Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Como é difícil dizer Adeus.


Lembranças da meia noite.
Como é difícil dizer Adeus.

Como é difícil dizer adeus. Pode ser um adeus simples, sem abraço, ou com as mãos entrelaçadas a dizer que não é mais que um até logo ou um breve adeus. Pode ser um adeus de pouco tempo, mas pode ser um adeus para sempre. Um adeus sem volta. Quantas e quantas vezes em volta de um fogo cantamos que não seria mais que um até logo? Mas sabemos que não é assim. Existe o adeus para nunca mais. Sabemos que do destino ninguém foge e mesmo querendo que fosse um breve adeus, sempre teremos aqueles que em volta do fogo nunca mais nos tornaremos a nos ver.

Difícil é o adeus de quem se ama. Mesmo que os motivos sejam reais é sempre um adeus que dói, que machuca que fere profundamente o coração. Não importa o tipo de adeus, sorridente, choroso, breve ou longo com abraços sem saber se haverão outros no futuro. A quem dizemos adeus nós sabemos que estará sempre presente em nós em espirito, em nosso coração. Um dia cada um de nós diremos adeus. Um adeus dado por um olhar, ou por uma palavra, por uma lagrima furtiva, ou um adeus carinhoso, choroso ou até aquele adeus mudo, onde a voz não sai. Engasgados querendo chorar. Pode ser mesmo um adeus sem nada dizer, um adeus que foi dado quando sentimos a falta de alguém que partiu. É um adeus sem volta. São adeus sem retorno. Ainda bem que em todo adeus sempre fica uma lembrança. Boa ou má, não importa. São adeus que deixam saudades e estas ficam para sempre.

Ainda não chegou minha hora de dizer adeus. Chegou sim a hora de dizer boa noite. Corpo cansado. Não está fácil postar todos os dias. A cada dia mais e mais as forças diminuem a vista não ajuda, e minha mente luta para estar aqui com vocês. Até quando não sei. Melhor agora é deitar e rezar muito. Pedir por aqueles que nunca puderam dizer adeus e se foram para sempre. Um adeus silencioso. Ao seu modo eles deram um adeus dolorido, mas um adeus que mesmo na eternidade, bem cedo junto ao fogo tornaremos as nos ver!


Boa noite e durmam bem meus amigos. Uma ótima quarta e um bom sono para todos!

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Balada do vento amigo. Deixa o vento soprar em meu rosto.


Balada do vento amigo.
Deixa o vento soprar em meu rosto.

Os ventos que às vezes tiram algo que amamos, são os
mesmos que trazem algo que aprendemos a amar...
Por isso não devemos chorar pelo que nos foi tirado e sim,
aprender a amar o que nos foi dado. Pois tudo aquilo que é
realmente nosso, nunca se vai para sempre...

Eu já ouvi o vento soprar, forte e viçoso nas montanhas douradas do Baependi. Ele rasgava o dia e as noites através das folhagens como se estivesse reclamando da invasão dos seus domínios. Eu já ouvi o vento soprar, nas imensas planícies do Vale Feliz. Ele procurava espantar as borboletas coloridas que ali estavam à procura do mel escondido nas flores que caiam no outono. Quando eu olho para o oeste, seguindo o sol que busca se esconder nos vales verdejantes, eu ouço o vento soprar. Ela canta suavemente para me entreter na busca do infinito. Dentro de uma barraca que parece sair voando, o vento sul açoita sem pedir permissão. As vozes das tempestades são enfurecidas por ele. Ele o vento não pede passagem, ele vai onde quer e ninguém ousa interromper.

Eu gosto do vento. Não importa de onde vem e para onde vai. Já estive com os ventos da primavera, que traziam o doce perfume das flores, das matas, das florestas distante. Eu já estive com os ventos do verão, com as bravias chuvas espicaçadas por ele. Ele mandava trovões, raios inimagináveis e depois da chuva ele trazia a bonança com ventos calmos, pacíficos e o cheiro da terra, o perfume das folhas molhadas, nos mais altos galhos a passarada a cantar toadas maravilhosas ao sabor do vento cuja chuva o vento levou. Eu já vi passar os ventos do norte nos picos gelados das Agulhas Negras, ela parecia sorrir com a vasta imensidão a perder de vista. Eu já vi os ventos das ventanias que jogavam tudo ao chão. Eu já vi os ventos das borrascas cinzentas no mar gelado. Era bom olhar o infinito e ver as gaivotas na sua eterna luta com os ventos. Elas sabiam que iam perder por isto aprenderam a voar com os ventos.

Quando em marcha de estrada e o sol a pino, eu me entregava aos ventos para me dizerem o melhor caminho. Beber a água da fonte, em uma sombra e os ventos soprando é indescritível. Eu já ouvi os ventos. Muitos. Os que se transformavam em arco íris, os que se transformavam em brisas, gostosas, sopradas de uma cascata borbulhante ou na madrugada a nos apanhar sem barracas tendo o céu de estrelas como casas, elas molhavam nossos rostos ao luar. Ventos do norte e sul, ventos do oeste e este, que eles soprem sempre trazendo a todos nós a alegria que merecemos. Um dia alguém me falou do vento – Sabes Escoteiro, se tens vento e depois água, deixe andar que não faz magoa, mas olhe se tens água e depois vento, põe-te em guarda e toma tento! É eu já ouvi o vento passar...

Deixa passar o vento
Sem lhe perguntar nada.
Seu sentido é apenas
Ser o vento que passa…
Consegui que desta hora
O sacrifical fumo
Subisse até ao Olimpo.
E escrevi estes versos
Pra que os deuses voltassem.
Ricardo Reis.


Boa noite meus amigos e minhas amigas, que o vento amigo esteja com vocês, que a brisa das madrugadas derramem bênçãos, que o frescor do dia tragam a aragem distraída para dar um novo ânimo de viver. Durmam com Deus. 

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Um sorriso vale mais que mil palavras!


Lembranças da meia noite.
Um sorriso vale mais que mil palavras!

Ser bondoso é como plantar um sorriso a cada instante. Obrigado por teres plantado tantos sorrisos em mim! Augusto Branco.

SORRIA

Sorria, embora seu coração esteja doendo
Sorria, mesmo que ele esteja partido
Quando há nuvens no céu
Você sobreviverá...

Se você apenas sorri
Com seu medo e tristeza
Sorria e talvez amanhã

Você descobrirá que a vida ainda vale a pena se você apenas...

Ilumine sua face com alegria
Esconda todo rastro de tristeza
Embora uma lágrima possa estar tão próxima
Este é o momento que você tem que continuar tentando
Sorria, pra que serve o choro?
Você descobrirá que a vida ainda vale a pena
Se você apenas...

Se você sorri
Com seu medo e tristeza
Sorriso e talvez amanhã
Você descobrirá que a vida ainda vale a pena
Se você apenas Sorrir...

Este é o momento que você tem que continuar tentando
Sorria pra que serve o choro
Você descobrirá que a vida ainda vale a pena
Se você apenas Sorrir
Charles Chaplin.


Boa noite meus amigos e minhas amigas durmam com Deus. Não sei por que, mas hoje levantei sorrindo, passei o dia sorrindo e vou dormir sorrindo. São coisas de Velhos Escoteiros. Kkkkkkk.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Zé Neguinho, muitas histórias para contar.


Lembranças da meia noite.
Zé Neguinho, muitas histórias para contar.

Nunca esqueci o Zé Neguinho. Olhe ele não era negro. Moreno claro e usava um cabelo comprido. Gostava de usá-lo com um rabo de cavalo. Eu ia fazer sete anos quando o vi pela primeira vez. Jogava bolinha de gude em frente a minha casa do outro lado da linha da estrada de ferro. Ele chegou e passou as mãos em todas as bolinhas. Acho que ele era um ano mais que eu e bem mais forte. Todos olharam para ele e dois meninos choravam. Eu não. Exigi minhas bolinhas. Ele riu. Dei nele um pescoção e recebi outro. Cai feito bolacha e ele saiu correndo levando mais de 20 bolinhas.

Nonato com seus doze anos me disse - Vado se quiser defender dele, entre para os Escoteiros. Lá ninguém se mete com a escoteirada. Logo entrei para os lobinhos. Ele parou de me perseguir. Os anos foram passando eu crescendo e ele também. As brigas voltaram. Motivo? Não sei. Ele me desafiou um dia no campinho do Nonô Cabrita. - Sem os Escoteiros ele disse – Aceitei. Ninguém sabia das nossas brigas. Demoravam horas e cansados, muitas escoriações e sangue no nariz cada um ia para sua casa.  Dificilmente passávamos uma semana sem uma briga. Eu e ele nunca pedimos ajuda. Nossas brigas sempre eram fora da cidade ou no campinho. Não havia aglomerações. Nunca usamos paus, pedras facas nada. Só no soco e tapa. Meus dedos ficavam todos feridos entra mês sai mês. Lembro que a nossa ultima briga eu estava com dezessete anos. Foi uma briga gostosa. Durou quase hora e meia. Sentamos os dois embaixo de uma aroeira próximo ao curtume do Seu Chico Nonato. Ele me olhava e eu para ele. Meu corpo doía, braços esfolados, uma costela quebrada, nariz inchado. Ninguém falava nada. Depois começamos a rir, a rir sem parar.

O tempo passou. Acho que uns dez anos. Viajava em um trem da Leopoldina de Caratinga para Ponte Nova. Ia para Barra longa a convite de um Grupo Escoteiro que estava começando. Cochilava quando parou em uma estação. Lá fora centenas de soldados armados correndo para todo lado. Ouvi um grito alto: - Zé Neguinho! Sei que está aí neste vagão. Desça com as mãos para cima. O trem está cercado de policia! Olhei de lado. Era ele. Cresceu, ficou forte, muito forte, o cabelo grande sempre amarrado em um rabo de cavalo. Ele me viu. Deu uma gargalhada – Vado Escoteiro? O Valente da porrada? É você? Era chamado por ele assim. Levantei e dei nele um abraço. O Delegado gritou de novo – Vamos evitar passageiros feridos Zé. Desça logo – Ele gritou – Me dá dez minutos delegado e vou descer sem reagir, eu prometo. Ao meu lado um senhor de idade. – Suma! Ele disse e sentou comigo. Ficamos estes dez minutos lembrando o passado. Nunca na vida contei “causos” do passado sob a mira de fuzis. Lembra-se da descida do Bairro do Pastoril? Eu lembrava. Uma turma querendo me dar uma surra. Ele chegou com um pau na mão. Desceu a burduna na turma e gritou - Bateu nele bateu em mim! Só eu posso dar porrada nele! Ele se levantou e me deu um abraço, apertado. Chegou a doer. Vi que seus olhos encheram-se de lágrimas. – Adeus meu amigo. Acho que nunca mais vamos nos ver! Desceu do trem e vi dezenas de policiais apontando armas para ele. Na plataforma me deu um último adeus!

Não fiquei sabendo dos seus crimes ou roubos. Não havia jornal na minha cidade para informar. Mas Zé Neguinho me marcou muito. Não foi escoteiro. Deveria ter sido. Nunca o esqueci. De vez em quando procuro aqui na internet se vejo alguma noticia dele. Deve ter morrido. Se fosse hoje poderia ter descido e conversado com o Delegado. Quem sabe poderia ter ajudado. Não o fiz. O destino não se mede pelas ações, mas sim pelo que se fez ou faz. Espero que ele tenha conhecido a felicidade. Seu sorriso sempre foi contagiante e dizem que quem sabe dar um lindo sorriso é feliz.


Boa noite meus amigos, durmam bem. Amanhã domingo aproveitem mais um dia em suas vidas. Sempre Alerta e boa caçada!       

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Você pode escolher se quiser o caminho da felicidade.


Lembranças da meia noite.
Você pode escolher se quiser o caminho da felicidade.
Ei rapaz, você mesmo, para onde vai? Está não é a estrada certa. Procure outra. Quem sabe aquela que ficou lá atrás, pois tinha flores azuis e amarelas na entrada do bosque florido. Não percebestes? Era lá que você devia olhar e quem sabe encontrar o que procuras. Eu vi na curva do caminho centenas de jovens sorrindo. Notou que eles brincavam de gente grande? Viu como eles eram solícitos quando perguntas-te se eles gostavam do que faziam? Sei que você gostou deles e porque não permaneceu lá? Todos insistiram para você ficar. Não se lembras daquele pequenino que lhe deu um aperto com a mão esquerda e disse que ali morava a felicidade eterna? Então porque titubeaste? Porque não aceitou o convite feito de forma alegre e fraterna? Eles são assim, divertidos, amigos de todos e irmão daqueles que estão com eles nas veredas do bom caminho. Sabe quem são? Não sabe? Eles são Escoteiros, entusiastas joviais briosos brasileiros que vão se tornar homens brincando de aventuras.

Volte! Não siga nesta trilha que está cheia de espinhos. Ela não vai levar você a lugar nenhum. Não acredite que os outros que vais encontrar serão seus amigos. Eles estão perdidos como você. Eles não pensam mais, são mortos vivos a vagar por aí. Esqueceram seu passado, suas vidas seus sonhos. Eles não sonham mais. Sentam em qualquer lugar onde alguém lhe oferece o néctar do veneno que mata. Você não pode desejar isto. Ainda tens tempo. É só voltar nas passadas do tempo. Lembre-se daqueles que te amam, que desejam seu retorno. Eles imploram seu retorno. Volte, não fique na duvida. Você tem ainda vastos caminhos a percorrer. Não peço para acreditar no criador. Muitos que estão aí com você hoje duvidam que ele exista. Mas cada um tem o direito de criar seu próprio destino e você não precisa criar um onde um dia irá ver só a escuridão, quem sabe um raio solto no céu mostrando o lamaçal onde irás viver. Isto seria vida? Não escolha este caminho. Não é um bom caminho.

Volte! Procure a terra do amor perfeito. Encontre outros amigos, aqueles do sorriso franco, do abraço sincero, aqueles que te dizem para cantar com eles o Rataplã. Abriram-lhe uma vaga na patrulha da felicidade. Deixarão para você uma flor de lis para lhe indicar o caminho. Deixarão você um dia escolher se quer ou não ser mais um destes milhões de jovens amigos que o mundo abraçou. Sei que se tentar vai gostar. Vais sentir o cheiro da terra, do capim molhado, do doce cantar do riacho cristalino, onde na cascata da nevoa branca as borboletas dançam e cantam nas ondas que o vento sopra sobre elas. Encontre o novo mundo, um mundo de jovens que querem o seu bem. Vá com eles. Suba nas mais altas árvores, escale as montanhas da alegria e volte depois para os seus que com os olhos cheios de lágrimas, pois eles o receberão de braços abertos. 

Escute por favor, o chamado dos Escoteiros que insistem que você seja mais um deles. Abandone esta estrada que não tem fim. Abrace com eles a felicidade, a sede da aventura, a vontade de ser mais um, de ter amigos, de saber que agora tem com quem contar. Escotismo é isto. Um caminho certo para que você um dia possa orgulhar do seu caráter. Onde todos dirão que você é um homem de honra e não importam o que digam mais, importa sim o que você vai sentir no seu coração. E como diz o velho poema: Quem afinal se anima a escalar das serranias as alturas? Quem são aqueles que uma bandeira arvora nas asas da imaginação? Contemplais e vereis, são jovens Escoteiros, entusiastas, joviais briosos brasileiros que lá vão brincar ao léu de uma aventura.

“Já viste por acaso, a luz das madrugadas,
Uns veleiros azuis singrando mar afora,
Ou em marcha, a cantar patriótica toada,
Um grupo que na serra alcantilada
Em plena mata acampa e uma bandeira arvora?

Desta flotilha azul quem são os marinheiros,
Que se animam a escalar as serranias e alturas?
Contemplais que vereis, são jovens Escoteiros,
Entusiastas, joviais briosos brasileiros
“Que lá vão brincar ao léu de uma aventura”

Boa noite meus amigos e amigas. A quinta para mim está encerrando. Desejo a todos uma feliz noite, sonhos dourados e uma sexta cheia de amor!


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Um dia eu contei estrelas no céu.



Meu amigo Vander se foi. Hoje o meu conto é dedicado àqueles outros que também estão no céu. Para cada um, um tempo, para cada tempo uma atividade, para cada atividade uma lembrança. Ninguém foge de seu destino e a vida continua aqui e lá em cima com retorno programado. Chico já dizia que Escapamos da morte quantas vezes for preciso, mas da vida nunca nos livraremos. Kardec também comentava que os homens semeiam na terra o que colherão na vida espiritual: Os frutos da sua coragem ou da sua fraqueza. Que meus amigos lá do céu façam suas estrelas brilharem para saudar a chegada do Vander, meu compadre, meu amigo e meu irmão.

Uma das coisas mais belas da vida é olhar para o céu, contemplar uma estrela e imaginar que muito distante existe alguém olhando para o mesmo céu, contemplando a mesma estrela e murmurando baixinho: "Que Saudade”.

Um dia eu contei estrelas no céu.

Passado tantos e tantos anos eu deixei de contar estrelas no céu. Precisava voltar no tempo para olhar um céu de estrelas reluzentes, uma via láctea brilhante e lembrar-se de uma por uma. São tantas, mas ainda dá para ver - Ali naquela bem em frente está meu amigo Darcy Malta, ao seu lado Chefe Floriano, um pouco mais a frente o Claudio com seu sorriso inesquecível. São muitas estrelas no céu. Cada uma mais brilhante, todas elas estrelas cintilantes sempre a me dar boas noites. Vejo na longitudinal o Carlos ali bem à frente com seu estilo BP, o Odair não muito longe dali. Helio um bom amigo e Basbaun muito querido faziam um chão de estrelas a sapecarem nos olhares como a dizer – Estamos aqui. Eu sempre sorrio só em olhar. Quantas estrelas no céu. Lucio e o Dutra formam um lindo par. Eles sempre aumentando falam em milhões de estrelas no céu. Dizem ser impossível contar, mas eu contei, sabia que um dia seria uma delas, um ponto no espaço infinito a marcar sem muita luz as maravilhas dos outros amigos que fincaram o pé no universo.

Hoje um amigo se foi. Amigo de tempos idos. Passado e presente se misturam ao lembrar. Mas vou seguir para o campo, nas matas verdes do Brasil e olhar... Olhar o céu novamente, pois quero agora ver novamente Wander e Lucia, quem sabe serão estrelas cadentes, pois gostam de viajar. Lá estarão eles, indo e vindo nas madrugadas frias ou quentes há clarear um pouco mais os corações daqueles que os amavam. A gente que ainda não foi tem vontade de pegar as estrelas com as mãos. Seria possível? Dizem os poetas que é indispensável querermos deitar a mão a mais do que podemos alcançar, senão para que serviria o céu?

Para mim hoje foi um dia triste. Lágrimas nos olhos meus e da Celia. Não dá para segurar mesmo sabendo que a partida é doce e deve ser lembrada com alegria. Ela é como uma descida em uma estação das viagens intermináveis que sempre fazemos. Saudades queiram ou não podem machucar e outras podem alegrar. Todos vão um dia e não tem como evitar. Dizer que as pessoas que amamos não morrem e que apenas partem antes de nós, ajuda a explicar, mas não substitui aquela dor da perda de um amigo. Quantas histórias para contar? Quantas se perderem no ar? Patativa do Assaré dizia que existem dor que mata a pessoa sem dó nem piedade. Porém não há dor que doa como a dor de uma saudade. Mas o mundo continua, as saudades ficam presas em nossos corações e uma noite em um céu de estrelas, seja onde a gente estiver lá estarão eles a nos olhar, a nos acenar, a dizer Sempre Alerta e a cantar o Rataplã.

Uma vez que você tenha experimentado voar, você andará pela terra com seus olhos voltados para céu, pois lá você esteve e para lá você um dia vai voltar. Quintana com sua sabedoria comenta que “nós vivemos a temer o futuro, mas é o passado que nos atropela e mata". Não sei se o escotismo nos deu uma saudade que parece maior que as outras. Nossas lembranças são diferentes, buscamos o passado distante, a correr com amigos lá do céu pelas matas, pelas cascatas, pelas montanhas enormes, nos vales intermináveis e nas campinas das flores silvestres. Lembrar-se dos pássaros cantantes, de um lindo por do sol e esperar que as estrelas vão chegar.  São tantas as lembranças e enormes as saudades! Lembrar-se da selva risonha, das viagens intermináveis, acampamentos de sol e a lua para ajudar. E os rostos tão queridos ao nosso lado sorrindo. Deus meu! Saudades que doem que machucam e só mesmo Clarice para dizer - Oh, não se assuste, às vezes, a gente mata por amor, mas eu juro que um dia a gente esquece, eu juro.

Meu abraço compadre Vander. Você foi embora hoje. Sei que já é uma estrela lá no céu. Com minha comadre Lucia fazem o par perfeito. Eu e Célia nunca os esquecemos, as saudades ficaram, mas as lembranças de tudo ficarão marcada para sempre em nossos corações.

...Saudade é amar um passado que ainda não passou,
É recusar um presente que nos machuca,
É não ver o futuro que nos convida...


Boa noite amigos e amigas, que as estrelas lá do céu estejam no coração de cada um.  

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Uma fábula para divertir. Deus, o diabo e o chefe Escoteiro.



Lembranças da meia noite.
Uma fábula para divertir.
Deus, o diabo e o chefe Escoteiro.

 Morreu um Chefe Escoteiro e foi direto aos portões do céu. É sabido que o chefe escoteiro, pelo seu ser e fazer, pela sua bondade e amor sempre vai para o céu. São Pedro Procurou em seu arquivo, mas ultimamente estava um pouco desorganizado e procurando em uma pilha de papeis não achou o nome dele. Ele ainda não tinha a moderna internet instalada no céu. Então ele disse: - Desculpe-me, você não está na lista. O Chefe Escoteiro obediente e disciplinado já que quando fez a promessa prometeu obedecer sempre sem discutir foi para a porta do inferno.

Esfregando a mão de satisfação o diabo rapidamente deu-lhe abrigo e alojamento. Passado pouco tempo e Chefe Escoteiro se cansou de sofrer as misérias do inferno, reuniu vários amigos e partiu para a concepção de um projeto e de um plano de trabalho anual, competência de liderança, Estatutos, direção e um SIQUE para ninguém reclamar. Montou também um campo escola, uma associação em que os associados acreditavam em tudo, comitês de planejamento estratégico e de trabalho: Iram fazer melhorias para ninguém botar defeito. Com o passar do tempo ele implantou toda a modernidade que conheceu na terra. Mudou tudo, agora sim, eles podiam crescer dentro dos padrões esperados. Criou programas tais como: Em cada mil um vota, mas vota no que ele mandar.

Na sede nacional próxima a entrada dois do inferno mandou instalar ar condicionado, banheiros automáticos, escadas rolantes, departamento de ciência da computação, cobertura no pátio para formaturas, recuperação de registros dos associados com atrasos de pagamento, círculos de leitura e análise, diagnóstico de todos os tipos, várias atividades de desenvolvimento, nomeou assistentes, formadores, distritais e distribuição bolsas de estudos aos jovens, deu a eles festivais, aventuras mil etc., etc. E assim, o Presidente líder tornou-se a aquisição mais rentável em milhões de anos para o inferno.

Um dia, Deus chamou o diabo pelo telefone celular e com tom de suspeita perguntou: - O que estão fazendo aí no inferno?

Estamos crescendo eminência, quase dez por cento ao ano. Já superamos tudo que se conhece em organizações “capetais” do passado. Logo chegaremos aos cem mil disse o Diabo. Agora temos certificados para tudo, comissões para analisar os prêmios, condecorações dos mais chegados da corte, grandes atividades nacionais, Juborees, Caiporés e o escambal. Agora temos sensores infravermelho, escadas rolantes, com controle automático de carga, equipamentos eletrônicos para controlar a economia de energia, wireless Internet, festivais e desfiles, workshops de treinamento, etc. Parece que as inscrições aumentaram depois que deram uma medalha de honra para São Pedro. Ele riu atoa. Gostou do SIQUE que faz aqui grande sucesso. Querendo conversar comigo mande um email para eldiablofeliz@infierno.com. Pois estou sempre na internet.

Deus perguntou então: - Vocês não tem um Chefe Escoteiro aí não? - Como é? –respondeu Satanás. Tentou esconder, pois foi a melhor aquisição em bilhões de anos.

Deus desconfiado disse: - Isso foi um erro terrível! Nunca deveria ter ido para ai um chefe escoteiro! Um chefe escoteiro sempre tem de ir para o céu onde é o lugar dele. Isto está escrito e sacramentado.
Mande-o voltar imediatamente! 
- Ô louco! - disse o diabo. 
- Mande ele de volta urgente sua besta eu exijo! Gritou deus com raiva.
- E o diabo dando uma tremenda gargalhada respondeu:
- Ah sim? E, por curiosidade, aonde você vai conseguir um advogado para a causa que vou levar para o supremo se eles estão todos aqui? 

MORAL: Há que ter compreensão para o chefe escoteiro, amá-lo e agradecer pela sua paciência. Um chefe escoteiro não vê só mundo, Ele sempre quer transformá-lo em um mundo melhor não importa onde. Ele acredita não só nele como sabe que é um privilegiado. Quanto ao advogado é melhor calar. Kkkkkkk.

Obs. Postado aqui no Facebook e adaptado para a realidade brasileira.


Boas noites durmam bem e uma quarta feira feliz para todos!

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Uma lobinha no Vale das Flores Cinzentas.


Lembrança da meia noite.
Uma lobinha no Vale das Flores Cinzentas.

                     Sempre o dia de reunião era dia de sorriso. Quando entrou sonhava com os sábados. Dona Florência sempre a inquiria: Tininha! Volte para seu mundo! Estamos na sala de aula! – Tininha se transportava. Não importa onde estivesse. Via-se na Bandeira, no Grande Uivo. E sempre sonhando em ser chamada para hastear ou harrear a Bandeira. Ela tremia de alegria. Seu coraçãozinho batia mais forte. Mas precisava voltar para a escola. Seu espírito vinha correndo, pois quando Dona Florência dizia era melhor tomar cuidado. Tininha sentia no ar o perfume das flores. Sempre se imaginava em uma colina cheia de flores coloridas a correr junto com o vento. Seu rosto sempre desabrochando um sorriso. Na Alcatéia não era diferente. A Akelá Norminha, o Balu Gilberto e a Baguira Francisca para ela era um sonho que virou realidade. Nas reuniões ela vibrava. Cantava, sorria, pulava. E os amigos? Não eram amigos, eram irmãos lobos, pois não foi assim quem disse Kaá? – Somos do mesmo sangue tu e eu?

                      Mas um dia notaram um rosto sério, não havia mais sorriso, a alegria de Tininha desapareceu. Era como se seu lindo jardim cheio de flores coloridas tivessem todas elas se tornadas cinzentas. Esta era uma vantagem dos chefes da Alcatéia. Eles conheciam seus lobos um por um. Nunca quiseram ter uma grande Alcatéia. Mesmo assim eram dezoito. Oito meninas e dez meninos. A alegria de participar era tão grande que dificilmente alguém saia e faltar então? Os pais vinham até a sede para pedir aos chefes ajudarem, pois precisavam fazer uma viagem ou então umas férias e eles não queriam de forma alguma abandonar as reuniões, as excursões e os acantonamentos.  O que tinha acontecido com Tininha? Esperaram duas reuniões para investigar. A Baguira conversou com Tininha. Ela abaixava os olhos e não dizia nada. Só dizia que iria sair dos lobinhos.

                      Tentaram tudo para saber dela o que aconteceu. O que a fez mudar. A Baguira Francisca que morava mais perto da casa dela ficou encarregada de ir lá. Estava passando da hora. Uma função de chefes escoteiros e eles não podiam fugir. Tinham de saber o que estava havendo. Dona Helena, mãe de Tininha não foi muito educada no telefone. Alegou falta de tempo. Mesmo assim a Baguira Francisca insistiu. – Tininha não tem nada – respondeu. Ela anda meio triste e taciturna, mas vai ser por pouco tempo. – Toda criança é assim. Não havendo abertura na mãe a Baguira Francisca ligou para o Senhor Wantuil seu pai. Ele foi mais simpático. – Olhe deve ser por que eu e a Helena vamos nos divorciar. Infelizmente não temos mais condição de ficar juntos. – Pronto. Alí estava o motivo do procedimento de Tininha.

                      A Baguira Francisca sabia. Tinha sofrido na própria pele tal tipo de situação. Ainda estava sofrendo. Seu marido a deixou por outra. Não brigou, não gritou. Dizia para sí própria que tinha de levar sua vida sem ficar se lamentando. Era difícil, mas a vida era dela e de seu filho agora escoteiro. Ela sabia que as crianças são as mais vulneráveis nestas situações. Nunca entendem as situações mais complexas e ficam confusas perante o que acontece na família. Emocionalmente a consciência desabrocha e tendem a culpar-se pela ruptura familiar. Ela sabia que Tininha pensava que se tivesse se portado bem, o seu pai não teria saído de casa. A Baguira Francisca sabia que nem todas as crianças reagiam assim. Mas este devia ser o caso de Tininha.

                      Conversou longas horas com a Akelá Norminha e o Balu Gilberto. Interferir, dizer para Tininha que o mundo era assim, que ela precisa aceitar a separação, que seu pai e sua mãe a amavam e outras explicações do gênero ficaram em duvida. O melhor era deixar o tempo passar. Não podiam de maneira alguma entrar no problema da família. Não deviam nunca. O pai e a mãe dela eram adultos, sabiam o que iriam fazer. Muitos parentes e amigos já devem ter interferido e nada se resolveu. Sabiam que o escotismo é uma maneira de colaborar com os pais e não os substituir. O melhor era tentar levar Tininha de novo para o Jardim das flores coloridas. Esta era a visão dela e esta visão tinha de voltar.

                        Aos poucos o sorriso voltou nos lábios de Tininha. Aos poucos ela começou a sorrir e a ser aquela Tininha de sempre. O Balu Gilberto disse que tinha visto ela com o pai em um parque de diversões e ela gritava de alegria nos brinquedos. A separação houve. Cada um sofreu muito, mas o tempo cura feridas. No dia que Tininha recebeu o Cruzeiro do Sul só sua mãe compareceu. Mas quando ela passou para as escoteiras seu pai estava lá. A vida continuou. Tininha cresceu. Soube mudar quando preciso. Os chefes souberam agir. Sabiam que não poderiam nunca ser pai e mãe de lobos. Não era a função deles. Isto é que fez da Alcatéia uma família feliz. Todos os lobos se respeitavam, pois seus chefes eram mais que chefes, eram seus irmãos e amigos por todas as horas.


                       Nem sempre todas as situações são assim. Tem aquelas que não se muda a trilha que foi determinada pelo destino. Mas não podemos pensar em termo de desânimo em tudo. Como dizia Day Anne, planto flores no caminho, para que não me falte borboletas. Foram elas que me ensinaram que o casulo não é o fim. É o começo!

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Marcha soldado cabeça de papel!


Lembranças da meia noite.
Marcha soldado cabeça de papel!

      Quando menino eu queria ser soldado. Nos meus sete anos eu colocava um capacete de jornal na cabeça, e com um cabo de vassoura eu marchava como os soldados que via desfilar no Sete de Setembro. Quando fui lobo meu desejo era marchar, marchar como o soldado de branco que desafia os mares em busca de aventuras. Minha mãe se divertia comigo quando eu com a boca fazia barulho do tambor, a marchar pela casa com meu inesquecível fuzil de madeira e ela queria ralhar, mas não, sua paciência com seu rebento era fantástica – Sabes meu filho, se queres ser soldado, serás General, se queres ser monge, acabarás como Papa. Mas meu filho ele queria ser outra coisa, queria ser pintor e acordou como Picasso!

    Depois cresci e a ideia de ser soldado foi terminando. Mas lá no fundo da mente o desejo ainda continuava. Um dia ainda molecote Escoteiro fiquei emocionado com uma história que li.  
- Conta-se que um soldado dirigiu-se ao seu superior e lhe solicitou permissão para ir buscar um amigo que não voltou do campo de batalha. Permissão negada, respondeu o tenente. Mas o soldado, sabendo que o amigo estava em apuros, ignorou a proibição e foi a sua procura. Algum tempo depois retornou mortalmente ferido, transportando o cadáver do seu amigo nos braços. 
O seu superior estava furioso e o repreendeu: 
- Não disse para você não se arriscar? Eu sabia que a viagem seria inútil! Agora eu perdi dois homens ao invés de um. Diga-me: valeu a pena ir lá para trazer um cadáver?
E o soldado, com o pouco de força que lhe restava, respondeu: 
- Claro que sim, senhor! Quando eu o encontrei ele ainda estava vivo e pôde me dizer: - “Tinha certeza que você viria”! (Anderson Griman).

        O tempo foi passando e eu fui virando homem feito, e ser soldado agora era uma busca distante. Quem sabe como Escoteiro eu imitava Honoré de Balzac que dizia – Esse homem é o soldado armado com a espada e eu sou o soldado armado com a pena... Mas eu triunfarei onde Napoleão foi derrotado, pois conquistarei o mundo! Bem, eu não conquistei o mundo, mas conquistei montanhas, conquistei vales floridos, vi coisas lindas que ficaram para sempre em minha memoria. Hoje eu ainda me lembro do meu desejo em ser soldado. E nas tardes dos meus sonhos, na minha humilde varanda eu fecho os olhos e canto o hino do Infante:

"Onde vais tu, esbelto infante, com teu fuzil, lesto a marchar?
Cadência certa, o peito arfante, onde vais tu a pelejar?"
Pra longe eu vou, a Pátria ordena! Sigo contente o meu tambor,
Cheio de ardor! Cheio de ardor! Pois quando a Pátria nos acena,
Vive-se só da própria dor.
É no combate que o infante é forte; vence o perigo, despreza a morte.

Dou um sorriso e mudo toda a letra mantendo a música, pois de soldado eu passei a ser Escoteiro:

Onde vais tu, oh Escoteiro, com teu bastão lesto a marchar?
Cadência certa, passo certeiro, onde vais tu a acampar?
Prá longe eu vou, o Chefe ordena, sigo contente o Monitor,
Cheio de ardor, cheio de ardor. Pois quando a tropa nos ordena,
O caminho é sempre com amor.
É lá no campo que o Escoteiro é forte, vence o perigo e despreza a morte!

Não sei se a minha música atingiu o objetivo. Sei que ela não é para qualquer um. Muitos não querem nos ver marchando. Pode ser. Ela foi feita para os soldados e os Escoteiros das ruas aqueles que tem o amor pela pátria no coração. Não é uma música para festas, para dançar, é uma musica espiritual, só para aqueles que foram soldados e Escoteiros!

Boa noite meus amigos e amigas, um lindo sonho esta noite. Amanhã muitas alegrias, muitos jovens sorrindo, Ops! Então é o dia do sorriso, de pagamento. Ou melhor, o soldo do soldado, o Infante!  


Dedico todo meu conto ao meu amigo Marcos Rodrigues um soldado de coração Escoteiro. 

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

O maravilhoso e sensacional Fogo de Conselho.




Lembranças da meia noite.
O maravilhoso e sensacional Fogo de Conselho.

                 Não tem quem que não fale dele. Se alguém permaneceu por alguns meses ou por anos no escotismo ele sempre será lembrado e comentado. Para uns um mito, para outros uma cerimônia que marca profundamente e para sempre. Uma coisa é certa. Deste o primeiro acampamento em Brownsea até hoje ele se tornou uma tradição que ninguém nunca esqueceu e nem será esquecido por parte de quem já participou. O lobinho adora. O Escoteiro e a Escoteira vibram. Os seniores e as guias se preparam com esmero quando vão participar e os chefes dão belos sorrisos pelas apresentações. E não são só eles, para os que não são escoteiros e foram convidados se sentirão reconfortados em estarem presentes.

                 Dizem secamente que o Fogo de Conselho é uma atividade recreativa e artística realizada por escoteiros. Dizem ainda que é umas das mais antigas tradições dentro do movimento Escoteiro.  Citam até que Baden Powell fez questão de falar sobre ele no seu primeiro livro Escotismo para Rapazes. Já li várias explicações do porque do Fogo de Conselho. Contam que Baden Powell muito viajado pelo mundo e principalmente na África e na América assistiu e viu várias cerimônias por parte dos indígenas destes países e foi assim que deu origem ao nosso Fogo de Conselho. A noite todos eles tinham uma tradição comum. A tribo inteira se reunia em volta de uma grande fogueira de um modo muito festivo e alegre, e as pessoas dançavam e cantavam assim como contavam e encenavam histórias da própria tribo. Sempre no final o ancião mais velho contava as tradições, e passava algum ensinamento aos mais jovens.

                Igual a estas tribos, os escoteiros também fazem o mesmo. De maneira geral esta tradição é passada de geração em geração. Não só no passado, mas até hoje é comum que cada um tenha uma manta especial, um chapéu, um boné, uma capa ou poncho, pois os índios faziam isto com seus troféus. Dentes de animais, escalpos (risos) colares e sempre com peles de animais sobre o corpo. Não vou aqui tentar ensinar sobre o Fogo de Conselho. Sei que existem até cursos para isto, mas sinceramente? Não sou muito fã destes cursos. Voltando ao tema eu sei que todos sabem que ele é o momento em que nos reunimos ao redor de uma fogueira, ao final do dia, para divertir através de apresentações e termina com um momento de reflexão e aprendizado feito pelo Chefe. Alguns adoram histórias e os participantes vibram.

                Tenho o orgulho de dizer que participei de muitos. Quem sabe três ou quatro centenas deles. Alguns se aprimoram na montagem do fogo. Outros o fazem de maneira simples sem sofisticação. Já vi vários onde o Animador do Fogo de Conselho no inicio gritava alto: Que os ventos do norte, do sul, do este e do oeste, tragam a todos a alegria de uma noite inesquecível! Acende-te fogo! E fogo dava uma pequena explosão e as chamas apareciam lindas e formosas. Como? Um truque simples. Preparar com antecedência. Abrir uma valeta e com bambus colocar pólvora. Depois a valeta é fechada. Um parceiro coloca fogo na pólvora que ira queimar até o fogo. Mas olhe, assusta. Parece mágica. E só deve ser feito por especialistas.

                Vi também outros tantos aberto ao público e aos pais das mais diversas criatividades próprias dos escoteiros. Tochas vinda de varias partes, tocha voadora vindo de uma árvore presa a um sisal que corre até o fogo o acende. E as apresentações? Lindas. Do professor Raimundo eu ria a valer. Dos trapalhões cansei de rir. Do Rei da Macedônia vi dezenas de vezes. E quantas mais? E as palmas? Nossa! São tantas. Se fosse escrever daria uma dezena ou mais. Adorava a do peixinho, do trem, do sapo falante, do tambor, da corrida dos bisões, da mexicana, e claro da nossa mais famosa a palma Escoteira.

                 Mas nada é mais lindo para o chefe que olhar para os rostos dos jovens. Escuro ainda e a fogueira ir aumentando a luminosidade, eles com aquela ansiedade, a espera do contexto, olhar fixo no fogo e cada um sonhando ao seu modo o sonho de uma vida que só os escoteiros podem ter. A felicidade suprema e a alegria de poder estar ali. Não vou comentar sobre as canções, sobre os esquetes, sobre as historias. E até deixo para outro dia o comentário da Canção da Despedida. Uma despedida que marca que alguns choram, mas que promete ser breve. Muito breve. Nossa! Quantas vezes eu chorei, lágrimas eu derramei desde a mais tenra idade até hoje. Um "Velho" chorão.

               Fogo do Conselho. Esquecer jamais! Lembrar sempre e sempre, pois assim como as estrelas no céu brilhando no escuro da noite ou da lua enluarada eu sei assim como aconteceu comigo aconteceu com todos. Não há como esquecer. Está firme e apegado dentro dos nossos corações. Acho que pode ser ele um dos motivos para estar até hoje no escotismo. Fim, falei muito e não falei nada, sei que quem ama o escotismo nunca em sua vida vai esquecer o amado, o querido, o sensacional, o espetacular FOGO DO CONSELHO!   


Boa noite meus amigos e minhas amigas. Durmam com alegria e acordem com a felicidade. Que a paz de Deus esteja com vocês!

Fim do dia.



 Lembranças da meia noite
Fim do dia.

Mais um dia. Assim eles vão passando. Cada um uma experiência nova. Novos amigos, novos contatos e saber que o mundo gira e não para. Dizem que estamos sempre aprendendo. Não importa se os anos estão passando, se eles são como as escunas que navegaram os setes mares no passado e no presente. O presente de hoje já é passado quando eu terminar de escrever. Planos? Muitos. Escrever o quanto puder. Meu legado? Não sei. Quem sabe minhas historias que aqui deixei poderão servir no futuro aos novos membros escoteiros? A cada dia descubro coisas novas.

Chego à conclusão que os amigos as amigas estão fazendo um bom escotismo. Gosto disto. Se Deus quiser mês que vem começarei minhas visitas a uns poucos grupos que me convidaram. Interessante de fora do estado mais de cem e da capital oito. Risos. Mas vou fazer tudo para atendê-los. Preciso colocar minhas asas enquanto a vida me sorri. Preciso voar novamente e sentir a alegria de uma Alcateia, de uma tropa. Não posso demorar, pois tenho medo que as mudanças aconteçam rápidas demais e posso chegar a um grupo e a saudação e o aperto de mão estejam alterados. – Chefe não tem jeito, agora é SAPS! Ordem dos homens lá de cima! Se isto acontecer dou meia volta e vou chorar as magoas em minha morada.

Mas chega dos entretantos e vamos aos finalmentes. Não tem jeito tenho que esticar o esqueleto na cama. Hora de dormir. E quem não dorme? Eu conheci um Preto Velho que morava nas barrancas do Rio das Velhas que não dormia. Quando ia a cidade passava pela fazenda (eu era um administrador, espécie de gerente) e ficava horas contando causos de sua vida. Eu gostava de ficar ouvindo. Um preto Velho que não sabia assinar o nome, mas tinha tantas coisas a me ensinar. E como aprendi com ele a lidar com a fazenda. Não acreditei quando me disse que tinha mais de 110 anos. Contou-me que tinha mais de vinte anos que não dormia quase nada. Perguntava por que Deus lhe deu aquela missão. Não sabia responder. “Sabe seu Osvardo, quando eu morrer eu vou para o céu e lá quero dormir muito. Não sei se os anjos vão deixar”.

Um dia bem de tardinha passei de barco em frente a sua casa de taipa e o vi pescando. Ele tirou o chapéu de palha e fez uma reverencia. Sorri e gritei uma boa tarde. Ele desde que Dona Aninha falecera a mais de trinta anos morava sozinho. Nunca me falou de filhos e nem perguntei. À noitinha vieram me dizer que ele estava morto. Morrera sorrindo na noite de terça feira e estava sendo velado na casa do Totonho Peixe Grande (contava pataca que pescou o maior dourado do Rio das Velas com quase oitenta quilos. Putz! Dourado danado). Impossível eu disse, eu o vi na barranca da sua casa hoje à tarde! Todos me olharam como eu fosse louco. Falar o que?  Bem eu hoje estou sem sono, mas o corpo pede cama. Vamos atendê-lo. Ele merece. Que a segunda feira de todos vocês tenham sidos maravilhosos. Que tenham lindos sonhos e que Deus esteja com vocês sempre.

Vi uma estrela tão alta, vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo na minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta! Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha luzindo no fim do dia.

Por que da sua distância para a minha companhia
Não baixava aquela estrela? Por que tão alta luzia?

E ouvi-a na sombra funda responder que assim fazia
Para dar uma esperança mais triste ao fim do meu dia.



Boa noite meus amigos e amigas. Uma feliz semana cheia de sucessos!  

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

No meio do caminho tinha uma árvore. Tinha uma árvore no meio do caminho.



Lembranças da meia noite.
No meio do caminho tinha uma árvore. Tinha uma árvore no meio do caminho.

                     Eu a descobri por acaso. Não mais que a um quilômetro da minha residência. No final da Rua dos Afonsos. Nada que uma pequena caminhada para chegar até ela. Vi que era uma linda figueira. Enorme, Copada, uma sombra incrível ela produzia. Neste calor infernal ela era de uma extrema beleza. Estava no meio do nada. Um matagal no final de rua. Apaixonei-me por ela. Durante três dias limpei o mato e o lixo em volta de sua sombra. Alí a gente se escondia. Pensei em plantar gramas e flores. Até que plantei uns chapéus de couro, lírios, flor de laranjeira, crista de galo e todas se deram bem. Era meu cantinho. As tardes pegava um livro, jogava nas costas uma cadeira de praia e lá ia eu. Sentava-me refastelava, sem nenhum barulho e viajava em meu livro nas paginas de sonhos que me levavam a terras longínquas de um mundo fantástico. Li uma dezena de livros acobertados por aquela arvore que passei a amar.

Minha bela vida de tardes sombreadas durou pouco. Um ano depois quando lá cheguei encontrei uns homens da prefeitura. Faziam medidas aqui e ali. – Oi! O que é isto? Perguntei. - A nova avenida. “É o progresso chegando” Isto aqui vai ficar mais agradável. Muitos carros, ônibus, novas casas e quem sabe vem uma fábrica e até arranha-céus. Você vai gostar! Olhei para ele. Coitado. Ele desconhecia a natureza. Não sabia que a nova civilização não trás a felicidade. E minha árvore? Perguntei. Vai ser cortada. Ela fica bem no meio da avenida. – O que posso fazer para vocês deixarem ela viva? – Nada meu amigo. Nada afinal é uma grande avenida que trará enormes dividendos para o bairro.

Demorou seis meses. Vi com tristeza em uma manhã de segunda, caminhões, tratores a caminho do meu sonho das tardes assombreadas. Minha árvore ia partir. Ainda bem que estou "Velho". Logo, logo também irei partir. A natureza não é mais a mesma. Não há respeito. Ela é jogada como lixo em todos os lugares. Hoje os que passam por ali se orgulham da avenida. Os que esperam o ônibus se amargam no sol quente. A avenida tinha mais valor que minha amada árvore. Voltei para minha varanda. Ainda tinha meu canto. Mas que saudades da minha linda árvore que um dia amei e achei que ia durar para sempre!

A árvore da serra
— As árvores, meu filho, não têm alma! 
E esta árvore me serve de empecilho... 
É preciso cortá-la, pois, meu filho, 
Para que eu tenha uma velhice calma! 

— Meu pai, por que sua ira não se acalma?! 
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?! 
Deus pôs almas nos cedros... No junquilho... 
Esta árvore, meu pai, possui Minh ‘alma! ...

— Disse — e ajoelhou-se, numa rogativa:
«Não mate a árvore, pai, para que eu viva”! 
E quando a árvore, olhando a pátria serra, 
Caiu aos golpes do machado bronco, 
O moço triste se abraçou com o tronco 
E nunca mais se levantou da terra!

Augusto dos Anjos.


Boa noite meus amigos e minhas amigas. Durmam com Deus.