Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Tem jeito?


Conversa ao pé do fogo.
Tem jeito?

                   Mary esperava que Suzy a sub monitora apresentasse a patrulha, pois era de sua responsabilidade quando em formaturas olhar para ver se todas as Escoteiras estavam em posição de alerta olhando para frente e distantes um braço entre uma e outra. Foi então que lembrou que Suzy não tinha vindo à reunião. Dois sábados seguidos. Olhou para trás e viu Anete e Luiza formadas. Elas olharam para Mary e sorriram. Melhor era apresentar. Fez a meia saudação e apresentou a patrulha a Chefe Martinha. Mary em silencio pensava o que estava havendo. Não tinha a mínima ideia. Ela também era nova na tropa, ia fazer um ano e meio no mês que vem. As duas que estavam presentes uma tinha três meses e a outra cinco. Uma tristeza invadiu seu pensamento. Desde que assumira a monitoria que perdera mais de seis meninas. Elas apareciam ficavam quatro ou seis meses e depois não vinham mais.

                   Já havia meses que Mary pensava em uma forma para que as meninas não saíssem assim. Ela não entendia e achava que quem entra no escotismo tem de ter o coração Escoteiro. Isto era sempre lembrado no grupo. Mas quantas até hoje tinham este coração voltado para o escotismo? Olhou as duas outras patrulhas. A Maçarico tinha quatro e a Lobo dois. Somando as meninas presentes não passavam de nove. Ruim até para fazer um jogo e isto obrigava a um revezamento para que desse certo a competição. Ela sonhava com a Lis de Ouro, mas cada dia via que ela estava mais longe. Na última Corte de Honra comentou sobre as saídas das escoteiras. A Chefe Martinha a culpava por não saber motivar as meninas. Mas como motivar? Ela pensava nisto e não sabia a solução. Conversou muitas vezes com as monitoras Hildes e a Jô. Elas também não sabiam o que fazer. No mês passado foi à casa de cada das que saíram para conversar. A mesma explicação – Não estamos gostando. Lá não tem nada de interessante!

                    Sabia que se continuasse assim o jeito era se unir a Tropa Escoteira que estavam iguais a elas. Eles estavam com onze frequentando. Nem sabia quantos eram, pois assim como elas muitos sumiam para nunca mais voltar. Pensar quantos iriam estar presentes reunião seguinte ninguém tinha ideia. Ela sabia que a Chefe Martinha entrara para o grupo por causa de sua filha que ainda era lobinha. Fizera muitos cursos e foi convidada para assumir a tropa no lugar  da Chefe Noêmia que se desentendeu com outros chefes e foi embora. Ela lembrava que há alguns meses atrás houve uma reunião onde a formatura para o cerimonial de bandeira eles estavam com um bom número. Foi lindo ver que a ferradura ficou maior. Mas foi só um sábado. Os lobinhos diziam que um dia a Alcateia teria os vinte e quatro lobos e lobas, mas hoje não eram mais de que oito. Ela sorria quando adentrava no pátio da sede uma mãe com uma menina ou um menino. Chefe Marlon atendia bem a todos eles e no sábado seguinte já eram incorporados ao grupo. Uma rotina que não dava resultado, pois uma entrava e outra saia.

                    Ela em um ano e meio só fez um acampamento e duas pequenas jornadas. O acampamento esperado foi cansativo. Foram os lobinhos e os Escoteiros juntos. Acamparam em um campinho de futebol de um clube de campo. Ela se divertiu quando chegou sua vez de passar na Falsa Baiana, não deixaram elas fazer o comando Crawl e adorou rastejar no barro. O Fogo de Conselho foi divertido e ela fez questão de montar uma esquete com sua patrulha. Queriam outros, mas na Corte de Honra a Chefe Martinha disse que um acampamento era difícil para preparar, havia muitas exigências e os chefes tinham de tomar cuidado com acidentes. Ela soube que um Escoteiro em um estado brasileiro perdera a vida e isto complicou muito os acampamentos da tropa.

                    A reunião deste sábado como sempre sem graça. Um ou dois jogos já conhecido, a Chefe Martinha sempre a explicar os jogos para todos juntos, demorava sua explicação e elas no sol quente esperando o inicio do jogo. Depois iam para a sala e lá ela ensinava muitas coisas aproveitando o quadro negro. Teve um dia divertido. Fora distribuído para todas varias cordinhas e ficaram uma boa parte da reunião fazendo nós. Ela achava ruim quando o Diretor Técnico vinha ensinar alguma coisa. Elas sentavam na grama isto quando não ficaram na sede sentadas no banco e ele falava, falava e parecia não terminar nunca. Ela lembrava que quando o Chefe distrital aparecia sempre fazia um jogo novo com elas e ia embora. Muitas vezes a Chefe Martinha ia fazer curso e não tinham assistentes. Assim elas se juntavam aos Escoteiros cujo Chefe achava que elas eram meninos com jogos de corrida ou de força.

                    Naquele dia Mary ficou pensando porque ela ainda não tinha saído do escotismo. Mary desconhecia por completo como devia ser o sistema de patrulhas, nunca ouviu falar do fazer fazendo. Não tinha conhecimentos de treinamento delas pelas chefes em separado. Nunca pensou que as monitoras e subs deviam acampara com a Chefe formando a patrulha de monitores. O pior que os grupos irmãos que elas de vez em quando encontravam em alguma atividade distrital reclamavam a mesma coisa. No final da reunião a Chefe Martinha perguntou se alguém resolver participar do Jamboree. Mary riu. Nunca poderia ir. Como pagar? Mas a Hildes dissera que iria. Ela tinha menos de quatro meses de tropa. Ela sabia que na volta seria uma festa de quem tinha ido. Iriam contar como foi às atividades, as amizades, Escoteiros de muitos países e para encerrar diriam – Você devia ter ido! Perdeu um grande Jamboree!

                     Mary ao terminar a reunião foi para casa. Era perto, apertou naquele dia a mão de cada uma da tropa e deu um abraço apertado na Chefe Martinha que ficou perplexa com aquilo – Que houve Mary? Chefe estou despedindo. Para mim não dá mais. Desculpe mas acho que meu coração não é Escoteiro. Mary chorando e saiu correndo da sede. O Chefe Maílson perguntou a ela – O que houve com a Mary? Foi embora. Disse que não ia ficar conosco mais. Você sabe como é qualquer um pode entrar em um Grupo Escoteiro, mas ser Escoteiro não é para qualquer um!


T  E  M      J  E  I  T  O?

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