Lembranças da meia
noite.
Em algum lugar do
passado.
Um sorriso me alcançou
de pronto. Eu vi coisas que nunca poderia imaginar. Pensei estar vivendo em
outras eras, mas era verdade. Quanto mais eu via mais eu me orgulhava de ser
escoteiro. Minha mente viajava no tempo, um tempo que não sabia qual. Poderia
ser em algum lugar do presente ou em algum lugar do passado. E tudo que via era
bonito de se ver. Um ônibus, uma fila e dois escoteiros. Deixaram as senhoras e
velhos passar na frente. Entraram ser pisar ou empurrar ninguém. Pagaram suas
passagens calmamente. Um banco vazio um sentou. Um senhor idoso com um embrulho
entrou no ônibus e logo o lugar lhe foi oferecido. Eu me sentia deslumbrado.
Agora estava no metrô, um empurra, empurra. Uns querendo sair outros querendo
entrar. Um lobinho e um sênior de uniforme sorrindo e dizendo – calma, vamos
dar a vez para os que saem. E cá pra nós, eu vi um Chefe de Alcateia sendo
fechado bruscamente por outro veiculo. Ele encostou, suspirou e disse: - Que
Deus ilumine seu caminho.
São coisas que marcam.
Ver o Chefe ensinando a não jogar papeis na rua, e ali na fila do cinema uma
patrulha esperando sua vez para entrar na maior ordem e sabem mais? Eles
desligaram o celular. Uma moça carregando varias sacolas e dois lobinhos
acorrerem para ajudar. Um menino simplório, mal vestido olhando aquela guia com
olhos vidrados no seu Big Mac e ela? Não se fez de rogada. O chamou e o levou
até o balcão e pagou para ele o mesmo lanche que comia. Em uma esquina topei
com uma patrulha de sêniores e guias. Não estavam em fila indiana. Eles sabiam
como proceder em marcha de estrada ou de cidade. Não precisava de chefes a
fiscalizá-los. E aquele Chefe e sua namorada? Desciam do carro, carro velho,
não era novo, mas ele correndo foi abrir a porta para ela. Ao entrar no
restaurante puxou a cadeira para ela. Toda vez que ela levantava para ir a
toalete ele levantava também em sinal de respeito. Não houve despesas
divididas. Ele convidou. Pediu a conta para si. Era um cavalheiro. Fazia
questão de proceder assim. Cavalheirismo! Onde anda você?
E aquela Tropa a dizer?
Sim senhor Chefe. Sim senhor moço. Sim senhor Papai. Sim senhora Professora.
Melhor foi na escola. A professora entrar e todos de pé em uníssemos dizendo –
Bom dia Professora. E enquanto ela não autorizasse não sentavam. Sabiam no
recreio usar o banheiro, dar a descarga, limpar a sujeira que outros fizeram.
No pátio não jogavam papel no chão. Vi um lobinho pegar um papel de carta que
um jovem jogou no chão e dizer – É seu? Quer que jogue n lata de lixo para
vaocê? Será para mim um prazer. O bom de tudo isto era o sorriso deles.
Palavrão? Não vi ninguém dizer. Os meninos com o maior respeito com as meninas.
As mãos limpas, as unhas aparadas. Cabelos penteados e gritar ou falar alto
entre si? Nunca! Gostei mesmo do que vi. Isto sim era escotismo. Ninguém sem
camisa a mostrar um físico que não tem. Andar sem camisa fora dos locais
próprios ou tirar foto assim eles sabiam que não era papel de um Escoteiro
cavalheiro. A modernidade de apetrechos pelo corpo que não era bem recebida
pelos pais nenhum deles fazia ou usava. Todos sabiam ajudar os colegas que não
eram Escoteiros a aconselhar das drogas que só destruíam e quem usava não tinha
futuro.
Foi um dia
significativo. Orgulhei-me de ser um escoteiro. Sorria de orgulho em ver uma
juventude sadia, fazendo um escotismo que todos nós podíamos orgulhar. Seria um
sonho? Seria em algum lugar do passado ou em algum lugar do presente? Não sei.
Mas procuro ver isto nos jovens, não importa os de ontem, os de hoje e os de
amanhã. Acredito neles. Vale a pena acreditar...
Boa noite meus amigos.
Durmam bem!
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