Lembranças da meia
noite.
O “martírio” de um Chefe
Escoteiro.
Quando Comissário Regional
em Minas em viajei muito pelo interior. Muito mesmo. Visitei dezenas de
cidades. Dois chefes sempre me acompanhavam, mas muitas vezes fui só. Nem
sempre de carona na rural do compadre, ou o fusquinha do DCB. Precisava
convencer grupos Escoteiros da necessidade do registro e autorizar outros
tantos a começarem suas atividades, além de cursos diversos. Consegui anualmente
uma verba do governo para ajudar sem pagar os registros na UEB e nos cursos. Precisava
também melhorar o adestramento dos chefes. Foram sete anos. Anos que muitas
coisas aconteceram. De vez em quando escrevo sobre uma e publico em meus blogs outras
ainda não chegaram a hora de contá-las. Como hoje dei boas gargalhas lembrando
com a Celia de muitas histórias do passado separei duas para contar. Cuidado.
Não tenham mal entendidos. Sempre procurei ter em mente que o Escoteiro é puro
nos seus pensamentos nas suas palavras e nas suas ações.
Esta aconteceu em uma
cidade há mais de 600 quilômetros da capital. Varias cartas e muitos telegramas
me levaram a ela. Queriam começar um grupo. Tinham uma diretoria e muitos
interessados em serem os chefes. Tudo combinado peguei um ônibus em uma sexta à
noite. Cheguei lá às nove da manhã. Ninguém me esperando. Perguntei onde
encontraria o doutor Nando (nomes fictícios). No hospital não estava me
mostraram sua casa que era perto. Fui atendida pela esposa. Linda, nova, uns
vinte ou vinte e um anos. Recebeu-me com um lingerie azul clara sem nada por
baixo. Não sabia o que fazer. – Entre, ele vai chegar logo! Fazer o que? Entrei.
Ela sentou ao meu lado, e passou o braço no meu ombro. Vermelho estava vermelho
levantei. – Desculpe, vou tomar um café reforçado – Vou à padaria que vi na
praça – Nem pensar. Eu tenho tudo isto e muito mais! Sai quando ela foi buscar
o café. Seu marido me procurou no hotel. Foi um bom curso. Quando saí de Minas
o grupo ainda existia. Nunca mais voltei lá.
Outra cidade. Não tão
longe. Nada que três horas de viagem no fusquinha do DCB resolvesse. Seria uma Indaba.
Inicio às dez da manhã de sábado e termino as quatro de domingo. Eram quatro
grupos. A ideia era discutir a formação de um Distrito e eleger o distrital.
Discutir também o que cada grupo sentia mais dificuldade. A Indaba ia de vento
em popa. Uma morena de olhos azuis não tirava os olhos de mim. Seu marido um sujeito
de bigodes o dobro do meu, usando sempre um chapelão de couro (sem uniforme) e
quase um metro e noventa não saia de perto dela. Eu participava na direção e
meus pensamentos eram só escotismo. Todos nós ficamos alojados no seminário onde
se realizava o evento. Às onze da noite depois de troca de ideias com alguns
chefes de grupo fui dormir. Um quarto só para mim. Beleza. Tomei um banho e
quando voltei ao quarto lá estava à morena sentada na minha cama. Sorria. Fique
tranquilo Chefe. Bertoldo vai dormir em casa! Abri a porta. Gentilmente pedi a
ela para sair. Nesta hora o Bertoldo chegou. Gritou com ela – O que faz aí? Ainda
bem que entre mortos e feridos se salvaram todos. Nada de errado. Não apanhei.
Bertoldo no dia seguinte tomou uma cerveja comigo dando risadas. – Foi combinado?
Perguntei. Não Chefe, não. Ela é assim mesmo. Não dizem que se dormir o
cachimbo cai da boca?
Tempos que se foram. Quantas
histórias nos milhares de quilômetros percorridos na estradas de terra de Minas,
Bahia e Espírito Santo. (naquela época – 1968/1975).
Bem hora de dormir –
Boa noite a todos. Tenham um sono gostoso e revigorante.
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