Lembranças da meia
noite.
Não deixe a esperança
morrer.
Ah! Como é difícil seguir
os conselhos que damos aos outros. É tão simples resolver quando nos contam
seus problemas e os nossos? Quando a tempestade chega muitas vezes ficamos
desnorteados, sem equilíbrio e dificilmente pensamos que a bonança sempre vem
depois dela. Tenho certeza que todos vocês que me leem passaram por situações difíceis
e alguns se safaram sem maiores problemas. Os outros sofreram na pele por dias
e dias até que aquele problema se foi. Ele o nosso amigo disse que tudo passa.
As dificuldades passarão. As dores iram passar. Fácil de dizer, mas difícil de
entender.
Eu tive muitas tempestades
em minha vida. Algumas achei que o pior ia acontecer. Tempestades
profissionais, tempestades sentimentais, tempestades aventureiras. Foram
tantas! Depois que elas se foram pouco me lembrava delas. Ficou aquelas que
marcou profundamente a mente e o coração. Uma vez, a muitos e muitos anos atrás
resolvi conhecer uma gruta lá para os lados de Lagoa Santa, mas depois confirmei
ser em Cordisburgo. Fui só. Fiz centenas de atividades sem companhia. As mais difíceis
nunca fui sozinho. Esta achei que seria simples. Sábado cedo partida e domingo à
tarde retorno. Final dos anos cinquenta. Mochila nas costas, uma corda de três
oitavo de vinte metros, lanche para dois dias e pé no caminho.
Ninguém conhecia a gruta
desconhecida. Fui acompanhando um riacho procurando a nascente, quedas d’águas
lindas, até que encontrei um jovem pescando e ele me disse que a dois quilômetros
acima iria encontrar uma gruta que ninguém conhecia. Meia hora depois a vi. Difícil
acesso. Precisava usar minha corda e descer uns dez metros até uma plataforma e
depois mais uns dez onde deveria existir uma grande abóboda, pois calculava ser
ali o final da gruta. Foi então que minha corda caiu. Achei que alguém tinha
feito uma maldade, pois o nó que dei foi perfeito. Bem assim achei. Tinha água
e comida para dois dias. Precisava pensar. Pedir socorro impossível. Procurei
um canto da gruta para servir de morada. A gruta era feia. Agua pingando em vários
lugares. Não tinha mais nada. Pedra lisa.
Não me desesperei no
primeiro dia. Fiz uma exploração completa e nada. Repeti no segundo dia. À
tarde comecei a ficar preocupado. Estava com dezenove anos e não era marinheiro
de primeira viagem. Dormi naquele segundo dia acordando a cada hora. Durante o
dia uma pequena claridade iluminava algumas partes da gruta e a noite uma
escuridão profunda. No terceiro dia mesmo economizando lanches, pois a água não
faltava achei que não tinha mais uma saída. À tarde daquele dia comecei desesperar.
Não sabia o que fazer. Alguém gritar lá do alto por mim seria difícil. Ninguém sabia
onde estava a não ser o jovem pescador. A noite de terça meu coração batia com
força querendo sair do peito.
Próximo a mim vi um
pequeno brilho. Lanterna acesa, pois economizava pilha fui até onde achei que
brilhava. Em uma pedra vi o que seria a visão mais impossível do mundo. Ali
naquele buraco, naquela gruta feia, noite alta iluminei uma linda flor.
Amarela, quase do tamanho de uma rosa. Que flor era? Como nasceu ali? Não tinha
ramos, folhas nada. Só o broto e ela. Fiquei ali olhando aquela flor e me
esqueci do resto. Melhor orar. Orei olhando para a flor. Ouvi um barulho de
água. Colhi a flor e fui à procura do barulho. Quatro horas depois achei. Segui
o pequeno riacho e sai em uma abertura do outro lado da montanha. Duas da
manhã. O céu estrelado. Sentei na grama e deitei. Olhava para o céu e para a
flor na minha mão. Rezei muito. Uma paz incrível. A bonança chegou.
Quando o dia amanheceu
voltei para minha cidade. Meus pais estavam preocupados. Contei para eles à
tempestade que me apanhou e a flor que me salvou. Bem não foi só a flor, tenho
certeza que meus amigos lá do alto me ajudaram. Obrigado meu Deus!
Boa noite meus amigos
durmam bem.
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