Conversa ao
pé do fogo.
Tem jeito?
Mary esperava que Suzy a sub
monitora apresentasse a patrulha, pois era de sua responsabilidade quando em
formaturas olhar para ver se todas as Escoteiras estavam em posição de alerta
olhando para frente e distantes um braço entre uma e outra. Foi então que
lembrou que Suzy não tinha vindo à reunião. Dois sábados seguidos. Olhou para
trás e viu Anete e Luiza formadas. Elas olharam para Mary e sorriram. Melhor
era apresentar. Fez a meia saudação e apresentou a patrulha a Chefe Martinha.
Mary em silencio pensava o que estava havendo. Não tinha a mínima ideia. Ela
também era nova na tropa, ia fazer um ano e meio no mês que vem. As duas que
estavam presentes uma tinha três meses e a outra cinco. Uma tristeza invadiu
seu pensamento. Desde que assumira a monitoria que perdera mais de seis
meninas. Elas apareciam ficavam quatro ou seis meses e depois não vinham mais.
Já havia meses que Mary
pensava em uma forma para que as meninas não saíssem assim. Ela não entendia e
achava que quem entra no escotismo tem de ter o coração Escoteiro. Isto era
sempre lembrado no grupo. Mas quantas até hoje tinham este coração voltado para
o escotismo? Olhou as duas outras patrulhas. A Maçarico tinha quatro e a Lobo
dois. Somando as meninas presentes não passavam de nove. Ruim até para fazer um
jogo e isto obrigava a um revezamento para que desse certo a competição. Ela
sonhava com a Lis de Ouro, mas cada dia via que ela estava mais longe. Na
última Corte de Honra comentou sobre as saídas das escoteiras. A Chefe Martinha
a culpava por não saber motivar as meninas. Mas como motivar? Ela pensava nisto
e não sabia a solução. Conversou muitas vezes com as monitoras Hildes e a Jô.
Elas também não sabiam o que fazer. No mês passado foi à casa de cada das que
saíram para conversar. A mesma explicação – Não estamos gostando. Lá não tem
nada de interessante!
Sabia que se continuasse
assim o jeito era se unir a Tropa Escoteira que estavam iguais a elas. Eles
estavam com onze frequentando. Nem sabia quantos eram, pois assim como elas
muitos sumiam para nunca mais voltar. Pensar quantos iriam estar presentes
reunião seguinte ninguém tinha ideia. Ela sabia que a Chefe Martinha entrara
para o grupo por causa de sua filha que ainda era lobinha. Fizera muitos cursos
e foi convidada para assumir a tropa no lugar da Chefe Noêmia que se desentendeu com outros
chefes e foi embora. Ela lembrava que há alguns meses atrás houve uma reunião
onde a formatura para o cerimonial de bandeira eles estavam com um bom número.
Foi lindo ver que a ferradura ficou maior. Mas foi só um sábado. Os lobinhos
diziam que um dia a Alcateia teria os vinte e quatro lobos e lobas, mas hoje
não eram mais de que oito. Ela sorria quando adentrava no pátio da sede uma mãe
com uma menina ou um menino. Chefe Marlon atendia bem a todos eles e no sábado
seguinte já eram incorporados ao grupo. Uma rotina que não dava resultado, pois
uma entrava e outra saia.
Ela em um ano e meio só fez
um acampamento e duas pequenas jornadas. O acampamento esperado foi cansativo.
Foram os lobinhos e os Escoteiros juntos. Acamparam em um campinho de futebol
de um clube de campo. Ela se divertiu quando chegou sua vez de passar na Falsa
Baiana, não deixaram elas fazer o comando Crawl e adorou rastejar no barro. O
Fogo de Conselho foi divertido e ela fez questão de montar uma esquete com sua
patrulha. Queriam outros, mas na Corte de Honra a Chefe Martinha disse que um
acampamento era difícil para preparar, havia muitas exigências e os chefes
tinham de tomar cuidado com acidentes. Ela soube que um Escoteiro em um estado
brasileiro perdera a vida e isto complicou muito os acampamentos da tropa.
A reunião deste sábado como
sempre sem graça. Um ou dois jogos já conhecido, a Chefe Martinha sempre a
explicar os jogos para todos juntos, demorava sua explicação e elas no sol
quente esperando o inicio do jogo. Depois iam para a sala e lá ela ensinava
muitas coisas aproveitando o quadro negro. Teve um dia divertido. Fora
distribuído para todas varias cordinhas e ficaram uma boa parte da reunião
fazendo nós. Ela achava ruim quando o Diretor Técnico vinha ensinar alguma
coisa. Elas sentavam na grama isto quando não ficaram na sede sentadas no banco
e ele falava, falava e parecia não terminar nunca. Ela lembrava que quando o
Chefe distrital aparecia sempre fazia um jogo novo com elas e ia embora. Muitas
vezes a Chefe Martinha ia fazer curso e não tinham assistentes. Assim elas se
juntavam aos Escoteiros cujo Chefe achava que elas eram meninos com jogos de
corrida ou de força.
Naquele dia Mary ficou
pensando porque ela ainda não tinha saído do escotismo. Mary desconhecia por
completo como devia ser o sistema de patrulhas, nunca ouviu falar do fazer
fazendo. Não tinha conhecimentos de treinamento delas pelas chefes em separado.
Nunca pensou que as monitoras e subs deviam acampara com a Chefe formando a
patrulha de monitores. O pior que os grupos irmãos que elas de vez em quando encontravam
em alguma atividade distrital reclamavam a mesma coisa. No final da reunião a
Chefe Martinha perguntou se alguém resolver participar do Jamboree. Mary riu.
Nunca poderia ir. Como pagar? Mas a Hildes dissera que iria. Ela tinha menos de
quatro meses de tropa. Ela sabia que na volta seria uma festa de quem tinha
ido. Iriam contar como foi às atividades, as amizades, Escoteiros de muitos
países e para encerrar diriam – Você devia ter ido! Perdeu um grande Jamboree!
Mary ao terminar a reunião
foi para casa. Era perto, apertou naquele dia a mão de cada uma da tropa e deu
um abraço apertado na Chefe Martinha que ficou perplexa com aquilo – Que houve
Mary? Chefe estou despedindo. Para mim não dá mais. Desculpe mas acho que meu
coração não é Escoteiro. Mary chorando e saiu correndo da sede. O Chefe Maílson
perguntou a ela – O que houve com a Mary? Foi embora. Disse que não ia ficar
conosco mais. Você sabe como é qualquer um pode entrar em um Grupo Escoteiro,
mas ser Escoteiro não é para qualquer um!
T E
M J E
I T O?
Nenhum comentário:
Postar um comentário