Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

A lenda de Chico Mortalha – O malvado.


Lendas escoteiras.
A lenda de Chico Mortalha – O malvado.

        Todos os habitantes de Floradas na Serra conheciam a lenda. Claro, lenda é lenda e serve para contar, não para acreditar. Mas a criançada da cidade acreditava. Mamães, professoras, pais, vovós quando queriam chamar atenção por uma simples travessura lá estava Chico Mortalha presente para amedrontar. Se foi verdade ou não isto não posso dizer. Quem me contou foi o Padre Josenilton. Chico Mortalha era um pistoleiro famoso. Um matador. Matava tudo que encontrava. Velhos, moços, jovens, crianças, animais. Matava tudo que aparecesse em sua frente. Seu último crime foi à morte do Bispo Marcelino. Gente boa, boníssima. Mas o prefeito encrencou com ele. Pagou a Chico Mortalha para dar um sumiço no bispo. Dito e feito. O Bispo sumiu! Ninguém nunca mais o viu.

         Desconfiaram que fosse crime encomendado. Chamaram o Delegado Paredes da capital. Não provou, mas disse que foi Chico Mortalha. O povo se revoltou. Foi na casa dele. Levaram-no para a Lagoa das Piranhas. Tiraram a roupa dele e amarraram em todo seu corpo nacos de coração de boi. As piranhas adoram. Amarraram ele em um galho que dava em cima da lagoa. Iam descendo aos poucos seu corpo. As piranhas devoravam tudo que mergulhava na água. Primeiro suas pernas, depois seu corpo, só sobrou à cabeça de Chico Mortalha. Dizem que não deu um gemido. Por fim cortaram a corda e Chico sumiu nas aguas profundas da lagoa. Contava-se que uma vez por ano, na data de sua morte, ele aparecia na lagoa, em pé, sem afundar e dava gemidos imensos que nenhum peixe, nenhum animal ficava por perto.

          Há mais de trinta anos existia um belo Grupo Escoteiro em Floradas na Serra. Quase todos os homens da cidade haviam passado pelas suas fileiras. Uma grande Alcatéia, uma ótima tropa, três Patrulha seniores e um Clã que precisa definir quantos poderiam participar, pois em suas reuniões sempre apareciam mais de cinquenta pioneiros. Seria um tema para o próximo Conselho de Chefes do Grupo. Chiquinho Mortalha era Sênior. Desculpe. Risos. Seu nome era Lorenildo Simplício das Mercês. Não gostava do nome. Nunca gostou. Quando foi lobinho colocaram nele este apelido. Não se incomodou. Ficou para sempre. Talvez por ficar sempre de cara amarrada. Não sorria. Mas todos gostavam dele. Tinha uma força descomunal para sua idade. Não era alto, mas levantava toras, pesos enormes com facilidade. Nos acampamentos o pau para toda obra. Era bem quisto na Patrulha. Desde quando Escoteiro. Conseguiu a Primeira Classe. Pretendia ser Escoteiro da Pátria.

          Em sua Patrulha todos os temiam. Não pela sua força, mas pela sua astúcia. Dizia que quando desse na telha ia enfrentar este tal de Chico Mortalha lá na lagoa na data que costumava aparecer. Ninguém acreditava. Dito e feito. Em onze de agosto, data da morte do tal Chico Mortalha lá foi ele rumo à lagoa. Sozinho é claro. Levou sua faca, sua machadinha e uma corda de dez metros. Lá chegando subiu no pé de uma Copaíba enorme. Se amarrou nos galhos e esperou. Não tinha pressa. Que venha o Chico Mortalha. Estava na hora de enfrentá-lo. Sete horas da noite, nove, dez, onze, meia noite. Nada do Chico. Era fanfarronice. Ela assim pensava. Uma hora cochilou. Dormiu. Não caiu, pois estava amarrado. Mas alguém o desamarrou. Ele caiu do alto dentro da lagoa. Afundou. Abriu os olhos e viu com horror o Chico Mortalha. Só a caveira, pois as piranhas não deixaram nada. Chico sorria para Chiquinho. Não teve medo. Pegou sua faca e disse que ele era Escoteiro. “O Escoteiro não tem medo de nada” A caveira começou a rir.

         Gargalhadas enormes. Chiquinho isto é Lorenildo precisa de ar. Subiu até a borda da lagoa, respirou e mergulhou de novo. Danado de Sênior. Não tinha medo mesmo. A caveira o pegou pelo ombro, o levou até o pé da árvore fora da lagoa. O abraçou e disse a ele que era bom conhecer um Escoteiro. Poderia ter sido um, pois quem sabe não seria o que tinha sido. Ficaram amigos. Conversaram toda a madrugada. Chico Mortalha contou muito da sua vida. De seu grande amor por Nininha, mas nunca disse a ela. Morrera de tuberculose e solteira. Hoje ela faz companhia a ele no fundo da lagoa.

         O dia amanheceu. Lorenildo voltou para sua casa. Seus pais preocupados. Todos os escoteiros a procurada dele. Resolveu não contar nada. Não devia. Agora era amigo de Chico Mortalha o Malvado. Tinha prometido a ele que voltaria no próximo aniversário e iria conhecer Nininha. O tempo passou. Lorenildo casou. Contou para seus filhos, mas eles riam e achavam que seu pai era um bom contador de histórias.

        Todos os anos, durante toda a sua vida Lorenildo voltava à lagoa. Fizera um amigo, ou melhor, amigos. Chico e Nininha. Sentava a beira da Copaíba e Chico Mortalha aparecia com Nininha e eles se abraçavam. Ficavam ali conversando por toda a madrugada. A cidade sabia, mas tinha medo. O Grupo Escoteiro não comentava. A Patrulha entendia. Amigos são amigos. Durante toda sua vida agora como Chefe Escoteiro não deixava de visitar Chico Mortalha e Nininha na Lagoa das Piranhas. Amigos para sempre. Diferente, pois Chiquinho era um Escoteiro do bem. 

           E como dizem por aí, boi não é vaca, feijão não é arroz e quem quiser que conte dois! E como dizia minha avó, “Pedro, nem tê-lo, nem vê-lo, nem querê-lo, nem a porta da casa consegui-lo... mas sempre é bom na casa havê-lo”. Risos.

E quem quiser que conte outra!

domingo, 24 de agosto de 2014

Memórias de Risadinha. Ele é um bom companheiro, ele é um bom Escoteiro!


Lendas Escoteiras.
Memórias de Risadinha. Ele é um bom companheiro, ele é um bom Escoteiro!
             
                      Risadinha. Nunca na minha vida conheci um Escoteiro como ele. Quando o conheci ele tinha entrado direto para a tropa com onze anos. Olhar o rosto, a maneira como andava já bastava para dar boas risadas. E o melhor, ele nunca se incomodou com isto. A principio o Chefe Laercio da tropa não entendeu bem aquele menino desengonçado, risonho e que parecia não levar nada a sério. Basta dizer que na primeira reunião que ele foi apresentado a tropa ele olhou a todos, e perguntou: - Tropa, porque a roda do trem é de ferro e não de borracha? – A Tropa não entendeu nada. Seria uma nova maneira de apresentar? Mas não, risadinha logo emendou – Porque se fosse de borracha apagaria a linha! E Deitou no chão morrendo de rir. Era assim o Risadinha. Muitos riam mais do estilo dele que das piadas.

                      Claro que não era e nunca foi um mau Escoteiro. Em pouco tempo já tinha seu cordão verde e amarelo e só não conseguiu o Lis de Ouro porque o Assistente Escoteiro do Distrito vetou. Um dia em uma reunião distrital de escoteiros ele adentrou o círculo e com seu estilo característico gritou alto! – Turma! O que a caixa de leite falou para o saquinho? – Todos calados. Vem prá Caixa você também. E deitava, e rolava de rir. O Assistente, jovem ainda e que não tinha senso de humor não gostou daquilo. Não aprovou seu processo enquanto ele não mudasse. Mudar como? Era sua maneira, seu estilo. A tropa adorava, os seniores eram os que mais davam gargalhadas.

                      De vez em quando Risadinha extrapolava. No desfile do Sete de Setembro estava programado um alto em frente ao palanque para uma saudação as autoridades. Assim foi feito. O Chefe Laércio gritou! Alto! Esquerda volver! Nesta hora Risadinha deu dois passos a frente e gritou: Doutor Prefeito! Doutor Prefeito! O Prefeito que não era Doutor falou – O que foi meu jovem? Porque a mulher não pode ser eletricista? – Por quê? Perguntou o prefeito. - Porque ela demora nova meses para dar a luz! E deitou no chão de rir. O palanque inteiro ria a valer. Foi um sucesso, mas o Comissário do Distrito Malquiedes achou um absurdo. Mandou um ofício para o Grupo Escoteiro pedindo sua saída. Claro que não foi atendido e isto não foi bom para o Grupo Escoteiro. Risadinha não parava. – Mamãe, Mamãe! Na escola me chamaram de mentiroso! Cale-se moleque, você ainda nem foi à escola! E Risadinha não parava. Era na sua Patrulha, era na tropa, era em casa era na escola.

                    Ficou conhecido. A cidade em peso adorava Risadinha. Quando ele passava sempre tinha alguém que gritava: - Risadinha! Uma piada. Ele nunca negou. Seu estoque era infinito – O condenado a morte esperava a hora da execução, quando chegou o padre: - Meu filho vim trazer a palavra de Deus para você. – Perda de tempo seu padre. Daqui a pouco vou falar com Ele pessoalmente. Algum recado? E lá estava ele deitado no chão rindo. Tudo piorou no Grupo Escoteiro quando O Chefe Laercio foi transferido pela sua empresa para outra cidade. Não tinha assistentes e o Diretor Técnico com muito custo convenceu um antigo Escoteiro a voltar. Minomatas era um sujeito triste. Revoltado com a vida. Aceitou mas logo viu que ali não era para ele. Ao ser apresentado Risadinha deu um passo à frente. A tropa já sabia. Piada na certa. – Chefão! O garoto que mora em meu bairro apanhou da vizinha. A mãe furiosa foi tomar satisfação. Porque bateu no meu filho? – Ele foi mal educado. Me chamou de gorda. - E a senhora acha que vai emagrecer batendo nele? Foi à conta. Chefe Minomatas pediu sua saída.

                     Risadinha viu que a tropa ia ser prejudicada. Resolveu sair. Um inferno isto sim ele provocou para o Grupo Escoteiro. Os meninos iam à reunião sentavam em um canto e não obedeciam a chamada. Um verdadeiro Motim. Depois os sêniores aderiram e finalmente os lobinhos. O que fazer? Reunião e reuniões aconteceram. Nada. Veio o Distrital e sua corte. Nada. O assunto foi levado a regional. Nada. A nacional riu de tudo e também não fez nada. Risadinha foi convidado a voltar. Chefe Minomatas saiu do grupo. Um Pioneiro de nome Polenta assumiu. Garotão. Alegre, divertido. A tropa adorou. – Chefe, o louco estava com um balde de água e uma vara de pescar, o psiquiatra perguntou a ele – O que você está pescando? Idiotas, respondeu. Quantos você já pegou? Três, é claro com o Senhor!

                    O tempo passou. Soube que Risadinha conseguiu seu Escoteiro da Pátria. Sei também que cresceu e ficou famoso. O chamavam o maior piadista de todos os tempos. Começou no SBT, depois foi para a Record e hoje tem um programa só dele na Rede Globo. – Mamãe, Mamãe, me leva no circo? – Se querem ver você que venham aqui em casa! Risadinha. O mais divertido Escoteiro que conheci. A vida dizia ele é para ser vivida com alegria. Para que chorar? Adianta? Acho que ele tinha razão. Não foi Baden Powell quem disse que o Escoteiro é alegre e sorri nas dificuldades?


- O Menino vem correndo e diz à mãe: - Mãe, você é uma mentirosa! - Mais por que você diz isso meu filho? - Você disse que meu irmãozinho era um anjo! Eu joguei ele pela janela e ele não voou…

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Laninho escoteiro e a Festa no Céu.


Lendas Escoteiras
Laninho escoteiro e a Festa no Céu.

                Nada como ser um Escoteiro sonhador. Deixar a mente voar e ser levada ao sabor dos ventos, sentir a brisa da manhã no rosto e sorrir existe coisa melhor? Participar de lindas histórias onde pode ser herói, onde pode voar conversar com os bichos as aves os peixes e sentir seu coração bater de alegria em todos os momentos? Pois assim era Laninho. Puro nos seus pensamentos nas suas palavras e nas suas ações. Na Patrulha o chamavam de “Voador”, estava sempre sorrindo e olhando o céu, os pássaros que voavam perto, os insetos e jurou que um dia fez amizade com um Quati cinzento. Quem duvidaria?

                 A tropa estava acampada no Sitio do Beija Flor. Um lindo local, uma cascata gostosa, muitas arvores frondosas, e bambus. Como tinha bambu. As Patrulhas adoravam. Laninho era dos Tigres Brancos. Um ano lá com eles. Promessado e tinha a simpatia de todo mundo. Ao seu modo colaborava com a Patrulha, mas era franzino e todos achavam que ele só vivia “Voando” e não contavam muito com ele. Naquela tarde após o banho todos foram ajudar o cozinheiro com a sopa do jantar. Laninho como sempre sentou embaixo de uma aroeira frondosa e olhava em seus galhos se tinha algum pássaro para conversar. Percebeu ao seu lado um Sapo Amarelo. Não o conhecia. O Sapo Amarelo o olhou e disse – Você pode me ajudar? – Ajudar como disse Laninho – simples, vai ter uma festa no céu. Convidaram todas as aves e eu não posso ir. Só quem pode voar. Como me disseram que você é um Escoteiro Voador, quem sabe me leva lá?

                  Laninho sorriu. Tinha lido um conto da Festa no Céu. Nele foi um urubu quem levou o sapo uma tartaruga e um esquilo que se esconderam em sua viola, pois o Urubu era um violeiro. Depois no céu ele os descobriu lá escondido em sua viola e jogou a todos nuvem abaixo. Quem levou a pior foi à tartaruga. Espatifou-se no chão. Mas Laninho ficou pensando se não podia levar o Sapo. Afinal ele sempre sonhou com uma festa no céu. Porque não ir? – Feche os olhos Senhor Sapo. Vamos para a festa você e eu! Só abra quando eu mandar. Mas o sapo não obedeceu. Abriu os olhos quando estavam sobre uma nuvem e ambos despencaram no espaço. Tiveram sorte. Caíram em um riacho de aguas límpidas. O sapo mergulhou e voltou à tona xingando Laninho. – Mas eu tentei te ajudar – falou. Nada disto. Você me soltou no espaço. Laninho chorou muito e o sapo ficou triste também. Nesta hora o Urubu Rei viu aquela choradeira e ficou com dó do sapo. – Deixa que eu levo você em minha viola.

                  Bem como o sapo foi não preciso contar. Todos conhecem a história da Festa no Céu. Laninho despencou de um galho e caiu com tudo no chão. Não machucou, mas quando abriu os olhos viu toda sua Patrulha rindo. – Ele também riu. Contou para eles que estava chegando ao céu e o sapo o jogou no espaço. Eles iam a uma festa no céu. – Todos riram a valer. - Esse Laninho, falou o Monitor. O Sub Monitor rindo falou – Mas Laninho, só você e o sapo? E a tartaruga? E o Esquilo? Eles não foram também? – Laninho riu e disse – Melhor perguntar a eles, estão atrás de vocês! – A Patrulha olhou espantada e viu um Esquilo e uma Tartaruga rolando pelo chão e dando enormes gargalhadas!


                 Se Laninho e os bichos foram com ele a festa no céu eu não sei, mas sei que até hoje ele conta como o Urubu tocava sua viola e crocitava, fazendo coro com a Araponga e o Papagaio. Não faltando a Gralha o Cisne, a Pomba e o sabiá que gorjeava como nunca. E assim nunca mais a Patrulha de Laninho duvidou de suas histórias e todos os fogos de Conselho deixavam-no falar, cantar e contar seus contos fantásticos. E como digo sempre, toda a história tem um fundo de verdade, mas histórias são histórias. Quem quiser mudar que conte outra. Que Laninho viveu feliz para sempre eu sabia, pois o Escoteiro é Alegre e sempre sorri nas dificuldades!      

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Saudades do meu Lampião Vermelho encantado.


Conversa ao pé do fogo.
Saudades do meu Lampião Vermelho encantado.

Saudades do meu lampião vermelho,
Quanto tempo fomos amigos
Luz amarelada, me vendo em seu espelho
Foram lindos acampamentos, com este meu amigo.
Ele sempre me deu conselhos
E as noites, nunca me deixou em perigo
Escolheram o tal lampião a gás,
O motivo não sei dizer,
Mas você meu Lampião Vermelho,
Foi o que sempre me deixou fazer,
Nunca se esqueceu de mim, clareou minha vida.
Meu lindo amigo em tempo algum irei te esquecer.


                Minha Avó olhava para mim e dizia – O lampião "cum corosene só serve pra infeitá os comudu da casa”. Era assim que ela falava. Eu gostava de minha avó. Mesmo com seu palavreado de mulher simples da roça, ela era a grande mãe que não conheci. Criou-me desde que nasci em uma casinha de barro e que ela sempre matinha limpa e asseada. Minha mãe morreu de parto e ela sozinha me criou. Plantava roça para sobrevivermos, não deixava que eu andasse de qualquer maneira e fazia questão que fosse à escola mesma que tivesse de andar seis quilômetros todos os dias com chuva ou com sol.

               Um dia ela remexendo em um baú, tirou de lá um Lampião Vermelho a querosene praticamente novo. Lembro que ela disse que meu tio que morava na capital o trouxe para ela a muitos e muitos anos atrás. Sabe o que ele me disse? Ela dizia - Disse que este lampião é sentimental. Fala, chora e ri. Claro não acreditei. Olhei-o. Estava novinho. Era lindo! Não queria testar. Faria isso só junto aos meus amigos da patrulha Raposa em um belo acampamento de verão. Deixei-o guardado em meu quarto até o dia que ele seria entregue ao intendente da Patrulha Raposa. Esqueci-me de dizer, participava de um Grupo Escoteiro na cidade. Todo sábado lá ia eu com meu uniforme, marchando a pé pela estrada sempre cantando uma canção escoteira.

           Foram diversos acampamentos. Muitas outras excursões. Em uma delas descobri que ele falava. Um susto, mas era melhor assim. Ele sempre a nos guiar e com sua luz bruxuleante nos trazia mais próximo à natureza. Ele mesmo nos ensinou como preparar o seu pavio para dar maior claridade. Ensinou-nos também que a querosene devia ser colocada pela metade em seu bujão. Ensinou que o pavio não devia ficar alto se não a chama forçava com a fumaça e iria sujar o vidro. Notei que os outros Escoteiros da patrulha também passaram a conversar com o Lampião Vermelho.

             Por diversas vezes os patrulheiros da Raposa iam me visitar só para conversar com o Lampião Vermelho. Ele quando era noite pedia para acendê-lo e lá fora em frente ao meu barraco de barro, levávamos um banco de madeira e dois banquinhos e ficávamos horas e horas conversando. Minha Avó ao longe cantava uma canção sua predileta e olhava para nos embevecida e orgulhosa. Ah! Luar do sertão. O lampião não gostava. O Lampião Vermelho agora era mais um da raposa. Ele também contava histórias, pois nunca mais perdeu uma atividade da patrulha.

              Um dia consegui passar em um vestibular para uma faculdade. Claro, já quase adulto e tive que ir para uma cidade grande. Iria levar minha Avó comigo, pois sabia que ia trabalhar de dia e a noite estudar e precisava dela como ela precisava de mim. Conversei horas e horas com o Lampião Vermelho. Vi que a tristeza e a dor da despedida o fizeram chorar baixinho. Eu também chorei. Não sabia o que fazer. Levá-lo comigo ou deixá-lo com a Patrulha? Dei a ele inteira liberdade de escolher. Você decide meu querido Lampião Vermelho.

             Não foi uma decisão fácil. Mas ele preferiu ficar com o novo Escoteiro da Patrulha vindo do lobinho. Vi que eles se entendiam perfeitamente. Ele mesmo me disse que na cidade seria somente uma relíquia ou uma recordação de um passado saudoso. Ele não queria ser uma recordação. Achava que tinha muito ainda para iluminar as noites escuras sem luar dos acampamentos junto aos jovens escoteiros sonhadores. Assim como foi meu amigo e iluminou meus dias de juventude ele achava que iria ajudar em muito a nova juventude que iria aparecer na patrulha.

             O dia em que o Noviço foi buscá-lo, ele me olhou e chorou. Eu também chorei. Disse para ele: - Lampião Vermelho você me fez chorar muitas vezes. Deu-me muitas alegrias também. Mostrou-me novos caminhos, novos horizontes. Iluminou minhas noites alegres e tristes. Fez de mim um homem com sua maneira honesta de ver as coisas.  Não queria perder você, mas o destino muitas vezes não nos dá condições de escolha.

            Adeus meu querido Lampião Vermelho. Adeus. Espero que faça a todos felizes como me fez feliz por todos estes anos que ficamos juntos. Fiquei ali na porta do meu barraco de barro, a ver o Lampião Vermelho balançar e ficar sorrindo para o Noviço. Notei que os dois conversavam animadamente. Minha Avó veio de mansinho e me deu um abraço. Chorei nos braços dela. Nunca mais voltei àquela cidade. Nunca mais soube onde anda o Lampião Vermelho que fez parte da minha vida. Acho que ainda existe e deve estar fazendo milhares de acampamentos, excursões e vivendo uma vida feliz junto aos escoteiros que sempre amou.

               Seja feliz meu amigo Lampião Vermelho. Seja feliz. Escolhemos dois caminhos e cada um de nós agora devemos procurar encontrar a nossa felicidade. A luz bruxuleante do Lampião Vermelho me veio à mente. Em segundos revivi toda a vida que vivemos juntos. Moro agora em uma cidade grande. Não tenho mais o meu Lampião Vermelho e nem posso ver mais as estrelas no céu. Outros objetos e aparelhos o substituíram. Mas apesar de tudo nunca esqueci e nunca vou esquecer os dias felizes que passei junto ao meu amado Lampião Vermelho!

      

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O tempo e o vento para os Mestres de Campo.


Hora de dormir e de lembrar, lembranças que não se apagam.
O tempo e o vento para os Mestres de Campo.

Sempre temos lembranças marcantes das coisas lindas que o escotismo nos ofereceu em um passado distante. Ou quem sabe no presente de hoje. Sem sombra de dúvidas marca mesmo a gente. São tantas coisas que marcam, e que às vezes ficam esquecidas e só o tempo nos traz de volta as lembranças daquelas noites gostosas, vividas em um acampamento qualquer. As patrulhas em seus campos, ouvindo as conversas aqui e ali, o lusco fusco da noite e os lampiões sendo aceso. Um sorriso alto uma canção despercebida, a fumaça do fogo a lenha no fogão tropeiro ou suspenso e os cozinheiros preparando seu jantar com toda a patrulha em volta aguardando que o manjar ficasse pronto. A gente na chefia, sentindo o vento no rosto também com nosso fogo aceso, girando a manivela devagar, um belo naco de lombo, bonito de se ver e sentindo a carne ir tostando. Outros chefes ali ao seu lado, de olhos pregados na carne, sentindo o sabor na mente, e com a noite suave a mostrar os primeiros vagalumes, a gente escuta uma patrulha dar o primeiro grito. Aqueles felizardos seriam os primeiros a jantar. A chefia sorri. E o Monitor correndo? – Sempre Alerta Chefe, Patrulha Gavião com jantar pronto. Aceitar jantar conosco?

O som do grito da segunda da terceira e da quarta patrulha e a gente sabia que nem assim o silêncio iria acontecer. A gente não estava com eles, mas imaginava. Sentados em bancos, ou no chão, com os pratos na mão, algumas patrulhas com mesas e bancos e eles não deixavam de matraquear. A noite está firme. O lampião aceso clareando o campo de patrulha e a gente de longe olhando e saboreando aquela noite gostosa. A alegria reinante não tem preço para pagar o que sentimos. E o olhar deles? No prato ou no rosto de um patrulheiro um sorriso e nunca a reclamar. Sem dizer que estava sem sal, sem óleo ou gordura. E a gente em volta do fogo no campo da chefia olhando os chefes que de olhos abertos perguntavam sem dizer – E esta carne, ainda não está boa? – Tome experimente – a gente corta uma tira com a faca mateira para um e outro. O estalar da boca, o sorriso e já era hora do nosso jantar. Bem próximo o barulho das patrulhas aumenta, eles dão risadas, alguns cantam e a gente sabia que o acampamento tinha atingido o ponto esperado.

O tempo. Belas lembranças dos acampamentos. Ah! O tempo que um dia aconteceu e a realidade daqueles momentos ainda permanecem vivos em nossa mente. Uma alvorada, um alvorecer, uma noite bem dormida, um jogo bem jogado, uma refeição bem nutrida. E quem sabe um peixe bem pescado, um tomate colhido no lago, um mamão achado ao sopé da montanha para uma sopa bem gostosa e a noite alta, o silêncio a dormir com eles esperando o amanhã. São coisas nossas e próprias de nós chefes que vivemos tudo isto. O tempo e o vento! O vento sul, do norte não importa. A soprar nas tardes quentes, um banho no riacho de águas geladas, a escoteirada vibrando, brincando de pic, nic, brincando de palmar na água, ah! O vento!  A alvorada, um passar de mão nos olhos tentando acordar, hora da ginastica, o sol surgindo, uma névoa que se vai. São somente lembranças, do tempo e do vento. Vento que tantas vezes sentíamos no rosto trazendo a fragrância das colinas tão perto, o perfume das flores nos montes, o frescor a substituir o calor de um dia bem vivido. Não dá para esquecer. São coisas nossas, são coisas de escoteiros.

Se você meu caro amigo ainda não sentiu o cheiro da terra molhada, não sentiu nas madrugadas o orvalho caindo e molhando sua face, a chegada da brisa fresca antes do nascer do sol. Se ainda não viu o sol se por, a cigarra cantando, o canto dos Jaburus, o uivo de um lobo guará, uma bela coruja a piar no galho de um jacarandá, o barulho das águas nas pedras fazendo chuá-chuá! Se você meu caro ainda não viu tudo isto está na hora de botar o pé na estrada. E se por acaso me encontrar na volta eu irei ver o seu sorriso e poderei dizer – Você é um Escoteiro de fato!


Boa noite, que Deus esteja com todos vocês!

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

E agora? O que eu faço?


Conversa ao pé do fogo.
E agora? O que eu faço?

          O telefone tocou duas, três quatro vezes. Eu não sou amante de telefone. Ele incomoda. Nas horas mais incríveis ele toca. Molhado no chuveiro não dá. Daquele jeito no banheiro também não. Dormitando em minha varanda pensando em uma boa história finjo que não escuto. E ele toca, ele toca. Prim., prim., prim.! Atendo com má vontade – Senhor Osvaldo? Voz esnobe, eu não gostei. Vai vender o que? Estou ligando a pedido do Doutor Peter Von Klaus, não sei sabe, mas ele é o Presidente da Mercedes Bens mundial e tem a maioria das ações nas maiores empresas do mundo. Ele pediu se o senhor têm um tempo para conversar com ele. Caramba! Um figurão? Falar comigo? - Você sabe do que se trata? Pergunto. - Ele prefere que seja pessoal. – Meu amigo, para mim é difícil ir onde ele está. Meu carrinho está sem gasolina, ando duro e ainda dirigindo muito mal. – Chefe! (ele disse Chefe?) nossa limusine vai buscar o senhor. Marque a hora e o lugar! Ops! Andar de limusine nunca eu andei. Deve ser da hora, como diz meu neto - Certo, olhe moro em Osasco, Rua do Buraco Quente sem número. Ela é uma travessa da Av. Marginal na Vila dos Sem Nada. Fácil de achar. Cinco e meia da manhã em ponto. As seis nos encontraremos no seu escritório – Chefe! Muito cedo. Se ele quer falar comigo que levante cedo! Tirei uma de gostoso. Afinal um figurão me procurar, enviar limusine e um mordomo para fazer o convite?

            O Doutor era como eu. Pontualidade britânica. Cinco e meia e na porta de casa lá estava eu de calça curta e chapelão. A limusine chegou e partimos. O Doutor já estava no escritório na Paulista. Subimos no seu elevador particular. Uma linda secretaria me acompanhou ao seu imenso escritório. Que mulher sô! Deve ser sueca. Cara simpático. Pensei que era um daqueles CEO gorducho e não era. Novo, uns cinquenta e poucos anos. Saradão. Levantou da poltrona me deu um belo sorriso. - Bem vindo Chefe! O descobri no Facebook! Gostei do seu estilo e quero que trabalhe para mim. – Olhei para o moço com olho torto. Trabalhar? Como? Mal aguento andar. Meu ar não é meu amigo e some sempre, minha tosse é uma velha companheira. Ele Sorriu! – Calma eu sei o que tem. Sei das suas dificuldades, mas olhe eu preciso de um Super Gerente Escoteiro. – Puxa! E agora? Eu gerente? Nunca fui um. Mas não dizem que toda hora é hora? Deixe-me explicar melhor. E assim ele começou a me dizer da sua esplêndida ideia para fazer dinheiro com o escotismo. Meus olhos esbugalhados.

            Chefe, cá entre nós, sabemos eu e o senhor que o escotismo do futuro será só para famílias endinheiradas. Quem é pobre ou fica rico ou vai desaparecer na multidão. Ummmm, eu pensei! Será ele parente do Caco Antibes? Ele é quem dizia - Detesto pobre! – Mas deixei o chefão continuar... – Minha ideia Chefe é criar no Morumbi e também nos Jardins, com ramificações na Granja Julieta e na Avenida Angélica onde os advogados endinheirados moram, Grupos Escoteiros de elite. O melhor dos melhores. Tudo coisa de primeira. Uma sede que ninguém nunca viu de tão linda, vamos gastar, vamos deixar o Edir com seu templo no chinelo. Nossas barracas serão automáticas, contrataremos vários executivos da Microsoft, com programas que o tal de SIGUE vai esconder nas cavernas profundas da Paulista. Nossos Escoteiros terão o melhor uniforme já confeccionado. Mandarei vir estilistas da Europa. Os jovens que irão participar serão a nata das famílias ricas do Brasil. Quem quiser participar teremos uma taxa de vinte mil reais mês. Os acampamentos serão feitos em locais preparados, com todo o conforto. Estou pensando em cinco anos um milhão de Escoteiros.

            Nossos chefes saíram do quadro dos Professores da USP, serão os melhores pedagogos, psicólogos, cientistas e o escambal! – Bem, pensei, o cara é megalomaníaco. Deixemo-lo continuar - Chefe não me subestime. A UEB será comprada facilmente. Se não me venderem boto todos eles na justiça. Tenho na mão os melhores advogados do Brasil. Iremos fazer um escotismo a nossa moda. O senhor vai dizer como será. O senhor decide se este Inglês general ainda será o guru de todos. Teremos um ministério só nosso. O Presidente sabe quem eu sou. Compraremos vários  ônibus último tipo. Para viagens internacionais estarão à disposição dois Airbus 380 e dois Boeing 780. Nossos Escoteiros e Escoteiras irão acampar no Nepal, no Deserto de Mojave, nas cavernas  do Afeganistão,   no vale da Morte, e quando houver viagem à lua, mandaremos para lá todos os Lis de Ouro e Escoteiro da Pátria. Deus meu! Estava impressionado.

             - Mas Doutor, o senhor só vai gastar sua fortuna? Ele riu. Esbugalhou de rir. Sou besta por acaso? Vamos fazer dinheiro, o escotismo é  um manancial. O Senhor está por fora da mixaria que eles recebem com estas inscrições com preço lá em baixo. Nem sabe quanto rende um Jamboree e faremos  um por ano. As regiões irão trabalhar para nós. Chefe! Isto é uma mina de dinheiro! Só para saber que não estou brincando vamos fazer um contrato com o senhor de cinco anos, três milhões de dólares por ano! Acha que lhe pagaria isto se o escotismo não valesse o quanto pesa? É ouro puro Chefe! – O caldo estava engrossando. Era dinheiro prá burro. Eu ia virar um potentado árabe sem perceber. E agora? Ele continuou – Chefe, como o senhor ficou de olho na minha secretária, ela será sua secretária. Fará tudo que o Senhor quiser e riu baixinho. – Pensei comigo – O paspalho não conhece a baixinha. Mas estava gostando da coisa. Um apartamento de cinco quartos mobiliado de frente para o Parque Ibirapuera, mordomo, quatro empregadas, carro com motorista, a coisa tava boa demais.


               Não sei por que senti um comichão no cangote. Olhei para ele e vi que ria com os olhos vermelhos. Na testa crescia dois enormes chifres. Putz! Fui enganado, era o diabo? Ele notou que estava descobrindo sua verdadeira identidade e voltou ao normal. - E então Chefe, topas? Topar o que? Tinha de fugir dali o mais rápido possivel. Não deu. Ele me segurou pelos ombros, me sacudiu e eu quase cuspi o coração para fora – Aceite sua besta, aceite! Vamos acabar logo com esta escoteirada sem tostão. Essa UEB que só sabe falar e escrever. Pobre não tá com nada. E dava gargalhadas e gargalhadas. – Marido! Marido! Acorda! Abri os olhos e vi a Celia. Graças a Deus que era um sonho. Mas ali na minha varanda onde cochilei pensava – Que grana, que vida, e cá prá nós, a secretaria sueca era demais. Kkkkkk. 

sábado, 2 de agosto de 2014

A escoteirinha e Árvore da Vida.


Lendas Escoteiras.
A escoteirinha e Árvore da Vida.

       Conta uma lenda muito antiga, que existia em uma pequenina cidade, uma linda árvore que foi plantada em frente ao coreto da praça, e que ela sempre atendia aos pedidos dos meninos e meninas que ali se dirigiam. Ninguém sabia se era um abacateiro, ameixeira, ou mesmo uma árvore comum. Interessante. Nunca deu flores. Nunca floriu na vida. Talvez esta tenha sido sua maior tristeza. Não atendia aos adultos. Apesar de ser uma velha árvore ela sempre se sentiu como uma jovem e sabia que na mente dos jovens existia a pureza, os sonhos eram mais azuis e a vida era mais bela. Nem sempre os jovens lhe pediam o que ela poderia oferecer. Ficava triste com isto e a sua maneira tentava ajudar.

      Em uma tarde alegre, onde o sol ainda não havia se escondido atrás das montanhas, e quando os pardais procuravam nela seu ninho, fazendo uma algazarra que a divertia, viu pela primeira vez uma menina, pequena, miúda, rostinho simples, e com um lindo uniforme de Escoteira. Interessante que todos os sábados a menina, ou melhor, a Escoteirinha ia ter com ela, e ficava até o escurecer. Não pedia nada, só a olhava e sorria. A Árvore da Vida perguntava sempre a si própria - Será que ela não tem sonhos? Gostaria de saber e ajudar. A Árvore da Vida ficava encantada quando a escoteirinha aparecia. Foi então que viu na mente da escoteirinha que ela se preocupava com a Árvore da Vida. Você não tem flores? Não tem fruto? Á Árvore da Vida se emocionou. Ninguém nunca se preocupou com ela e aquela escoteirinha se preocupava. Foi então que há escoteirinha um dia passou a levar uma sacola de esterco e em uma das mãos uma pequena lata com água, e colocava aos pés da Árvore da Vida. Á Árvore da Vida chorava de alegria. A escoteirinha disse – Árvore, vou lhe chamar de Árvore da Vida. Você vai reviver. Você terá flores e será a única Árvore da Vida no mundo que vai dar todas as espécies de frutos.

        A Árvore da Vida chorava de emoção. – Como? Pensava. Ninguém nunca ninguém se preocupou se ela era uma árvore comum, se era uma árvore que pensava e nunca ninguém falou com ela a não ser para pedir. Ela atendia os sonhos da meninada. Ela sabia que a cidade inteira um dia descansou nas suas sombras e agora uma simples escoteirinha se preocupava com ela? – Mas um dia cinzento triste ela viu a escoteirinha sentar-se e encostar a cabeça em seu tronco e a Árvore da Vida viu que ela chorava. A Árvore da Vida ficou triste. Muito triste. Viu que a Escoteirinha em seus pensamentos chorava, pois não iria a um grande encontro que os escoteiros faziam e que chamavam Jamboree. Seus pais não podiam pagar. O quer fazer? Como ela podia ajudar a escoteirinha? Á Árvore da Vida soprou em sua fronte, uma brisa fresca, perfumada de suas folhas verdes e a escoteirinha dormiu.

          A escoteirinha acordou em um lugar lindo, com arco íris de todas as cores. Azuis, amarelos, verdes, uma relva cheia de flores silvestres e ela viu ao longe um enorme acampamento. Muitas barracas e milhares de escoteiros e escoteiras de todo o mundo. Assustou, pois ao seu lado a Arvore da Vida estava segurando suas mãos e dizia – Vamos minha amiga. Você vai participar do primeiro Jamboree Escoteiro no mundo! Vai conhecer seu fundador. E a Escoteirinha sorria. Um sorriso que poucas escoteiras sabem dar. Eram milhares de jovens, todos segurando sua mão e dizendo “Sempre Alerta” linda Escoteirinha! Era a maior felicidade que ela podia alcançar. Viu alguém batendo em suas costas se voltou e viu que era o fundador do escotismo. Abraçou-a e disse - Minha jovem escoteirinha, acredite, você é quem faz seus sonhos e os transforma em realidade. Nem todos podem ter o que querem, mas devem lutar para ter. Acredito em você. E você deve acreditar na sua promessa!

          Quem passou ali no coreto naquela tarde de um lindo por de sol, assustou-se. Em pouco tempo centenas de habitantes da cidade se aglomeraram, pois deitada encostada no trono de uma árvore simples daquela praça, que ninguém nunca deu valor, uma Escoteirinha sorria, em volta dela lindas borboletas de todas as cores sobrevoavam sobre sua cabeça, pássaros mil faziam seus cantos nos galhos da árvore e a Árvore da Vida? Florida! Linda! Cheia de frutos. Incrível! Nunca viram nada parecido. Uma brisa gostosa soprava trazendo perfumes de flores silvestres, e um papagaio verde e amarelo pousou em seu ombro e cantava – “Ela foi para o Jamboree, ela foi para o Jamboree!”.


          A história chega ao fim.  Ela sonhou.  E que sonho meu Deus! Não foi naquele Jamboree, mas sabia que um dia iria em outro. Seu sonho não ia morrer nunca. Ela iria crescer trabalhar e fazer seu sonho virar realidade. E a Escoteirinha foi para sua casa sorrindo e cantando – “De BP trago o espírito, sempre na mente, sempre na mente e no meu coração estará!” E a Árvore da Vida que existiu em seus sonhos nunca mais a abandonou. As pessoas sempre tem aquilo que desejam. E ela a escoteirinha sabia que um dia teria seu desejo realizado. Sonhe, sonhe muito! Acredite em seus sonhos. Alguém não disse que o futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos?