Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Acidentes não acontecem, são provocados.

Lembranças da meia noite.
 Acidentes não acontecem, são provocados.



Eu tive muitas experiências com acidentes. Fui Cipeiro muitas vezes, presidente da CIPA, e fiz vários cursos de acidentes de trabalho. Mas acidentes muitas vezes não tem como fugir da realidade. Situações absurdas provocadas por alguém inexperiente e que acreditava que com ele nunca iria acontecer eu vi muitos. Uma bobagem de um forneiro jogou um outro em um vagão de gusa líquido na minha frente. Uma explosão. Enterraram um pequeno lingote de ferro. No escotismo sempre fui de uma atenção exagerada. Graças a Deus nunca aconteceu nada com jovens que me acompanhavam a não ser quando de retorno de uma jornada ciclística descendo uma serra de madrugada, lá pelos idos de l956, fui de encontro a uma cerca de arame farpado e fora alguns arranhões só um braço com fratura exposta e uma perna quebrada. Coisa de nada. Cidade mais próxima 86 quilômetros. Fazia parte do jogo naquela época. Sênior, com a cabeça cheia de aventuras não tinha como evitar. Assim pensava.

Já mais maduro, beirando os 34 anos era Gerente de uma Fazenda no norte de Minas. Recebi um telegrama de um Chefe conhecido dizendo que chegaria no dia tal de trem em minha cidade. Eles pretendiam ficar na fazenda uma semana com a Tropa sênior. Era uma Tropa de Escoteiros do ar. Interessante, não me consultou, não perguntou se podia só disse que iriam chegar. Fazer o que. Fui recebê-los com uma perua Kombi. No terceiro dia depois de andarem a cavalo, pescarem enormes dourados na lagoa, tirarem e beberem leite cru (um desarranjo intestinal dos bons) me pediram para descer o Rio das velhas no barco da fazenda. Era a motor. Cabia bem uns 15 deles. Eram doze. Disse que poderíamos ir no dia seguinte. No momento que pediram estava ocupado com afazeres profissionais e não podia ir.

Não me obedeceram. Sem dizer nada o Chefe que era meu amigo pegou uma das kombis e foi até o porto do rio das velhas. Levaram um tratorista (disseram para ele que eu autorizei) para colocar o motor. Escoteiros seniores? Para mim nunca foram. Descer é fácil e nem olharam a gasolina. Ela acabou. Nem levaram remo. Em menos de dois quilômetros de Rio das Velhas chegaram à foz do Rio São Francisco. Rio caudaloso. Perigoso. Eles pedindo socorro. Onze seniores do ar e um Chefe em um barquinho a deriva. Subindo em sentido contrário uma gaiola enorme (barco a vapor movido a lenha). Para não atropelá-los ela teve que ir para a margem e bateu num banco de areia. Quinze quilômetros abaixo um barco a motor de pescadores prestou socorro. Na fazenda fiquei sabendo à tardinha. Eles retornaram depois de meia noite.

Meu amigo com seus vinte e cinco anos chegou a chorar de vergonha. Os prejuízos que provocaram não havia choro que pagasse. Fora a morte de todos. Pensei comigo se ele de um grupo padrão fez aquilo quantos outros por aí não fazem o pior? Acidentes não acontecem. São provocados. Chefes são responsáveis. Algum dia já pensou em devolver um filho de alguém acidentado ou morto? Seria o fim do mundo. Deus ajude os que não são responsáveis. E olhe, pelo que vejo por aí Deus nos ajuda e muito!


Boa noite. Durmam bem meus amigos e minhas amigas. 

Nenhum comentário: