em uma nuvem qualquer no céu, cantando musicas escoteiras, comendo batata doce falando do ontem e nem estão se preocupando com o amanhã? Nem querem saber se a tal nuvem vai dar raios e trovões e se tiverem que correr para as barracas? E elas onde estarão? Em Alpha Centauro? Brincadeira. Prefiro ficar fora desta tropa. Lá está cheio de velhos escoteiros. Todos contando “pataca” dos seus tempos de outrora. Haja paciência, para não dizer “saco”. Eu que sou Velho como eles, sei que eles quando começam a falar não querem terminar. Risos.

Se tiver que passar por lá será por pouco tempo. Um “xauxinho” para o Carlos e o Walfrido, um sorriso para o Dutra, um abraço ao Caetano, um olhar carinhoso para o Lucio. Um adeusinho para o Romildo e o Jessé. Um aperto de mão no Taozinho, no Padre Geraldo e se lá estiver no Padre João de BH sem esquecer o Padre Henrique.  E quem sabe jogar um beijinho carinhoso a minha comadre Lucia. Saudades. Mas se eu encontrar o Chefe Darcy Malta, eu ficarei em posição de sentido e direi Sempre Alerta! Baden Powell não estará à vista tenho certeza. Vai estar junto à cúpula do acampamento discutido o escotismo brasileiro. Risos.

 Com ele devem estar os grandes escotistas do mundo, muitos saídos de Giwell Park e que resolveram dirigir sem normas e sem exigências e só com amor o escotismo ali neste acampamento Escoteiro padrão onde reina uma amizade sem par. Sei que não verei o Chefe Floriano de Paula, Um amigo e ex-Escoteiro chefe Arthur Basbaun e o Chefe João Ribeiro. Se der tempo vou procurar o jovem líder e herói do Brasil Caio Vianna Martins. Se eu avistar escoteiro Helio Marcus de Oliveira santos e o lobinho Gerson Issa Satuf ficarei feliz em dizer Sempre Alerta. Lá graças a Deus ninguém conhece o famigerado SAPS! Claro, devem estará lá junto a milhares e milhares de Escoteiros, todos brincando de pega-pega com BP. Ops! Esqueci-me do Chefe Hélio. Um grande profissional Escoteiro. São tantos amigos que se foram! Mas eles estão bem. Tenho certeza. Depois de dar adeus a todos vou procurar uma estrela cadente. Uma estrela bem veloz. Que chegue pelo menos a velocidade de dobra espacial vinte. Muito mais que a Nave Enterprise. Não vou ficar com eles preso neste tal grande acampamento. Quero explorar novos mundos, novas formas de vidas escoteiras no universo. Quem sabe encontrar novas civilizações onde os escoteiros vivem em plena harmonia não importa a associação que pertençam. Vou fazer de tudo para que encontre organizações transparentes. Onde todos têm direito a voz e voto e onde não te mandam procurar seus direitos onde você sabe que não tem. Vou conseguir. Se isto acontecer irei onde ninguém jamais esteve! Só Deus!

Espaço: a fronteira final. Estas são as viagens do Chefe Osvaldo quando “bater as botas” a bordo da nave estelar Enterprise. Prosseguindo em sua missão de explorar novos mundos, procurar novas formas de vida e novas civilizações escoteiras, para audaciosamente ir onde ninguém jamais esteve.


Chega de “patarrocas”, chega de “pratimanhas”. Hora de dormir. O corpo como sempre cansado. Aquela que aguenta o peso do meu corpo quando estou sentado está em pandarecos. Durmam bem meus amigos e minhas amigas. Excelente semana para todos!

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

À tarde, a chuva fina e os sonhos.


Lembranças da meia noite.
À tarde, a chuva fina e os sonhos.

Um pequeno chuvisco caia naquela tarde que se despedia para a entrada da noite. Eu na varanda apreciava o entardecer e a noite chegar com aqueles pingos molhando o asfalto. Não estava frio. Fechei os olhos e com o barulho da chuva nas telhas da varanda deixei minha mente vagar sem destino. Gosto disto. Ela sempre me levava ao passado e me trazia ao presente. Lembrei-me do relógio que nunca para de marcar as horas. Lembro-me de quantas e quantas vezes eu sonhei acontecerem coisas boas e aconteceram. Minha promessa. Meu primeiro acampamento. Minha Insígnia, meu casamento, meus filhos, netos e tantas e tantas atividades escoteiras e profissionais.

E os amigos que fiz? Uns moram tão longe! E quantos a mandarem palavras carinhosas? O relógio nunca parou no tempo. Cada acontecimento marcou minha vida. Alguns ficaram e outros se foram. Até hoje olho o relógio. Até quando? Não tenho medo do futuro. Receio sim de ficar só. Não sei se conseguirei ficar sozinho sem ela. Peço sempre a Deus que me leve primeiro. Lá na minha varanda de olhos fechados rezei uma linda oração que aprendi há muito tempo:

Senhor ensina-nos a orar, sem esquecer o trabalho.
A dar, sem olhar a quem.
A servir, sem perguntar até quando...

A sofrer, sem magoar, seja quem for.
A progredir, sem perder a simplicidade.
A semear o bem, sem pensar nos resultados...

A desculpar, sem condições.
A marchar para frente, sem contar os obstáculos.
A ver sem malícia...

A escutar, sem corromper os assuntos.
A falar, sem ferir.
A compreender o próximo, sem exigir entendimento...

A respeitar os semelhantes, sem reclamar consideração.
A dar o melhor de nós, além da execução do próprio dever, sem cobrar taxas de reconhecimento...

Senhor, fortalece em nós, a paciência para com as dificuldades dos outros, assim como precisamos da paciência dos outros, para com as nossas próprias dificuldades...

Ajuda-nos para que a ninguém façamos aquilo que não desejamos para nós...

Auxilia-nos, sobretudo, a reconhecer que a nossa felicidade mais alta será, invariavelmente, aquela de cumprir seus desígnios onde e como queiras, hoje, agora e sempre.


Boa noite meus amigos e minhas amigas. Quantas e quantas boas noites eu darei a vocês só Deus sabe, mas espero que sejam centenas de milhares. O relógio continua marcando. Durmam bem. Lindos sonhos. Desejo mesmo que sejam felizes como eu ainda sou. Mesmo que dia sim dia não a tristeza apareça e então façam como eu, a afaste para longe ou deixe-a atrás da porta. No outro dia ela não estará lá mais.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Como é difícil dizer adeus!


Lembranças da meia noite.
Como é difícil dizer adeus!

O apelido dele era Bocalarga. Nunca soube o porquê, pois ele não tinha uma boca grande. Quem pôs o apelido nele saiu do grupo e foi embora da cidade. Era uma espécie de norma ter um apelido. Chamavam-me de Vado ou Valente. Valente eu nunca fui, pois o medo sempre foi meu companheiro por toda a minha vida. Ele sempre chegava à sede sorrindo. Que belo sorriso. Era olhar para ele e a gente se sentia bem e logo estava sorrindo como ele. Um bálsamo para a tropa. Nos fogos de conselho bastava ele olhar para todos e sorrir e logo a tropa estava gargalhando. Ninguém nunca o viu triste. Seu rosto não demonstrava. Se tiver alguém que fazia questão do oitavo artigo da lei Bocalarga seria ele. Um dia ele me contou que seu rosto era assim, mas ele chorava e sofria muito com isto. Não dava para mudar sua expressão.

Lembro que ele um dia me procurou sorrindo. Mas quando falou seus olhos encheram-se de lagrimas. - Monitor, ele dizia. Meu pai foi preso. Dizem que ele era assassino, matava por dinheiro. Eu nunca soube disto Monitor. O pai dele foi condenado a dezenove anos de prisão. Bocalarga continuou no grupo. Não havia motivo para afastá-lo. Éramos um grupo de amigos e irmãos. O que aconteciam com os parentes para nós não tinha valor. O lema de um por todos e todos por um para nós era questão de honra. Lembro quando fomos acampar na Pedra do Mosquito. Bocalarga era da patrulha touro e eu da Raposa. Como era uma subida íngreme sempre amarrávamos um cabo em uma corda comprida para segurar quem escorregasse e não caísse no despenhadeiro. Bocalarga não amarrou bem o cabo. Escorregou e caiu de uma altura de mais de quarenta metros. Não foi em queda livre. Foi batendo o corpo nos arbusto até que se estatelou no fundo.

Todos correram para ajudar. A corda serviu para chegar até ele. Ele gemia de dor, mas sua face sorria. Que coisa gente. Que coisa. Fizemos um Balso pelo Seio e ele foi içado. Mais dores ele sentiu e sorria. Levado ao hospital teve fratura exposta no joelho e em uma costela. Época que não sabíamos ainda como carregar feridos nestes casos. Eu mesmo o levei nas costas por um quilometro até a Fazenda do seu Damião. Usou muleta por muitos anos. Sempre sorrindo. Sua mãe era costureira e resolveu ir embora para Monte Azul. Tinha lá uma tia e duas sobrinhas. Na estação esperando o rápido da manhã eu Bocalarga e mais de uma dezena de escoteiros estávamos calados. Não sabíamos o que dizer. Bocalarga sorria. Penso que ele dizia para si – Maldito sorriso. Meu coração sangra e eu fico a sorrir.

O trem chegou e na plataforma fizemos um circulo. Cantamos a Canção da Despedida. Todos chorando e Bocalarga sorrindo. O trem partiu. Ele na janela sorrindo. Vi nos seus olhos as lagrimas caírem. Ficamos parados na plataforma até que o trem sumiu na curva do Boi Marinho. Voltamos tristes para casa. É muito difícil dizer adeus a quem está sorrindo, mas que sabemos estar chorando. Oito anos depois o vi em Caratinga. Falamos por pouco tempo. Ele estava a cavalo com mais alguns cavaleiros e pensei que trabalhava em alguma fazenda próxima. Ele balançou a mão dizendo adeus, eu fiz o mesmo. Nunca mais o vi, mas guardei dentro de mim o seu sorriso de fel. Um sorriso que não era dele. Ninguém nunca soube que ele chorava ninguém. É, é mesmo difícil dizer adeus a quem está sofrendo.


Boa noite meus amigos e minhas amigas. Desejo de coração uma semana cheia de felicidade e que o Senhor esteja com todos vocês.   

domingo, 5 de janeiro de 2014

Não sofra por pequenas coisas.


Lembranças da meia noite
Não sofra por pequenas coisas.

Às vezes, o pequeno deslize do outro é aumentado por um pensamento negativo nosso até um ponto intolerável. Uma palavra, uma crítica, uma mínima ação, um olhar, um gesto, um riso podem crescer de importância e chegar ao imprevisível.
Mas, se você não ligar deixar que "entre por um ouvido e saia por outro" ou olhar por outro lado, certamente que, logo, tudo volta ao normal. Não dê valor ao que nenhum valor tem. Isto vale para nós Escoteiros. Muitas vezes queremos dizer a última palavra achando que com isto iremos convencer alguém que não quer ser convencido. Lourival Lopes disse que quando você reduz um lado negativo aumenta um lado positivo.

Eu sei que não somos santos, mas nada impede que façamos um esforço para compreender o próximo. Gosto do Chico Xavier, ele sempre nos traz sabedoria. Dizia que quando alguém lhe magoar ou ofender não retruque, não responda da mesma forma. Apenas sinta compaixão daquele que precisa humilhar ofender e magoar para sentir-se forte. E ele completa: Ontem passado. Amanhã futuro. Hoje agora. Ontem foi. Amanhã será. Hoje é. Ontem experiência adquirida. Amanhã novas lutas. Hoje, porém é a nossa hora de fazer e de construir.


Poxa, cansado. É melhor ir dormir.  Uma boa noite a todos que me dão a honra de ler minha última publicação da noite. Que a segunda feira seja cheia de alegria e que tudo de bom aconteça com vocês. Fiquem com Deus!

sábado, 4 de janeiro de 2014

Nó górdio.


Lembranças da meia noite.

Nó górdio.

            Sempre fui um apaixonado de técnicas escoteiras. Nada eu deixava passar sem aprender. Lembro que treinei tanto Morse em uma cigarra que um Chefe de Estação conhecido do meu pai disse que eu quando crescesse seria um ótimo telegrafista. Não fui graças a deus. Risos. O Morse foi meu caminho por anos. A patrulha tinha nos dedos a maneira correta de conversar por Morse. Um segredo que ninguem nunca contou. Não deu muito certo o Morse por sinais de fumaça. Demorava demais. Semaforas eu gostava também, mas nem tanto como o Morse. Dificilmente saimos para acampar sem um bom par de bandeirolas de semaforas e uma boa lanterna. Naquela época as lanternas não duravam como hoje. Era comum quando acampavamos em patrulha cada uma tinha em seu campo um portico para transmitir o Morse e a semáforas em cima dele. Era obrigatório sempre ter dois membros nas transmissões. Um para transmitir e outro para orientar o transmissor.

           Mas um dia a patrulha ficou “encucada” quando soube que existia um nó que ninguem nunca desatou. Chamava-se Nó Górdio. Qualquer um da patrulha fazia tranquilamente com os olhos fechados ou com as mãos as costas pelo menos dezoito nós escoteiros e mais quinze de marinheiros. Nonõ da Patrulha Morcego tinha um irmão marinheiro. Era ele visitar a familia e lá estavam todos da patrulha encostados nele para aprender nós que ainda não sabiamos. Foi ele quem contou sobre o tal nó Górdio. Era uma lenda que envolveu o Rei da Frigia e Alexandre, o Grande. Ficou famoso como metáfora de um problema insolúvel (desatando um nó impossível). Bem a historia é longa e não vou contar todos os detalhes, mas só para saber tudo começou com o aviso de um Oráculo que um sucessor do rei da Frigia iria chegar. Chamava-se Górdio. O moço chegou e foi coroado Rei. Chegou em uma carroça, pois era pessoa humilde e amarrou a carroça em uma coluna com um nó que ninguem conseguiria desfazer.

       Dizem que Górdio reinou por muito tempo e deixou como herdeiro seu filho Midas que expandiu o império, mas ao falecer não deixou herdeiros. O Oráculo ouvido novamente declarou que quem desatasse o nó seria o rei. Quinhentos anos se passaram e ninguem conseguiu. Muitos anos depois Alexandre o Grande ouviu esta lenda ao passar pela Frígia. Foi até o templo de Zeus e viu o nó Górdio. Não conseguiu desfazê-lo. Pegou a espada e cortou o nó. Lenda ou não o fato é que Alexandre se tornou o Rei de toda a Ásia Menor. O marinheiro riu depois de contar e completou – E daí também que deriva a expressão “cortar o nó górdio” o que significa resolver um problema complexo de maneira eficaz. Achamos a história interessante, mas e como fazer o tal nó? O marinheiro não sabia. Muitos anos depois me mostraram a foto do nó. É este perguntei? Quem me mostrou riu e disse não ter certeza.

        Sei não, mas nunca fui tão severo como São Tomé que dizem dizia só vendo para crer. Mas uma coisa eu tenho certeza naquela época se aceitava todo tipo de desafio. Muitos demoraram anos para desvendar, mas outros as patrulhas buscavam “céus e terras” e nunca desistiam. Nós e amarras, costuras de arremate, armadilhas de todos os tipos, conseguir tirar uma pena de um gavião vivo, transportar por corda um doente na maca por cima de um riacho, transmitir Morse e Semaforas deitado, de costas, e até pendurado por uma corda de cabeça para baixo eram desafios normais. Mas quer saber? Até hoje não desvendei como fazer e desmanchar o manhoso Nó Górdio das longiquas terras da Frigia.

Boa noite meus amigos e amigas mais um sabado que se foi, e eu aqui falando de nó Gordio eim? Que o domingo seja perfeito em tudo, no rancho, na siesta e que as minhas visitas sejam breves. Rarará!