Conversa ao pé
do fogo.
As coisas
boas na vida de um Escoteiro.
As coisas boas quando
fazemos escotismo à gente não esquece. Quer ver? Vou mostrar, mas sei que você
se estivesse aqui ao meu lado teria outras tantas para contar. São coisas boas
que todo Escoteiro e Escoteira sabe, pois já passou por isto. E sabem? Esta é a
força que o escotismo nos dá. A força de não esquecer. A força de um amor que
vai surgindo até estar no sangue, no espírito e no coração.
- Duas horas da tarde,
o sol a pino. Montando campo de Patrulha. Uma fome terrível. A fumaça do fogão
aparece, a gente dá um breve sorriso. Logo cozinheiro batendo nas panelas –
Almoço pronto! Sentamos na nossa mesa, o cozinheiro nos serve. Um belo tutu de
feijão com torresmo e ovos estrelados. Puxa!
Um manjar dos deuses. Quer melhor que isto? São coisas boas da vida.
- Jornada noturna a pé.
A gente sempre vibrando. Nove da noite, encontro, revisão e partida. Uns doze
se muito. Risos, canções nos primeiros quilômetros. Depois um cansaço terrível.
Olhos piscando. – Jesus! O que vim fazer aqui? – Chefe grita – trinta minutos
de descanso. Ah! Pés para cima. Sangue circulando, começo a cochilar. Sem
palavras. E bom demais tudo isto.
- Reunião de sede.
Todos formados. Chefe vai à frente e diz – “Com orgulho quero entregar ao
Escoteiro “fulano” autorizada pela UEB do Distintivo de Escoteiro da Pátria”
Meu Deus! Sou eu. Maior alegria? São coisas boas da vida.
- Um grande jogo. Um
sol a pino. Um calor enorme. Corre daqui, corre dali pega um e outro é pego.
Cansado, muito mesmo. Damos uma volta no morro, um enorme castanheiro, uma
sombra incrível! Deitar, cochilar, refrescar e o jogo? São coisas boas da vida.
- Acampado. Trovões e
relâmpagos uma enorme tempestade. Evitem árvores diz o Chefe. A barraca dança
com o vento. Nos meus doze anos eu morro de medo. Os pingos fazem um barulhão
na barraca. Meia hora depois o sol aparece. Saímos. Olhamos para o céu limpo. A
chuva se foi. Melhor que isto? São coisas boas da vida.
- Tarde livre –
Pescaria. Não pesco nada. Lindo remanso com peixes pulando. Fico pensando o por
que. Ao meu lado meus amigos sempre fisgando. Que coisa! Minha linha corre.
Seguro a vara. Puxo devagar, um piau enorme. Todos correndo para ver. Alegria.
São coisas boas da vida.
- Caminhada enorme, pés
doendo, o sol rindo da gente. Chapéu tentando dar sombra, o suor escorrendo, na
curva se avista um regato, águas límpidas, um som imperdível para um Velho mateiro.
Vinte minutos! Diz o Chefe. A gente corre, tira o sapato, as meias, pés na água
gelada. Putz! Vai ser bom demais lá...
- Uma subida enorme, um
pico inalcançável. Longe demais, uma trilha cheia de pedras, a gente escorrega
e não desiste. Subida íngreme. A gente usa as mãos na escada de terra. Aqui e
ali uma picada de um inseto. Então a gente chega, senta em uma pedra enorme. A
vista? Nossa! Espetacular, montanhas, cidades e pequenas estradas parecendo que
a gente está no céu a observar. E nem se lembra mais da subida. Bom demais!
- Montando campo de
patrulha. Uma mesa sendo construída. Medida exata de cada acha de lenha. Mãos
vermelhas mais tarde os calos vão aparecer. Uma amarra quadrada aqui e ali uma
paralela. Os galhos pequenos já cortados para o estrado. Uma costura de
arremate. Um corte pelo sisal. Terminamos. Uns passos para trás, olhar nossa
pioneiria. Linda de morrer. Valeu os calos e o sangue saindo de um dedinho. Bom
demais!
- Chegar à sede. Todos
correndo. Monitor me cumprimenta. Diz que sou importante na Patrulha. Chefe
chega. Me dá sempre alerta. Dá um tapinha nas minhas costas e diz – sabe fico
contente em ver você aqui sempre. Olha para mim e dá um sorriso. Obrigado ele
diz. É ou não é as coisas boa da vida?
- O Fogo de Conselho,
todos brincando, rindo, cantando e alguém distribui um cafezinho, uma bolacha,
minha hora com a patrulha do esquete. Palmas, sentamos novamente e o Chefe nos
convida para a Cadeia da Fraternidade. Mãos entrelaçadas, olhos fitando o
infinito, a canção entra na gente. Dá uma vontade de chorar. Depois termina,
olhamos em volta quantos amigos eu tenho! Bom demais, uma emoção que nunca será
superada.
- O fogo do Conselho
terminou, as brasas vão se apagando. Pequenas fagulhas fujonas ainda se
arriscam a subir aos céus. Uns poucos em volta do fogo. Deitados na grama, uma
leve brisa, o orvalho começa a cair, a gente de olho no céu. Não pisca milhões de
estrelas brilhantes, uma estrada iluminada no céu. Um cometa passa deixando um
rabo brilhante e a gente? A gente logo faz um pedido. Meu Deus! Faça todos
felizes. É bom demais.
- Um olho aberto depois
outro. A voz do Monitor e o apito do Chefe. Hora de levantar. Alvorada! Uma nesga
de sol aparece na porta da barraca. Poucos se arriscam a levantar. Um sono
incrível. Quem sabe a melhor hora para dormir. Mas o dever vem em primeiro
lugar, à física e depois a inspeção. Monitor diz – Senhor obrigado pelo novo
dia. Mãos a obra, um café gostoso um pão meio duro, mas nunca comi melhor. Campo
preparado, inspeção. Bandeira. Olhar fixo e o Chefe a dizer: Patrulha X tirou o
primeiro lugar. Você olha para seus companheiros é putz! É a sua. Vai ser bom
demais assim lá...
- E quantas e quantas
coisas boa da vida acontecem a todo o momento? Quantas alegrias surgem assim
sem a gente esperar? Ei você escoteiro! Fique aqui ao meu lado. Conte as suas.
Dê um sorriso mesmo se lembrar das ruins. Olhe para mim, sinta nossa sintonia.
São coisas que só nós Escoteiros temos afinal se Somos irmãos Escoteiros só isto
não são coisas boas da vida?
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