Lembranças da
meia noite.
“Lambanças”
que o tempo não esquece.
São
coisas da vida. As lembranças vêm e vão. Alguns dizem que são lambanças do
destino outros que são fruto da minha imaginação. Que assim pensem, pois a
dúvida gera o pensar e este pode até chegar à conclusão que foi verdade. E se
foi ou não, não importam. Minhas lambanças estão aos montes por aí e porque não
narrar de forma divertida? E eu pergunto quem não tem lambanças? A vida passa e
nossa mente fica presa ao passado. Interessante que quando nos lembramos de
alguém a imagem que fica é do ultimo encontro. Se por um acaso do destino
encontramos de novo esta pessoa um susto – Meu Deus! Como você mudou! Melhor
dizer, como você ficou Velho e feio! Risos. Esquecemos que nossa carcaça já não
é mais a mesma.
Mas vamos às lambanças, nem tanto divertidas como
outras que aqui contei, mas vale a pena lembrar.
Corria o ano de 1956, Israel nosso Submonitor contou
para a Patrulha Sênior sobre o casamento de uma prima em Lambari dos Silva, um
vilarejo perto de Suaçuí, onde passava o rio do mesmo nome. Seus parentes eram
de lá e porque não ir a Patrulha e participar da festa? Sempre davam uma
festança quando havia um casamento e podíamos nos divertir muito. Eles chamavam
de pagode. Centenas de frangos, porcos, oito ou dez bois, bodes, perús uma comilança
sem tamanho. Não haveria despesas, pois a comida era farta. Ele conhecia uma
picada pela serra do Sapo Molhado, e achava que era menos de dez léguas
(sessenta quilômetros). Se fossemos pela Rio Bahia seria mais de duzentos quilômetros.
Era como perguntar se peixe quer minhoca. Claro que topamos.
Quatro da tarde de sexta feira partimos em nossas
bicicletas. Ração A, material mínimo para eventualidades. Sete da noite e
pegamos a tal Serra do Sapo Molhado. Quase matou todo mundo de cansado. Quase
duas horas só de subida. Na descida devagar, muito buraco na estradinha de
terra. Na beira de um regato resolvemos pernoitar. Enquanto Fumanchú fazia uma
sopa armamos duas barracas de duas lonas. Quase meia noite, estávamos jantando
quando chegou dois homens mal encarados, a cavalo e apearam dizendo – Cabe mais
dois nesta comida? Estamos mortos de fome. Falar o que? Sentaram e nós mesmo
demos nossos pratos a eles.
Enquanto
comiam ouvimos alguém gritando: - Zé Peixada e Pato Branco dou dois minutos
para saírem daí se não vamos abrir fogo! Cacilda! Deitei no chão e todos meus
amigos fizeram o mesmo. Os dois pistoleiros abriram fogo. Um tiroteio dos
infernos. Mais de meia hora. Eles correram descendo o riacho e o tiroteio não
parou. Duas horas depois um homem que se identificou como o Capitão Maneco da
Polícia de Captura nos disse que escapamos por pouco. Os dois nunca deixavam
vivos alguém que poderia dizer onde estavam. Minha calça estava molhada. Toda
molhada. Já sabem. Sou mesmo um Zé Mijão. Uma de nossas barracas de duas lonas
estava crivada de balas, mais de vinte tiros. Ficou como recordação na sede
para contarmos a quem quisesse conhecer a história. E a festa? Mais maió de
boa, tamanhuço e biteleza! Um pitaco de bom Até arrumei namorada! Mas esta é
outra história!
Boa noite meus amigos e minha amigas. Um excelente
domingo para todos!
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