Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

quinta-feira, 23 de maio de 2013

A casinha pequenina branca como a lua.

Lembranças da meia noite.
A casinha pequenina branca como a lua.

Quando crescemos costumamos rir de nós mesmos dos tempos de criança. Quantas coisas nos fizemos, traquinagens mil e a cada ano vamos olhando o mundo de outra forma. Algumas marcam para sempre outras se perdem na memória do tempo. Hoje quando vemos a meninada fazendo das suas sempre preocupamos sem pensar que um dia fizemos assim também. E os sonhos juvenis? Eram lindos. O primeiro amor? Dizíamos ser único. Hoje me veio à lembrança de quando a vi pela primeira vez. Eu entrando nos meus dezesseis anos ela nos treze anos. Foi um namoro de mais de um ano sem um toque, sem uma fala sem sentir a respiração do outro. Incrível não? Outra época.

Morava em um barracão em forma de L. Na parte mais curta era meu quarto. Minhas duas irmãs e meus pais moravam na outra parte do barraco. Não tínhamos água encanada. Uma cisterna com uma bomba manual. Todos deveriam antes de tomar banho e quando sair de casa, dar duzentas “bombadas”. A caixa não enchia, mas se mantinha pela metade. Era um bairro afastado da cidade. Novo ainda. Em frente ao nosso barracão uma pequena construção. Acompanhei parte por parte como se fosse minha construção. Minha morada. Em meus sonhos nós tínhamos casado. Sonhava em ter minha casinha, pintada de branco, cercas de madeira também caiada de branco, um portãozinho simples que deveria ranger quando eu chegasse a casa. Era um aviso. Pensava em vê-la abrir a porta, dar aquele sorriso e dissesse – Oi meu amor correu tudo bem com você? Filhos? Muitos!

Tudo sonho. Meu trabalho era ajudar meu pai. Mas meu sonho me mostrava como um grande técnico em consertos de radio. Fazia um curso. Um sonho que durou por muito tempo. Quando um dia falei com ela quando senti seus lábios próximos aos meus, quando senti a maciez da sua mão mais e mais sonhava com a casinha caiada de branco com rosas vermelhas na janela. Quatro anos depois nos casamos. A casinha onde fomos morar não era caiada de branco. Era verde, dois cômodos, um quarto e uma cozinha que servia de sala. Banheiros no fundo do quintal. Ela com seus dezesseis anos e eu com meus vinte e dois. Acredito termos vividos os momentos mais felizes de nossas vidas. Nunca moramos em uma casinha com cercas e portão caiados de branco. Algumas tínhamos rosas, violetas e bromélias, mas nunca brancas.

O tempo passou. Moramos em muitas moradas. Em todas elas fomos felizes. Nunca pintei nenhuma delas de branco. O sonho de passado ficou só na lembrança. Quando parti da minha cidade, a que estava sendo construída e nos meus sonhos era minha, não foi terminada. Soube que os noivos terminaram. Um casamento que não deu certo. Se ela está lá hoje não sei. Mas ainda nos meus sonhos a vejo pintada de branco, com um belo jardim florido e os meus quatro queridos filhos brincando com seus velocípedes, com suas bolinhas de gude e eu e ela na varandinha, a olhar com amor a felicidade que permanece até hoje. Interessante, nestes sonhos ainda não crescemos. Ainda somos os saudosos adolescentes de outrora. Sonhos que aconteceram. De outra forma. Ainda bem que ela nunca me abandonou e se existir a frase – Foram felizes para sempre – Este sou eu e ela. Graças ao bom Deus!


Boa noite meus amigos e minhas amigas.   

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