Lembranças da meia
noite.
Saudades de um Fogo de
Conselho.
“Quem ao crepúsculo já sentiu o cheiro da fumaça de
lenha, quem já ouviu o crepitar do lenho ardendo, quem é rápido em entender os
ruídos da noite;... deixai-o seguir com os outros, pois os passos dos jovens se
volvem aos campos do desejo provado e do encanto reconhecido...”. Kipling.
Já era noite alta e da fogueira restavam apenas
algumas brasas, que aqui e ali iam adormecendo. Algumas fagulhas ainda se
arriscavam a subir aos ‘céus’, mas lânguidas e serenas perdiam sua força e
desapareciam na escuridão. Alguns metros além, podíamos ouvir o piar da coruja
no grande carvalho frondoso e que a noite dava arrepios com sua figura
fantasmagórica. Bem próximo à lagoa de águas azuis naquela hora da noite,
eram apenas sombras cinzentas e não permitia ver os sapos e rãs que coaxavam
seus cantos noturnos...
Até a melodia doce e suave
da bica de água límpidas, trinavam sons repicantes e intermitentes na audição
de um velho mateiro. Em volta daquele calor que aumentava a sensação da amizade
existente, chefes e pioneiros ainda respiravam o sabor do ar fresco vindo da
pequena floresta a sudoeste do acampamento. O “Fogo do Conselho” terminara há
algum tempo e a alegria, as canções, o folclore das tropas masculinas e
femininas, ainda permaneciam como “fantasmas” amigos que prometiam manter aceso
pôr toda a eternidade o espírito que reinou naquela “festa” de moças e rapazes,
no seu mais puro e inocente lirismo, de uma tradição de anos e anos naquela
terra sagrada de “São Lourenço”.
Feito este introito, onde eu sei que todos nós do escotismo temos uma
história para contar, o fogo do conselho marca. Não existe nada é mais lindo
para um Escotista como olhar para os rostos dos jovens. Escuro ainda e a
fogueira aos poucos deixando a chama subir aos céus, os olhinhos fixos as
fagulhas brilhando e aumentando a luminosidade, eles com aquela ansiedade, a
espera do contexto, olhar fixo no fogo, cada um sonha ao seu modo o que vem a
seguir. Um sonho de uma vida que só os escoteiros podem ter. A felicidade
suprema e a alegria de poder estar ali. De poder cantar, representar, jogar,
bater palmas, pular, desafiar em um quebra coco impossível. Serão historias a
serem contadas por muitos e muitos anos. E no final a Canção da Despedida. Uma
despedida que marca, mas que promete ser breve. Muito breve. Não tem quem não
se emociona. Eu perdi a conta de quantas vezes chorei. Lágrimas que eu derramei
sobre a terra sagrada desde a mais tenra idade até hoje. Um "Velho"
chorão.
Fogo do Conselho. Esquecer jamais! Lembrar sempre e sempre, pois assim
como as estrelas no céu brilhando no escuro da noite ou da lua enluarada eu sei
assim como aconteceu centenas de vezes comigo também aconteceu com todos. Não
há como esquecer. O Fogo do Conselho vive para sempre em nossos corações. Acho
que pode ser ele um dos motivos para muitos estarem até hoje no escotismo.
Boa noite meus amigos, um lindo e maravilhoso sono.
Até amanhã!
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