Lembranças da meia noite.
Netos, o que seriam os avós sem eles?
Hoje quase não escrevi. Dormitei em minha cadeira por muito
tempo. Casa cheia. Netos correndo aqui e ali. Meu silêncio e sossego acabou,
mas a alegria da juventude me rejuvenesceu. Ainda estou aprendendo a ser avô. A
neta mais velha vai fazer 18 anos. Os mais novos dois meses. – Vovó, não está
vendo que estou no computador? Espere sua vez! – Minha vez? Tinham três na
minha frente!
E depois dizem que nós os velhos temos o nosso direito. Hora do
almoço. Mesa cheia. Meu lugar (tenho um lugar certo) foi tomado por um neto.
Fazer o que? Esperar é claro ele terminar e então vou deglutir o que sobrou.
Três na fila do computador, um no meu lugar na mesa, três e mais cinco amigos
na sala vendo TV. Desenhos. E vai tirar para ver.
Um dá um grito como se estivesse morrendo. Corro sem poder. Não
aguento correr, mas é neto, preciso de ajuda. Ofegante ele vira para mim e diz
que não encontrou ninguém no jogo de esconde, esconde. Volto tossindo feito um
louco para minha cadeira. Ela não está lá mais. Uma neta de quatro anos juntou
todas na varanda para fazer uma casinha de bonecas.
E agora, aonde vou? Melhor é cochilar no quarto. Não dá. Minha
cama está tomada por malas, bolsas roupas das crianças espalhadas, uma
parafernália sem fim. Tem uma pracinha diminuta, pequeninita próximo a minha
casa. Lá tem grama e dois bancos. Ótimo. Vou para lá me esconder. Abro o portão
e duas netas me dizem: - Vovó posso ir também?
Quatro horas. Alguns vão embora. Mas três insistem, pois seus
pais resolvem lavar o carro. Agora está dando nove horas. Eles já foram. Um
silencio sepulcral toma conta da casa. Dou um sorriso. Paz! Consegui! Mas
caramba! Já começo a sentir falta deles! Ainda bem que vem aí o ano novo. Casa
cheia bagunça gritos e fazer o que? Afinal para que servem os avós?
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