Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

O tempo e o vento para os Mestres de Campo.


Conversa ao pé do fogo.
O tempo e o vento para os Mestres de Campo.

                            Sempre temos lembranças marcantes das coisas lindas que o escotismo nos ofereceu em um passado distante. Ou quem sabe no presente de hoje. Eu sei que a maioria vai dizer que o fogo de conselho em um acampamento é o ponto marcante ou quem sabe o ápice. Sem sombra de dúvidas este marca mesmo a gente. Mas tem outras, muitas outras que às vezes ficam esquecidas e só o tempo nos traz de volta as lembranças daquelas noites gostosas, vividas em um acampamento qualquer. As patrulhas em seus campos, ouvindo as conversas aqui e ali, o lusco fusco da noite e os lampiões sendo aceso, um sorriso alto uma canção despercebida. A fumaça do fogo a lenha no fogão tropeiro ou suspenso e os cozinheiros preparando seu jantar com toda a patrulha em volta aguardando que o manjar ficasse pronto. A gente de olhos e ouvidos abertos na chefia, sentindo o vento no rosto também com nosso fogo aceso. Girando a manivela devagar, um belo naco de lombo, bonito de se ver e sentindo a carne ir tostando, outros chefes ali ao seu lado, de olhos pregados na carne, sentindo o sabor na mente. A gente via a noite suave chegando, a mostrar os primeiros vagalumes, a gente escuta uma patrulha dar o primeiro grito. Aqueles felizardos seriam os primeiros a jantar. A chefia sorri. E o Monitor correndo? – Sempre Alerta Chefe, Patrulha Gavião com jantar pronto. Aceitar jantar conosco?

                               O som do grito da segunda da terceira e da quarta patrulha e a gente sabia que nem assim o silêncio iria acontecer. A gente não estava com eles, mas imaginava. Sentados em bancos, ou no chão, com os pratos na mão, algumas patrulhas com mesas e bancos e eles não deixavam de matraquear. A noite está firme. O lampião aceso clareando o campo de patrulha e a gente de longe olhando e saboreando aquela noite gostosa. A alegria reinante não tem preço para pagar o que sentimos. E o olhar deles? No prato ou no rosto de um patrulheiro um sorriso e nunca a reclamar. Sem dizer que estava sem sal, sem óleo ou gordura. E a gente em volta do fogo no campo da chefia olhando os chefes que de olhos abertos perguntavam sem dizer – E esta carne, ainda não está boa? – Tome experimente – a gente corta uma tira com a faca mateira para um e outro. O estalar da boca, o sorriso e já era hora do nosso jantar. Bem próximo o barulho das patrulhas aumenta, eles em uma gostosa conversa ao pé do fogo dão risadas, alguns cantam e a gente sabia que o acampamento tinha atingido o ponto esperado.

                        O tempo. Ah! O tempo que um dia aconteceu e a realidade daquele momento ainda permanecem vivos em nossa mente. Um anoitecer delicioso, uma alvorada, um alvorecer, uma noite bem dormida, um jogo bem jogado, uma refeição bem nutrida, quem sabe um peixe bem pescado. Ou um tomate colhido no lago, um mamão achado ao sopé da montanha para uma sopa bem gostosa e a noite alta, o silêncio a dormir com eles esperando o amanhã. São coisas nossas e próprias de nós chefes que vivemos tudo isto. O tempo e o vento! O vento sul, do norte não importa. A soprar nas tardes quentes, um banho no riacho de águas geladas, a escoteirada vibrando, brincando de pic, nic, brincando de palmar na água, ah! O vento!  A alvorada, um passar de mão nos olhos tentando acordar, hora da ginastica, o sol surgindo, uma névoa que se vai. São somente lembranças, do tempo e do vento. Vento que tantas vezes sentíamos no rosto trazendo a fragrância das colinas tão perto, o perfume das flores nos montes, o frescor a substituir o calor de um dia bem vivido. Não dá para esquecer. São coisas nossas, são coisas de escoteiros.


                              Se você meu caro amigo ainda não sentiu o cheiro da terra molhada, não sentiu nas madrugadas o orvalho caindo e molhando sua face, ou então a chegada da brisa fresca antes do nascer do sol, se ainda não viu o sol se por, a cigarra cantando, o canto dos Jaburus, o uivo de um lobo guará, uma bela coruja a piar no galho de um jacarandá, o barulho das águas nas pedras fazendo chuá-chuá! Se você meu caro ainda não viu tudo isto está na hora de botar o pé na estrada. E se por acaso me encontrar na volta eu irei ver o seu sorriso e poderei dizer – Você é um Escoteiro de fato, pois este é o escotismo que sonhamos! 

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