Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

segunda-feira, 29 de julho de 2013

A cidade Fantasma

Lembranças da meia noite.
 A cidade Fantasma



Mais um dia a lembrar do passado. Dizem que é bom. As saudades substituem os pensamentos que vagueiam com os problemas do dia a dia. Lembro que era sub monitor sênior. Patrulha Gavião. (só mais tarde sugeriram nomes históricos ou lugares históricos para nomes de patrulhas seniores.). Há tempos sabíamos da “Cidade fantasma“ próxima ao rio caudaloso que acompanhava a estrada de ferro. Bem perto onde morávamos. Duas horas de trem. A História era antiga. Quando da construção da Ferrovia, devido ao ataque frequente dos Índios Aimorés e da malária, que dizimava completamente a maioria dos trabalhadores, não havia peão que ficava muito tempo na Empresa encarregada da construção. De cada vinte contratados, pelo menos oito morriam.

  - O Governo pressionado, pois queria a todo custo terminar a obra, ofereceu liberdade condicional aos presos na Capital de algumas grandes cidades, em troca do trabalho forçado para a Estrada de Ferro. Pelo contrato, após três anos de serviço, estariam livres. A lenda contava que em uma determinada cidade, como muitas que apareciam com a ferrovia à maioria dos criminosos ali residiam. O padre local sempre fora contra este tipo de coisa e era frequentemente jurado de morte pelos bandidos.

Durante uma procissão da Semana Santa junto a milhares de fieis, agarraram o “dito cujo“ e o enterraram em frente à Matriz só com o pescoço para fora. Dizem que suas últimas palavras foram que não ficaria pedra sobre pedra naquela cidade. A maldição parece que “emplacou“. Dai há alguns anos a cidade foi ficando deserta e praticamente não ficou uma viva alma. (a Estrada de Ferro mudou de itinerário e a população acompanhou, fundando outra cidade). 

  Pegamos o trem rápido das nove da manhã. Onze horas e chegamos a Barra do Cuieté. Mais oito quilômetros e chegamos à antiga Cuieté. Passava das duas da tarde quando avistamos a tal cidade. Havia uma rua com calçamento de pedra e pequenas paredes caídas. Era o que restavam das casas que ali existiram.  Montamos barraca bem próximo onde devia ser a antiga praça. Queríamos ouvir o famoso grito do Padre que todos juravam ouvir após a meia noite.

   Era um desafio a nossa coragem. Se existia uma lenda, nós seniores iríamos verificar se era verdade ou não. Não perguntamos e não pedimos orientação a ninguém. Ali eram os quatro mais experientes do Grupo. Não havia nada que não enfrentávamos de frente. - A tarde corria solta. O sol se pôs no horizonte e se foi. A noite chegou brava e eu estava fazendo o meu “Celebre e histórico“ sopão. Ainda não eram nove horas da noite. O Grito foi ensurdecedor! - Gelei! - Os “mosqueteiros“ correram para a cozinha. Nosso lampião a querosene dava uma iluminação bruxuleante.

 Ficamos ali grudados uns aos outros. Era uma tremedeira geral. O Grito aumentava mais ainda quando o vento soprava mais forte. Caminhamos em direção ao Grito. Não preciso explicar como estávamos. Para dizer a verdade, minha calça curta estava toda molhada na frente. O bravo escoteiro agora era um “escoteiro mijão”. Risos.

O grito vinha da praça onde enterraram o padre, pensei. - O medo aflorava a pele! - Mas éramos persistentes e insistentes. Caminhávamos no rumo da pedra onde pensávamos vinha o grito. Grito? Uma grande piada.  O grito  do padre nada mais era que uma fenda que ia de um lado a outro de uma grande pedra bem no meio da antiga praça. O vento forte vindo do rio próximo entrava pôr um lado e saia pôr outro e uma espécie de apito davam impressão de um grito. Todos na cidade sabiam da historia. Não nos contaram. Diziam que sempre vinham "otários” de todas as partes para ver. Nada mais a dizer, os “otários” voltaram para suas casas. Pelo menos a investigação chegou a bom termo. 


Boa noite meus amigos e amigas durmam bem e tenham uma excelente terça!

domingo, 28 de julho de 2013

Os bons tempos voltaram

Lembranças da meia noite.
 Os bons tempos voltaram


Recebi um comunicado de um amigo escoteiro. Por sinal do GE Águia Branca de Osasco. Fiquei muito feliz com o que li – dizia – Hoje em nossa Assembleia Geral Extraordinária, após longa conversa como os pais e os jovens, decidimos: - O Águia Branca volta a usar o uniforme escoteiro. Gostei do final. Usar o UNIFORME ESCOTEIRO. Claro para eles seria o caqui e nenhum outro. Sorri de orelha a orelha. O Águia Branca não é um filho meu. Mas eu o adotei em São Paulo um ano após chegar à cidade. Durante um ano logo ao chegar fui adotado pelo Grupo Escoteiro Paineiras que tinha sede na USP. Fiz lá grandes amigos. Alguns deles hoje no grande acampamento (sempre digo que vou dar uma passada lá quando for. Acho que lá tem uma velharia que me vai fazer sentir velho também – risos).

Um dia ao sair de casa para ir ao Paineiras passei em frente a sede do Grupo Escoteiro Águia Branca. Um escoteiro sentado no degrau da sede com a mão no queixo. Parei o carro me apresentei e o saudei com o Sempre Alerta, nada de SAPS que não diz nada. - Meu jovem, perguntei, hoje não tem reunião? – Chefe, ele falou, estamos sem chefes, só uma senhora ajuda, mas ela nada entende. Agora só eu e outro e outro amigo viemos ao grupo. Todos sumiram. – Caramba! Eu não ia abandonar o grupo, era próximo a minha residência. No paineiras naquele mesmo dia dei adeus a todos. Ficaram chateados, mas eu disse que eles agora estavam com uma boa chefia e o grupo andaria tranquilamente com suas próprias pernas.

Corria o ano de 1979, no mesmo dia voltei ao grupo. Ninguém lá. Procurei o pároco responsável. Ele me conhecia. Disse que ia ajudar. Não disse se ele queria ajuda. Não sou de deixar ninguém na mão principalmente um Grupo Escoteiro fundado em 1955 e jogado a Deus dará. Procurei o pároco e ele me olhou de esguelha. Pedi a chave da sede. Vou assumir o grupo – falei.  O padre franziu o cenho. Acho que não gostou. Aceitou por ter participado algumas vezes em cursos que dirigi e ele era um assistente religioso. Época que celebrávamos missas em cursos aos domingos. Assim começou meu inicio no quinto grupo escoteiro que participei em minha vida. No sábado seguinte o escoteiro tristonho estava lá sentado na escada. Abri a sede – Vou assumir eu disse – Vamos ver com quem podemos contar. Dois seniores e um Chefe. Pode avisá-los? No outro sábado éramos seis. E assim o grupo cresceu. Em 1988 chegamos a ter 180 participantes. Duas alcateias caminhando para a terceira. Duas tropas caminhando para a terceira. Uma tropa sênior e uma de Guias. Fomos o quinto grupo a ter a coeducação.  Era normal termos de dois a cinco jovens recebendo o Liz de Ouro e o Escoteiro da Pátria por ano. A meta era ter mais de dez.

O grupo cresceu assustadoramente. Quase vinte e seis chefes. Mais de dez pais atuando na diretoria. Todo ano um acampamento fora de SP junto com um grupo do interior. Fomos acampar em Minas Gerais. Sempre um acampamento a cada três meses. Pais super motivados. Uma atividade de pais por ano. Frequência de mais de 300 participantes (pais e convidados). Em 1990 problemas profissionais me obrigaram a deixar o grupo. Realizado o conselho de Chefe escolheram um substituto. O tempo passou e daqueles após minha saída ainda recebia visitas. Não ia lá frequentemente. Achava que podia atrapalhar. O tempo passou. Ninguém mais me procurou. Pensei comigo que aprenderam a andar com suas próprias pernas. Passaram para o uniforme azul mescla. Não disse nada, era um direito deles. A convite estive lá no ultimo aniversário. Dia de festa, de alegria e não deu para sentir a força do grupo apesar que muitos jovens mostravam estar motivados. Gostei de rever ao vivo a sede onde morei por onze anos. Se eram poucos ou muitos não sei, mas senti  que tinham sangue de raiz.

Agora mudaram para o caqui. Muito me alegrou. Nunca fui simpático aos demais uniformes e trajes. Quem lê meus artigos sabe disto, no entanto respeito à escolha de cada um. Dentro do possível irei retornar como antigo escoteiro do grupo. Um sábado por mês pelo menos. Apesar de não poder ficar muito tempo e nem conversar, pois a minha tosse hoje é uma boa companheira quem sabe se por sinal de fumaça ou semáforas possamos nos entender. Mais de vinte anos, só dois convites. Aprontando o meu retorno. Águias me esperem. Estou alegre. Muito. Meu abraço a todos Aguianos. Como dizem por aí vocês vão ter de me aguentar!


Boa noite meus amigos e minhas amigas, uma excelente semana para todos! 

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Um fato do acontecido. E acredite quem quiser!



Lembranças da meia noite.
 Um fato do acontecido. E acredite quem quiser!

De vez em quando recebo contatos de amigos dizendo – Chefe, o que escreves é verdade? E eu na minha mais simples sabedoria esquizofrênica respondo – Você decide. Se achar que foi tudo bem se achar que não quem sabe mais se aproximou da realidade. Claro que floreio muito afinal sou metido a escritor. De um pequeno mosquito costumo tirar cardumes de peixes. Risos. No final eu digo, acredite se quiser!

Este “causo” que vou contar aconteceu há muitos e muitos anos. Foi em um Conselho Regional acho que no ano de 1973. (hoje chamado de Assembleias, esta turma gosta mesmo de mudar risos). Uma cidade no interior de Minas Gerais. Mais de cento e cinquenta escotistas e diretores presentes. A turma gostava. Teve um deles com mais de trezentos participantes. Claro não se pode comparar com hoje. Tudo aconteceu no sábado, lá pelas onze da noite. Trabalhos do dia encerrado. Voltamos ao hotel a pé, estava eu minha esposa, o Escoteiro Chefe (sempre comparecia) sua esposa, um juiz de direito, o vice-prefeito, dois padres, um médico, três dentistas (estes nunca faltam no escotismo) um coronel do exército, dois delegados e vários escotistas da plebe (risos, uns pobres coitados como eu). Em dado momento a turma andando no passeio junto a um muro, avista lindas e soberbas goiabas.

Noite de lua cheia. Lá estavam elas, lindas e apetitosas goiabas enormes junto ao muro onde passávamos. Dezenas de pés carregados que invadiam a rua pelo muro que separava a propriedade das gostosas goiabas. Na frente uma saliência próxima ao muro. Todos subiram. Encheram os bolsos de goiabas. Era um tal de subir no pé, um dois ou mais dignos escoteiros e “otoridades”. Elas eram enormes, maduras, divez (semi-maduras, assim eram chamadas na época.). O dono vê tudo, chama a policia. Chegam o sargento e dois soldados – Desçam todos! Estão presos! Marmanjões roubando goiabas? Vamos descendo. Se demorarem a “burduna” vai comer. Eu desci primeiro atrás veio o Escoteiro chefe, o juiz de direito, o médico, o coronel do Exército, os delegados, o padre Mello, o vice-prefeito, os dentistas, as mulheres, a plebe e os últimos assustaram o sargento.

Padre Mello? (o padre da cidade) O Senhor Também? E o Sr. Dr. Marins? (o vice-prefeito da cidade). Todos riram. Os ladrões de goiabas foram para o hotel. Outros para suas casas. Os praças e o sargento na delegacia pensando onde iriam amarrar suas éguas. O Conselho continuou no domingo. Antes do encerramento o proprietário do lote onde estavam às goiabeiras veio pedir desculpas. Tremia. Um medo danado, pois temia o vice-prefeito (soube que era bravo prá xuxu!) – Olhem, falou, quando tudo terminar estão convidados a apanhar quantas goiabas quiserem. Vou abrir o portão e deixarei lá vários empregados para ajudar.

São coisas que acontecem. São coisas que nos divertem e nos faz acreditar que nem tudo deve ser levado com tanta seriedade. Contei este caso a muitos chefes, alguns levantaram os olhos e o nariz como a não concordarem. Eu? Se voltasse ao passado faria tudo de novo.


Boa noite meus amigos, durmam bem e tenham uma excelente reunião amanhã com os jovens de suas sessões. 

O passado não tem valor?

Lembranças da meia noite.
 O passado não tem valor?



Tenho visto nas andanças e leituras que faço uma forte corrente a discutir sobre o escotismo moderno. Claro que não se começou hoje, pois há tempos os defensores desta ideia vêm fazendo mudanças em toda a estrutura escoteira. Dizem que isto faz parte de todas as escolas em todas as áreas e não se atualizar é ficar parado no tempo, dizem eles. Acredito que não estão errados. Não podemos ficar sem nos atualizar. Elas são necessárias e fazem parte do nosso crescimento. Já mudaram algumas vezes o programa escoteiro, mudaram o uniforme, alguns símbolos foram mudados e devem vir por aí outras mudanças. Para os novos tudo bem para os antigos a descaracterização.

Alguém um dia me interpelou sobre isto. Respondi que não discordava de atualizações desde que feitas sem tirar o mérito da formação do passado. Interessante que a maioria que sugere ou comenta estas mudanças não participaram do escotismo do passado. Combatem pelo que ouviram falar. Agora eles dizem que uma discussão sadia deveria existir e até alguns dizem que os jovens devem participar desta discussão. Claro, isto é importante, mas o jovem viveu escotismo do passado? Deram a ele oportunidade de viver o sistema de patrulhas em seu apogeu? Ele viveu uma época de aprender a fazer fazendo, pois a chefia dava ampla liberdade? E os resultados foram motivos de indagação na sociedade local?

Não discuto a modernidade. Discuto estas alterações e mudanças feitas sem nenhuma experiência válida para dizer – Vamos mudar! Soube que nos EEUU há tempos atrás a Boy Scout discutiu certas mudanças na vida da tropa. Para que ela se realizasse precisavam ver como seria o resultado final. Um profissional foi contratado e durante dez anos colocou em prática as mudanças em uma tropa. Porque dez anos? Porque precisavam ver os resultados quando o jovem participante atingisse a idade adulta. Infelizmente não é assim que fazem os nossos dirigentes. Planejam, discutem entre si e põe em pratica para então ver os resultados. Se deu certo ótimo se não deu muda-se de novo.

Os associados em todas as suas categorias não tem mais condição de pensar. Os adultos pensam por eles. Ou então fazem consultas com poucos sem dar a eles condições de análise do que era e o que vai ser. Contar histórias do passado não vale. Cada um tem uma maneira de contar para que os ouvintes interpretem a sua maneira e concordem. Eu tenho duvidas se o jovem soubesse como foi vivendo por um tempo o que era e comparar com novas ideias ou quem sabe ele mesmo sugerir. Foi uma época sui-gêneris. Um escotismo de desafio. Onde ele teria que aceitar situações aventureiras para vencer. Tentar sempre até ver onde acertar. Uma segunda e primeira estrela nunca poderia ser retirada. Dizer ao lobo que ele teria que crescer, pois ao entrar era um pata-tenra sem rumo e isto seria o começo. Ele teria que aprender a ser um lobo de verdade. Conquistando sua primeira e sua segunda estrela para então almejar seu cruzeiro do sul.

Acabar cum uma segunda e primeira classe? Nunca. Alterar os desafios das provas de acordo com os dias atuais sim. Os seniores ainda teriam suas eficiências. Ah! Mas me dizem que isto existe. Existe? Hoje você olha para um jovem escoteiro e escoteira e não sabe em que pé está seu crescimento escoteiro. Assusta-me alguém pedir ajuda na internet sobre especialidades, cordões e até nome de patrulha, grito etc. E os demais? Mudanças são válidas, mas cada uma tem de ser bem analisada, discussão ampla e dar tempo ao tempo.

Na década de 80 participei de uma comissão junto as Bandeirantes do Brasil visando uma unificação honesta e sadia visando à coeducação. Elas sempre desconfiando de nós. Durante quatro meses fizemos reuniões quinzenais. Sem menos esperar elas se afastaram dando como terminado os trabalhos. Uma semana depois vários grupos foram autorizados a terem o elemento feminino. Ficamos nós da comissão com “cara de tacho”, pois nem nos perguntaram nada. Começava aí a coeducação tão apregoada hoje. Antes só tropas e alcateias separadas por sexo e únicas. Em menos de um ano foi aprovado mista para lobos e mais um ano todos eram mistos. Experiências? Nunca foram feitas. Os dirigentes nunca perguntaram. Avançamos na modernidade, coisa que até hoje na maioria das casas dos jovens os filhos de sexos diferentes ainda não tem a liberdade que encontram no escotismo.

Tenho ouvido relatos de situações incríveis nas tropas escoteiras, sêniores e guias e os pioneiros me assustam mais ainda. Mudar sim, mas mudar com o pé no chão é melhor. Não é o que fazem. São poucos os jovens que passaram pelo escotismo e hoje na vida adulta comentam das vantagens da formação escoteira. Não temos respaldo na sociedade e nem nos meios educacionais. Somos vistos com brincadeiras de criança e em alguns casos nos consideram atrasados e ineficázes. Bem o tema é longo. Quem sabe um dia volto a ele?


Boa noite meus amigos, frio ainda e parece que amanhã o sol vai aparecer. Bem vindo rei sol. Durmam bem!

terça-feira, 23 de julho de 2013

Um Chefe feito na medida.

Lembranças da meia noite.
 Um Chefe feito na medida.



Estive em um grupo escoteiro visitando. Um pai meu amigo me mostrou esta cartinha e olhe, dei boas risadas. Este Chefe é dos bons. Vejam o teor da carta.

Queridos pais.
Nosso Chefe Pietro Lando nos disse para nós escrevermos, pois se caso vocês assistirem a inundação na televisão onde estávamos acampados não devem ficar preocupados. Estamos todos bem. Só uma das barracas e dois sacos de dormir é que foram na enxurrada. Felizmente nenhum de nós se afogou. Isto porque estávamos na montanha à procura do Zé, quando aquilo aconteceu.

    Ah! Por favor, liguem para a mãe do Zé e comentem que ele está bem! Ele não pode escrever por que está engessado nas pernas e nos braços. Andei num dos jipes da Policia Rural a procura dele. Foi Massa! Nunca conseguiríamos encontrar se não fosse a trovoada. O Chefe estava fulo com o Zé por ele ter ido fazer uma excursão sozinho, sem dizer nada a ninguém. O Zé disse que tinha dito ao Chefe, mas como foi durante o incêndio e o Chefe nem prestou atenção.

     Sabiam que se puserem uma botija de gás no fogo à botija explode? Com o chefe fizemos a experiência. A madeira molhada perto queimou e uma das barracas também. Claro perdemos boa parte das nossas roupas. O pior vai ser o João. Ficará esquisito do jeito que está. Só vai melhorar quando o cabelo dele crescer novamente.

     Só conseguimos chegar ao acampamento no sábado, pois só neste dia o chefe conseguiu consertar o carro. A culpa não foi dele. Os freios não funcionavam quando saímos daí. O Chefe diz que em um carro "Velho" é natural essas coisas acontecerem. Acho que é por isso que ele não fez seguro. Mas nós curtimos muito o carro. Não importava que ficassem todos sujos e suados. Quando ficava muito quente, o Chefe nos deixava ir em cima do para-lamas, e vocês sabem dez pessoas lá dentro fica muito quente. Ele nos deixou ir também em cima do capô. A Policia Estadual não gostou e multou o Chefe de novo. Só porque estávamos em cinco no capô. O nosso Chefe é muito valente. Discutiu com os policiais.

    Mas fiquem tranquilos, nem fiquem preocupados. Ele dirige bem. Está até ensinando o Miguel como se conduz o carro naquelas estradas de montanha, cheias de buracos, ribanceiras enormes, onde só passa um carro e com aqueles caminhões cheios de madeira indo para a fábrica de papel era uma diversão. Hoje de manhã, fomos mergulhar lá de cima das rochas para o lago. Mais de trinta metros de altura. O Chefe não me deixou porque eu não sabia nadar, e não deixou o Zé porque ele está com gesso nas pernas e no braço. O Chefe achou que nós poderíamos nos afogar. Assim fomos de canoa. Foi um espetáculo. Ainda se conseguiu ver muitas árvores apesar da inundação.

    O Chefe é durão. Não é rabugento como os outros chefes. Nem se queixou por não estarmos usando coletes salva vidas. Ele tem passado muito tempo tentando consertar o carro, por isso estamos sempre procurando lugares novos, mas quando estamos próximos dele obedecendo ele em tudo.

     Conseguimos as especialidades de Socorrista! Com o corte no braço que o David fez ao mergulhar no lago, aprendemos a usar o torniquete para estancar uma grande quantidade de sangue que saia. Também a torção no joelho que o Jairo fez ao cair em cima de uma pedra. Eu e o Luís vomitamos muito, mas o Chefe disse que era uma pequena intoxicação alimentar dos restos do frango de ontem que comemos. Ele disse que isso acontecia muito com a comida que eles comiam na cadeia. Acho muito bom que ele tenha saído de lá e vindo ser nosso chefe. Porreta!

   Bem tenho que terminar. Vamos a cidade mandar as cartas e comprar facas de mato, facão e balas. Ainda não usamos os fuzis e as metralhadoras que o Chefe levou.
Muitos beijos
Nelinho
P.S – Quando foi á ultima vez que tomei vacina contra o tétano?


Boa noite meus queridos amigos e amigas. Apesar deste frio gelado espero que durmam bem. Até amanhã!

segunda-feira, 22 de julho de 2013

O escoteirinho sabido.

Lembranças da meia noite.
 O escoteirinho sabido.


Os pais me pareceram snobes quando vieram fazer sua inscrição. Quando disse que eles teriam que fazer um pequeno curso de quatro horas para o filho ser aceito foi um Deus nos acuda. A mãe levantou e pegou o filho pela mão dizendo que não ia se submeter aquilo tudo. Ela tinha mais o que fazer. Ele gritou com a mãe e o pai. – Não sou idiota disse. Não queria vir aqui foi vocês que insistiram. - Agora aguentem e aceitem as normas! Nossa! Eu pensei. Ele teria quanto anos? Oito? Nove? O pai ficou parado. Vamos reunir em família. Foram lá fora e voltaram. – Tudo bem Chefe, que assim seja. No dia marcado eles apareceram. Fizeram o curso e foram apresentados ao grupo escoteiro no cerimonial. O filho recebido pela Aquelá. Todos os lobos apertaram sua mão. Ele parecia alegre. Ou pelo menos parecia.

Três reuniões depois Martinha a Chefe veio reclamar comigo. – Olhe Chefe, o sabe tudo está acabando com a Alcateia. Quer dirigir mandar decidir. Já reuniu duas vezes os lobos e disse que eles têm direitos. Não são obrigados a obedecerem tudo do Chefe. É difícil dialogar com um jovem como ele. Pela arrogância dos pais sabia que teria dificuldade. Soube que ele era superdotado. Estava liderando a Alcateia com nove anos. Conversei com o Chefe da tropa. Vamos fazer uma experiência? O Chefe ficou assim e assim. Nove anos? Tudo bem, vamos tentar. Vai para a Coruja, o Monitor é mais velho e durão. No programa a tropa ia acampar três semanas depois. O Monitor disse ao Chefe que ele não devia ir. Estava muito verde ainda.

Ele me procurou. Precisavam ver sua pose ao falar comigo. Exigia seus direitos. Nove anos o danado e pensei que quando crescesse seria um barril de democracia. – Tudo bem, você vai. Mas se chorar lá não vai voltar. Só no final do acampamento. Ele riu – Chefe sou homem. Sem decidir minha vida. Chegou com uma mochila e apetrechos que tomavam todo seu corpo. Ele sumiu atrás da tralha que escolheu. Disse a ele que o ônibus nos deixaria quatro quilômetros do local do campo. Ele riu. Chefe precisa me conhecer melhor. Nunca pedi ajuda e nunca irei pedir. Sei o que faço. Dito e feito, dois quilômetros e ele para trás, três e ele sumiu de vista na curva da estrada. O Monitor voltou para ajudar.

No primeiro dia ele corria para todo lado. Parecia mesmo ser um jovem esperto com seus nove anos. Tudo aconteceu à noite após o jantar. Não gostou da janta. Procurou-me para leva-lo até um restaurante a beira da estrada. Eu estava com meu automóvel. – Nem pensar meu jovem. O que você comeu todos comeram. Chefe eu não comi nada! Porque não quis. Quem sabe o cozinheiro deixou uma porção para você na panela? Dito e feito, ele começou a gritar, a chorar e deitou no chão pegando a maior manha. Passou a noite toda chorando. Não o levei e nem mandei recado aos seus pais. Boi bravo é assim que aprende pensei. Certo ou errado ele ficou lá os quatro dias. Parou de gritar e chorar. No retorno vi que sua mochila diminuiu. Falei para o Monitor. Ele jogou fora boa parte de tudo em um barranco para diminuir o peso.

Na chegada seus pais estavam lá esperando. Ele desceu do ônibus e calado foi com a patrulha para guardar a tralha da patrulha. Estava uma luva agora. Obediente e disciplinado. Na semana seguinte seu pai me procurou  - Chefe, meu filho mudou e para melhor. Parece outro menino. O que houve? Não entrei em detalhes. Disse que o escotismo é trabalho em equipe. Aprender a fazer fazendo. Ele aprendeu. – Seu pai agradeceu. Depois fiquei sabendo que era um alto executivo na Ford. Sua mãe advogada em um dos melhores escritórios de advocacia da capital. Os anos passaram e o escoteirinho lá conosco.

Três anos depois fui morar em outro bairro. Um grupo próximo a minha casa balançando para não fechar. Precisava de ajuda. Mudei de grupo. O escoteirinho eu o vi nove anos depois em uma atividade regional. Era outro, precisavam ver. O Que o escotismo pode fazer não? A vida é assim mesmo. Acampamento é para os jovens aprenderem a lutar pela vida. Dar cobertura, passar a mão na cabeça, chamar papai e mamãe para leva-lo não é o certo. Bem casos são casos. Cada um tem seu estilo. Este deu certo graças a Deus!


Boa noite meus amigos e amigas. Um excelente fim de noite e um sono gostoso e tranquilo.   

domingo, 21 de julho de 2013

Não aprendi a dizer adeus!

Lembranças da meia noite.
 Não aprendi a dizer adeus!




O apelido dele era Bocalarga. Nunca soube o porquê, pois ele não tinha uma boca grande. Quem pôs o apelido nele saiu do grupo e foi embora da cidade. Era uma espécie de norma ter um apelido. Chamavam-me de Vado ou Valente. Valente nunca fui, pois o medo sempre foi meu companheiro por toda a minha vida. Ele sempre chegava à sede sorrindo. Que belo sorriso. Era olhar para ele e a gente se sentia bem e logo estava sorrindo como ele. Um bálsamo para a tropa. Nos fogos de conselho bastava ele olhar para todos e sorrir e logo a tropa estava gargalhando. Ninguém nunca o viu triste. Seu rosto não demonstrava. Se tinha alguém que fazia questão do oitavo artigo da lei Bocalarga seria ele. Um dia ele me contou que seu rosto era assim, mas ele chorava e sofria muito com isto. Não dava para mudar sua expressão.

Lembro que ele um dia me procurou sorrindo. Mas quando falou seus olhos encheram-se de lagrimas. - Monitor, ele dizia. Meu pai foi preso. Dizem que ele era assassino, matava por dinheiro. Eu nunca sobe disto Monitor. O pai dele foi condenado a dezenove anos de prisão. Bocalarga continuou no grupo. Não havia motivo para afastá-lo. Éramos um grupo de amigos e irmãos. O que aconteciam com os parentes para nós não tinha valor. O lema de um por todos e todos por um para nós era questão de honra. Lembro quando fomos acampar na Pedra do Mosquito. Bocalarga era da patrulha touro e eu da Raposa. Como era uma subida íngreme sempre amarrávamos um cabo em uma corda comprida para segurar quem escorregasse e não caísse no despenhadeiro. Bocalarga não amarrou bem o cabo. Escorregou e caiu de uma altura de mais de quarenta metros. Não foi em queda livre. Foi batendo o corpo nos arbusto até que se estatelou no fundo.

Todos correram para ajudar. A corda serviu para chegar até ele. Ele gemia de dor, mas sua face sorria. Que coisa gente. Que coisa. Fizemos um Balso pelo Seio e ele foi içado. Mais dores ele sentiu e sorria. Levado ao hospital teve fratura exposta no joelho e em uma costela. Época que não sabíamos ainda como carregar feridos nestes casos. Eu mesmo o levei nas costas por um quilometro até a Fazenda do seu Damião. Usou muleta por muitos anos. Sempre sorrindo. Sua mãe era costureira e resolveu ir embora para Monte Azul. Tinha lá uma tia e duas sobrinhas. Na estação esperando o rápido da manhã eu Bocalarga e mais de uma dezena de escoteiros estávamos calados. Não sabíamos o que dizer. Bocalarga sorria. Penso que ele dizia para si – Maldito sorriso. Meu coração sangra e eu fico a sorrir.

O trem chegou e na plataforma fizemos um circulo. Cantamos a Canção da Despedida. Todos chorando e Bocalarga sorrindo. O trem partiu. Ele na janela sorrindo. Vi nos seus olhos as lagrimas caírem. Ficamos parados na plataforma até que o trem sumiu na curva do Boi Marinho. Voltamos tristes para casa. É muito difícil dizer adeus a quem está sorrindo, mas que sabemos estar chorando. Oito anos depois o vi em Caratinga. Falamos por pouco tempo. Ele estava com alguns cavaleiros e pensei que trabalhava em alguma fazenda próxima. Ele balançou a mão dizendo adeus, eu fiz o mesmo. Nunca mais o vi, mas guardei dentro de mim o seu sorriso de fel. Um sorriso que não era dele. Ninguém nunca soube que ele chorava ninguém. É, é mesmo difícil dizer adeus a quem está sofrendo.


Boa noite meus amigos e minhas amigas. Desejo de coração uma semana cheia de felicidade e que o Senhor esteja com todos vocês.   

sábado, 20 de julho de 2013

E a noite chegou mansa para nos dizer “Boa Noite”.

Lembranças da meia noite.
 E a noite chegou mansa para nos dizer “Boa Noite”.


O dia está no fim. Um sábado como muitos que passam pela minha vida. Na minha varanda não vejo o céu, não vejo as estrelas. Saudades de onde morei, pois lá avistava um céu cheio de estrelas. Era gostoso sentir o cheiro do mato, o barulho da cascata, um galo que canta fora de hora. Mesmo assim eu olho para o céu e através da poluição imagino o céu estrelado. Sempre imagino. É como o escotismo. Imagino e faço minha parte para que ele seja alegre. Para que os participantes se sintam bem e que a fraternidade que tanto apregoamos não seja apenas uma metáfora.

Gosto de matutar. Mineiro que não matuta não viveu no sertão. Sempre achei que aqueles que labutam no escotismo precisam de um amigo. Um amigo para dar um tapinha nas costas e dizer – Vamos juntos mudar o Brasil. Temos um manancial nas mãos. Nossa associação conta com você. E você sabe que pode contar comigo. Posso lhe dar um abraço de agradecimento? – Muito obrigado meu amigo. Uma medalha eu te daria e não podendo te dou uma palma escoteira. Estes Chefes, uns abnegados e não reconhecidos. São aqueles que são anônimos no seu trabalho de formação da juventude. Eles já fazem muito. Sacrificam horas e família. Acampam, tem alguns que várias vezes na semana fazem escotismo. Porque nossos dirigentes não compreendem que é a associação quem precisa deles e não o contrário? Porque não procuram mostrar agradecimento?

Muito sono. Minha mente hoje não ajudou a escrever meus contos, minhas historias. Comecei três e não terminei. Preciso dormir, estou cansado. Corpo doendo querendo repousar. Quem sabe terei um belo sonho? Qual deles eu gostaria de ter? Não sei, meus olhos fecham aos poucos. Meu lar dorme, o silencio faz parte do final da noite. Hoje não tem lua cheia, o céu cinzento, dizem que o frio vem aí. Não sei se ele vem a pé ou a cavalo. Mas vem. Juram que é o maior nos últimos trinta anos. Estou até pensando como fazer para os dias frios passarem rápidos.


Boa noite. Hora de dormir. Durmam bem meus amigos e amigas. Que Deus acompanhe a todos vocês. Tenham um excelente domingo. Inté!

sexta-feira, 19 de julho de 2013

SAPs, por quê?

Lembranças da meia noite.
 SAPs, por quê?


Ei Chefe Osvaldo, de novo? Não gosta mesmo do SAPS não? Eu sei que sempre disse que SAPS É SAPS nada além de SAPS. A palavra SAPS somente não tem nada de escotismo. Sabe o que me lembra? Um monte de sapos na lagoa. Risos. Mas vamos lá, vamos ver o tal de SAPS que todos adoram:

Até 1973, dizíamos Sempre Alerta. Ou o Melhor Possível quando nos dirigíamos aos lobinhos. O Servir pioneiro ainda não existia. Um belo dia colocaram Sempre Alerta para servir. Servir era dos pioneiros. Mas agora era dos escotistas e de todos. Bem, não sei por quê. Talvez para nos lembrar de que vivemos para servir. (dizem que foi a UEB querendo mostrar que devemos servir a ela, risos) Então todos diziam, "Sempre alerta para Servir!", e depois e depois, cansava muito dizer isso tudo, a língua doía e entortava e alguém então criou o SAPS! Bacana! Abreviou. Assim começaram a escrever a torto e a direito o tal de SAPS. Era SAPS daqui, SAPS dali, SAPS para todo lado. Eram tantos SAPS que fiquei sapseando por vários anos. No Brasil todos gostam de abreviaturas. São milhares. O governo então? A UEB claro imitou. 

E não é que pegou? Todos gostaram. SAPS! Mais rápido. Risos. – Oi Chefe! SAPS para o Senhor! Ele ou ela chega à sede e grita: SAPS para todo mundo! Que droga eim? Posso perguntar? Quando você lê SAPS você lê Sempre Alerta para Servir ou lê SAPS? Mas pensando bem será que não se esqueceram dos lobos? Melhor Possível? Coitadinho dos pequenos. Para ser leal com eles deveria ser MPSAPS! Que papo eim? Mas podem me contradizer. Não ficarei chateado. Não gosto de dizer SAPS. Prefiro o meu bom e "Velho" tradicional Sempre Alerta! Ele é assim em todo o mundo com algumas variações. Só no Brasil temos estas modificações do bom e gostoso Sempre Alerta. Vocês nunca irão encontrar países com escotismo com saudações abreviadas. Tentem escrever para um inglês, francês, espanhol, russo, ou seja, lá que país for e coloque em baixo – SAPS! Ele vai ficar pensando o que seria isto. Mas se fosse Sempre Alerta todos saberiam. Claro que os alemães responderiam: - Alizeit bereit, o espanhol diria Siempre Listo, o filipino Laging Handâ, o finlandês Ole valms, o francês Sois Prêt ou Toujours Prêt, o Holandês Weest Paraat, o inglês Be Prepared o Italiano Sii Preparato. Ufa! Melhor parar por aqui. Será que alguns deles têm abreviaturas?

Porque não dizemos então Sempre Alerta? Significa muito. Estarmos Sempre Alerta para o que der e vier. Lembrarmo-nos que estamos alerta para com Deus, a pátria, para com os pais, para a escola e para a vida, pois ela é sempre uma surpresa. E o Escoteiro está sempre preparado. SAPS? Meu Deus! O Sempre Alerta pode estar aí, mas SAPS é SAPS. Quando o pronunciamos nem lembramos mais do Sempre Alerta. Risos. "Velho" chato de galocha eu sei que vão me chamar. Paciência! Sou mesmo!

Chega por hoje, boa noite meus amigos, durmam esplendidamente bem. São meus desejos sinceros e não deixo de colocar aqui o meu Sempre Alerta!


ABAIXO O SAPS E VIVA O SEMPRE ALERTA!!! Risos.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

E este o caminho que nos leva a felicidade?

Lembranças da meia noite.
 E este o caminho que nos leva a felicidade?


As mudanças chegaram e vão chegar outras mais. Alegam nossos lideres que isto faz parte do crescimento. Centenas defendem com uma oratória que nos deixam encabulados. A liberdade veio para ficar. Os diretos são cobrados falta demonstrar os deveres. Eles existem? Como disse nosso Chefe Mundial, se os resultados acontecem porque não mudar? Mas que resultados? Dar tempo ao tempo? Quanto tempo mais? Alguns amigos virtuais já discutem temas que me assustam. Ainda bem que não ficarei muito tempo aqui para vê-los implantados. Nossos lideres dizem que não haverá nada disto. Gritam aos quatro ventos, mas se eles copiam tanto o além-mar em quem acreditar? Não sei, mas um dia vocês verão todos eles colocados na mesa como decisão final. Fico com um deles. O Escoteiro Ateu. Por quê? Porque alguns países que se dizem mais avançados já estão discutindo apesar de que ainda não existe uma discussão ampla e irrestrita. Os ingleses estão ouvindo a todos os membros. Acham que a promessa escoteira deve ser alterada. Dar direitos aqueles que não acreditam em Deus. Não se promete no que não se acredita. Aqui não sei se vai um dia irão sugerir as mudanças e fazerem consultas.

Prometo pela minha honra... Não haverá Deus na promessa. Pátria? Será uma escolha pessoal. Ajudar o próximo em qualquer ocasião? A critério de cada um. Não devemos obrigar ninguém. Obedecer a Lei do Escoteiro? Impossível. Lá tem um artigo que diz que o Escoteiro é limpo de corpo e alma. Fala-se em alma fala-se em religião. – O chefe irá dizer ao noviço – Meu jovem, na sua promessa hoje a maioria repete o que o chefe fala, agora não mais. Você vai dizer sozinho o que dirá. Tens agora direito de escolha. Se quiser tirar Deus, se quiser tirar pátria e se vai dizer que obedece a lei do escoteiro é você quem decide. É tudo vai mudar. Repito, os nossos mestres juram que não. Mas copiam tanto os países que estão mudando porque não farão o mesmo aqui? – Pense bem, termina o fogo de conselho, lá está você olhando o firmamento e pensando: - Bilhões e bilhões de galáxias. Surgiram do nada. Ninguém as fez. Uma poeira no firmamento e bum! Um vento gostoso sopra. Surgiu do nada. Os vagalumes pulam com suas luzes cintilantes. Foram feitos do pó. Deus não existe. Triste vida será do escoteiro do futuro.

Aonde isto vai nos levar? Melhor nem pensar. O rico, o pobre, o doente, milhões em hospitais, um que mata um que morre. Normal, viemos do pó e do pó voltaremos. Que sina eim? Uns tem direitos outros não? Não disseram assim? Deus não existe. Penso dizem e se penso logo existo. Já pensou a dificuldade no perigo? Nas difíceis horas da vida? Apelar para quem? Afinal Deus não existe. Vai pedir ajuda para quem? Já pensou quando o ateu se for? Afinal nada existe depois da vida, pois ele acredita assim e surpresa! Ele vê que existe sim, o que ele vai dizer? Que sina será a do chefe escoteiro que terá de explicar tudo isto aos outros jovens que acreditam em Deus. Esqueça a primavera, as flores que desabrocham as águas do regato que nos mata a sede. Escoteiro, esqueça-se do sol, a lua existe, mas nunca você poderá tocar, nem conte as estrelas no céu. Se veres no horizonte o por do sol esqueça. Acontece todos os dias. Uma rotina. Ali não encontrarás Deus. Deus para os ateus não existe. Coitados dos poetas, dos cantores sonhadores, dos violões que choram em um dueto qualquer a falar em Deus para sua amada. Vão falar de amor, mas Deus? Não, afinal eles são ateus. Graças a Deus? E o décimo artigo da lei irá também ser substituído?


Boa noite meus amigos e minhas amigas. Durmam bem. Eu? Sim dormirei sob o manto de Deus. Ele me acompanha e vai acompanhar na eternidade. 

terça-feira, 16 de julho de 2013

O lado bom das coisas ruins que aconteceram em minha vida.

Lembranças da meia noite.
 O lado bom das coisas ruins que aconteceram em minha vida.



           
  Nunca reclamei das diversas estradas que percorri em minha vida. Chorar? Também não. Vivi outra época e tudo que acontecia parecia natural. Claro dor é dor, seja onde for. Mas tem a dor da ferida, a dor da doença e a dor do coração. Não existe época para a dor no coração. Mas é fácil controlar. Dizem que o trabalho é o melhor remédio para todo tipo de dor e eu acredito nisto. Minha vida já foi contada aqui em diversas fases nos artigos postados neste blog. Nem sempre as dores são produzidas por feridas na pele ou uma fratura qualquer. Já senti muitas dores em minha vida. Mas elas foram um bálsamo para meu aprendizado. Já sentei em uma trilha na subida de uma montanha e quase chorei. Motivo? Outra história.  Já cai de uma bicicleta rodando em alta velocidade à noite em estrada de terra em cima de uma cerca de arame farpado. Uma fratura exposta no tornozelo e no braço. Chorei quando perdi um emprego com meu primeiro filho que estava com um ano. O que fazer? Pensei. E assim fui chorando e aprendendo. Aprendi muito com os outros.

              O mundo é uma escola. Quando aproveitamos as aulas que nos são ministradas melhor. Cair, levantar, cair de novo e assim faz parte do nosso crescimento. O que é dor para um nem sempre é dor para outros. Chico Xavier disse que um arranhão em uma senhora acostumado a ser servida, dói mais em uma pessoa simples com uma faca cravada em alguma parte do corpo. A dor não é igual para ninguém. Quando você pensando o que vai ser da sua vida, na janela de uma Chevrolet 55, levando sua mudança em uma estrada esburacada, e ao seu lado sua esposa e seu filho e sem dinheiro até para um lanche você sabe que a dor não é aparente. Ela é profunda. Ela é menor para aqueles que não tiveram na infância os prazeres dos jovens de hoje. Até mesmo uma simples geladeira, uma TV ou mesmo um fogão a gás não me foi permitido para eu possuir antes dos vinte e seis anos.

                Conheci um homem, integro grande homem que servia de exemplo para muitos. Estudo? Nenhum. Idade? Acima de oitenta anos. Levantava cedo. Antes de o sol nascer. Enxada nas costas. Tentando ganhar a vida. Um dia correram para me dizer que uma cobra Jararaca tinha mordido sua perna. Corri para ajudar. Ele? Olhou-me e disse – Calma seu Osvardo. A dor é pouca. Passei um pouco de fumo e ela logo passará. Não se preocupe. O veneno no corpo deste preto "Velho" não faz efeito! É. Seu Manezinho foi uma figura que me marcou. Nunca vi reclamando da vida. Morava em uma tapera, mas limpa. Com galhos fez bancos e mesas. Sua esposa sempre sorrindo.

                Não compensa ficar lembrando só das dificuldades. Foram muitas e todas valeram a pena. Se voltasse ao passado não iria fugir de nenhuma delas. Até mesmo quando o pistoleiro enfiou uma quarenta e cinco em meus olhos e disse – Respire devagar, para morrer você não precisa respirar! Deu uma risada, subiu em seu cavalo e sumiu na estrada rumo a Buritizeiro. Mas dores são dores. Sei de muitos que tiveram mais que eu. Eu um dia vou partir. Lá aonde vou não sei se terei tantas dores, mas se tiver que assim seja. Elas fazem parte do nosso crescimento. Da nossa vida!   


Boa noite meus amigos e minhas amigas. Durmam bem!      

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Escotismo, eu te amo!

Lembranças da meia noite.
 Escotismo, eu te amo!


                 Dizem maravilhas de ser Escoteiro. Tem poetas que exaltam em versos tudo que ali encontram. Tem outros que gritam a viva voz seu amor inconfundível ao escotismo. E não se esqueçam daqueles que dizem ter o escotismo na alma na mente e no coração. Como eles cantam mesmo? –“De BP trago o espírito sempre na mente, junto de mim e no meu coração estará!”.

                 O escotismo para quem não conhece é inimaginável. Impossível entender um bando de meninos e adultos a correrem pelos campos, pelas colinas, em volta de uma fogueira, subindo em montanhas, vendo o nascer e o por do sol, brincando com peixinhos em um regato de aguas claras, com seus uniformes esquisitos. Afinal o que eles buscam? Aventuras? Um ar mais puro para sentir o perfume da natureza? O cheiro da terra molhada? Estar mais perto de Deus? Ou será que buscam as alegrias que muitas vezes o mundo lhes nega na cidade?

                Afinal não dizem que ser Escoteiro é ser feliz? Tem muito no escotismo que é difícil explicar. É como uma borboleta dourada que pousa em nossos braços e nos deixa o néctar que ela trouxe de uma rosa, de um cravo ou de um crisântemo, penetra em nossa pele, percorre todo o nosso corpo e nos marca para sempre.

               Escotismo, um amor diferente, um amor secreto que nasce do fundo da alma e cresce como uma flor de cerejeira que cai da árvore na primeira brisa forte, mas não dizemos que ela nunca viveu. Uma flor que só dura um dia não é menos bonita por isso. E o escotismo tem uma beleza que só os amantes do escotismo podem reconhecer. Diferente é claro, pois ele vive em nós para todo o sempre!

Portanto meus amigos, não estranhem quando alguém disser bem perto de você: – “ESCOTISMO! EU TE AMO!”.


Boa noite a todos. Durmam bem e que a terça seja um dos melhores dias de sua vida!

sábado, 13 de julho de 2013

“Lambanças” que o tempo não esquece.

Lembranças da meia noite.
“Lambanças” que o tempo não esquece.


         São coisas da vida. As lembranças vêm e vão. Alguns dizem que são lambanças do destino outros que são fruto da minha imaginação. Que assim pensem, pois a dúvida gera o pensar e este pode até chegar à conclusão que foi verdade. E se foi ou não, não importam. Minhas lambanças estão aos montes por aí e porque não narrar de forma divertida? E eu pergunto quem não tem lambanças? A vida passa e nossa mente fica presa ao passado. Interessante que quando nos lembramos de alguém a imagem que fica é do ultimo encontro. Se por um acaso do destino encontramos de novo esta pessoa um susto – Meu Deus! Como você mudou! Melhor dizer, como você ficou Velho e feio! Risos. Esquecemos que nossa carcaça já não é mais a mesma.

Mas vamos às lambanças, nem tanto divertidas como outras que aqui contei, mas vale a pena lembrar.

Corria o ano de 1956, Israel nosso Submonitor contou para a Patrulha Sênior sobre o casamento de uma prima em Lambari dos Silva, um vilarejo perto de Suaçuí, onde passava o rio do mesmo nome. Seus parentes eram de lá e porque não ir a Patrulha e participar da festa? Sempre davam uma festança quando havia um casamento e podíamos nos divertir muito. Eles chamavam de pagode. Centenas de frangos, porcos, oito ou dez bois, bodes, perús uma comilança sem tamanho. Não haveria despesas, pois a comida era farta. Ele conhecia uma picada pela serra do Sapo Molhado, e achava que era menos de dez léguas (sessenta quilômetros). Se fossemos pela Rio Bahia seria mais de duzentos quilômetros. Era como perguntar se peixe quer minhoca. Claro que topamos.

Quatro da tarde de sexta feira partimos em nossas bicicletas. Ração A, material mínimo para eventualidades. Sete da noite e pegamos a tal Serra do Sapo Molhado. Quase matou todo mundo de cansado. Quase duas horas só de subida. Na descida devagar, muito buraco na estradinha de terra. Na beira de um regato resolvemos pernoitar. Enquanto Fumanchú fazia uma sopa armamos duas barracas de duas lonas. Quase meia noite, estávamos jantando quando chegou dois homens mal encarados, a cavalo e apearam dizendo – Cabe mais dois nesta comida? Estamos mortos de fome. Falar o que? Sentaram e nós mesmo demos nossos pratos a eles.

 Enquanto comiam ouvimos alguém gritando: - Zé Peixada e Pato Branco dou dois minutos para saírem daí se não vamos abrir fogo! Cacilda! Deitei no chão e todos meus amigos fizeram o mesmo. Os dois pistoleiros abriram fogo. Um tiroteio dos infernos. Mais de meia hora. Eles correram descendo o riacho e o tiroteio não parou. Duas horas depois um homem que se identificou como o Capitão Maneco da Polícia de Captura nos disse que escapamos por pouco. Os dois nunca deixavam vivos alguém que poderia dizer onde estavam. Minha calça estava molhada. Toda molhada. Já sabem. Sou mesmo um Zé Mijão. Uma de nossas barracas de duas lonas estava crivada de balas, mais de vinte tiros. Ficou como recordação na sede para contarmos a quem quisesse conhecer a história. E a festa? Mais maió de boa, tamanhuço e biteleza! Um pitaco de bom Até arrumei namorada! Mas esta é outra história!


Boa noite meus amigos e minha amigas. Um excelente domingo para todos!