Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Um cafezinho, por favor!

Lembranças da meia noite.
 Um cafezinho, por favor!


Final da década de cinquenta. Dezenove anos. Desempregado. Precisava trabalhar. Consegui um emprego. Não sabia onde estava me metendo. Queria trabalhar e outros queriam me matar. Isto mesmo. Apontador de horas na Techint. Uma empresa de Engenharia e Construção. Renovando e asfaltando a Rio Bahia. Um mês de trabalho. Ninguém me avisou nada. Horas pagas erroneamente o apontador era o culpado. Serviço do Pessoal inocente. Antes de mim dois foram para o hospital e quatro sumiram para nunca mais voltar. Todos me olhavam de esguelha. Escoteiro que era achei que me achavam interessante. Putz!  Sai pagamento. Eu recebi o meu. Você podia pegar tudo e por no bolso. Não havia roubos. O acampamento nosso era próximo a Alpercatas. O dia amanheceu e eu de pé para iniciar o trabalho. Uns oito ali na porta do alojamento me esperando – Mocinho! Tá faltando dinheiro! – No meu também! Um por um foram reclamando. O Encarregado me falou baixinho – Corra o mais que puder e se esconda. Se não conseguir é um homem morto. Era bom nisso. Não me pegaram. Corri até Alpercata e lá peguei carona para minha cidade. Juntei-me aos quatro que nunca mais voltaram para juntar sua tralha nem para dar baixa na carteira profissional. Risos.

Seis meses depois viajava de trem para Dom Silvério interior de Minas. Época que a Estrada de Ferro Leopoldina cortava quase todo o Brasil. Agora era promotor de vendas. Melhor, um reles vendedor de livros. Uma serra ligava uma cidade à outra. Em linha reta se fazia a pé em uma hora e meia, mas de trem era três horas. Paramos em uma estação. Não ia descer. Na janela uma morena de olhos verdes e cabelos negros ondulantes me ofereceu cafezinho em um copo de vidro. – Só um real moço! Caramba, era linda demais. Precisava ver de corpo inteiro. Desci do trem. Era mestre para subir com ele andando. Ela sorriu para mim. Que corpinho lindo! Quinze? Dezesseis? Por aí. – tomei um café, depois outro, brincando disse – Te dou cinco reais por um beijo! – Ela fez beicinho. O trem ia saindo. Dei um breve beijinho no rosto dela e sai correndo. Peguei o trem e pensei que seria o beijo mais lindo que tinha dado. Fui sonhando até a próxima estação.

O trem apitou. Encostou-se à plataforma. A garotada gritando – Goiaba, banana manga! Pão com Carne, Pastelzinho, churrasco! Olhei pela janela e lá estava ela de novo. Como? Ela voava? – Cafezinho moço? Ou um beijinho? – Surgiu na janela um garoto forte, alto com uma garrucha na mão. – Beije aqui moço! É de graça! – Nossa Senhora! O que é isto? O trem foi saindo de mansinho. Um tiro ecoou e bateu no vidro da janela do outro lado. Um túnel e uma descida. Mãe de Deus! Salvei-me desta. Um velho ao meu lado explicou que era só atravessar uma garganta, menos de cinco minutos e passava de uma estação a outra. De trem um volta enorme. Aprendi. Nunca mais comprei um beijinho viajando. O pior é que nunca fiz isto! Foi a primeira e única vez em minha vida. Única? Risos. Não sei não...

Boa noite! Durmam esplendidamente bem e que o sábado seja cheio de alegrias na sua sessão escoteira! 

quinta-feira, 27 de junho de 2013

O “martírio” de um Chefe Escoteiro.

Lembranças da meia noite.
 O “martírio” de um Chefe Escoteiro.



Quando Comissário Regional em Minas em viajei muito pelo interior. Muito mesmo. Visitei dezenas de cidades. Dois chefes sempre me acompanhavam, mas muitas vezes fui só. Nem sempre de carona na rural do compadre, ou o fusquinha do DCB. Precisava convencer grupos Escoteiros da necessidade do registro e autorizar outros tantos a começarem suas atividades, além de cursos diversos. Consegui anualmente uma verba do governo para ajudar sem pagar os registros na UEB e nos cursos. Precisava também melhorar o adestramento dos chefes. Foram sete anos. Anos que muitas coisas aconteceram. De vez em quando escrevo sobre uma e publico em meus blogs outras ainda não chegaram a hora de contá-las. Como hoje dei boas gargalhas lembrando com a Celia de muitas histórias do passado separei duas para contar. Cuidado. Não tenham mal entendidos. Sempre procurei ter em mente que o Escoteiro é puro nos seus pensamentos nas suas palavras e nas suas ações.

Esta aconteceu em uma cidade há mais de 600 quilômetros da capital. Varias cartas e muitos telegramas me levaram a ela. Queriam começar um grupo. Tinham uma diretoria e muitos interessados em serem os chefes. Tudo combinado peguei um ônibus em uma sexta à noite. Cheguei lá às nove da manhã. Ninguém me esperando. Perguntei onde encontraria o doutor Nando (nomes fictícios). No hospital não estava me mostraram sua casa que era perto. Fui atendida pela esposa. Linda, nova, uns vinte ou vinte e um anos. Recebeu-me com um lingerie azul clara sem nada por baixo. Não sabia o que fazer. – Entre, ele vai chegar logo! Fazer o que? Entrei. Ela sentou ao meu lado, e passou o braço no meu ombro. Vermelho estava vermelho levantei. – Desculpe, vou tomar um café reforçado – Vou à padaria que vi na praça – Nem pensar. Eu tenho tudo isto e muito mais! Sai quando ela foi buscar o café. Seu marido me procurou no hotel. Foi um bom curso. Quando saí de Minas o grupo ainda existia. Nunca mais voltei lá.

Outra cidade. Não tão longe. Nada que três horas de viagem no fusquinha do DCB resolvesse. Seria uma Indaba. Inicio às dez da manhã de sábado e termino as quatro de domingo. Eram quatro grupos. A ideia era discutir a formação de um Distrito e eleger o distrital. Discutir também o que cada grupo sentia mais dificuldade. A Indaba ia de vento em popa. Uma morena de olhos azuis não tirava os olhos de mim. Seu marido um sujeito de bigodes o dobro do meu, usando sempre um chapelão de couro (sem uniforme) e quase um metro e noventa não saia de perto dela. Eu participava na direção e meus pensamentos eram só escotismo. Todos nós ficamos alojados no seminário onde se realizava o evento. Às onze da noite depois de troca de ideias com alguns chefes de grupo fui dormir. Um quarto só para mim. Beleza. Tomei um banho e quando voltei ao quarto lá estava à morena sentada na minha cama. Sorria. Fique tranquilo Chefe. Bertoldo vai dormir em casa! Abri a porta. Gentilmente pedi a ela para sair. Nesta hora o Bertoldo chegou. Gritou com ela – O que faz aí? Ainda bem que entre mortos e feridos se salvaram todos. Nada de errado. Não apanhei. Bertoldo no dia seguinte tomou uma cerveja comigo dando risadas. – Foi combinado? Perguntei. Não Chefe, não. Ela é assim mesmo. Não dizem que se dormir o cachimbo cai da boca?

Tempos que se foram. Quantas histórias nos milhares de quilômetros percorridos na estradas de terra de Minas, Bahia e Espírito Santo. (naquela época – 1968/1975).
Bem hora de dormir – Boa noite a todos. Tenham um sono gostoso e revigorante.


quarta-feira, 26 de junho de 2013

Acidentes não acontecem, são provocados.

Lembranças da meia noite.
 Acidentes não acontecem, são provocados.



Eu tive muitas experiências com acidentes. Fui Cipeiro muitas vezes, presidente da CIPA, e fiz vários cursos de acidentes de trabalho. Mas acidentes muitas vezes não tem como fugir da realidade. Situações absurdas provocadas por alguém inexperiente e que acreditava que com ele nunca iria acontecer eu vi muitos. Uma bobagem de um forneiro jogou um outro em um vagão de gusa líquido na minha frente. Uma explosão. Enterraram um pequeno lingote de ferro. No escotismo sempre fui de uma atenção exagerada. Graças a Deus nunca aconteceu nada com jovens que me acompanhavam a não ser quando de retorno de uma jornada ciclística descendo uma serra de madrugada, lá pelos idos de l956, fui de encontro a uma cerca de arame farpado e fora alguns arranhões só um braço com fratura exposta e uma perna quebrada. Coisa de nada. Cidade mais próxima 86 quilômetros. Fazia parte do jogo naquela época. Sênior, com a cabeça cheia de aventuras não tinha como evitar. Assim pensava.

Já mais maduro, beirando os 34 anos era Gerente de uma Fazenda no norte de Minas. Recebi um telegrama de um Chefe conhecido dizendo que chegaria no dia tal de trem em minha cidade. Eles pretendiam ficar na fazenda uma semana com a Tropa sênior. Era uma Tropa de Escoteiros do ar. Interessante, não me consultou, não perguntou se podia só disse que iriam chegar. Fazer o que. Fui recebê-los com uma perua Kombi. No terceiro dia depois de andarem a cavalo, pescarem enormes dourados na lagoa, tirarem e beberem leite cru (um desarranjo intestinal dos bons) me pediram para descer o Rio das velhas no barco da fazenda. Era a motor. Cabia bem uns 15 deles. Eram doze. Disse que poderíamos ir no dia seguinte. No momento que pediram estava ocupado com afazeres profissionais e não podia ir.

Não me obedeceram. Sem dizer nada o Chefe que era meu amigo pegou uma das kombis e foi até o porto do rio das velhas. Levaram um tratorista (disseram para ele que eu autorizei) para colocar o motor. Escoteiros seniores? Para mim nunca foram. Descer é fácil e nem olharam a gasolina. Ela acabou. Nem levaram remo. Em menos de dois quilômetros de Rio das Velhas chegaram à foz do Rio São Francisco. Rio caudaloso. Perigoso. Eles pedindo socorro. Onze seniores do ar e um Chefe em um barquinho a deriva. Subindo em sentido contrário uma gaiola enorme (barco a vapor movido a lenha). Para não atropelá-los ela teve que ir para a margem e bateu num banco de areia. Quinze quilômetros abaixo um barco a motor de pescadores prestou socorro. Na fazenda fiquei sabendo à tardinha. Eles retornaram depois de meia noite.

Meu amigo com seus vinte e cinco anos chegou a chorar de vergonha. Os prejuízos que provocaram não havia choro que pagasse. Fora a morte de todos. Pensei comigo se ele de um grupo padrão fez aquilo quantos outros por aí não fazem o pior? Acidentes não acontecem. São provocados. Chefes são responsáveis. Algum dia já pensou em devolver um filho de alguém acidentado ou morto? Seria o fim do mundo. Deus ajude os que não são responsáveis. E olhe, pelo que vejo por aí Deus nos ajuda e muito!


Boa noite. Durmam bem meus amigos e minhas amigas. 

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Mais um dia.

Lembranças da meia noite.
 Mais um dia.



Hoje o dia não foi fácil. Aos trancos e barrancos consegui que ele passasse logo. Frio matando. Aposentado não tem jeito. Uma rotina de matar - Falei para mim mesmo que não ia mais ser aquele que tem hora para tudo. Prometi sair desta rotina infernal. Hora de levantar, de andar, do café. Das refeições do banho e de dormir. Esqueci, tem também a hora de ir ao banheiro e dos remédios. Risos. Ops! De escrever e entrar aqui no facebook. Claro sempre dando uma volta no Orkut, pois deixei lá bons amigos. Mas eu me pergunto. Sair da rotina? Difícil. Principalmente quando estamos na quarta idade.

Escrevi um dia um artigo comentando sobre hábito de comportamento. Ele nos acompanha sempre. Dizem que são manias. Manias... E quem não as tem? Um dia resolvi levantar tarde. Putz! Não foi fácil. Depois prometi de fazer as refeições quando desse fome. Danou-se. Banho? Tomar fora do meu horário sinto-me mal. E daí? Qual a importância disto tudo? Nenhuma. Melhor mudar de assunto. Falar o que? O de sempre? Escotismo? Mamma Mia! Chega por hoje. Vamos deixar os amigos e amigas descansarem suas mentes um pouco. Melhor mesmo é desejar a eles uma semana espetacular.

Desculpem. Só um pouquinho de escotismo. Hoje me lembrei de Caio Viana Martins. Dizem alguns que a história verdadeira não foi contada. Mas alguém que esteve lá me contou um dia assim: - Viram que ele estava cambaleante, e seus olhos piscavam. Seus lábios tremiam uma golfada de sangue saiu de sua boca e mesmo assim não deixou em tempo algum que o carregassem. Disse para todos o que ficaria como a mais bela frase já dita por uma legião de heróis – “Há muitos feridos aí. Deixe-me que irei só. Ajudem os outros, eu sou um Escoteiro e o Escoteiro caminha com suas próprias pernas”!


Boa noite meus amigos e minhas amigas. Durmam bem. Que tudo de bom aconteçam em suas vidas.   

domingo, 23 de junho de 2013

Jogando conversa fora.

Lembranças da meia noite.
 Jogando conversa fora.



Desculpem. Passei o dia fora. Junto aos meus filhos. Não todos só alguns. Um dia gostoso. Frio. Muito frio, mas quente pela proximidade de estar com eles e meus netos. Nem sempre faço isto. Uma parafernália de equipamentos e remédios sempre me acompanham. Não dá para me livrar deles. A rotina que tenho em casa muda. Mas lá estávamos a falar de tudo menos de escotismo. Por quê? Sem novidades. Eles os quatro participaram do movimento. A filha foi Escoteira da Pátria. Um filho foi lis de ouro. Os outros não chegaram tanto, mas foram primeiras classes e eficiência II. Cordões? Vários. Correia de Mateiro? Duas. E Porque não continuaram? Boa pergunta. Acho que a culpa foi minha. Nunca fui de tomar decisões por eles. Sempre deixem que eles sim tomassem as decisões. Você quer? Tem meu apoio. Não quer? Também tem.

As escolhas sempre foram deles. Claro escolhas que levassem ao caminho do bem. Até hoje sou assim. Não discuto politica. Não indico candidatos. Se me perguntam digo em quem vou voltar. Se dizem que a escolha é outra acho certo. Não falamos muito. Os assuntos ficam mais com mãe e filhos. Não cobro nada deles. Tenho orgulho de cada um. O escotismo e os pais deram a cada um o sentido da honra, da ética, do respeito e da cidadania. Trabalham, criam família, meus netos são uma parte feliz em minha vida. Tenho orgulho dos quatro. Hoje eles sempre me ajudam em tudo. Se não fosse por eles não sei o que seria de mim e da Célia. Comi um belo churrasco. Dois dos filhos são churrasqueiros eméritos. Tentei acompanhar com cerveja. Não consegui. Meu querido uísque se foi. Não consigo beber mais. O meu amigo do peito não deixa. É beber e o ar some. Que seja. Ainda bem que bebo muita água. Existe bebida mais gostosa?


Espero que o domingo tenha sido ótimo para todos vocês. O meu foi esplêndido. Que a semana seja cheia de surpresas boas. Que as bênçãos de Deus recaiam sobre todos. Boa noite. Durmam bem.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Saudades de um Fogo de Conselho.

Lembranças da meia noite.
Saudades de um Fogo de Conselho.



“Quem ao crepúsculo já sentiu o cheiro da fumaça de lenha, quem já ouviu o crepitar do lenho ardendo, quem é rápido em entender os ruídos da noite;... deixai-o seguir com os outros, pois os passos dos jovens se volvem aos campos do desejo provado e do encanto reconhecido...”. Kipling.

Já era noite alta e da fogueira restavam apenas algumas brasas, que aqui e ali iam adormecendo. Algumas fagulhas ainda se arriscavam a subir aos ‘céus’, mas lânguidas e serenas perdiam sua força e desapareciam na escuridão. Alguns metros além, podíamos ouvir o piar da coruja no grande carvalho frondoso e que a noite dava arrepios com sua figura fantasmagórica. Bem próximo à lagoa de águas azuis naquela hora da noite,  eram apenas sombras cinzentas e não permitia ver os sapos e rãs que coaxavam seus cantos noturnos...

     Até a melodia doce e suave da bica de água límpidas, trinavam sons repicantes e intermitentes na audição de um velho mateiro. Em volta daquele calor que aumentava a sensação da amizade existente, chefes e pioneiros ainda respiravam o sabor do ar fresco vindo da pequena floresta a sudoeste do acampamento. O “Fogo do Conselho” terminara há algum tempo e a alegria, as canções, o folclore das tropas masculinas e femininas, ainda permaneciam como “fantasmas” amigos que prometiam manter aceso pôr toda a eternidade o espírito que reinou naquela “festa” de moças e rapazes, no seu mais puro e inocente lirismo, de uma tradição de anos e anos naquela terra sagrada de “São Lourenço”.

                Feito este introito, onde eu sei que todos nós do escotismo temos uma história para contar, o fogo do conselho marca. Não existe nada é mais lindo para um Escotista como olhar para os rostos dos jovens. Escuro ainda e a fogueira aos poucos deixando a chama subir aos céus, os olhinhos fixos as fagulhas brilhando e aumentando a luminosidade, eles com aquela ansiedade, a espera do contexto, olhar fixo no fogo, cada um sonha ao seu modo o que vem a seguir. Um sonho de uma vida que só os escoteiros podem ter. A felicidade suprema e a alegria de poder estar ali. De poder cantar, representar, jogar, bater palmas, pular, desafiar em um quebra coco impossível. Serão historias a serem contadas por muitos e muitos anos. E no final a Canção da Despedida. Uma despedida que marca, mas que promete ser breve. Muito breve. Não tem quem não se emociona. Eu perdi a conta de quantas vezes chorei. Lágrimas que eu derramei sobre a terra sagrada desde a mais tenra idade até hoje. Um "Velho" chorão.

               Fogo do Conselho. Esquecer jamais! Lembrar sempre e sempre, pois assim como as estrelas no céu brilhando no escuro da noite ou da lua enluarada eu sei assim como aconteceu centenas de vezes comigo também aconteceu com todos. Não há como esquecer. O Fogo do Conselho vive para sempre em nossos corações. Acho que pode ser ele um dos motivos para muitos estarem até hoje no escotismo.


Boa noite meus amigos, um lindo e maravilhoso sono. Até amanhã!

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Zezé da Maria, um amigo que nunca esqueci.

Lembranças da meia noite.
 Zezé da Maria, um amigo que nunca esqueci.



Muitos o chamavam de Seu Manezinho, mas ele me disse que era Zezé. Da Maria porque era sua mulher. A roça é assim. Tonhão? Da Santinha. Adelaide? Do Zózimo vaqueiro. Apelido mesmo quase nenhum. Lá eles não gostam disto claro salvo um ou outro como o Bastião Cocar. O danado não queria trabalhar e só vivia atrás de pássaros e bichos para comer. Um preguiçoso. Muitas vezes o chamei para uma empreitada e ele dizia – “Bigado” Seu Osvardo. Esta semana num dá. Zezé da Maria não era assim. Um trabalhador. De sol a sol. Idade indefinida. Uma parte da cerca da Larguinha caiu com as chuvas. Mais de mil metros. Ele aceitou consertar. - Seu Zezé, melhor chamar mais um. Não vai ser fácil. Ele me olhou de soslaio, cuspiu um naco de fumo no chão me deu as costas e se foi. Sinal que o ofendi. De manhã lá estava trabalhando. Em cinco dias terminou. Paguei com gosto.

Foram cinco anos que eu fiquei como gerente de uma fazenda. Como aprendi. E meus filhos? Para eles nunca ouve nada igual. A gente podia confiar. Dona Maria me contava muitas coisas de Zezé da Maria. Sempre pitando seu cigarrinho de palha. Lembro quando Sarduá um vaqueiro que admiti e por sinal ninguém queria, bebeu tudo que tinha direito. Avisaram-me que ele estava correndo atrás da mulher do Coluna bêbado que nem uma égua. Em quinze minutos a C-10 me levou até lá. Coluna desmaiado sangrava. Sarduá vermelho gritava que queria a mulher do Coluna. Zezé da Maria estava de braços abertos, dizendo – Se entrar na casa do Coluna te quebro no meio! Desci do carro correndo. – Carma seu Osvardo. Sarduá se passar daqui é um homi morto. Zezé da Maria tinha mais de noventa anos. Ele mesmo não sabia sua idade. Seus braços e pernas todos marcados de mordidas de cobras e escorpião. Ele ria quando contava. Pegava Cascavel com a mão, segurava no rabo e girava sobre a cabeça. A cobra era jogada tonta em um tronco de árvore e quase não conseguia rastejar.

Fiquei lá cinco anos. Ele adorava cuidar do jardim e da horta da Celia. Era bamba para matar um capado. Sabia destrinchar e fazia linguiças que até hoje nunca vi igual. Eu levantava as cinco da matina para ir trabalhar com o gado na Curralama e ele já estava de enxada na mão trabalhando. Precisavam ver o jardim da Célia. E a horta? Cada mamão que nem vou contar. Vão achar que estou chutando. Nunca o vi doente. Nunca nem a Dona Maria. Em qualquer hora do dia lá estava ele com uma enxada na mão. Nunca o vi reclamar, dizer qualquer coisa que pudesse ofender. Simples, honesto, trabalhador costumava ficar sentado na varanda da minha casa, e ali contava histórias e histórias e o tempo custava a passar. Muitas vezes eu e Celia levávamos os filhos dormindo para seus quartos. Todos gostavam dele. Sai da fazenda e ele que nunca vi chorar, pela primeira vez deixou uma lágrima correr quando disse adeus. Nunca mais o vi. Um dia um amigo de Pirapora/MG me escreveu contando as novidades. – Seu Zezé da Maria morreu. Dona Maria também. Os dois foram encontrados abraçados em seu quarto. Quarto? Uma tapera de barro cobrindo bambus.

Hoje não sei por que me lembrei dele. Lembrei-me da fazenda. Tempo bom. Um dos melhores da minha vida. Tantas histórias eu vivi. Melhor é ir dormir. Sono, muito sono.


Boa noite meus amigos. Durmam bem! 

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Até quando?

Lembranças da meia noite.
  Até quando?



Todos os dias quando levanto, abro a janela do meu quarto e a vista me mostra centenas de casas e prédios espalhados em bairros distantes. Algumas vezes uma réstia de sol pela manhã e em outras uma nevoa misturando a paisagem com o barulho dos veículos a maioria movimentando a maior cidade do país com homens e mulheres procurando seu trabalho e seu crescimento individual. Por muitos anos fui um deles hoje não mais. É nesta hora que eu me pergunto e pergunto ao nosso grande Arquiteto quanto tempo eu terei? Ele não vai me responder. Ele sabe quando. Mesmo assim eu agradeço a Ele por mais um dia. E assim os dias vão passando.

Hoje como acontece todas quartas feira, eu e Celia nos reunimos para o Evangelho no Lar. Anos e anos muitas vezes com toda a família e agora só eu e ela. Ficamos sós. Os filhos casados estão vivendo suas vidas rotina dos filhos dos filhos e dos filhos. No final da nossa humilde reunião a dois, li em um pequeno livro em que folheava algum que me chamou a atenção. Já tinha lido antes não era nada novo para mim, mas as frases, as palavras foram um balsamo para me fazer lembrar que pela manhã, ao perguntar até quando, saberia que nestas lindas frases eu teria a resposta que só o Tempo e Ele um dia me darão a resposta.

“Não se deixe abater pela tristeza. Todas as dores terminam. Aguarde que o Tempo, com suas mãos cheias de bálsamo, tragam o alivio. A ação do Tempo é infalível, e nos guia suavemente pelo caminho certo, aliviando nossas dores, assim como a brisa leve e abranda o calor do verão”.
Seja humilde. A vaidade é o pior dos defeitos, porque engana a nos mesmos. Por mais que seja sábio, há sempre alguém mais sábio que você. Por mais forte que seja, haverá alguém mais forte.
- Portanto seja humilde.
- Envaidecer-se de que?
A vaidade nos faz perder o sentido das proporções, e acabamos caindo no ridículo, porque nos enganamos a nós mesmos.


Boa noite meus amigos e minhas amigas. Que o sono seja reparador para todos vocês e que a quinta seja cheia de alegrias e felicidades. Durmam bem! 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Sem nada para dizer.

Lembranças da meia noite.
 Sem nada para dizer.



Risos. Realmente. Deu um branco. Não tenho nada para dizer. Tomei um banho quente pensando o que escrever. Tomei uma ótima sopa quentinha pensando o que escreveria hoje aqui nas minhas lembranças finais. Fui para minha varanda e mesmo com o frio e o vento gelado tentei pensar. Nada. Olhei pela janela e a TV mostrava o povo na rua se manifestando. Falar sobre isto? Não é meu “metiêr”. Nos jornais da noite, aqui no Facebook, na internet de uma maneira geral o tema é um só. Manifestar. Cada um tem sua maneira de participar. Mas repito, não tenho partido apesar de ser simpático aos manifestantes.

Mesmo sem nada para dizer pensei em ir me manifestar na sede nacional da UEB em Curitiba. Será que iriam muitos? Risos. Reivindicar o que? Meus direitos? Seus direitos e os direitos de todos? Consultas às bases? Transparência nos atos realizados? Pesquisas antes de tomadas de decisões? Dizer a eles que somos associados (eu não) e temos direitos? E quantos iriam comigo? Já pensou? Eu lá, esperando todos e ninguém aparece. Que cara de “besta” eu ficaria. E agora? Os chefões na porta dando risadas. Manifestar com faixas e placas não são comigo não. Aqui mesmo quando me manifesto recebo vários comentários defendendo nossa mãe UEB. Engraçado. Hoje falei para um amigo – Sabe amigo, toda a vida da UEB ela foi assim. Poucas mudanças nos Estatutos. Sempre poucos decidindo por tão muitos. Ninguém nunca experimentou uma democracia plena em nosso movimento e nem querem pensar sobre isto. Portanto por sermos muito disciplinados nunca discutimos. Consideramos normal os dirigentes decidirem por nós. Não vale dizer que os estatutos preveem isto. Nem, nem. Tentem. Um ou dois não vale.   

Vixe! Será que estamos a olhar a montanha e nunca poderemos saber o que tem do outro lado, se é bom ou ruim? Nossa! Sem nada para dizer e dizer tanto? Melhor parar. Cada um escolhe seu caminho. Pena que é um caminho traçado por outros e que você nunca vai poder decidir se era o melhor. Mas entrou na roda, participou, gostou, amou e, portanto seguir a trilha sem pista é o melhor a fazer. Nem pense em sair da trilha. Eles sabem aonde chegar ao Caminho para o Sucesso. Chega por hoje. Estou mesmo pensando que não tenho nada para dizer.


Boa noite. Uma semana muito boa. Desejo de coração que você seja feliz. Muito feliz! 

sábado, 15 de junho de 2013

Podemos servir de exemplo?

Lembranças da meia noite.
 Podemos servir de exemplo?


 Cada um tem o direito de pensar e agir conforme suas convicções. É um direito democrático. Estamos passando por uma fase de transição. Nem sei quanto vai durar. Pode ser que em centenas de anos ainda não iremos atingir o consenso de concordância mútua. Se você age de maneira nervosa a cada esquina onde passa com seu carro discute, grita e não tem a calma suficiente para cantar e pensar em flores quem sou eu para criticá-lo. Se você em pleno dia de semana tem tempo para protestar junto a milhares de outros por algum que acredita porque seria eu a discordar? Afinal você tem tempo e eu não tenho. Se você sabe que seu filho vai lá nestes protestos e é preso ou mesmo uma selvageria policial acontece com ele o que posso dizer? Ele é inocente? Bem o meu não estava lá. Eu o eduquei de outra maneira. Ele era um Escoteiro.

Isto até que é compreensível. Uns querendo mais direitos, mais condições de vida e outros aproveitando a boa fé para prejudicar alguém que não prejudicaram você ou todos que estão ao seu lado. Parar uma cidade e alardear que são os tais, prejudicando o cidadão com seu veículo que depois de um dia de luta em seu emprego volta para casa enfrentando pessoas que estão na rua, fechando tudo, batendo no seu capô, chutando, riscando e amassando seu veículo posso ate entender. Mas entender quem precisa de socorro urgente e não consegue chegar a tempo em um hospital por causa de ideologias e/ou fatos que não estão de acordo não sei se posso justificar. Hoje por exemplo. O mundo inteiro ligado na TV para assistir a abertura da copa das Confederações e como se fez em todos os países, A nossa Presidente leva a maior vaia. É certo isto? Exemplo para todos? Se ela é boa ou ruim não importa. Está investida em suprema mandatária e para isto foi eleita pela maioria. 

Pecamos por amar um país e não sabermos respeitá-lo quando se faz a ocasião. Nossos filhos estão aprendendo a vaiar, a defender bandeiras sem saber se são certas ou erradas. Nossos exemplos se perdem, mas não julguemos que tudo vai mal. Não são todos. Uma pequena parcela em ação e outra em casa tomando posições. Um amigo meu que foi visitar o Japão ficou várias horas em uma esquina só para provar que alguns japoneses jogam papel no chão, cospem e falam palavrão. Desistiu cinco horas depois. Ainda bem que no escotismo ensinamos civilidade, amor à pátria, cidadania e a todo o momento lembramos o que é ética e honra. Mesmo assim fico triste quando convidado para um aniversário em casa de um Escoteiro e ao sair fico penalizado com o responsável. O chão cheio de copos e papel. Mesas sujas e uma grande falta de respeito com os demais que ali estão. E cantar os parabéns? Não cantam, inventam, misturam a letra e musica. São escoteiros? Não devem ser. Mas estavam de uniforme. Pobre Brasil. Quanto tempo ainda para ver e sentir que meu direito termina onde começa o seu? – “Eu te amo meu Brasil, eu te amo, ninguém segura à juventude do Brasil”!


Boa noite meus amigos. Um lindo domingo. Sonhem sonhos bons e que a paz permaneça por longos anos com todos.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Eu tenho os meus segredos.

Lembranças da meia noite.
Eu tenho os meus segredos.


E quem não os tem? Ninguém está imune a eles e sabe que não pode contar para ninguém. Eu tenho os meus. Segredos que levarei para o túmulo. Errado? Pode ser, mas não são segredos que prejudiquem ninguém. São aqueles que a gente mergulha na sombra e diz para si mesmo – Porque foi assim? Não deveria ter sido diferente? Um poeta das Arábias escreveu um dia que não devemos revelar ao amigo todos os nossos segredos: - Por quê? Você não sabe se um dia ele se tornará um inimigo. Portanto não causes ao teu inimigo todo o mal que lhe podes fazer. Por quê? Porque ele pode um dia voltar de novo ser teu amigo.

Tem segredo que pesa. Parece chumbo colocado em nossas costas. A gente tem vontade de contar, mas fica pensando – Será que vale a pena? E se o outro não entender? Mesmo que tentemos mostrar nossas razões a duvida fica. Vale a pena contar? Um amigo meu vivia bem com sua família. Uma noite, todos cantando divertidos na sala de sua residência. Era seu aniversário. Um grande bolo estava prestes a ser deglutido. Ele já com alguns copos de vinhos fazendo efeito resolveu contar seus segredos. Chamou todos e disse que nunca mais iria ter segredos com ninguém. Alguns anos depois encontrei com ele maltrapilho, dentes cariados, cabelos grandes e barba sem fazer – O que houve? – Meu amigo, resolvi contar todos os meus segredos para minha família. Veja só no que deu!

Melhor ficar com Voltaire que diz – “Quem revela o segredo dos outros passa por traidor. Quem revela o próprio segredo passa por imbecil”. Acho que concordo com ele. Melhor calar. Sei que não é fácil, mas muitas vezes é o melhor caminho.


Boa noite meus amigos e minhas amigas. Durmam bem e amanhã tenham uma ótima reunião escoteira. Sejam felizes e levem sua felicidade a todos os jovens do seu grupo.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

O tempo não para o tempo.

Lembranças da meia noite.
O tempo não para o tempo.


Já viram como passam os minutos, as horas, dias mês e ano? Que velocidade eim? Não sei se lembram, mas foi outro dia mesmo que comecei aqui, e foi aqui que comecei a conhecer gente que é amigo da gente, e são muitos. Como admiro todos. Quando vejo seus rostos (alguns não colocam) fico a imaginar como são. Não procuro beleza, sorrisos encantadores, falas macias, pois isto nunca eu poderia ver em uma foto. Mas imagino que são irmãos, amigos fraternos, que se dedicam a juventude Escoteira com esmero e com um coração aberto. São voces amigos e amigas que fiz aqui que me motivam. Hoje estou preso em quatro paredes. Quase não posso sair. Vejo o mundo através desta telinha, da TV, dos jornais que recebo dos livros que ainda gosto de ler. Mas a minha maneira sou feliz.

Já se passaram anos. Eram quarenta amigos no primeiro mês. Hoje são milhares. Obrigado. Vocês são responsáveis por boa parte da minha felicidade. Foram vocês que me motivaram a escrever e acreditar que desta forma estou ajudando a fazer um escotismo melhor. Desejo do fundo do coração que sejam mais felizes que eu. Desejo mesmo que a felicidade seja uma constante na vida de cada um e que na trilha percorrida e a percorrer, todos sem exceção encontrem o seu CAMINHO PARA O SUCESSO!

Boas noites durmam bem, sonhem muito, lindos sonhos e que tenham um sábado venturoso. Não esqueça se tiverem reunião amanhã, cumprimentem a todos por mim. Amanhã iremos de novo nos encontrar aqui, assim como será todos os dias que durar a minha existência. 

quarta-feira, 12 de junho de 2013

A minha namorada imortal.

Lembranças da meia noite.
A minha namorada imortal.



Hoje dizem, é o dia dos namorados. Eu tenho uma namorada. Estamos namorando há 53 anos e vivendo juntos há 49 anos. Acredito que em vidas passadas também estivemos juntos. Claro que se os nossos mentores assim o permitirem viveremos juntos para sempre. Tivemos é claro nossos percalços, algumas discussões e alguns senões, mas quando um olhava no fundo dos olhos um do outro sabia perdoar e pedir perdão. Sei que lá no alto vamos continuar juntos, claro se formos merecedores.
A minha namorada imortal, que agora à noite estivemos juntos lendo o Evangelho, fazendo nosso culto das quartas feiras, falamos em amor, perdão, fé e caridade. A você minha namorada este poema. Não são meus, mas são como se fosse:

O sonho
Sonhe com aquilo que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades
que aparecem em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passaram por suas vidas.


Boa noite meus amigos e minhas amigas. Desejo a sua namorada ou ao seu namorado que sejam muito felizes. Sempre me disseram que quando um não quer dois não brigam. É verdade? Meu abraço fraterno.

terça-feira, 11 de junho de 2013

As coisas boas da vida.

Lembranças da meia noite.
 As coisas boas da vida.



As coisas boas da vida a gente não esquece. Quer ver? Vou mostrar, mas sei que você se estivesse aqui ao meu lado teria outras tantas para contar. São coisas boas que todo Escoteiro sabe, pois já passou por isto. E sabem? Esta é a força que o escotismo nos dá. A força de não esquecer. A força de um amor que vai surgindo até estar no sangue, no espírito e no coração.

- Duas horas da tarde, o sol a pino. Montando campo de Patrulha. Uma fome terrível. A fumaça do fogão aparece, a gente dá um breve sorriso. Logo cozinheiro batendo nas panelas – Almoço pronto! Sentamos na nossa mesa, o cozinheiro nos serve. Um belo tutu de feijão com torresmo e ovos estrelados. Puxa!  Um manjar dos deuses. Quer melhor que isto? São coisas boas da vida.

- Jornada noturna a pé. A gente sempre vibrando. Nove da noite, encontro, revisão e partida. Uns doze se muito. Risos, canções nos primeiros quilômetros. Depois um cansar terrível. Olhos piscando. – Jesus! O que vim fazer aqui? – Chefe grita – trinta minutos de descanso. Ah! Pés para cima. Sangue circulando, começo a cochilar. Sem palavras. São coisas boas da vida.

- Reunião de sede. Todos formados. Chefe vai à frente e diz – “Com orgulho quero entregar ao Escoteiro “fulano” autorizada pela UEB do Distintivo de Escoteiro da Pátria” Meu Deus! Sou eu. Maior alegria? São coisas boas da vida.

- Um grande jogo. Um sol a pino. Um calor enorme. Corre daqui, corre dali pega um e outro é pego. Cansado, muito mesmo. Damos uma volta no morro, um enorme castanheiro, uma sombra incrível! Deitar, cochilar, refrescar e o jogo? São coisas boas da vida.

- Acampado. Trovões e relâmpagos uma enorme tempestade. Evitem árvores diz o Chefe. A barraca dança com o vento. Nos meus doze anos eu morro de medo. Os pingos fazem um barulhão na barraca. Meia hora depois o sol aparece. Saímos. Olhamos para o céu limpo. A chuva se foi. Melhor que isto? São coisas boas da vida.

- Tarde livre – Pescaria. Não pesco nada. Lindo remanso com peixes pulando. Fico pensando o por que. Ao meu lado meus amigos sempre fisgando. Que coisa! Minha linha corre. Seguro a vara. Puxo devagar, um piau enorme. Todos correndo para ver. Alegria. São coisas boas da vida.

- Chegar à sede. Todos correndo. Monitor me cumprimenta. Diz que sou importante na Patrulha. Chefe chega. Me dá sempre alerta. Dá um tapinha nas minhas costas e diz – sabe fico contente em ver você aqui sempre. Olha para mim e dá um sorriso. Obrigado ele diz. É ou não é as coisas boa da vida?

- E quantas e quantas coisas boa da vida acontecem a todo o momento? Quantas alegrias surgem assim sem a gente esperar? Ei você leitor! Fique aqui ao meu lado. Conte as suas. Dê um sorriso mesmo se lembrar das ruins. Olhe para mim, sinta nossa sintonia. Somos irmãos Escoteiros só isto não são coisas boas da vida?


Boa noite meus amigos. Durmam bem.      

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Não deixe a esperança morrer.

Lembranças da meia noite.
 Não deixe a esperança morrer.



Ah! Como é difícil seguir os conselhos que damos aos outros. É tão simples resolver quando nos contam seus problemas e os nossos? Quando a tempestade chega muitas vezes ficamos desnorteados, sem equilíbrio e dificilmente pensamos que a bonança sempre vem depois dela. Tenho certeza que todos vocês que me leem passaram por situações difíceis e alguns se safaram sem maiores problemas. Os outros sofreram na pele por dias e dias até que aquele problema se foi. Ele o nosso amigo disse que tudo passa. As dificuldades passarão. As dores iram passar. Fácil de dizer, mas difícil de entender.

Eu tive muitas tempestades em minha vida. Algumas achei que o pior ia acontecer. Tempestades profissionais, tempestades sentimentais, tempestades aventureiras. Foram tantas! Depois que elas se foram pouco me lembrava delas. Ficou aquelas que marcou profundamente a mente e o coração. Uma vez, a muitos e muitos anos atrás resolvi conhecer uma gruta lá para os lados de Lagoa Santa, mas depois confirmei ser em Cordisburgo. Fui só. Fiz centenas de atividades sem companhia. As mais difíceis nunca fui sozinho. Esta achei que seria simples. Sábado cedo partida e domingo à tarde retorno. Final dos anos cinquenta. Mochila nas costas, uma corda de três oitavo de vinte metros, lanche para dois dias e pé no caminho.

Ninguém conhecia a gruta desconhecida. Fui acompanhando um riacho procurando a nascente, quedas d’águas lindas, até que encontrei um jovem pescando e ele me disse que a dois quilômetros acima iria encontrar uma gruta que ninguém conhecia. Meia hora depois a vi. Difícil acesso. Precisava usar minha corda e descer uns dez metros até uma plataforma e depois mais uns dez onde deveria existir uma grande abóboda, pois calculava ser ali o final da gruta. Foi então que minha corda caiu. Achei que alguém tinha feito uma maldade, pois o nó que dei foi perfeito. Bem assim achei. Tinha água e comida para dois dias. Precisava pensar. Pedir socorro impossível. Procurei um canto da gruta para servir de morada. A gruta era feia. Agua pingando em vários lugares. Não tinha mais nada. Pedra lisa.

Não me desesperei no primeiro dia. Fiz uma exploração completa e nada. Repeti no segundo dia. À tarde comecei a ficar preocupado. Estava com dezenove anos e não era marinheiro de primeira viagem. Dormi naquele segundo dia acordando a cada hora. Durante o dia uma pequena claridade iluminava algumas partes da gruta e a noite uma escuridão profunda. No terceiro dia mesmo economizando lanches, pois a água não faltava achei que não tinha mais uma saída. À tarde daquele dia comecei desesperar. Não sabia o que fazer. Alguém gritar lá do alto por mim seria difícil. Ninguém sabia onde estava a não ser o jovem pescador. A noite de terça meu coração batia com força querendo sair do peito.

Próximo a mim vi um pequeno brilho. Lanterna acesa, pois economizava pilha fui até onde achei que brilhava. Em uma pedra vi o que seria a visão mais impossível do mundo. Ali naquele buraco, naquela gruta feia, noite alta iluminei uma linda flor. Amarela, quase do tamanho de uma rosa. Que flor era? Como nasceu ali? Não tinha ramos, folhas nada. Só o broto e ela. Fiquei ali olhando aquela flor e me esqueci do resto. Melhor orar. Orei olhando para a flor. Ouvi um barulho de água. Colhi a flor e fui à procura do barulho. Quatro horas depois achei. Segui o pequeno riacho e sai em uma abertura do outro lado da montanha. Duas da manhã. O céu estrelado. Sentei na grama e deitei. Olhava para o céu e para a flor na minha mão. Rezei muito. Uma paz incrível. A bonança chegou.

Quando o dia amanheceu voltei para minha cidade. Meus pais estavam preocupados. Contei para eles à tempestade que me apanhou e a flor que me salvou. Bem não foi só a flor, tenho certeza que meus amigos lá do alto me ajudaram. Obrigado meu Deus!


Boa noite meus amigos durmam bem.

domingo, 9 de junho de 2013

Fábula: O Leão e o Rato

Lembranças da meia noite.
Fábula: O Leão e o Rato



Certo dia estava um Leão a dormir a sesta quando um ratinho começou a correr por cima dele. O Leão acordou, pôs-lhe a pata em cima, abriu a bocarra e preparou-se para o engolir.

- Perdoa-me! - gritou o ratinho - Perdoa-me desta vez e eu nunca o esquecerei. Quem sabe se um dia não precisarás de mim?

O Leão ficou tão divertido com esta ideia que levantou a pata e o deixou partir.

Dias depois o Leão caiu numa armadilha. Como os caçadores o queriam oferecer vivo ao Rei, amarraram-no a uma árvore e partiram à procura de um meio para o transportarem.

Nisto, apareceu o ratinho. Vendo a triste situação em que o Leão se encontrava, roeu as cordas que o prendiam.

E foi assim que um ratinho pequenino salvou o Rei dos Animais.

Moral da história: Não devemos subestimar os outros.


Boa noite meus amigos. Que o domingo tenha sido ótimo para todos. Durmam com Deus.

sábado, 8 de junho de 2013

O amanhã nunca morre.

Lembranças da meia noite.
 O amanhã nunca morre.



Não digo que os sábados são tristes. Não são. Mas ponham-se em meu lugar. Mais de sessenta anos onde todo sábado preparava meu uniforme, checava meu programa, imaginava cada jogo cada adestramento e via em minha mente via a preocupação de um Monitor, o sorriso de um noviço ao ser apresentado a Tropa, as bandeiras farfalhando ao vento, olhos voltados para o cerimonial, peito arfante e sentimento patriótico e hoje isto não mais existe. Não posso mais. Não tenho nenhuma tristeza por não ir. Mas sempre me lembro de um ou outro fato e quem sabe é isto que deixa meus sábados um pouco tristes.

Quantos e quantos sábados os problemas apareciam, corria daqui, corria dali, resolvia um pedia ajuda de outro Chefe para resolver, um pai choroso, uma mãe com o olhar para o filho que corria num belo jogo mostrando uma alegria que poucos jovens podem ter. Era bom. Era ótimo. Virou rotina para mim. Quantos e quantos sábados! Mil? Dois mil? Com sol? Com chuva? Risos, chuvas? Não, não, chuvas não, meu Deus! Lá vinha o tal do Lampião do Conselho. Improvisar esquetes, canções, jograis e no final contar uma história – Era uma vez, um lobinho e um Escoteiro ambos valentes, aventureiros, saíram para acampar...

Os sábados com saída para o campo – Monitores podemos partir? Nos dê cinco minutos Chefe, temos atrasados. Ah! Os atrasados. Eles estão sempre ali. Mas no ônibus os sorrisos, as canções a vontade da moçada em chegar, sentir o vento, o sol quente, descobrir e preparar sua nova morada, cada um altivo, facão ou machadinha na mão (eles adoravam isto) um bambu aqui, passar a mão no rosto, tirar o suor era bom demais.

Hoje nas tardes quentes ou chuvosas, sentado em minha varanda, eu fico pensando quantos amigos meus estão vivendo todos os sábados o que vivi. E quando retornam as suas moradas eles sabem que outros sábados virão. E os perseverantes sabem que serão milhares e milhares de sábados. Sem saber eles são felizes. Pois só quem tem a honra de estar perto de nossa juventude, fazendo estripulias, correndo, brincando e cantando é que fazem o escotismo que encanta e sempre os encantou em um Grupo Escoteiro. E você meu amigo e minha amiga, pense bem no que o Dalai Lama nos brindou com suas palavras:
“Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver”. E eu aproveito para dizer que tenho orgulho de você, do seu trabalho, de sua perseverança em colaborar e ser mais um de nós neste luta sem trégua e sem fim. Parabéns!


Boa noite meus amigos e minhas amigas. Um ótimo domingo cheio de paz e alegria.