Lembranças
da meia noite.
A vida
passa, e a gente passa com ela.
Coisas da vida. Assim dizemos sempre. Quem abraçou um credo enfrenta a seu modo
as coisas da vida. Eu mesmo já escrevi diversas vezes sobre nossa passagem aqui
na terra. Sabemos como é como vai ser e até quem sabe imaginamos um futuro em
tudo isto. Mas não é fácil envelhecer. Podemos querer mostrar para os outros
uma faceta que no fundo não é a nossa. Podemos acreditar que tudo isto tem uma
razão de ser, mas no fundo sempre um ponto de interrogação. Quem sabe se com os
outros é diferente? Mas com a gente não. Quando envelhecemos é que mais nossa
mente trabalha. Incessantemente. Lembrar-se de tudo. Saber as horas, onde estão
suas coisas, os remédios e manter uma rotina para que não percamos o caminho
tão dificilmente percorrido, mas que vai chegando ao fim.
Não
sei como é a vida dos outros velhos. Os vejo por aí claudicando e contando suas
dores, suas vidas que um dia foi boa, mas hoje sem esperanças. Estes velhos com
seus olhinhos miúdos são verdadeiros. Dizem o que se passa no fundo do seu
coração. Sabem que aqueles que estão ao seu redor têm outras preocupações, se
ressentem por eles não verem as suas. Agora muito mais do que quando jovens. Eu
mesmo não tenho muita paciência em ouvi-los. Não tenho paciência nem comigo
mesmo. Sou um noctívago do dia, da noite, da vida que levo. Não é fácil. O
corpo não obedece. Sempre cansado. Todos os dias eu levanto, olho pela janela
pensando eu pergunto: – Até quando meu Deus? Quanto tempo ainda tenho? O corpo
já não é o mesmo. Pudera, sou um "Velho". Um dia melhor outro não
aguentando andar.
Poemas, frases poéticas, lindas histórias sobre a vida. Todos estão aí a
escrever a dizer e outros tentando esconder a verdade do seu coração. Um dia
fui criança, fui adolescente, fui o homem maduro até que envelheci. Dizem que
só colhemos o que plantamos. Se hoje tenho minhas doenças, minhas fraquezas,
minhas dores e a rotina que não me deixa mudar dos remédios da vida, da corrida
aos banheiros só pode ser eu mesmo que plantei. A colheita está aí. Tem que
aceitar os frutos. Afinal não fui que escolhi este caminho?
E infelizmente eu nunca deixo de perguntar. Até quando meu Deus! Mas não deixo
de completar, até quando Deus quiser!
A Velhice é um Vento
A velhice é um vento que nos toma
No seu halo feliz de ensombramento.
E em nós depõe do que se deu à obra
somente o modo de não sentir o tempo,
senão no ritmo interior de a sombra
passar à transparência do momento.
Mas um momento de que baniram horas
o hábito e o jeito de estar vendo
para muito mais longe. Para de onde a obra
surde. E a velhice nos ilumina o vento.
Fernando Echevarría.
Boa noite meus amigos e minhas amigas. Uma excelente
semana é o que desejo a vocês.
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