Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

terça-feira, 2 de setembro de 2014

O famigerado apito Escoteiro do Chefe Sonho de Valsa.


Conversa ao pé do fogo.
O famigerado apito Escoteiro do Chefe Sonho de Valsa.

              Era um bom Chefe, bom até demais. Tinha um defeito. E quem não os tem? Bem voltemos ao defeito do Chefe Sonho de Valsa. Ops! Seu nome não era este, mas para evitar colocar um nome e alguém se enquadrar melhor é chamá-lo Sonho de Valsa. Vá lá que é um nome doce e eu gosto muito do bombom. Pombas! Estou fugindo da história. Vamos voltar a ela. O Chefe Sonho de Valsa como disse era um ótimo Chefe, mas gostava de apitar. Como apitava! Era apito daqui, apito dali e no final da reunião a Escoteira estava zonza com tanto apito. Ele se orgulhava do seu apito. – Alemão legítimo! Dizia ele. Tenho também um francês, um italiano e um holandês. Sei que uma vez em uma cidade pequena encontrou um apito, ou melhor, um trinado de um Uirapuru. Era lindo. Ele gostou e comprou.

              Quando na primeira reunião usou o apito do trinado do Uirapuru a tropa assustou. – O que era aquilo? Um apito diferente? Será que Deus ouviu nossas preces? E todos riram de alegria. Mas foi só na abertura. Depois a rotina do apitador Escoteiro voltou. Ele fazia questão de pendurar no seu pescoço dois três ou quatro apitos diferentes. E nos acampamentos? Mama mia! Como apitava. A passarinhada sumia dali de tanto apito estridente. Muitos chefes comentaram com ele do apito, mas ele não dava ouvidos. Foi Lomanto que um dia lhe disse: – Chefe, porque não vai ser juiz de futebol? Lá sim você vai se esbaldar. Se possível de jogos de várzea onde os pizãos os empurrões, os chutes e os palavrões são frequentes. E você vai apitar como nunca. Chefe Sonho de Valsa olhou enviesado para Lomanto e nunca mais lhe dirigiu a palavra. Foi então que um fato pitoresco aconteceu. Foi no Acampamento em Lobo Branco. Já havia acampado lá, mas aprendeu uma lição que nunca mais esqueceu.

                 Era umas dez horas quando o caminhão cheio de Escoteiros chegou a Campina do Arroio e para surpresa viram que lá estava acampado uma tropa Escoteira. O Chefe Sonho de Valsa não conhecia. Tudo bem pensou, aqui cabe todo mundo. Procurou o Chefe da outra tropa e se apresentou. Um cara super simpático, mas ele logo notou que não tinha apito. Se não tinha não era um bom Chefe. Dizem que o apito faz o Chefe. Verdade? Conversaram pouco tempo e logo seus apitos se fizeram ouvir. Apito de monitores, apito de intendência, apito de cozinheiros, apito dos sub monitores, apito para formatura e apito para a bandeira. Exigia que por apito a cada tarefa das patrulhas o monitores avisassem que a tarefa tinha terminado. Sua tropa tudo bem ela estava acostumada, mas a outra tropa se assustou. O Chefe Long Jonny resolveu interferir. Educadamente. Viu que o semblante do Chefe Sonho de Valsa franzia. – Bem, pensou que seja, vou abrir o jogo, o apito do Chefe está entornando o caldo!

                 Chefe! O senhor tem uma bela coleção de apitos no pescoço, disse. – Sonho de Valsa riu a toa. Quantos os senhor tem? Eu? Não tenho nenhum. Uma vez comprei um Chifre do Kudu e ainda o tenho, mas quase não uso. – Não usa? E como chama os meninos? Por sinal Chefe, por sinal. E quando necessário por bandeirola. Bandeirola? Como? Perguntou Sonho de Valsa. – Simples, olhe ali naquele pequeno mastro, tenho várias bandeirolas pequenas. Cada uma para solicitação. A azul para monitores, a verde para chamada geral, a marrom para os subs e assim vai. Subo a bandeira e eles vem correndo. – Sei não disse o Chefe Sonho de Valsa, meu apito se ouve longe. – Pode ser disse o Chefe Long Jonny, mas será que os pássaros não se incomodam? Os animais reclamam? E como fazer para estarmos de bem com a natureza com o trinar dos apitos?

                  O Chefe Sonho de Valsa deu como encerrado a conversa. Já pensou? Disse ele para si, bandeirolas para chamar? Melhor chamar com a fumaça de um fogo. E riu baixinho. Naquela noite o Chefe Sonho de Valsa foi dormir sorrindo depois de apitar feito um louco em todo tempo do acampamento. Dormiu e dormiu um sonho que nunca mais queria sonhar como ele sonhou. Estava voando, isto mesmo voando e viu a terra dos pássaros. Uma força o levava para baixo. Milhões de pássaros o esperavam. Um círculo se fez. Um enorme gavião com um apito apitou no ouvido dele e logo em seguida veio o Papagaio, a Coruja, a Águia e assim centenas de pássaros apitaram no seu ouvido sem parar. Ele gritava para parar e não adiantava. Soltaram-no e ele correu pelas nuvens e foi agarrado por um trovão que o levou a terra dos animais da floresta. Mesma coisa. O Quati apitou, a Onça apitou. Os macacos apitaram. Ele gritava e chorava e o soltaram. Acordou suado. Ainda com os apitos no ouvido.

                  Abriu à porta da Barraca, um silêncio gostoso da floresta. Um trinar cantante de pássaros. Ouviu ao longe a cascata de aguas límpidas, ouviu o vento passar. Que gostoso pensou. O Chefe Long Jonny estava certo. O apito não faz parte da natureza. Ele jurou a si mesmo que nunca mais usaria um a não ser para um pedido de socorro ou alguma emergência. E foi então que a tropa do Chefe Sonho de Valsa sentiu a paz no coração. Quando viram que ele não apitava mais, quando só usava as bandeiras ou os sinais com as mãos sentiram que agora sim tinham um Chefe de verdade. E sabem? Aquela tropa enquanto o Chefe Sonho de Valsa estava lá tinha como diz o lobo os olhos e os ouvidos abertos. E assim viveram felizes para sempre.


           “Aproveite o seu momento de descanso e imagine que esta a passear numa floresta, que esta a sentir o cheiro das flores, esta ouvir chilrear dos pássaros e o murmúrio do riacho. É a força e o poder da natureza, a serenidade, o relaxamento. Ao ouvir os sons do mar pode realizar as massagens de relaxamento, meditar, relaxar, descansar e até adormecer”. 

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