Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A Escola da Vida.



Lembranças da meia noite.
A Escola da Vida.

Que escola é essa? Autorizada pelo MEC? Risos. Não. É uma escola onde se aprende a fazer fazendo, ouvindo e vivendo. Dizem ser uma escola escoteira, mas conheço muitos que passaram por ela e não foram Escoteiros. E olhe se saíram bem com nota acima de dez. Ela não diminui as demais quem sabe aumenta o saber. Sei que muitos já falaram sobre ela e sei também que ninguém até hoje reivindicou seu nome. Não vi no INPE ou no INPI nenhum pedido como fazem com tudo do escotismo. Eu ouvi falar desta escola por Baden-Powell e nem sabia que já estava matriculado. Ele sempre falava na Escola da Vida. Quando mais jovem eu pensava que escola é esta? Qual seria seu curriculum? Só matérias de escotismo? Não. A escola nos ensina tantas coisas que nenhuma outra tem um curriculum tão extenso. O bom desta escola é que não tem taxa mensal. Seus professores atuam sem salários e como em toda escola tem os bons e os ruins. O melhor de tudo é que são milhões ou quem sabe um número menor, pois eles estão sempre ao seu lado ou a sua volta no seu dia a dia.

Não existem matérias importantes e a principal é a aprender a amar o seu próximo. Material difícil que leva anos para se chegar ao final do curso. Dizem muitos que não acaba aí ela continua além da vida. Você entra na Escola da Vida desde que nasceu. Vai absorvendo os ensinamentos e à medida que vai crescendo muitas vezes depende de você ser um aluno dedicado sabendo separar o joio do trigo. Não existem finais de ano. É uma escola que funciona interruptamente. Também não enviam boletins mensais e nem anuais. O diploma você recebe quando conclui que a Escola da Vida foi importante na sua vivência de vida. A maioria dos alunos sempre chega ao final do curso quando se aproxima à terceira idade. É nela que se analisa o quanto se aprendeu e interessante – A maioria continua na escola. Ninguém faz gazeta da desculpa para não ir, finge-se de doente, pois agora o interesse é bem maior.

Eu sou um aluno dedicado nesta escola. Eu absorvi o máximo que podia. Amei a cada momento que passei por ela. Adorei os meus professores estes eternos desconhecidos e conhecidos e muitos já deixaram de lecionar. Nosso fundador Baden-Powell dizia que nesta escola temos o compromisso de nos tornamos úteis e felizes. Dizia também que as escolhas que fizermos quando criança irá nos dar a base para sermos bons cidadãos. Ele insistia que o escotismo também é uma Escola da Vida ele o nosso movimento não é um manual para seguir a risca e aprender como viver. Na filosofia que ele nos trouxe diz que a nossa aprendizagem é para semear a todos o que há de melhor no contato com a natureza e com o mundo daqueles que nos rodeiam. Finalizou dizendo que só assim poderemos colher o fruto de uma felicidade sincera nas gerações vindouras.

Ninguém pode deixar ou fugir da Escola da Vida. Não é uma escolha pessoal. Você pode não ligar para ela, mas sempre ela estará viva a sua volta e na sua mente. Pode-se sim passar por ela sem nada aprender e sem ambições de se tornar bom ou útil a coletividade. Isto também faz parte de matérias desta escola. Ela sabe que um dia iremos retornar e não adianta nos matricularmos ou não, pois a escola não escolhe e nem decide quem é seu aluno. Esta inscrição vem lá do alto. É automática. Aproveite ao máximo as matérias desta escola e assim você só terá alegrias e nunca tristezas.


Boa noite meus amigos e minhas amigas. Durmam bem e que a quinta seja um ótimo dia para aprender muito. Sejam felizes é meu desejo sincero.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

As estrelas moram no céu.



Lembranças da meia noite.
As estrelas moram no céu.

Eu gostava de contar estrelas, uma, duas, três... E quando perdia a conta voltava de novo a contar e sempre a perder de vista a multidão de estrelas lá no céu. Aprendi nos lobos há tempos e tempos atrás. Estrelas no céu me fazem sonhar, sempre sonhei em andar no meio delas como na melodia Chão de Estrelas. – “Mas a lua, furando o nosso zinco, salpicava de estrelas nosso chão, tu pisavas os astros distraída, sem saber que a ventura desta vida é a cabrocha, o luar e o violão”! Fui crescendo contando estrelas, me via velejando num barco a vela no meio delas, perdido e embriagado com tanto encanto. Quantas estrelas eu contei? Milhões? Bilhões? Números infinitos, me perder no meio delas quem sabe poder tocar e sentir a caricia do seu frescor? Do seu calor? Do seu brilho? Eu gostava de contar estrelas... Ainda Escoteiro me animava a deitar na relva e ver aquele espetáculo que só Deus poderia explicar.

Eu sempre gostei de contar estrelas, aquelas que moram lá no céu. Contei estrelas em lugares incríveis, montanhas impossíveis, picos indecifráveis. Sempre descansando a cabeça na grama, em uma pedra, ou a velha mochila companheira de aventuras. Tentei e não consegui contar estrelas em Caparaó. Sempre premiado com belicosas nuvens brancas a perder de vista. As estrelas quem sabe envergonhadas se escondiam por trás dos astros e eu relutante ali a olhar para o céu e eu só via a bruma branca, opaca não me deixando ver. Eu gosto de contar estrelas... Uma, duas, três, quatro... Foram tantas! Em Itatiaia um espetáculo inesquecível. Nas Montanhas do Morcego elas perdiam de vista. Nas planícies de Crenaque eu esquecia de dormir. Deus criou tudo em sete dias? Tantas estrelas no céu e eu nunca consegui saber quantas são. Perfeição do criador. Criou tantas coisas lindas, criou o nascer do sol, o por do sol se escondendo no mar imenso. O vento! Sim o vento amigo que nos acaricia o rosto no sol escaldante. Será que ele acaricia as estrelas?

Eu gosto de contar estrelas... Uma, duas, três, quatro... São tantas! Nenhum sonho é maior do que deixar o corpo solto e deitar em volta do fogo, noite alta, inclinado de olhos abertos em volta amigos, brasas adormecendo, fagulhas serenas pensando em subir aos céus... Quem sabe para contar estrelas. As belezas do mundo são nossas e o Escoteiro pode sonhar com elas, abraçar com elas, e... Contar estrelas! Privilégios que Deus no deu. Sentir a brisa caindo, molhando as folhas verdes a espera do sol, vendo a lua que se foi. A lua é linda, mas é uma só. As estrelas? São muitas perdidas no céu. Têm as pequenas, as grandes e não esqueço quando me deitei após um gostoso fogo de conselho lá para os lados da Pedra da Mina e dormi. Acordei antes de a madrugada nascer. Uma enorme estrela estava lá no céu. A estrela D’alva reinava como uma rainha cercada de milhões de outras estrelas. Foi um dos mais belos espetáculo de estrelas que um dia consegui ver. Parecia que as estrelas dançavam, em um lindo balé em volta dela. Sem perceber milhões de violinos começaram a tocar o Lago dos Cisnes e se Tchaikovsky ali estivesse eu tenho certeza que estaria de calça curta ao meu lado maravilhado em ver milhões de estrelas cintilantes nesta grandiosa abóboda celeste, um firmamento impossível de se tocar e... Contar...

A vida não para. Fui crescendo mais, homem me tornei e a idade não mais me deixou contar estrelas. Hoje as procuro no céu claro da minha morada e não as vejo. É, moderno isto. Não se pode mais contar estrelas, mas eu não desisto. Vou continuar insistindo e um dia quero de novo deitar na relva, próximo a um fogo adormecido onde as fagulhas relutam em subir aos céus, quem sabe para não atrapalhar a maravilha do firmamento e eu então começarei do zero, de novo a contar estrelas... Uma, duas, três quatro...


Boa noite meus amigos e minha amigas. Muito contente hoje. Acho que sábado dia dois estarei no Campo Escola do Jaraguá, pela manhã, vendo o movimentar de meninos e meninas Escoteiros que ali vão juntos viver a natureza em um acampamento Distrital. Quem sabe eles poderão contar estrelas? Acho que vai ser bom. Faz anos que não estou junto deles. Não acamparei lá, voltarei logo, pois não quero atrapalhar. Durmam bem, eu? Também vou tentar, mas pensando que estou vendo o céu, milhões de estrelas e eu estou contanto... Uma, duas, três, quatro... Eu gosto mesmo de contar estrelas... 

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Isto não existe mais?


Lembranças da meia noite.
Isto não existe mais?

               Não existe mais? Olhar o seu calçado para ver se está limpo? Olhar seu cinto para ver se a fivela está brilhando? Ver seu meião se está com as estrias retas? Ou então se ele no alto está dobrado com a medida de três dedos? Não? Não existe mais? Então ninguém mais se olha no espelho para ver se está condignamente uniformizado? Se o lenço foi bem dobrado e perfeitamente colocado parte com parte? Não existe mais? Olhar se as unhas estão cortadas, se o cabelo foi penteado, se no bolso estava à moeda da boa ação, o lenço e o pente? Isto não existe mais? Um pequeno lembrete para contar ao Monitor e ao Chefe a sua melhor boa ação da semana? Considerar ponto de honra à limpeza da área da sede? Não jogar papel no chão, até o mais humilde palito vai para a lixeira? Fazer de tudo para ser o primeiro a dar Sempre Alerta? Não existe mais?

              Dizer para a mamãe que lavou sua roupa no acampamento? Mostrar para a mamãe que toda a roupa que levou está limpa, pois você a lavou no acampamento? Sorrir para o Monitor quando ele perguntar se ainda se lembra do sétimo artigo da lei e você diz sem pestanejar? O orgulho de fazer quinze nós Escoteiros e mais quinze de marinheiro de olhos fechados? Não existe mais? Tirar sua faca da bainha e mostrar que está limpa e você passou um pouco de talco para não enferrujar? Entregar dentro das normas escoteiras ao companheiro a faca, a machadinha e o facão? Sentir orgulho quando Chefe fazia a inspeção e seu material estava posto corretamente nos moldes de Giwell? Não existe mais?

              E quando você afiava uma ferramenta com perfeição? Nunca esqueceu quando transmitiu 35 letras em um minuto nas semáforas? Ou então quando junto ao seu amigo de patrulha construíram uma pequena cigarra e se orgulharam de transmitir os sinais de Morse em quarto diferente? Isto não existe mais? E quando acendeu sua fogueira com um palito? E quando cozinhou seu arroz e fritou os peixes que pegou naquela noite chuvosa? E quando sua patrulha construiu um Ninho de Águia no Jequitibá do acampamento? E aquela ponte pênsil no Riacho do Tatú? E aquela barraca suspensa que de madrugada caiu? E quando quase conseguiu tocar no Quati na Mata do Rio Pomba? Isto não existe mais? E quando O Josiel quebrou o braço naquela jornada e você fez uma tala de madeira protegida por lenço e tudo deu certo? E quando você manejava a bússola com perfeição e sabia seguir um mapa, um croqui ou um percurso de Giwell? E na sua jornada de Primeira Classe onde quase se perderam no vale do Rio Doce? Isto não existe mais?

             E quando iam dormir, você e sua patrulha ajoelhavam no capim molhado e rezavam agradecendo a Deus pelo dia? E na alvorada de short a fazer a educação física com um frio de doer? E as noites na porta de sua barraca com um foguinho aceso a patotear com seus amigos com causos e causos e davam belas risadas? E quando passaram mal por comer muita batata doce? E fazer mil e uma armadilhas para pegar um pássaro grande e fazer um belo assado? E os bagres e mandis do Córrego do Boi que não conseguiam fisgar? Isto não existe mais? E das jornadas noturnas, dos bivaques sem fim, a tropa alegre a cantar o rataplã? E quando acordaram as quatro da matina só para ver o nascer do sol no Pico do Papagaio na Serra da Mantiqueira? Isto não existe mais?


Boas noites meus amigos e amigas. Eu rezo para que isto ainda exista, pois é a essência do escotismo. Fora do campo o Escoteiro e a Escoteira são como peixes fora d’água. Durmam bem e boa semana. 

terça-feira, 22 de outubro de 2013

O destino de uma linda árvore frondosa que amei.



Lembranças da meia noite.
O destino de uma linda árvore frondosa que amei.

Eu a descobri por acaso. Não mais que a um quilômetro da minha residência. No final da Rua dos Afonsos. Nada que uma pequena caminhada para chegar até ela. Vi que era uma linda figueira. Enorme, Copada, uma sombra incrível ela produzia. Estava no meio do nada. Um matagal no final de rua. Apaixonei-me por ela. Durante três dias limpei o mato e o lixo em volta de sua sombra. Alí a gente se escondia. Pensei em plantar gramas e flores. Até que plantei uns chapéus de couro, lírios, flor de laranjeira, crista de galo e todas se deram bem. Era meu cantinho. As tardes pegava um livro, jogava nas costas uma cadeira de praia e lá ia eu. Sentava-me refastelava, sem nenhum barulho e viajava em meu livro nas paginas que me levavam a terras longínquas de um mundo fantástico. Li uma dezena de livros acobertados por aquela arvore que passei a amar.

Minha bela vida de tardes sombreadas durou pouco. Um ano depois quando lá cheguei encontrei uns homens da prefeitura. Faziam medidas aqui e ali. – Oi! O que é isto? Perguntei. - A nova avenida. “É o progresso chegando” Isto aqui vai ficar mais agradável. Muitos carros, ônibus, novas casas você vai gostar! Olhei para ele. Coitado. Não sabia que a nova civilização não trás a felicidade. E minha árvore? Perguntei. Vai ser cortada. Ela fica bem no meio da avenida. – O que posso fazer para vocês deixarem ela viva? – Nada meu amigo. Nada.

Demorou seis meses. Vi com tristeza em uma manhã de segunda, caminhões, tratores a caminho do meu sonho das tardes assombreadas. Minha árvore ia partir. Ainda bem que estou "Velho". Logo, logo também irei partir. A natureza não é mais a mesma. Não há respeito. Ela é jogada como lixo em todos os lugares. Voltei para minha varanda. Ainda tinha meu canto. Mas que saudades da minha linda árvore que um dia achei que ia durar para sempre!
A árvore da serra
— As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!

— Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pôs almas nos cedros... No junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui Minh ‘alma! ...

— Disse — e ajoelhou-se, numa rogativa:
«Não mate a árvore, pai, para que eu viva”!
E quando a árvore, olhando a pátria serra,
Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!
Augusto dos Anjos.

Até amanhã meus amigos e minhas amigas, uma boa noite, uma bela madrugada e um fantástico amanhecer junto ao nosso Deus! 

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Quando eu voltar a ser criança.

Lembranças da meia noite.
Quando eu voltar a ser criança.



Não existe nada nesse mundo que nos faz emocionar mais que uma criança. Não importa qual criança seja. Podem ser as que nasceram em berço de ouro e as que nasceram nas palafitas e favelas. Se olharmos para uma criança doente, ou portadoras de necessidades especiais, seja ela física e/ou mental nosso coração bate forte. Todas as crianças são lindas e se vermos a falta de um sorriso procuramos de pronto tentar fazê-las sorrirem. Rosana Pinheiro disse que nas mãos das crianças o mundo vira um conto de fadas, porque na inocência do sorriso infantil, tudo é possível, menos maldade. Dizem que crianças são anjos, são pedaços de Deus que caíram do céu para nos trazer a luz vida que há de fazer ressuscitar a verdade que vive escondida em cada um. A criança não cultiva inimigos, muitas vezes sua tristeza é momentânea. Ela não enxerga o feio, o diferente e o bonito. Não liga para a cor e nem sabe diferenciar a raça dos que estão ao seu lado.  

Mandela na sua sabedoria disse que ainda há gente que não sabe quando se levanta de onde virá à próxima refeição e neste caso existem crianças que com fome choram. As crianças são quase sempre felizes, porque não pensam na felicidade. Os velhos são muitas vezes infelizes, porque pensam demasiadamente nela. O escotismo é um manancial de belos sorrisos. Ver um lobinho sorrir é uma paga que poucos têm. Quando o acantonamento é um evento esperado o lobinho sonha. Passa dias só pensando nele. Gritar com uma criança, chamar duramente sua atenção pode ter efeito boomerang. O que se faz agora com as crianças é o que elas farão depois com a sociedade. Precisamos entender que a criança é a consagração da vida.

A uma parcela dos associados que pensam mais nos pequeninos. Querem eles também nos Grupos Escoteiros. Alguns os chamam de castores outros de Pré-cubs idade inferior aos dos lobinhos. Tem outros nomes que os definem também como pata tenras iniciantes. Fico pensando quando eles estarão em ação. Falta muito, mas já pensou você olhar para aqueles pequeninos e vê-los sorrir? Jogar, cair, levantar e cantar? Sei que infelizmente por falta de condições financeiras seria difícil pensar nos mais humildes junto a nós. E aqueles de necessidades especiais? Mas acredito que seus sorrisos irão pagar a todos que um dia resolveram se jogar de corpo e alma nas atividades desses pequeninos que ainda não são reconhecidos pela nossa autoridade máxima.

Hoje ainda assistindo um programa vi nele crianças que partem nosso coração e queremos de qualquer maneira ajudar. A saúde em um adulto machuca, mas em uma criança dói fundo. E bom saber que somos milhares a lutar pelas crianças. Ainda bem que o sol e a chuva ou até outros empecilhos que aparecem em nosso caminho não desistimos. É sim pelo sorriso. Pela felicidade deles que continuamos firmes em nosso ideal de educador. Não vou me alongar muito. Deixo com vocês o pequeno poema de Janusz Korczak:
  
Vocês dizem:
- Cansa-nos ter de privar com crianças.
Têm razão.
Vocês dizem ainda:
- Cansa-nos, porque precisamos descer ao seu nível de compreensão.
Descer, rebaixar-se, inclinar-se, ficar curvado.
Estão equivocados.
Não é isso o que nos cansa, e sim, o fato de termos de elevar-nos até alcançar o nível dos sentimentos das crianças.
Elevar-nos, subir, ficar na ponta dos pés, estender a mão.
Para não machucá-las...


Boa noite meus amigos e amigas. Um sono gostoso, pois amanhã é dia dever suas crianças e com elas sorrir. Parabéns! 

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Quando a primavera voltar quem sabe... Eu voltarei ao Campo Escola.



Lembranças da meia noite.
Quando a primavera voltar quem sabe... Eu voltarei ao Campo Escola.

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é.
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem por que ama, nem o que é amar...

Saudades que nunca terminam. Saudades que vieram para ficar. Boas lembranças do Campo Escola. Era como se eu estivesse aventurando na minha infância nas Matas do Tenente, ou nas Florestas infinitas do Rio do Peixe. Eu gostava de lá. Muito mesmo. Em poucos minutos eu me transportava de uma selva ou um deserto de Pedras Altas para o mais puro ar que se respira. Só quem conhece sabe como é o aroma de folhas, galhos, árvores enormes a esconder o sol que a seu modo tenta penetrar em pequenas olheiras de galhos entrelaçados naquele lugar mágico. Muitas vezes o som birrento de uma máquina de aço a mesma que me transportava para aquelas paragens verdejantes eram esquecidos. À medida que me aproximava da redenção eu me transformava em puro deleite de felicidade, não só pela vista maravilhosa, como daquele pequeno lago, construções simples encravadas em síndrome de sombra de por do sol. A pequena construção de pau a pique, abertas na lateral, para mim só tinha o significado de ensinar, passar aqueles que ali estavam o saber que um dia nós dirigentes adquirimos.

Quando não estava presente com os alunos amigos, eu me tateava para o pequeno descampado, sentava a beira de uma pequena árvore que muitas vezes teve em seus braços a bandeira arvorada. Eu ficava olhando as demais que se fechavam em copas, como se fossem intransponíveis para uma exploração de um mateiro Escoteiro que quisesse desvendar seu segredo. Nem a gigante antena do mais alto pico ali a gente via. Era como se sentir bem perto do céu! Pássaros que voavam no seu habitat, eu tive a honra de encontrar uma Preguiça, com seu olhar meigo, sem medo deixando-me aproximar, ela com seu olhar cativante com passadas contadas em horas para transportar de galho em galho. Quantas corujas em vi? Um tatu-canastra, bugios aos montes a rirem de mim. Sempre que ali estava me lembrava de Gonçalves Dias que em seu lindo poema narrava: - “Minha terra tem palmeira, onde canta o sabiá, as aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá”.

Era um deleite as noites e os dias escondidos naquele habitat especial, naquele grotão infinito, plena natureza da Selva de Pedra. As noites o céu era lindo, milhares de estrelas e em noite de lua cheia. Era incrível! Tantas saudades que me veio à mente o que Kipling escreveu sobre ela: - Quem ao crepúsculo já sentiu o cheiro da fumaça da lenha? Quem já ouvir o crepitar do lenho ardendo? Quem é rápido em entender os ruídos da noite? Deixai-o seguir com os outros, pois os passos dos jovens se voltem aos campos do desejo provado e do encanto reconhecido! É meu amigo Gonçalves Dias, seus escritos se misturam com as belas lembranças, naquele território Escoteiro onde me sentia mais perto de Deus. “Nosso céu tem mais estrelas, nossas várzeas têm mais flores, nossos bosques têm mais vida, nossa vida mais amores. Mais prazer encontro lá”. Lá? No Campo Escola dos tempos idos. Para quem viveu junto as Palmeiras, bromélias, begônias, orquídeas, cipós e briófitas, pau-brasil, jacarandá, peroba, jequitibá-rosa tantos e tantos outros que nunca mais vou esquecer...

Soube por uma amiga que irão me convidar a voltar lá. Não sei se quero ir, pois se passaram quase trinta anos e ninguém se lembrou de que eu gostaria de reviver o passado. Tempos demais. Será que ainda vou ver o que eu vi? Ainda vou viver o que eu vivi? Não sei. Gostaria de reviver o passado como ele foi. Que tivessem preservado o encanto que vi com meus olhos que a terra vai comer. Vamos esperar. Enquanto isto vou cantando e filosofando Alberto Caeiro:

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é.
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem por que ama, nem o que é amar...

Boa noite meus amigos e minhas amigas. Um ótimo sono reparador. Ate amanhã!





segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Como agradecer a quem merece ser agradecido?

Lembranças da meia noite.
Como agradecer a quem merece ser agradecido?



Aqui recebo sempre comentários de amigos e amigas me incentivando a continuar minha saga de pseudo-escritor, forjado sem eira nem beira em um caminho qualquer desta nossa estrada da vida. Estou indo aos poucos e aprendendo a caminhar nesta trilha estreita cujos mais poderosos escritores já percorreram. Nunca serei um deles, mas me esforço para mostrar um escotismo autêntico a todos meus amigos. A gente sempre pode apreciar a vereda que percorri, a variante que não entrei o rastro que não deixei no atalho que esqueci. Escrever hoje faz parte de mim. Vai ser difícil suportar um dia a falta da escrita que me da ânimo de viver. Se um dia acontecer e sei que vai acontecer já estou abrindo novas trilhas para continuar onde estiver. Desvendarei todos os sinais de pista que aparecerem. São velhos conhecidos meus de tempos exploradores de um passado que ficou lá bem atrás.

Um amigo disse que eu deveria ser um tipo articulista/jornalista a comentar o dia a dia do nosso mundo, do nosso país, de nossa cidade. Quem sou eu. Longe de mim. Só escrevo o que conheço, pois preciso saber onde piso. Escotismo para mim é feito de terra batida, sem areia movediça em um terreno que já piso e já pisei. Sei aonde vou e não irei cair em uma armadilha que não fiz. Ele o meu amado Escotismo para um Velho Escoteiro não tem segredos. Esta é uma trilha onde não me perco. Podem ter trovões, raios, rios intransponíveis a me jogarem em uma estrada sem rumo, mas escotismo não. Ele sabe que não pode se esconder de mim. É um velho amigo preso no coração da imortalidade.

Hoje resolvi agradecer as palavras, comentários de amigos e amigas que me enviam. São muitas. Impossível transcrever aqui todas elas. São nas postagens, no meu e-mail, nos meus blogs e em vários outros lugares. Tirei uma das centenas que guardei. Por ela homenageio a todos os que um dia me deram a honra de comentar mês escritos. Obrigado Otília. Faz tempo que postou esta, mas me emocionei. Obrigado mesmo. Que todos se sintam aplaudidos. Que todos se sintam saudados. Pensem que estou presente agradecendo pessoalmente a cada um como um aperto de mão forte, com uma saudação sincera, com um pipocar dos meus lábios dizendo um Sempre Alerta gostoso e sorridente.

- “Chefe Osvaldo, ontem mesmo na reunião eu estava comentando com a chefia e diretoria do grupo sobre suas crônicas, dizendo que deveria ser leitura obrigatória a todos os pais, e aos meninos que desejam entrar no movimento escoteiro, por ter um cheiro de terra molhada, de comida de acampamento, de cansaço, de aventura, de desafio e muito de espirito Escoteiro”.
Só discordo do senhor, se assim me permite quando fala que é um velho Escoteiro. Se ser escoteiro é ser jovem o senhor é ainda muito jovem, e rejuvenesce ainda mais quando se lembra das historias vividas e nos ensina através delas.
Muito obrigada mesmo!

Não se acostume com o que não o faz feliz,
Revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças,
Mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!


Boa noite meus amigos e minhas amigas. Um sono reparador, e mais um dia que virá para iluminar seu coração.

sábado, 12 de outubro de 2013

Lembranças da meia noite. Quando...

Lembranças da meia noite.
Quando...



Quando eu voltar a ser criança...
Quando eu conseguir acariciar a lua cheia...
Quando eu pegar carona na cauda do cometa...
Quando eu conseguir dançar o funk...
Quando eu esquecer que sou feliz...
Quando eu saltar de paraquedas no espaço...
Quando eu deixar de amar minha Celinha...
Quando eu conseguir voar pelos céus sem asa...
Quando eu esquecer minhas origens escoteiras...
Quando eu não amar mais o nascer e o por do sol...
Quando eu deixar de sorrir quando encontrar meus netos...
Quando eu esquecer o Sempre Alerta e falar o famigerado SAPS...
Quando eu voltar a dar cursos em estados brasileiros...
Quando eu parar de escrever meus contos Escoteiros...
Quando eu esquecer meus amigos virtuais do Facebook...
Quando eu puder ser um astronauta e morar na Estação espacial...
Quando eu viajar no espaço sideral a bordo da nave estelar...
Quando eu for convidado pelo doutor Spock morar a bordo da USS Enterprise...

E quando tudo isto acontecer eu...
Irei me benzer de cima em baixo e eu...
Neste dia fatídico e fantasmagórico eu...
Irei envergar esta nova vestimenta escoteira e...
Farei parte da turma que já estão vestindo e gostam e...
Ficarei com os olhos vermelhos de vergonha e...
Irei virar um ermitão Escoteiro no pico da Neblina e...
Neste dia, irão cair raios sobre minha cabeça e...
Neste dia, irei esgotar minhas lagrimas de arrependimentos e...
Neste dia, eu tenho certeza, estarei no céu a cantar o rataplã e...
Serei recebido como herói pelos amigos Escoteiros que lá estão e...
Direi que assim seja, e chorando irei pedir a Deus para me perdoar.

VIVA O MEU UNIFORME CAQUI QUERIDO!


Boa noite meus amigos e amigas. Um post da meia noite para divertir, pois cada um de nós sabe onde o sapato aperta. Durmam bem e um ótimo domingo.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O tempo não perdoa.

 Lembranças da meia noite.
O tempo não perdoa.



Meu aniversário Facebookano passou. Tinha esquecido. Dia três último eu fiz três anos aqui. Quanto tempo. Aprendi muito. Escrevi, falei, ouvi, deduzi e conheci milhares de gente virtualmente. Muitos se foram. Acredito que tudo cansa. Até mesmo ficar aqui o tempo todo jogando conversa fora. Aqueles que começaram comigo poucos hoje na minha página. Eles têm razão. Meus escritos não mudam. São histórias da carochinha, invencionices e traquinagens de meninos e meninas sonhadoras. Não faltaram conversas jogadas ao léu, escambais que nada dizem e lembranças impossíveis. É falei demais. Eu entendo o porquê se foram. Aqueles mais doutos eu sempre entendi. Principalmente se tem uma visão diferente da minha. A estes eu peço desculpas. Sou agora um Velho ranzinza. Sempre sonho com um escotismo forte e unido e não é o que está acontecendo. São centenas abandonando e outros fazendo seu próprio escotismo. E as lutas internas? E os processos? Não, não era isto que eu sonhava e sonho.

Foram três anos. Falei mesmo o que não devia e ouvi outros tantos dos politicamente corretos. A cada dia levando uma pancada forte nos meus ideais. Programas que nada dizem acampamentos distritais, regionais e nacionais que se tornaram caça-níqueis. Afinal todos tem um caixa e vamos engordar que ninguém e de ferro. Briguei nos meus escritos por uma lógica mais fraterna. Insisti no tema democracia. Repliquei na transparência que não houve. As respostas das altas esferas não existem. Houve sim de amigos que acreditam estarmos no caminho certo. E no final um uniforme que chamam de vestimenta imposta de maneira ditatorial. Por quê? Porque meu Deus não conversaram com muitos? Porque não pediram opinião? Porque decisão de poucos e fazendo do escotismo um espetáculo teatral nos moldes de um Fashion Week para vender aos incrédulos? Uma nova vestimenta. Só um com o poder de compra e venda. Grandes negócios para pequenas empresas? Mais de 70.000 clientes cativos?

Três anos. Mas me diverti bastante. Fiquei mais velho três anos. Tentando vender escotismo a “molho pardo” ou como um ensopado de Tatú na brasa. Vendendo ilusões gostosas que podem se transformar na realidade de cada um. Se eu consegui não sei. Se alguém aproveitou melhor. Se foram palavras ao vento “danou-se”! Mas valeu a pena. Ah! Se valeu. Quantos amigos ainda ficaram lendo meu besteirol do dia? Da noite? E quantos dão risadas ou acham interessante? Pena que aqueles que estavam comigo a conversar, a dar opinião, a comentar muitos se foram. Mas quem disse que nada é para sempre? Afinal fincar raízes, dizer que tem o escotismo no coração e ele nunca mais seria abandonado não é fácil. A vida é renhida e difícil de prosseguir. O escotismo é uma escolta em noites escuras que podem se esconder em uma sombra da lua e deixar aqueles que acreditam ao léu de um sonho.

Três anos. Quantos mais? Pergunta capciosa. Não depende de ninguém. Depende “Dele”. Aquele que hoje muitos acham que não existe e nunca vai existir. Será interessante encontrá-los depois da vida – Eles dizendo: - Não te disse? Mas como disse? Se “Ele” não existe o que estamos fazendo aqui?


Boa noite meus amigos e minhas amigas. Deixem que os sonhos os levem a locais lindos, onde a brisa gostosa vai iluminar o caminho de cada um. Ah! Saudades do sereno na lona da barraca e eu sorrindo a dormir com os anjos. Durmam bem. 

domingo, 6 de outubro de 2013

Faça você mesmo o seu Caminho para o Sucesso.

Lembranças da meia noite.
Faça você mesmo o seu Caminho para o Sucesso.



Outro dia li que existe um grande número de adultos dispostos a trabalhar como voluntários em uma organização. Parece que tem até uma ONG para atender os interessados. Não sei se lá está alguém que conhece o escotismo para servir como base de motivação. Participar de um Grupo Escoteiro requer muita abnegação do interessado. Dizem e eu confirmo que quem está lá faz parte de uma grande família e isto tem todo significado para conseguir atingir o Caminho para o Sucesso. Ser voluntário em qualquer ramo de atividade não é fácil. No escotismo mais difícil ainda. É necessário uma quase entrega que muitos preferem escolher outro caminho e deixar o escotismo de lado. Mas quando sentimos que somos importantes, que somos bem vindos e que existe um sol brilhante durante todo o tempo que estamos ali nos sentimos vitoriosos. Em nosso país e acredito que em outros também, muitos insatisfeitos deixam o Grupo Escoteiro para se transferir a outro ou mesmo organizar um novo Grupo Escoteiro, por não terem encontrado o que procuravam. Não sou contra. Acho que as razões de tal atitude tem sua explicação. Quando a politica ou a posição ditatorial toma conta da chefia não dá para continuar participando. Vi centenas de casos assim.

Dizer que somos Escoteiros, que temos uma lei e uma promessa e nelas estão embutidas o tratamento cavalheiresco e respeitoso entre os membros dos diversos escalões nem sempre e verdade e não existe conforme pensamos. Esperar que ao entrar o voluntário vai sentir como mais um entre os demais para o resto da vida, que os demais adultos em nossa volta vão nos considerar um irmão, é um desejo que nem sempre acontece, mas seria o essencial para sua motivação sempre. Já vi centenas de grupos onde todos são amigos e irmãos Escoteiros. Ir lá participar e colaborar faz todos os voluntários se sentirem vitoriosos no que escolheram. Atualmente me pergunto o porquê todos não são assim. Não seria tão bom um belo sorriso? Um abraço e um tapinha nas costas como a dizer, - Você é importante para nós? Receber um telefonema de vez em quando com um agradecimento, um e-mail elogioso não seria o máximo? Estar em um Grupo Escoteiro onde todos se preocupam com todos e sabemos que alguém vai sempre nos motivar é um passo enorme para o Caminho do Sucesso.

Não temos santos no escotismo. Mas graças a uma disciplina bem estruturada ainda conseguimos nos manter como organização. Mesmo sem salários muitos se colocam em um pedestal, querendo ser maior do que o novato seja por causa de um lenço, por causa de algumas estrelas ou um cargo Escoteiro e esquecem que somos irmãos. Isto afugenta muito os novos voluntários. Ninguém é melhor que ninguém. Ainda bem que temos centenas de grupos onde a alegria, o respeito e o elogio contagiante são frequentes e nestes casos se traduzem em jovens alegres e motivados. Vamos lutar por isto. Perdemos a cada ano ótimos adultos que poderiam trazer enormes benefícios ao nosso escotismo.

E você que me lê sempre muito obrigado. Uma honra ter você como leitor ou leitora. Tudo que escrevo é publicado em meus blogs, em minha pagina Osvaldo um Escoteiro (acima de 5.000 amigos) e Osvaldo Escoteiro crescendo e crescendo. Leia também no Grupo Escotismo e suas Histórias. Correndo célere para os 10.000 participantes e você? Ainda não é um deles? Seja bem vindo!


Hora de dormir. O corpo pede cama. Vamos atendê-lo. Boa noite, que o Senhor acompanhe todos os sonhos dos amigos e amigas e uma ótima semana.     

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O palavrão.

Lembranças da meia noite.
O palavrão.



             Não gosto. Não gosto mesmo. Se tiver quem goste fique a vontade claro longe de mim. Não critico. Na minha época de menino diziam que estávamos com a boca suja. Na minha família dificilmente alguém dizia um palavrão. E se por acaso dissessem podia esperar um pedido de desculpas. Lembro uma das minhas irmãs sobre um ex-namorado dela falou um palavrão. Uma semana depois quando estávamos jantando ela pediu desculpas a todos. Era questão de honra na patrulha e na tropa não falar palavrão. Se fosse seguir a lei escoteira aí que palavrão seria proibido em qualquer lugar. Lembro que em um acampamento distrital de patrulhas uma delas não tinha papas na língua. Quando um chamava o outro logo vinha um palavrão. O cozinheiro coitado era xingado a torto e a direito. Dizem que nós adultos somos responsáveis pelos jovens falarem palavrão. Concordo. O jovem sem perceber copia tudo que o adulto faz.

              Nestes acampamentos nacionais, aventuras e Jamborees soube que os palavrões andam soltos. Não posso afirmar, pois não tenho participado deles. Dizem que entre os jovens isto é comum. Comum? Bem só se for para eles, pois para mim não. Assim como dou o respeito exijo ser respeitado. Outro dia um Escotista me disse que isto hoje é natural. Não é não. É falta de respeito. É descumprir a lei escoteira. Para dizer a verdade nem piadas com palavrões eu gosto. Quando alguém começa a contar e vem um palavrão eu fecho a cara. Podem chamar-me de quadradão, Velho chato o escambal. Como pensar em um jovem ou uma jovem adquirir o “Espírito Escoteiro” falando palavrão? Afinal dizer por dizer que o Escoteiro é limpo de corpo e alma é fácil, mas ser limpo realmente é outra coisa.

              Dizem que um grande escritor já escreveu o dicionário do palavrão brasileiro. Um herói para muitos. Para mim não. Herói é outra coisa. Herói é o que fala e escreve sobre o amor, do respeito, da ética, do caráter, do aperto de mão sincero, do sorriso verdadeiro e saber que ele é um homem honrado e não me venham dizer que o palavrão não atrapalha nada disto. Já me disseram tantas coisas da modernidade que eu fico pensando se vale a pena ser moderno. Uma vez, há muitos e muitos anos visitei amigos que participavam de um grupo Escoteiro. Cheguei lá como sempre chego. Meu caqui querido, meu chapelão, barbeado, banho tomado, lenço bem dobrado, meião nos “trinques”. Queria dar o respeito aos jovens que ali estavam. Jogavam futebol. Meu Deus! Quanto palavrão. O Chefe ria a vontade. Olhei para ele sério – Você acha graça? Isto é escotismo? Futebol? Palavrões? Dizer o que? Primeiro futebol qualquer Escoteiro joga a semana toda em sua escola, na rua em qualquer lugar. Nas reuniões de tropa é falta de programa é falta de conhecimento de bons jogos, e os palavrões? Caramba! Que mau exemplo.

             Esta semana vi um artigo de uma jovem mãe cujo nome é Claudia Cecilia. Adorei o que ela escreveu. Fez-me ver que não estou sozinho nesta cruzada. Disse ela: Sinal dos tempos ou falta de educação:
- Outro dia li uma nota em uma coluna e contava que a quadra de tênis de um condomínio na Barra tinha sido interditada não por problemas de estrutura, obras nem nada, mas pela falta de educação dos frequentadores. De tão desbocados, eles – crianças, adolescente, jovens – começaram a incomodar tanto os vizinhos à quadra que o jeito foi fechá-la.
Já tem um tempo que venho observando isso e me impressionado. Gente é meu ouvido que está ficando velho e chato ou as crianças andam desbocadas demais? Vejo crianças de sete, oito, dez anos falando palavrões que eu só fui falar na vida adulta e ainda assim em arrependo de ter adquirido esse hábito pouco fino. Tenho amigos que falam palavrões com os filhos normalmente e isso me faz lembrar-se do quão desbocado era meu pai. Só que meu pai nunca dirigiu um palavrão a mim ou a minha irmã e jamais admitiu que falássemos. Às vezes me sinto incomodada em locais públicos, como a praia ou o saguão de um cinema, em que adultos falam palavrões aos berros, sem a menor cerimônia, como se não houvesse crianças em volta.
Aí outro dia ouvi uma psicóloga que tem coluna numa rádio de notícias dizer que isso tem a ver com o código de cada família e que os pais podem conversar com os filhos e estabelecer as próprias regras, tipo esse palavrão pode, esse não pode. Sei lá, achei isso meio complicado e, considerando que uma hora não se tem mais controle sobre o vocabulário dos filhos mesmo, acho mais prático proibir enquanto crianças e adolescentes e estabelecer o limite do tolerável quando jovens e adultos. Mas que não quero ver minha filha na pracinha ou no play xingando os amigos ou berrando palavrões a esmo, ah, não quero mesmo.
Bem pensado bem falado e bem escrito. Continuo não aceitando palavrões principalmente no escotismo. Bolas, que escotismo é esse que está cheio de palavrões? Bah! Quer falta de respeito. Não me convidem para nada onde eu possa ouvir um palavrão. Quer saber? Participei de centenas de Fogo do Conselho. Se um esquete ou algum participante falava um palavrão, esperava acabar e o chamava em particular. – Mas chefe! Não viu como eles riram? Diziam. Pode ser. Mas eu não ri. E se você considera que é um Escoteiro puro nos seus pensamentos nas suas palavras e nas suas ações, tenho certeza que nunca mais irá falar um palavrão!

Boa noite meus amigos e minhas amigas. Durmam bem. Sonhem muito. Acreditem que a felicidade existe. Está próximo de você. Não a deixe ir embora! Até amanhã.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Nunca desista da sua caminhada.

Lembranças da meia noite.
Nunca desista da sua caminhada.



Subida forte, muito forte. O sol não perdoava aqueles aventureiros que se arriscavam a subir a Montanha dos Sonhos naquela hora do dia. Os pés trôpegos. Um olhar para o chão e tentar outra vez um olhar para frente, mas era de desanimar. A trilha contornava a montanha e parecia que o caminho não ia terminar nunca. Meu Deus! A mochila parecia ter triplicado seu peso. Vontade de parar e esconder nos arbustos daquele sol inclemente. Meus companheiros insistiam em ir em frente. Os cantis vazios. A boca ressecada. Tinhamos que chegar a Fonte da Juventude para matarmos a sede. Ela estava longe, mas cada passo trôpego, cada passo mal dado era mais uma distância vencida. Dizem que na caminhada da vida sempre existem muitos desafios, surpresas, tristezas e alegrias sem fim. Sabemos que em cada passo nos deparamos com situações que afligem, nos fazem sentir desespero e até mesmo chorar. Desistir? Nunca. Uma palavra que não existe entre nós Escoteiros.


Não importa que a cada lágrima caída, cada sorriso dado sabíamos que tudo estará anotado no diário de Deus. Ele anotou tudo sem nada esquecer. Nesta jornada ele viu nossas lutas, nossos choros, mas ele foi firme com sua escrita e não se esqueceu de anotar a vitória da chegada. Todos nós nem imaginávamos o que encontraríamos depois da curva do destino. Seria a Fonte que nos mataria a sede? Não foi Rousseau quem disse que caminhar com bom tempo, numa terra bonita, sem pressa e ter por fim da caminhada um objetivo agradável não seria uma maneira de viver feliz? Todos nós sabíamos que mesmo ao terminar a caminhada sempre haveria mais um caminho a percorrer. As jornadas da vida nunca irão terminar.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Desapego.

                                                            Lembranças da Meia noite.

Desapego.



Vivemos uma época de celebridades, apelos fáceis à riqueza, ao consumismo, às paixões avassaladoras. Transitamos aturdidos por um mundo em que o destaque vai para aquele que mais tem. E a todo instante os comerciais de televisão, os anúncios nas revistas e jornais, os outdoors clamam: Compre mais. Ostente mais. Tenha mais e melhores coisas. É um mundo em que luxo, beleza física, ostentação e vaidade ganharam tal espaço que dominam os julgamentos. Mede-se a importância das pessoas pela qualidade de seus sapatos, roupas e bolsas. Dá-se mais atenção ao que possui a casa mais requintada ou situada nos bairros mais famosos e ricos. Carros bons somente os que têm mais acessórios e impressionam por serem belos caros e novos. Sempre muito novos.

Adolescentes não desejam repetir roupas e desprezam produtos que não sejam de grife. Mulheres compram todas as novidades em cosméticos. Homens se regozijam com os ternos caríssimos das vitrines. Tornamo-nos, enfim, escravos dos objetos. Objetos de desejo que dominam nosso imaginário, que impregnam nossa vida, que consomem nossos recursos monetários. E como reagimos? Será que estamos fazendo algo – na prática – para combater esse estado de coisas? No entanto, está nos desejos a grande fonte de nossa tragédia humana. Se superarmos a vontade de ter coisas, já caminhamos muitos passos na estrada do progresso moral. Experimente olhar as vitrines de um shopping. Olhe bem para os sapatos, roupas, joias, chocolates, bolsas, enfeites, perfumes.

Por um momento apenas, não se deixe seduzir. Tente ver tudo isso apenas como são: objetos. E diga para si mesmo: Não tenho isso, mas ainda assim eu sou feliz. Não dependo de nada disso para estar contente. Lembre-se: é por desejar tais coisas, sem poder tê-las, que muitos optam pelo crime. Apossam-se de coisas que não são suas, seduzidos pelo brilho passageiro das coisas materiais. Deixam para trás gente sofrendo, pessoas que trabalharam arduamente para economizar... Deixam atrás de si frustração, infelicidade, revolta. Mas, há também os que se fixam em pessoas. Veem os outros como algo a ser possuído, guardado, trancado, não compartilhado. Esses se escravizam aos parceiros, filhos, amigos e parentes. Exigem exclusividade, geram crises e conflitos.

Manifestam, a toda hora, possessividade e insegurança. Extravasam egoísmo e não permitem ao outro se expressar ou ser amado por outras pessoas. É, mais uma vez, o desejo norteando a vida, reduzindo as pessoas a tiranos, enfeiando as almas. Há, por fim, os que se deixam apegar doentiamente às situações. Um cargo, um status, uma profissão, um relacionamento, um talento que traz destaque. É o suficiente para se deixarem arrastar pelo transitório.

Esses amam o brilho, o aplauso ou o que consideram fama, poder, glória. Para eles, é difícil despedir-se desse momento em que deixam de ser pessoas comuns e passam a ser notados, comentados, invejados. Qual o segredo para libertar-se de tudo isso? A palavra é desapego. Mas... Como alcançá-lo neste mundo? Pela lembrança constante de que todas as coisas são passageiras nesta vida. Ou seja: para evitar o sofrimento, a receita é a superação dos desejos.

Na prática, funciona assim: pense que as situações passam, os objetos quebram, as roupas e sapatos se gastam. Até mesmo as pessoas passam, pois elas viajam, se separam de nós, morrem... E devemos estar preparados para essas eventualidades. É a dinâmica da vida. Pensando dessa forma, aos poucos, a criatura promove uma autoeducação que a ensina a buscar sempre o melhor, mas sem gerar qualquer apego egoísta. Ou seja, amar sem exigir nada em troca.
(retirado de momentos espíritas)

Boa noite meus amigos e minhas amigas, que o Senhor esteja com vocês todas as horas de suas vidas.