Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Quando termina a motivação Escoteira.


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Quando termina a motivação Escoteira.

                     O escotismo como qualquer associação onde voluntários se interagem, é comum haver falta de sintonia levando muitas vezes o voluntário pedir demissão e na maioria dos casos nunca mais voltar. Aqui mesmo e nos meus e-mails recebo relatos de chefes que passam por isto. É difícil aconselhar. Cada caso é um caso. Quem não passou por esta fase? Tem hora que você desanima. Dá vontade de largar tudo e sair por ai. Outros ainda insistem, mas sabem que o caminho que estão seguindo não leva ao sucesso. Se procurarmos um serviço de autoajuda teremos vários. As belas frases de efeito pululam por todos os lados. Nem sempre palavras somente ajudam. Aquela motivação quando entramos agora não é mais a mesma. O escotismo é interessante. No início tudo são flores, sorrisos, promessas, alguns até deixam as amizades que tinham em troca de novas que conquistaram. Nos primeiros meses, e até nos primeiros anos aqueles mais chegados se espantam com tanto carisma, com tanta demonstração de alegria que ele acredita ter alcançado um novo patamar de uma nova vida. Eles dizem que agora tem uma nova filosofia de vida. Seria assim mesmo?

                  Muitos grupos tem estrutura arcaica e na sua maioria dirigida por um líder que ficam anos e anos no poder. Se ele este líder não sabe liderar e se for daqueles que pensa se insubstituível ou mesmo acreditando ser melhor, então é difícil extirpar o mal, se é que existe algum mal. Na maioria dos grupos bem estruturados existe uma democracia consistente onde um Conselho de Chefes realizado mensalmente, aparam arestas e isto traz a paz e a continuidade. Mas quando o líder se acha dono da verdade então é muito difícil. Dizem os poetas que o que mais sofremos no mundo não é a dificuldade, é o desânimo em superá-la. Não é a provação, é o desespero diante do sofrimento. Não seria o fracasso e sim a teimosia de não reconhecer os próprios erros.  Eu já passei por isto. Inúmeras vezes. Os problemas são diversos e não é fácil superar. Não temos só o escotismo como meio de vida, temos nossa família, nossa atividade  profissional e até amigos fora do escotismo. Então aparece a falta de ética, de amor, de sinceridade, transparência e lealdade dos que se dizem irmãos de todos. Nesta hora sentimos que a falta de entendimento nos dá vontade e que vontade meu Deus de encontrar um buraco e se enfiar nele. Claro tem os mais fortes. Eles não transmitem para ninguém seus desânimos. São fortes. Enfrentam aqueles que se julgam donos da verdade. Mas até quando?

                 Se notarmos bem a matemática Escoteira é simples. Trinta e poucas reuniões por ano. Somando as reuniões de sede, acampamentos e excursões quem sabe podemos chegar ao máximo há quinhentas horas anual. Pensemos que na maioria das vezes temos nove meses de atividade, pois muitos têm férias em julho, dezembro e janeiro. Se eu estiver certo dedicamos cerca de vinte dias por ano ao escotismo. Claro que tem aqueles mais abnegados com o dobro de horas doadas ao Movimento Escoteiro. Para uns uma eternidade para outros muito pouco. Mas porque então o desanimo? Penso que existem vários motivos, mas para mim o principal deles é a decepção com o ser humano. Quando começamos pensamos que o escotismo é um mar de rosas, que a Lei e a Promessa são levadas a sério por todos que participam dele. Muitos se dizem líder, mas isto nem sempre acontece. Liderar é saber ser liderado e isto não é tão fácil. O pior são aqueles déspotas, que com o tempo a gente se sente ameaçado por uma força opressora e que pensávamos ser amigo e irmãos dos demais.

                Faz-nos muita falta um aperto de mão carinhoso e sincero. De um abraço fraterno, de um sorriso gostoso de uma palavra de carinho principalmente daqueles que convivemos em ambiente que achamos ser a nossa segunda família no grupo Escoteiro. Tem aqueles que nos olham como se fossemos parte do todo, indispensáveis em todos os sentidos, mas nem sempre é assim com a maioria. Uns poucos nos veem como indesejáveis, subservientes, dispensáveis, e se pudesse diriam: - Vocês estão aqui para servir e mais nada! E então vem aquele desanimo aquela vontade de sumir de mandar todo mundo às favas. Nem sempre fazemos isto. O nó na garganta demora a desaparecer. A promessa que fizemos nos atou nos sonhos escoteiros. Insistimos e alguns dão a volta por cima, mas outros não conseguem. Um dia ele vai embora. Afinal ele pensou que o escotismo seria uma fraternidade e não foi. Quem sabe está aí um dos motivos da grande perda que temos de adultos que estão nos ajudando como voluntários, mas foram desconhecidos como tal.

                  Dizem que nosso movimento é obediente e disciplinado. As diretrizes nos são impostas pela associação de maneira quase sempre ditatorial. Nunca somos consultados e sempre exigidos. A liderança se acha dona da verdade seja ela nos mais altos escalões ou até mesmo na unidade Escoteira. Muitas vezes somos ameaçados, somos exigidos e nada vem em troca. A associação peca por não valorizar o voluntário. Ela sabe que é um trabalho enorme participar e acredita que está lidando com funcionários pagos, esquecendo mesmo a boa cidadania e as boas relações humanas que deviam existir entre um e outro. Somos voluntários para tudo. Para organizar uma sessão, um grupo, correr atrás para suprir necessidades e no final das contas gastamos do próprio bolso para nos mantermos na ativa. Isto tem reconhecimento? Que eu saiba não. Dizem que a culpa é nossa por não sabemos agir, não aprendemos a verdadeira técnica de direção. Os cursos nem sempre dão o que se espera. Claro alguns deles são bons outros não. Taxa elevada e para o voluntário com família a sustentar é difícil. Dizer que o grupo paga é uma utopia sem tamanho para um grande número de grupos escoteiros.

                       Seria tão bom se fossemos realmente o que preconiza o escotismo. Uma fraternidade sem igual onde o sorriso encanta a todos. Onde se acredita em um aperto de mão sincero, onde o abraço é um amigo acolhedor, onde alguém diz que somos importantes para o grupo e agradece nosso trabalho. Quem sabe o conforto sem burocracia de um agradecimento maior sem necessariamente ser uma condecoração? Quem sabe receber da região ou da UEB uma cartinha no dia do nosso aniversário? Uma vez por ano os nossos lideres nos desejarem feliz natal e prospero ano novo? Quem sabe no final dizer que somos importantes e que conta conosco? Será que não nos falta cursos de relações humanas? Afinal temos ou não uma estrutura fraterna onde o respeito e o amor acontecem?


                     Eu costumo dizer que devemos lutar pelo que acreditamos. Mas nem todos tem a mesma maneira de pensar. A estrada Escoteira é cheio de pedras e espinhos o que não deveria ser. Sem alguém para nos dar apoio é difícil prosseguir. Acreditar que vivemos entre irmãos Escoteiros. Muitas vezes estamos nos enganando. Seria bom pensar que a amizade e fraternidade existem que vivemos em uma associação onde os superiores são irmãos de ideal. Que o sorriso fizesse parte sem um desdém que muitos preferem. Sei que não há solução mágica. Mas sem o primeiro passo da Direção Nacional valorizando os voluntários, nunca iremos chegar lá. Este nó górdio que nos atrapalha, que nos faz desistir tem de ser desmanchado. Sei que a maioria não precisa disto. Estão em bons grupos e ali se sentem realizados. Isto é bom, mas existe um grande numero que não é assim. Quem sabe um dia vamos mudar que tudo será um lindo Arco Iris colorido. Enquanto isto não acontece, vamos vivendo e deixando viver. Queira ou não o escotismo ainda é um amor que nunca morrerá em nosso coração.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Conversa ao pé do fogo. O sonho do menino escoteiro



Conversa ao pé do fogo.
O sonho do menino escoteiro
(Escrito pela Guia Isabel Cristina que caminha para ser brevemente uma ótima escritora de contos).

                  O dia amanheceu lindo, um sol brilhante. Ainda bem, pois choveu muito na semana anterior. Jovino dormia. Um sono gostoso. Jovino tinha nove anos. Bom filho, alegre e prestativo, mas preguiçoso para levantar. Sua mãe o acordava e ele virava de lado e continuava dormindo. Sempre foi assim. Seus horários não eram obedecidos. Para chegar no horário na escola era um sacrifício. Dona Ermelinda suas mãe fazia tudo para ele ser mais responsável. Ele aos poucos à medida que ficava mais velho melhorava um pouco. Seu pai e sua mãe sorriam em saber que ele amava muito seu Avô, pois era o único que conseguia controla-lo. Os dois eram grandes amigos. 

                      Seus pais trabalham muito. De família humilde e de poucas posses. Saiam cedo e só voltavam à noite. O Avô de Jovino tomava conta dele durante o dia. Jovino ou Jovi como era chamado por seus amigos, fazia tudo que queria. Jovi não era bom estudante. Os colegas da classe gostavam dele, mas as professoras reclamavam muito. Jovi realmente não gostava de estudar e muito indisciplinado. Um dia seu avô, o chamou e lhe deu um livro. No inicio Jovi pensou que não iria ler, mas a capa era linda e ele leu tudo. Da primeira a última página. Adorou a história, falava sobre um menino que era Escoteiro. Ele acampava, explorava a natureza (Se tinha uma coisa que Jovi gostava era dos animais e das plantas). O menino da história usava um uniforme bonito, sempre ajudava todo mundo e era um exemplo em sua casa e na escola.

                        Jovi ficou encantado com a história. Até releu o livro várias vezes. Quem sabe o menino poderia ter sido ele? Antes de ser Escoteiro ele tinha sido um jovem mal educado, não obedecia a seus pais e tinha poucos amigos. O titulo do livro era interessante. “Faça o seu melhor possível’”. Jovi procurou seu Avô na casa toda. Ele dormia em seu quarto. Bateu na porta e o Avô já de pé perguntou o que ele queria. Seu avô também se chamava Jovino e Jovi contou para ele que leu o livro varias vezes e adorou. Seu avô Jovino explicou que o livro foi escrito por uma amiga e ela se inspirou nele.

                       “Vovô”! O Senhor já foi Escoteiro? Seu Avô riu e disse – Fui sim meu neto. Desde sua idade. Agora não posso mais ir, pois você sabe que não tenho mais idade para frequentar. Seu Jovino levou Jovi para a sala e ficaram horas e horas conversando. Contou para ele sua vida de Escoteiro, seus acampamentos, suas aventuras e Jovi a cada instante mais e mais se encantava como os escoteiros. –Vovô! Eu posso ser um deles? Perguntou – Claro que sim. Mas olhe vais ter que mudar sua maneira de ser ainda vai ter que aprender muitas coisas. A primeira é ser obediente e disciplinado. Ser bom estudante e fazer com seus pais se orgulhem de você.
                   Jovino uma tarde foi com seu Avô no Grupo Escoteiro do seu bairro e se matriculou. Gostou de todo mundo. E o uniforme Vovó? Só quando você estiver preparado. Tem muito chão para você aprender. Jovi não discutiu e fez tudo que os chefes mandaram. Tornou-se uma pessoa melhor, saudável e prestativa, tanto, ao ponto de seus pais estranharem. Jovi tornou-se, realmente, uma pessoa melhor. Passou a estudar, ser prestativo e como tinha aprendido a Lei dos Escoteiros ele agora tinha responsabilidade e seus horários eram ponto de honra. Disse para si mesmo que seria um Escoteiro puro nos seus pensamentos nas suas palavras e nas suas ações.


                Quando passou para os seniores, Jovi começou a escrever contos, histórias tudo que tinha feito na sua vida Escoteira. No seu primeiro livro colocou o nome de "O poder transformador do livro e da leitura". Faça como Jovi, venha você também ser um Escoteiro!

terça-feira, 19 de maio de 2015

Hora de dormir, amanhã é outro dia. Meu destino um dia será o seu!


Hora de dormir, amanhã é outro dia.
Meu destino um dia será o seu!

                     Desculpe meu amigo. Você não me convence. Não e não. Nunca irei pensar assim, pois sou de outra época. Na sua concepção você está certo e eu o respeito por isto. Eu não posso concordar com as colocações que muitos fazem questão de dizer hoje. Como dizem por aí sou um dinossauro Velho e carcomido pelo tempo. Ando agora perdido nestes novos tempos que desconheço pisando em terra desconhecida. Quem sabe sou um Mowgly que não entendia o porquê dos tempos das Falas Novas, onde seus amigos se embriagavam na primavera em flor. Eu sei que você me admira, gosta do que escrevo e quando me encontrar vai me dar à mão esquerda. Sei que vai me olhar de um jeito como se sentisse algo por mim. Sei que vai abrir um lindo sorriso e claro irei retribuir. Eu sei que a culpa não é sua, quem sabe é minha ou quem sabe não é de ninguém só do destino. Simplesmente vives em outra era e não entendes de eras que se foram e ainda estão guardadas no fundo do coração. Claro que sei que a vida segue para você e novos caminhos vai descobrir com sua linda imaginação. Um dia quem sabe vais ser como eu, sentirás uma saudade bonita, uma vontade de saber se seu caminho foi o sucesso que sempre pensou que seria. Quem sabe vais pensar que se tivesse ido por outro caminho, o que teria acontecido, pois você resolveu ficar ao pé da montanha enquanto eu há escalei?

                  Eu meu amigo, posso até acreditar que você tem sua razão. Afinal você não é da escola dos saudosistas daqueles que tiveram outra visão do mundo e isto você apregoa sempre quando me procura na sua imaginação. Sei que você acha normal colocar um lenço, dizer SAPS, cantar um Funk e dizer sorrindo que é um Escoteiro. Afinal você é jovem e a vida de qualquer jovem que vive no mundo de hoje acredita em tudo que os outros dizem e tem certeza de que vai dar certo. Na verdade têm dias que me atrapalho, afinal velhos são assim. Não sei se estou sendo entendido, se estou ajudando a mostrar o caminho do sucesso que sempre acreditei. Acreditar em uma causa nos trás sentimentos confusos, até dores profundas, mas acredite ao mesmo tempo nos trás uma felicidade tão boa e que só acredita quem já viveu os tempos das Falas Novas na filosofia da Jângal como disse Bagheera. Não sei se lembra daquele poeta que falou assim: - Você pode fechar os seus olhos para as coisas que não quer ver, mas não pode fechar o seu coração para as coisas que não quer sentir. Isto eu mesmo tem hora que fico em duvida. Sei que para muitos isto nem existe mais. Mas olhe, não desanime nunca. Mantenha seus princípios, acredite na promessa que um dia prometeu. Acredite na Lei que Ele nos deixou, pois ela simboliza seu caminho como sempre simbolizou o meu.

                  Vá em frente. Siga sua trilha, afinal foi você quem escolheu e é um direito seu. Você assim como eu sabe que nossa trilha é linda, mas é tão cheia de percalços, de armadilhas com espinhos, de pedras no caminho e ainda bem que aprendemos a nos desviar delas. Somos teimosos por natureza. Ninguém deixa de duvidar de sua mente, do que ela pensa, do que ela já resolveu por você e eu. Se aceitar um pequenino conselho deste Velho Escoteiro que já viu o despontar da aurora de uma nova vida, lembre-se – Caminhe com passadas miúdas, mas olhando para onde vai, veja onde pisa, sinta o chão firme em seus pés. Olhe para frente, procure ver se os resultados da sua jornada estão lá ao alcance de sua vitória. Vitoria que um dia você acreditou que iria chegar. Somos oriundos de uma mesma escola. Temos as marcas de um movimento que se entranhou em nosso coração. “Somos uma mistura de “me deixe em paz”, “volte aqui” e “fica mais um pouco”, pois eu gosto de você”. Não siga meus conselhos se achar que não deve. Quem sabe estou errado e por mais que mostre as vitórias que alcancei pode ser que agora elas agora não têm mais lugar na história que se inicia e ela agora é só sua.

              Siga assim a sua trilha. A trilha do sol que o leva sempre ao oeste onde mora a felicidade.  Eu torço por você. Quer saber? Eu vivo sorrindo das minhas vontades, das minhas dificuldades. Saiba que eu sofro e rezo e peço sempre a Deus que cuide de mim e de você. Nós sabemos que no íntimo somos todos frágeis e sensíveis. Sei que acredita que a idade ou a experiência não faz nenhuma diferença. Todos nós carregamos no nosso interior sentimentos de ternura e emoções em nossos corações. É por isto que podemos realizar grandes coisas. E você, só você é dono de suas vontades. Certo ou errado isto faz parte do seu ser como fez do meu quando tinha a sua idade. Mas lembre-se sempre das palavras tão amigas do nosso mentor Escoteiro: A verdadeira felicidade só vai existir para você se souber também fazer os outros felizes.    


Eu sei que poeta não é somente o que escreve. É aquele que sente a poesia, se extasia sensível ao achado de uma rima à autenticidade de um verso. Ainda bem que não sou poeta, sou um simples Escoteiro que agradece a Deus por ter me dado uma vida do qual até hoje só me trouxe alegrias e da qual nunca me arrependi. Vou encerrando e deixando o meu boa noite para todos vocês leitores assíduos ou não. É rotina desejar canções de ninar, mas hoje não serei cantor. Só peço para você deixar sua janela aberta na madrugada, pois eu irei até você em sonhos coloridos, dizer que nossa amizade tem tudo para durar para sempre. Afinal somos irmãos de sangue... Tu e eu! Belos sonhos e boa noite!

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Conversa ao pé do fogo. Hinos canções Ajuris e o escambal.


Conversa ao pé do fogo.
Hinos canções Ajuris e o escambal.
“No grande jogo da vida, a Lei do Escoteiro é a nossa Lei”.
Chefe João Ribeiro dos santos.
                                                                                        
Viemos do norte, do sul e do leste, viemos do oeste,
de todo Brasil. Das praias, dos papas, Dos campos dos montes e
Dos horizontes de todo Brasil. Das grandes cidades,
Das vilas mais belas, Das casas singelas De todo Brasil.
Mochila nas costas bandeiras ao vento.
Para o acampamento de todo o Brasil 

        Eu gosto de cantar. Saudades de uma viola, uma harmônica a tocar em uma clareira em uma noite de luar. Ouvir sinfonias Escoteiras as mais belas no piscar das estrelas e junto a amigos queridos. Ninguém esquece as horas que passamos em volta de uma fogueira, vendo uma ave trigueira a passar por ali... E sorrir batendo suas asas ao sabor do vento e partir. O Escoteiro e rápido em entender os ruídos da noite, as fagulhas que dançam como fantasmas amigos e desaparecem no céu. – De onde é você? Sou do norte diz um escoteiro em alto e bom som. – E eu do Sul diz sorrindo um gaúcho qualquer.  – Não se esqueçam de mim sou do leste e este é meu amigo do oeste. Viemos de longe de todos os horizontes do rincão brasileiro. Tem muitos de nós a voar por aí nas asas ligeiras da imaginação e dizer: - Nasci em grandes cidades, morei nas vilas mais belas, em casas singelas de meu Brasil brasileiro. Sou peão sou boiadeiro e hoje Escoteiro com minha bandeira solta ao vento, eu estou indo para o acampamento de todo Brasil!

Se ele é gaúcho. Você do amazonas, De baixo da lona são todos irmãos
Qualquer cor ou classe,  Qualquer raça ou credo
Despertam bem cedo são todos irmãos
Fazendo a comida universitários Peões e operários
São todos irmãos. Nascido em palácio, nascido em favela
Lavando a panela, são todos irmãos.

                  Escotismo é assim, a gente dá as mãos, um sorriso, um sempre alerta gostoso, e se ele é gaúcho valente, ou se é um amazonense, não importa, pois debaixo das lonas são todos irmãos. Não importa quem você é, se é escoteiro é amigo sincero, e não importa sua classe ou cor, seja de que raça ou credo for. Esperamos alegre o amanhecer, agora somos todos irmãos, e quando formos fazer a comida, se eu sou peão de boiadeiro e você universitário brioso brasileiro não importa somos todos irmãos. Olhe ali aquele, nasceu em um palácio de ouro e o outro na favela dos anzóis, mas agora juntos cantando no riacho, lavando as panelas eles dão as mãos, pois são todos irmãos. Aqui não se chora, aqui se ama, corremos pelos campos, brincamos de farol, na praia do arrebol. É bonito demais, a Escoteirada jogando a laçada fazendo mais amigos seja de onde for.

O Ajuri Nacional, Do Rio de Janeiro,
É o marco triunfal do ano escoteiro,
Comemoramos o centenário de Baden-Powell o fundador,
E do escotismo o cinqüentenário,
Do acampamento da Ilha de Browsea,
Na Ilha do Governador.

              É uma epopeia que poucos puderam viver. Viver nas campinas, nas praias mais lindas, sentindo o sabor do vento, nos acampamentos de todo Brasil. Quem não foi viveu lá também. Se nasceu em outra era está lá também. Afinal esta toada, tocada em noite enluarada encantou os céus do Brasil. Não existe ninguém que se vestiu Escoteiro e cantou o ano inteiro não se lembre desta prosa, que de tão formosa ficou para sempre no coração de todos nós. Podemos um dia nesta terra querida aprender outra canção, mas igual a esta, desculpe eu não sei não!


Nota – Em comemoração ao centenário de nascimento de B-P e os 50 anos da fundação do Escotismo, a UEB realizou em fevereiro de 1957 no bairro de Tubiacanga, na Ilha do Governador Zona Norte do Rio de Janeiro, o II Ajuri Nacional, cuja a Canção “AJURI NACIONAL” composta pelo Chefe João Ribeiro dos Santos, falecido em 19/03/1970, aos 59 anos, é lembrada até hoje nos cancioneiros escoteiros. 

sábado, 16 de maio de 2015

Olavo Bilac comenta sobre o escotismo em 1916.


Conversa ao pé do fogo.
Olavo Bilac comenta sobre o escotismo em 1916.
(Copia fiel do que foi escrito nesta data)

“Trecho da Conferência realizada em Belo Horizonte, em 26 de agosto de 1916. – Publicado em 1929 em Niterói pelas Oficinas Gráficas da Escola Profissional Washington Luis”.

                   “A escola dos escoteiros, uma das células primárias do organismo da educação cívica e da defesa nacional, tem um objetivo que se resume em breves linhas”. É a educação completa dos adolescentes. O escoteiro, desde que se inicia no tirocínio, anda, corre, salta, nada monta a cavalo, luta defende-se, maneja armas; mantem-se num constante cuidado do asseio do corpo e da alma; afasta-se da pratica de todos os vícios; adquirem noções de física, chimica, botânica, astronomia, anatomia, geographia, topographia, astronomia; orienta-se pelo sol, pela posição das estrelas, pelo relógio, pela bússola, manuseia o termômetro e o barômetro, mede o caminho que percorre; estuda os mapas; sabe acender o fogo e cozinhar; faz acampamento; recebe e transmite comunicações pelos telégrafos Morse e Marconi, por meio de luzes, de sinais por bandeiras e pelos gestos dos braços; instintivamente aprende tática e estratégia; pode eficazmente socorrer feridos e vitimas de quaisquer desastres; alimenta e desenvolve os seus nobres sentimentos; abomina a mentira; reputa sagrada a sua palavra de honra; é disciplinado e obediente; é cortes; considera como irmãos os seus companheiros, ampara as mulheres, os velhos os enfermos; opõe-se a crueldade sobres os animais; é econômico, mas condena a avareza; respeitando a própria dignidade, respeita a dignidade alheia; é alegre; esforça-se por dizer claramente o que sente e exatamente descrever o que vê; pensa, raciocina, deduz; e enfim, conhece a historia e as leis do seu pais; é patriota e estimula a sua iniciativa.

                      Basta isso para que se veja que, no escotismo, se inclui todo ensino da infância e da adolescência. “Como o compreendia Platão, dizendo: “a educação tem por fim dar ao corpo e ao espírito a beleza e toda a perfeição de que eles são susceptíveis”“. E como concebia Spencer, professando: -  “a educação é a preparação para a vida completa”. Esta admirável escola ao ar livre abrange todos os pontos, que se contem no programa da moderna pedagogia. Primeiro, a instrução física: a conservação ou o restabelecimento da saúde, pela higiene e pela medicina e o desenvolvimento normal e progressivo de todas as funções de corpo, pela ginástica e pelos jogos escolares. Depois, a instrução intelectual: o adestramento dos cinco sentidos, a percepção externa e a interna, a cognição e a experiência; a consciência, a personalidade, e a liberdade; a faculdade de conservação - a memória; e as faculdades de elaboração - a atenção, a abstração, a generalização, juízo, o raciocínio, e a imaginação. 

                  Enfim, a instrução moral; a sensibilidade, e a sua cultura; o amor próprio, o amor e o respeito da propriedade, foi livre arbítrio, da independência, da emulação; o altruísmo, a benevolência, a beneficência, a amizade, a docilidade; o amor da pátria, do belo e do bem; o brio, a coragem, a disciplina; e a cultura da vontade, e a formação do caráter. E este curso completo de adestramento é feito no seio da natureza, na alegria da vida desportiva, pelo gosto próprio, pela pratica, pela lição das coisas. O escotismo forma homens e, ainda mais, heróis. É a heroicultura. Em cada escoteiro, no ultimo grau da iniciação, existe um "Agenor", no sentido do vocábulo grego: Homem de coração.

                  Há pouco tempo, em São Paulo, um educador, o Sr. João Kopke, numa conferencia, lembrou que os antigos gregos davam aos ephebos, "sem ensino especial de civismo, meios de cultura própria, apenas por um programa limitado, entre os sete e os dezoito anos, formando uma boa e bela forma de homem, com a sua inteligência, os seus sentimentos e o seus corpos treinados”. Não era aquele ensino da ephebia o mesmo ensino que hoje damos aos escoteiros? Mais ainda: o juramento do escoteiro no primeiro grau de iniciação, e os doze artigos do Código do escotismo são uma reprodução aproximada da afirmação, que os efebos espartanos e atenienses prestavam, quando, perante os magistrados, recebiam a lança e o escudo: "Nunca aviltarei estas armas, nem abandonarei o meu companheiro na fileira; combaterei pela defesa dos templos e da propriedade; respeitarei as leis; e transmitirei a minha terra própria, não só menor, porem maior e melhor do que me foi transmitida".

                     Mas o juramento e o código do escoteiro tem mais larga e mais bela significação do que a formula dor efebos. A moral e o governo de Esparta e de Atenas estreiteza e secura de egoísmo. Se quiserdes dar ascendência legitima, e foros e brasões de altas nobrezas a moderna criação do escotismo, deveremos radica-lo na tradição medieval da Cavalaria Andante. O grande ímpeto de desapego, de liberdade, de coragem e de altruísmo, que dispersou os cavaleiros andantes pelo mundo, foi o mais belo serviço da idade média. Os abusos da cavalaria não a mataram. Os exageros de uma virtude matam-se a si mesmos; e deixam viva e inalterável a força da alma que foi exagerada. Também, sobre o curso dos rios nas cidades despejam todos os dejetos da sua vida; a água, turvada e infamada, aceita com resignação a afronta; mas, em breve, libertada do contato dos centros populosos, na sua incessante agitação, torvelinhando sobre o leito de pedra e musgos, expurgando-se com o banho do ar livre, abluindo-se em si mesma, é daí a mesma linfa imaculada, reproduzindo a clareza e a virgindade da nascente. 

                   Assim, o sentimento de honra, que inspirava os paladinos. Que era aquela instituição? Uma exaltação da alma, que impelia para a gloria, para a justiça e para o desinteresse: os heróis errante eram bravos e pródigos, destemidos e puros: respeitavam e protegiam os fracos, defendiam as viúvas e os órfãos, subjugavam a tirania insolente, veneravam a mulheres e davam ao amor um culto religioso... Morreram os abusos, mas a essência sublime ficou... Enquanto houver brio e bondade no mundo, sempre haverá cavaleiros andantes. No escotismo - e é esta a sua maior e mais verdadeira beleza - a exaltação reveste-se de um distintivo prático, sem perder a sua poesia sublime. Na Cavalaria, às vezes, a idéia de honra era vaga: a da generosidade, indecisa; a da abnegação, indeterminada; às vezes, era o sacrifício perdido, a bravura sem proveito, a dedicação inútil. No escotismo, a idéia da honra define-se: é a honra do indivíduo, a honra do cidadão; o desinteresse e a magnanimidade não são apenas gestos formosos; são ações justas e úteis - justas para a perfeição humana, e úteis para a grandeza da Pátria.


                       Tal é, em suas linhas fundamentais, a criação do escotismo. A vos, meus companheiros de trabalho literário, cumpre a tarefa da propaganda, da organização e da direção em Minas, da nova heroicultura, linha de Baden Powell.

sábado, 9 de maio de 2015

Conselhos de um Velho Chefe Escoteiro. Parte II.


Conversa ao pé do fogo.
Conselhos de um Velho Chefe Escoteiro. Parte II.

             Outro dia publiquei aqui, alguns conselhos que julgava úteis para os novos chefes que ainda não conheciam bem o caminho do sucesso conduzir com êxito sua sessão Escoteira. Não sei se valeram, pois uma experiência que deu certo não pode ser guardada há sete chaves. Aqui estou publicando a Parte II. Quem sabe vira a III a IV e a V. Foram anos atuando em tropas e porque não passar meus parcos conhecimentos aos meus amigos e irmãos chefes Escoteiros?

-  Uma sessão Escoteira permanece em reunião por um tempo mínimo de duas horas e um máximo de três horas e meia. Isto uma vez por semana. Muito pouco. Portanto não temos o direito de perder tempo. É importante que se observe a pontualidade Escoteira não só no programa, mas em tudo que diz respeito à tropa ou Alcateia. Pontualidade é um dever até dos reis. E você também é responsável.

- É comum se perder tempo demais no cerimonial de abertura e encerramento. Às vezes todos os membros do grupo estão lá, cada um fala um pouquinho, uma explicação quase se transforma em um discurso. Já dizia o meu Chefe que os primeiros cinco minutos os jovens absorvem, dez minutos querem dormir, quinze minutos prometem a si mesmo não voltar mais.

- Promessas são de interesse dos membros da sessão. Promessas onde todos estão presentes desmotivam os que não participam da sessão dos promessados. Cada tropa ou Alcateia deve ter seu tempo para fazer as promessas e distintivos que interessam só a eles em reuniões onde só a sessão estará presente. Somente em casos especiais como Lis de Ouro, Escoteiro da Pátria, cordões e condecorações devem estar presentes todas as sessões do grupo.

- Quem for convidado para hastear ou arriar a bandeira já deve ter sido instruído antes. Chefes que ficam a li ensinando, explicando e repetindo tomam o tempo deles e dos outros que estão assistindo. Bandeira é coisa seria. Toda sessão deve estar preparada para agir quando chamados. Os monitores são os responsáveis para adestrarem seus Escoteiros.

- Assistentes não estão ali para assistirem. Se não fizerem parte do programa no seu todo claro que irão desistir em pouco tempo. Devem aprender sim, mas deve ter a liberdade de ação em atividades que para eles foram designadas ou escolhidas.

- Aconselho sempre aos chefes que tenham um canto na área de reunião para ser o Canto da Patrulha. Eles mesmos devem fazer seus tamboretes, mini bancos e que ao terminar a reunião são guardados na sede. Nos cantos eles têm liberdade para conversar, treinar, adestrar e discutir temas de interesse da patrulha. Em qualquer ocasião de tempo livre (onde o Chefe deixa que os monitores dirijam suas patrulhas) elas estarão em seus cantos de patrulhas.

- O Chefe como bom observador deve verificar de longe como está agindo o Monitor. Se ele está sendo amigo de todos, se está orientando ou se fica de olho no Chefe aguardando uma chamada. Tudo isto deve ser muito bem conversado e discutido em Corte de Honra. O Chefe que não tem atividades com seus monitores, tais como excursões ao ar livre, acampamentos ou outro tipo de reunião, nunca terão monitores motivados e ou adestrados suficientemente para dirigirem suas patrulhas.

- É importante que os gritos de chamada, apitos e outros sejam esporádicos. Sinais manuais existem para isto e todos devem conhecer cada um. Uma patrulha quando forma não espera o grito do Monitor. Ele em forma faz o sinal de atenção (sem olhar para trás) o de descansar e o firme ou alerta. Aguarda o Sub Monitor que é o ultimo dizer a ele: - Monitor patrulha pronta. Só então ele apresenta ao Chefe.

- Nenhum patrulheiro gosta de ser o intendente, lenhador, aguadeiro, almoxarife, cozinheiro, instrutor, ou mesmo um escriba se não for bem motivado. Não se determina. Tenta-se chegar a um consenso de escolha pessoal. Na última hipótese que seja por sorteio. Nas reuniões o Chefe deve ter um sistema para chamar cada um destes encargos e conversar com eles sobre algum tema do interesse da patrulha. Dois três minutos já é uma boa motivação.

- Eu conheci chefes que tinham bandeirolas pequenas de cada cor para identificar cada um dos patrulheiros e suas funções. Por exemplo: - Azul, chamando o cozinheiro, verde chamando o intendente e assim por diante. Pode ser amarrada em um bastão ou quem sabe utilizar o mastro que quase não se utiliza na sede.

- Jogos onde só tem um vencedor não motivam. Os que erraram ou saíram do jogo não tem o que fazer. Ficam parados assistindo e muitas vezes aproveitam para fazer outras atividades que não são próprias de Escoteiros. Isto serve para Falsas Baianas, Comando Crow e Cabeça de Minhoca que um faz e os demais ficam assistindo. Fogos de Conselho onde só um representa não é certo. A patrulha é quem deve estar a frente de tudo. Os jogos devem na medida do possivel devem ter toda a patrulha disputando. Ou ganha uma ou outra. Esse tal de sou o melhor não pega bem para Escoteiros.

- Existe uma grande preocupação com jogos por parte dos chefes. Porque não experimentar e deixar por conta dos monitores a maioria? Cada patrulha fica encarregada por um ou dois cada reunião. Assista, veja as vantagens e desvantagens. Mas não esqueça, sempre reúna a tropa por um tempo mínimo de dez minutos sentados em círculos deixando a discussão livre. Só assista e tire suas conclusões.

- Cá entre nós, umas duas ou três reuniões de sede são o bastante. Acima disto pode saber que muitos irão desistir e ou não aparecer mais. Não é tão difícil sair da sede, seja de ônibus, de trem e passar um gostoso dia em local afastado. Porque não treinar o Passo Escoteiro? Porque não treinar o Passo Duplo? Porque não fazer um belo reconhecimento de pássaros e insetos? “Afinal siga as palavras de Kipling: - Deixai-o seguir com os outros, pois os passos dos jovens se volvem aos campos do desejo provado e do encanto reconhecido”.

- E, por favor, escolha uma boa estrada carroçável e quase sem movimento nas suas andanças para o campo. Esqueça a fila, danada de fila que já existem todos os dias na escola. É gostoso demais ter liberdade para andar nos campos, junto a amigos, conversando trocando ideias e aprendendo com a natureza. Deixe um na frente que não pode ser ultrapassado e outro atrás que ninguém pode ser ultrapassado por ele.

- O bom Chefe observa, olha, aprende e vive os sonhos que eles estão vivendo sem interferir. Não grite, não apite demais. Vá viver na natureza e aprenda com ela. Seu silencio vai lhe ensinar muita coisa. Quem disse que a fé move montanhas; pequenas ações movem o mundo e pequenos sentimentos movem o universo?


-"O amanhã é nosso. Somos do mesmo sangue, tu e eu...  Boa caçada”!

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Você já viu as flores silvestre escoteiro?


Conversa ao pé do fogo.
Você já viu as flores silvestre escoteiro?

                           Elas estão lá. Ainda existem as flores silvestres! Nos campos! Nas campinas! Nas montanhas verdejantes! Quantas vezes eu colhi pétalas de margaridas, de violetas, de jasmim e centenas de rosas selvagens, brancas, vermelhas, cujo perfume trouxe ao olfato deste "Velho" mateiro um aroma incomparável. Que belo jardim eu sempre via nas minhas andanças pela natureza. Centenas e milhares de flores cada uma mais linda que a outra. Milhares de abelhas douradas e beija flores azuis e dourados a voejar pelos céus, Ele vão à procura do caule tão saboroso para que possam sobreviver. Você sabia Escoteiro, que nós somos os exploradores da natureza? Vamos para onde o vento nos levar, podemos Ir para o campo e admirar as belezas naturais. E lá que encontramos uma bela montanha e ver o nascer e o por do sol. Tudo no campo é lindo, belo, mas é preciso saber enxergar. Temos que olhar com atenção, descobrir aos poucos as beleza das flores, dos pássaros, do zumbido dos insetos.

                    Não existe alegria maior que descobrir o encanto de ver um casal de pássaros a construir seu ninho. Não existe alegria maior que ver lá no alto de uma grande árvore uma floresta impenetrável, sorrir ao ver uma orquídea branca como há desafiar o tempo que nasceu. Sentar a beira de um regato e ficar olhando as águas claras e límpidas a correrem em direção ao mar. Ver no fundo o ballet dos peixinhos que alegres e saltitantes estão a buscar o alimento ou quem sabe a brincarem seus folguedos de uma tarde quente de verão. Tirar o sapato mergulhar os pés nas águas cristalinas de uma nascente, sentir um calafrio a percorrer o corpo, uma sensação gostosa e acariciante. Encontrar uma folha que substituiu a caneca e mergulhada na água traz algumas gotas d’água brilhantes para amainar nossa sede.

                          Você por acaso Escoteiro, um dia deitou a sombra de uma arvore olhou suas folhas, seus galhos, viu entre os troncos os pássaros que por ali passam e param para um descanso. Já viu um Bem-te-vi, um Pardal amarelo? Quem sabe um Pássaro Preto ou mesmo um alegre Gavião com suas asas curtas, a perscrutar o horizonte. Já levou um susto com o canto da Cigarra? Conseguiu Identificar a beleza dos insetos que ali estão a subir em seu tronco e ver quanta vida e história aquela árvore centenária possui? São coisas nossas Escoteiro, só nossas que amamos as belezas que o Criador nos deu. Quanta alegria então quando se vê um Quati, um Tamanduá Bandeira, um Tatu Bola a esconder no seu buraco infernal. (cuidado, perigo de cobras – risos). Tantas coisas lindas a serem vistas e descobertas. Se você meu amigo Escoteiro ou "Chefe" ainda não observou tudo isto não deixe o tempo passar.

                     É tão gostoso partir para o campo, respirar o ar puro da floresta, suspirar o doce aroma da natureza, saborear lindas nuances que se apresentarão de forma diferente para os olhos de um bom mateiro. São coisas gostosas da vida escoteiro. São coisas nossas. Não deixe deixar passar a oportunidade enquanto é Escoteiro. Isto meu amigo, vale mesmo a pena. Viva a natureza como ela é. Levante cedo. Veja o nascer do sol, olhe ao redor, veja a montanhas que agora estão se tingindo de dourado, olhe o lago, olhe o regato que suavemente vai de mansinho à procura do mar. E quando chover ouça a chuva, veja os pingos a caírem e produzirem sons fantásticos. E quando o sol estiver pleno, olhe as pradarias ou a relva que ao sabor do vento se divertem nas campinas. Um poeta disse que a natureza faz com que nós homens nos pareçamos uns com os outros e nos juntemos. A civilização faz que sejamos diferentes e que nos afastemos. Verdade?

                          Charles Dickens em sua sabedoria escreveu que a natureza dá a cada época e estação algumas belezas peculiares; e da manhã até a noite, como do berço ao túmulo, nada mais é que uma sucessão de mudanças tão gentis e suaves que quase não conseguimos perceber os seus progressos. Não espere mais, vá, parta para o campo, escotismo é campismo. Escotismo é ar livre, escotismo é descoberta, escotismo é aventura. Seja mais um de nós que conseguiu descobrir as belezas da natureza. Venha se juntar a nós, venha aprender como todos uma vida plena de amor com o que Deus nos presenteou. E fazendo isto, tenho certeza, que vai sentir-se bem, e depois irá se regozijar por ser um Escoteiro.


Boa noite meus amigos, e lembrem-se a natureza que o Criador nos deixou é prova viva de sua existência. Durmam com Deus!

terça-feira, 5 de maio de 2015

Meu amigo Sênior, minha amiga Guia, posso lhes falar francamente?


Conversa ao pé do fogo.
Meu amigo Sênior, minha amiga Guia, posso lhes falar francamente?

                          Desculpe, sei que aqui não é o melhor lugar. Estou entrando quem sabe em seara alheia. Não sou Professor, religioso aconselhador e psicólogo. Sou apenas um Chefe Escoteiro e pai. Gostaria de falar com vocês meu jovem Sênior e minha jovem Guia. Só vocês dois. Os outros mais velhos não precisam. Ele já tem suas vidas formadas e minhas palavras serão como o vento a soprar a noite no deserto dos sonhos. Para ser sincero nem sei se devia falar. Dizem que se conselho fosse bom seria vendido e não gratuito. Nosso amigo Baden Powell já disse certa vez que um homem passou por tudo na vida quando chega aos sessenta anos e os jovens não acreditam no que eles falam. Claro, dão-se conselhos, mas não se dá a sabedoria de aproveitá-los. Acho que foi um poeta quem disse isto.

                          A idade de vocês é uma idade de alegrias e decepções, uma idade onde as preocupações se iniciam, onde a vida e o mundo são olhados de outra forma. Considero uma idade difícil de ultrapassar. Não tão fácil como a passagem do lobinho, ou a do Escoteiro, rota agora é diferente, ela se tornou mais séria. Vocês um dia vão encontrar em seus caminhos, em cada esquina muitas trilhas para escolher. Os sinais de pistas que aprendemos como escoteiros ficaram para trás. Agora é um novo sinal de pista. Muito mais difícil. Fazer a escolha certa é uma arte que aqueles bons mateiros sabem como enfrentar. Isto faz parte da vida e todos nós possuímos o livre arbítrio, a liberdade de escolha para decidirmos qual caminho ou trilha vamos seguir. É difícil escolher a certa. Depois de escolhida não dá para voltar atrás. Podemos sim escolher outra e quem sabe iremos acertar desta vez? Bem nosso amigo lá do céu sempre diz que podemos recomeçar. Recomeçar repito, pois o que está feito está feito. São escolhas difíceis.

                      Em cada etapa vencida neste caminho irão ver em cada esquina pessoas a oferecer a ociosidade, a alegria fácil a ter tudo sem fazer nada. É um mundo colorido que não existe a não ser no imaginário. Como dizem por aí – Não existe almoço grátis! Risos. O primeiro cigarro, o primeiro copo de uma gostosa bebida onde o mundo ficará divertido e as nuances que lhe acompanham deixarão de existir por alguns instantes. Alguns mais afoitos lhes dirão que tem muito mais. Um cigarrinho estranho aqui, outro ali, e tudo vai chegando como uma avalanche que não foi decidida de uma vez, mas paulatinamente. Tudo na vida tem de ter um começo o difícil mesmo e ver onde está o fim. Se quiserem ter uma vida honesta e vencer não deixem para amanhã o que tem de fazer hoje. Começar agora! Se quiserem ser alguém com os princípios sadios do escotismo comecem desde a escola até chegar à faculdade. Fácil. Começar é fácil. Difícil mesmo é decidir em cada esquina aonde ir. Quando a trilha foi bem escolhida tudo bem, mas se a escolha foi outra como disse antes é difícil voltar atrás.

                              Quando alguém lhes oferecerem um caminho cheio de estrelas brilhantes, cuidado. Podem ser um caminho sem volta. Um cigarro hoje, outro amanhã e você dizendo, nada que preocupa. Posso deixar quando quiser. Engano. Não vai ser assim. O mesmo com o copo da bebida gostosa, do cigarrinho feito à mão e de tantas outras armadilhas que vai encontrar pelo caminho. Se você participa do movimento é mais fácil. Seus amigos seniores e guias, seus chefes estarão lá  para lhes dar conselhos amigos! São tantos que confiamos e esqueça aquele que pode te decepcionar. É minoria.

                                Conselhos, ah! Conselhos. Você ri. Os recebe todos os dias de seus pais, dos seus professores do seu líder espiritual. Bah! Não é assim que dizem? Mas como gosto de me espelhar em frases eu digo o mesmo, quem não escuta conselho caros jovens escuta coitado! Arrepender depois pode ser um sofrimento enorme, uma dor profunda de arrependimento, machuca muito e vai doer lá dentro na mente e no coração. Não aceitem o primeiro cigarro, não aceitem o primeiro copo. Não aceitem o primeiro cigarrinho feito à mão. Eles podem levar vocês a caminhos nunca imaginados e nunca sonhados por escoteiros e escoteiras com formação digna.

                          Temos exemplos mil por todo caminho que passamos. Alguns que venceram vão vencer sempre. Sabem o que querem e fazem de suas vidas o caminho do sucesso. São aqueles que adoram a natureza, colocam uma mochila e saem por aí. Deitam na relva e olham estrelas brilhantes no céu. Riem-se entre si com piadas alegres e recordam da alimentação queimada que fizeram. Levantam cedo e apreciam o nascer do sol. Vivem uma vida saudável para ver novamente o por do sol em uma tarde linda e gostosa. Por isto meu caro Sênior e minha cara Guia não sei se falei para o vento. Espero que minhas palavras não seja levado pelo vento inutilmente. Até é possível que vocês nem precisem delas. Meu conselho não sei se foi em vão. Acredito que já sabem separar o real do imaginário, o verdadeiro do falso.


                         É difícil seguir a lei, mas é fácil lembrar que o Escoteiro é puro nos seus pensamentos nas suas palavras e nas suas ações. Bom isto. Fico alegre. Graças a Deus que são dignos de sua promessa e mantem viva na mente a chama da Lei Escoteira. Parabéns jovem Sênior. Parabém jovem guia! Quando a hora da dificuldade chegar, lembrem do nosso Chefe Baden-Powell, dêem um grande sorriso, lembrem-se de sua promessa. O Escoteiro tem tudo para vencer as adversidades. A Lei vai ajudar muito e não esqueçam como um Velho Escoteiro eu estou muito orgulhoso de vocês!

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Código de Honra.


Hora de dormir, amanhã é outro dia...
Código de Honra.

            Não existe nada mais belo no escotismo que sua filosofia e um método de ensino que não deixa nenhuma margem a dúvida. Baden Powell foi muito feliz em tudo que fez. Formar homens de caráter honra e ética e isto forma um tripé dos mais importantes que temos em todo nosso programa Escoteiro. Desde cedo aprendemos e ensinamos aos jovens o que é honra. Fala-se tanto nesta palavra que muitas vezes nos perdemos nela. Poderia ficar horas e horas comentando sobre honra, mas hoje vou deixar vocês mesmos pensarem e analisarem. Tenho certeza que irão conseguir exemplificar esta palavra tão sublime e que se ela ficasse gravada por todos os homens e mulheres do mundo a vida seria outra:

            A Lei escoteira é um código de conduta, assumido ao se realizar a Promessa escoteira, onde se retêm as principais características do movimento escoteiro, a honra, a palavra, dignidade, lealdade, prestabilidade, amizade, cortesia, respeito e proteção da natureza, responsabilidade e disciplina, ânimo, bom-senso e respeito pela propriedade, integridade. Seja Escoteiro, orgulhe-se de você!


Boa noite durmam com Deus!

sábado, 2 de maio de 2015

Quinze horas de terror.


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Quinze horas de terror.

                      Aconteceu quem sabe na minha imaginação. Sou contador de histórias e se não foi verdade a culpa não é minha. Afinal dizem que tenho uma imaginação fértil. Foi o Chefe Fontana quem me contou. – Chefe Vado, vou lhe contar a história de Katia. Katia era guia. Da Patrulha Sete Quedas. Katia adorava o escotismo. Estava nele desde lobinha e nunca perdeu uma reunião, um acampamento. Ela, entretanto tinha um segundo amor em sua vida. Orquídeas. Era louca por orquídeas. Em casa tentava fazê-las viver e rejuvenescer. Nem sempre conseguia. Tudo que escreviam ou falavam sobre elas ela lia. Ela nem bem fez quinze anos e a passaram para guia. Disseram que era uma tropa nova formada só para moças da idade dela. Ela achou bom. Teria maior liberdade o que não acontecia quando sub-monitora na tropa Escoteira. Ela sabia que havia mais de trinta mil espécies de orquídeas e fáceis de cultivar em casa. Lindas, coloridas, perfumadas cabiam em qualquer lugar e como era cuidadosa duravam anos. Seus amigos e até um professor de seu colégio já tinha ido visitar seu orquidário.

                         Nos acampamentos sempre tentava descobrir alguma árvore, próximo ou não de uma floresta que tivesse uma orquídea. Quem sabe descobria alguma que não conhecia. Lorena sua monitora já a alertara diversas vezes para nunca sair sozinha e sempre avisar aonde ia. Claro o tempo livre era pouco e Katia não perdia tempo. Já tinha dois dias que estavam acampadas em um sitio e bem próximo uma linda floresta. Ela tinha certeza que iria encontrar lá a “Phalaenopsis”, pois o ambiente da floresta com pouca humidade era próprio para isto. No segundo dia logo após o almoço sabia que haveria um tempo livre de pelo menos três horas. Não era a cozinheira e pela manhã tinha construído uma bela mesa com bancos reclináveis.

                               Sabia que não devia sair só, mas estavam todas tão entretidas com seus afazeres que escapuliu e se embrenhou na mata. – Só vou olhar e volto logo. Não andou muito. Próximo a um pequeno vale bem profundo ela avistou em uma árvore o que achava ser uma “Phalaenopsis”. Não se fez de rogada. Tirou a blusa de frio e lá foi ela arvore acima, pois tinha um bom treino em subir em árvores. Encantou-se com a orquídea. Linda, maravilhosa. Esqueceu que estava em uma arvore escorregadia. Caiu, um tombo enorme, quando batia nos galhos da árvore sentiu que um galho havia atravessado sua coxa esquerda. Na hora não sentiu nada, pois rolou em uma ribanceira caindo entre um vale onde havia uma vegetação espessa que escondia tudo o que havia por ali.

                                Agora sim, ela sabia que não podia mexer com a perna. Uma dor terrível. Um braço estava quebrado. Não podia se movimentar. Teve vontade de chorar, pois sabia que ali dificilmente iriam encontrá-la. A tarde chegou e veio à noite. Ouviu vozes e gritos tentou gritar e não conseguiu. Alguma coisa a impedia de falar. Logo o silencio da noite voltou novamente. Para Katia seria uma noite de terror.

                          A Patrulha deu falta dela logo após a chamada geral. Busca daqui e dali e nada. O desespero passou a acompanhar todos os participantes. A Chefe Maria Célia ligou para os bombeiros na cidade. Não demoraram e antes do escurecer mais de vinte homens experimentados na arte de sobrevivência na selva lá estavam. Até meia noite tentaram, depois não se via nada e o local de difícil acesso. O melhor era esperar o dia seguinte. Uma nevoa espessa e terrível tomou conta da floresta. Não se via um palmo adiante do nariz. Todos choravam. Ninguém conseguia dormir. Os pais de Katia chegaram. Ainda bem que eram calmos. Diziam confiar na filha e em Deus. Ela tinha experiência e não se deixaria levar pelo desespero. Aconteça o que acontecer.

                      Miltinho tinha cinco anos. Todos o chamavam de manteiga, porque ele não sabia. Afinal não era chorão e até muito vivo para sua idade. Sua mãe era assistente da tropa. Não tinha com quem deixar e o levou para o acampamento. Ele dizia ver coisas. Ninguém acreditava. Coisas de crianças falavam. Chamou sua mãe. – Mamãe, eu sei onde ela está. A mãe não acreditou. Ele pegou na mão do Capitão Marquetti. – Venha comigo, eu sei onde ela está. O capitão o olhou de soslaio. Resolveu segui-lo floresta adentro. Passava das quatro da manhã. O dia ainda não tinha amanhecido. – Ali ele apontou. O capitão Marquetti desceu até a ravina. Katia estava lá. Desmaiada. Praticamente com avançado estado de hipotermia. Sonolenta não ouviu e nem sentiu a chegada deles. O Capitão Marquetti viu que seu ritmo respiratório a estava levando a uma parada cardíaca. Se tivessem demorado mais meia hora Katia teria morrido.


        Ele chamou pelo radio os outros bombeiros que estavam no acampamento esperando o dia clarear. Levaram Katia ao hospital. Um mês depois ela estava em casa. Não houve sermões, admoestações ou ameaças. Ela voltou a Patrulha e a tropa. E agora nunca mais, mas nunca mais sairia sozinha do campo de Patrulha. Bastou àquelas quinze horas de terror para aprender a lição. Que sirva para todos os meus amigos escoteiros.