Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Pioneirias, um sonho Escoteiro?


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Pioneirias, um sonho Escoteiro?

             Não existe maior alegria para um Escoteiro ou uma Escoteira quando ao terminar de fazer uma pioneiria dar uns passos atrás e olhar com carinho sua obra. Um sorriso brota, os olhos brilham e dá uma vontade de tirar foto, filmar e mostrar para todo mundo. – Fui eu quem fez! Fui eu quem fez! Pode alguém aparecer e dizer que está mal feita, podem dizer o que quiser, mas ele ou ela estão ali orgulhosos pela construção que dedicaram horas, calos nas mãos, suor e mosquitos a enlouquecer qualquer um. Nesta hora é que todo o escotismo brota no coração. Bate aquela chama que nos dá orgulho em pertencer ao movimento.

             Todos jovens que entram no escotismo logo ouvem falar nesta palavra mágica. Pioneirias. O que é isto? Perguntam. Construções rusticas feitas com nós e amarras diz o Monitor. E ele fica com aquilo na cabeça. Maluco para acampar e fazer uma. Depois não importa se o vento sul a jogou ao chão, ele vai ter “causos” e muitos para contar. De um simples banco um dia ele vai dizer aos seus netos que construiu uma linda poltrona reclinável e que bastava fechar os olhos e ela balançava ao sabor do vento. Os netos irão ouvir com orgulho e sonhar também em fazer o que seu avô fazia.

             Dizem e contam por aí que pioneiria tem técnica. Já vi artigos, livros, desenhos todos escritos. Eu mesmo publiquei vários. – Técnicas de Pioneiras. Tenho lá minhas dúvidas. Quando as fiz não tinha livros nem desenhos. Eram criadas da imaginação. Um pau ou bambu aqui, outro ali, uma quadrada uma diagonal ou se precisa-se uma paralela com sisal ou cipó e elas iam brotando conforme as necessidades. De vez em quando vejo fotos de algumas, lindas, esplêndidas, algumas obras de carpinteiros/engenheiros e não de jovens escoteiros. Dias e dias para fazer por chefes Escoteiros. Não sei se tem graça. A graça meus amigos é o Escoteiro ou Escoteira fazer. Chefe! Xôô! Se manda. Não fale, não fique ai olhando. Não dê palpites. Deixa-os crescerem! Faz parte do nosso método!

             Para mim vale mais uma pequena amarra dada por um jovem que uma casa em cima de uma árvore que não tem finalidade no adestramento progressivo e que foi feita pelo Chefe/engenheiro/carpinteiro. Ao dar a Amarra de acabamento ou fazer um simples Volta do Fiel é o inicio de tudo. E a Costura de Arremate? Simplesmente maravilhosa! Quando visitava acampamentos escoteiros no passado, ficava orgulhoso em ver no campo de Patrulha, como um simples sisal ou cipó cercava o campo. Ninguém pulava ou entrava por ali. Respeito à casa da patrulha. A entrada era pelo pórtico. Rústico, simples sem aquelas belezas que vemos em fotos ou em grandes acampamentos escoteiros e sempre feitas pelos chefes. – Sempre Alerta Patrulha! Licença para entrar? Todos respeitavam.

              E durante a inspeção de campo pela manhã, ver uma mesa simples, um toldo mesmo que enrugado, bancos para sentar nas refeições, um fogãozinho suspenso, um lenheiro, um porta ferramentas, fossas de líquidos e detritos com tampas, mais ao fundo um WC bem feito ou mal feito, um tripé para o lampião, chapéus, um porta bastão e por aí afora eu me orgulhava. Nunca gostei de chefes que em vez de ajudar prejudicavam a Patrulha. Tudo limpo alguns levavam no bolso palitos, papeis para jogar ao chão e dizer: Não estava tão limpo. É correto? O que dirá a Patrulha? - Chamei a atenção de muitos e até em cursos que dirigi apareciam chefes assim. Vejam bem, eram formadores! Formadores?

              E quando o cerimonial de bandeira terminava, era bom dizer o que tinha achado do campo, e fazer muitos elogios. Entregar a bandeirola de eficiência, cumprimentar o Monitor e toda a Patrulha, era bom demais! Que orgulho! Vê-los sorrindo! Pioneirias! Ah! Como são belas quando feitas por eles. Xôô Chefes! Vocês não. Voces não precisam disto. Treinem seus monitores. Orientem-nos a ter ideias, mas deixe que eles façam, deixe que eles criem e um dia, um belo dia eles dirão: - Chefe vamos fazer um acampamento de dois ou três dias só para grandes pioneirias? Já pensou? Eles dizendo isto e não você?

             Pioneirias! Quem já fez nunca esquece. Mesmo aquelas que o vento malvado jogou ao chão. Mesmo aquelas que umas vacas invadiram o campo e pisaram em tudo. Mesmo aquelas que um dia passamos uma noite sentados nos bancos sobre a proteção do toldo, pois a chuva torrencial encheu de água e barro as barracas. Lembranças. Belas lembranças de pioneirias que brotaram na mente do escoteiro. Trazer água de um córrego próximo usando bambus, fazer uma ponte, Jangada de piteiras, Pórtico de três metros ou mais, estrado para barracas suspensa, escadas de cordas ou cipó, o caminho do Tarzan, um ninho de águia, uma passagem suspensa de bambus ou madeira de lei e até um elevador rústico. Tantas e tantas que começaram com uma simples amarra! Isto meus amigos, isto é escotismo!


              Xô! Chefes! Fiquem longe. Deixe o jovem crescer. Isto é escotismo, pois não dizem por aí que aprende-se a fazer fazendo?

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