Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Eu adoro a calça curta!

Lembranças da meia noite.
 Eu adoro a calça curta!



              Ei! Nada contra de quem gosta da comprida caqui, amarela, cinza, azul, branca, roxa, verde e agora marrom e azul. Nada contra. Mas eu? Eu adoro mesmo a calça curta caqui. Quando visto meu uniforme caqui me sinto bem. Não sei por que. Sinto-me mais Escoteiro. Antigamente, lá pelos idos de 50, 60, 70 e 80 havia uma norma no POR que dizia – Junto aos jovens e em atividades com eles se usa a o caqui tradicional (estava mesmo escrito tradicional). O cinza deve ser usado em cerimonias especiais, atividades sociais etc. Assim aquela norma vale para mim até hoje. Sei que a jogaram pela janela e ela se foi com o vento sul que sopra forte para nunca mais voltar. Novos tempos. Vento moderno.

               Sei que muitos hoje e até naquela época tinham vergonha da curta. Aqui e ali alguns com a comprida caqui. Bem não era o meu caso. Nunca tive vergonha. Claro hoje vejo fotos de Baden Powell (BP) sempre de calças curtas nunca vi nenhuma foto com ele usando a comprida (estilo inglês podem me dizer) e me orgulho de ter feito o mesmo. Mas já me condenaram aqui por me arraigar nesta fútil ideia de manter uma tradição que não tem valor para eles. Claro. Respeito. Tradições? Bah! Fora tradições. Mas insisto, eu adoro e sempre adorei minha calça curta. Quantas peripécias passei com ela. Mas as alegrias superaram. Chegar a uma cidade, com o grupo, com a tropa ou com a Patrulha o andar ereto em frente, sorrindo e vendo todos nas portas, janelas a admiraram aqueles esbeltos escoteiros (risos eu não era assim tão esbelto) a desfilarem, (Puts! Agora proibiram) bandeiras ao vento! As meninas nos vendo apaixonadas. De onde São? Olhe aquele ali, lindo! Era eu! Risos.

              Claro, sempre provando a mim mesmo que enfrentaria multidões ou o que seja com ela. Um dia fui para a sede. A pé. Tinha a minha bicicleta. Era fácil ir pedalar. Mas como eram somente seis quarteirões porque não desfilar a pé? Fazia isto sempre (hoje se escondem em um automóvel e alguns nem o lenço colocam só na sede. Mas eles podem agora. É moderno). Ao passar em frente à Padaria do Osmar alguém gritou! Que belas pernas! Dez pratas para quem passar a mão! Engrossou! E agora? Dezessete anos, metido a valente, faca de um lado, machadinha pequena de outro. Um verdadeiro pistoleiro do oeste. Mão na cintura gritei! Qual o FDP que se habilita? Quem vai ser o primeiro? Risos. Ninguém. Nunca mais falaram nada.

              A calça curta para nós era sagrada. Nossos chefes sempre usaram. Sempre eles são nossos exemplos. Hoje até dirigentes nacionais se vestem com o tal traje e participam de tudo. Um lenço no pescoço e uma camiseta qualquer. Exemplos? Claro. Quem os vê assim aprenderam e vão ensinar a todos a nova moda. Risos. E ainda me dizem que é barato simples e fácil de fazer. Mas e daí? Aumentou o número de escoteiros por isto? E interessante, só vejo a maioria jovens e escotistas classe media usando. Principalmente em Jamborees, acampamentos nacionais e internacionais onde se paga uma pequena fábula para ir. Os humildes, os sem nada que nunca vão a estas atividades sonham em vestir um uniforme completo. Mas estou falando da calça curta. Desculpem. Saí do rumo. Perdi minha bússola prismática da minha lide “caqueana”. Vamos voltar ao percurso de Gilwell aqui comentado.

             Uma vez acampamos em Baixo Guandu. Um grupo começando. Mais de trintas jovens escoteiros. Esperavam-nos na estação. O trem chegou, olhamos espantados para eles, eles olharam espantados para nós. Eles de calça comprida. Todos. Nós de calça curta. Todos. E aí? Um Monitor me procurou. Por quê? Você curto e eu comprido? Não sei meu amigo não sei. Aprendi assim, nosso grupo é antigo. Sempre manteve as tradições. Fomos para o campo. A noite todos eles estavam de calças curtas. Risos. Arrumaram uma tesoura e picotaram a pobre da calça. Deus me livre!   

            Minha calça curta dos velhos tempos! Adoro você! Estranho até hoje quando vejo alguém de comprido caqui. Cinza até que vá lá. Mas como dizem os filósofos, tudo não passa de um hábito de comportamento e gosto não se discute. Aprendeu assim fará assim. Em breve estaremos todos de marrom e azul. Todos não. Eu nem morto. Eles quem sabe estarão de chinelos ou sem meias, com lenço ou sem lenço, o calçado hoje pouco importa. Cobertura? Será a critério de cada um. Pode ser um chapéu de cowboy vermelho vivo! Seria lindo, tudo colorido como se fosse um belo arco íris e com uma linda pena amarela de papagaio. Cacilda. Lá estou eu de novo a criticar e centenas a defender. Não tenho este direito, sou um "Velho" Escoteiro chato, gagá e aposentado. Mas acreditem, não importa. Quando eu me for São Pedro que me aguente, chegarei lá de calça curta e chapelão. Risos. Se não me deixar entrar mando chamar Baden Powell. Ou melhor, poderei dizer – “Sabe com quem está falando”? Mas eu juro a vocês, se eu vivesse mais cem, duzentos ou trezentos anos eu estaria envergando a minha linda, a minha gostosa, a minha deliciosa, a minha espetacular, a minha grandiosa, a minha imponente, a minha majestosa, a minha divina a minha linda muito linda calça curta!


Boa noite meus amigos e minhas amigas. Uma excelente noite. Durmam bem.

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