Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

domingo, 28 de setembro de 2014

Afinal, mudar ou não mudar? Eis a questão.


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Afinal, mudar ou não mudar? Eis a questão.

Vejamos:
                         No Brasil o Grupo Escoteiro é considerado a célula mater para manter a formação do jovem deste a mais tenra idade até a idade da razão (24 anos) ou mais. Isto até hoje é um fato e nunca foi discutido abertamente se tem vantagens ou não. Aceitamos sem discutir. Chamamos o Grupo de a grande família. O jovem entra e cresce entre amigos aprendendo e fazendo o que o método Escoteiro propõe. Pensando em termos de 4 sessões em funcionamento (Alcateia, Tropa Escoteira, tropa sênior e Clã Pioneiro) tem que existir uma estrutura quase empresarial para o desenvolvimento das necessidades do grupo escoteiro. Uma boa diretoria, um bom corpo técnico de chefia e claro, uma sede própria (sonho de todos) ou não. Área para atividades enfim uma parafernália de necessidades que todos nós sabemos que deve existir afinal foi de lá que surgimos como Escoteiros.

                     Sabemos que nem cinco por cento dos grupos Escoteiros no Brasil alcançam com sucesso estas necessidades. As maiorias dos grupos sofrem com a falta de estrutura, muitas vezes nas mãos de um idealista, que fundou o grupo e permanece a sua frente por toda sua vida. Para ele é sua capitania e ele não abre mão. Certo ou errado dificilmente vinte por cento dos que iniciaram suas atividades como lobos irão até pioneiros. Francamente estes vinte por cento é ainda benevolente.
Temos uma série de dificuldades para crescer. Batemo-nos em muitos temas pensando em crescimento quantitativo e qualitativo e aos poucos cada um vai evoluindo seu aprendizado, mas deixando pelo caminho amigos que resolveram mudar seu rumo de vida assim como muitos jovens que preferem não continuar.

                    Pensando em termos de países que tem uma estrutura diferente, já com um efetivo consolidado por anos e anos sabemos que muitos deles não utilizam a estrutura de um Grupo Escoteiro. Seria então uma razão para pensar se estamos no caminho certo com esta célula que dizem ser a mais importante no escotismo nacional? Nossos resultados até hoje dizem que não somos vencedores. Pensar em termos de BSA onde se forma tropas ou sessões independentes, vemos que eles são bem considerados pela sociedade americana. Seria exemplo para nós? Poderia servir para nós o seu sistema?  Vale a pena pensar no assunto? Ou é melhor esquecer e dizer: - O Grupo Escoteiro tem sua razão de ser e nada pode ser mudado.

                    Mas convenhamos, o tema é discutível? Temos como exemplo outros temas interessantes, mas por nos acostumarmos a ele, nos fechamos como uma ostra. A própria UEB merecia uma longa discussão se sua estrutura é a melhor ou não. Entramos no escotismo, vivenciamos e aprendemos a gostar de tudo. Nunca discordar. Sempre tem aqueles que dizem que a prioridade é o jovem. Eles os novos sem perceber acreditam que nossa estrutura é badeniana. Tudo que temos aqui é fruto do que BP nos deixou. Claro que os entendidos, os dirigentes, os politicamente corretos sabem que não é assim. E assim vamos levando sem nunca entrarmos nesta seara. Seria imutável? Sempre me lembro de que apesar de todos dizerem que o Grupo Escoteiro é a razão de ser do escotismo, sabemos que ele não tem voz e voto nas diretrizes organizacionais.  Claro que tem aqueles que dizem o contrário. Mas quem se arrisca a dizer que não?

                  Pegue um voluntário. O coloque a frente de alguma sessão Escoteira. Pronto. Se ele for mordido pelo bichinho Escoteiro não terá mais tempo nas suas atividades familiares e sociais quiçá a profissional. Outro dia recebi um relato de um ex Chefe que exemplificou bem o tema. Estava saindo, pois a pressão era grande e a estrutura de um Grupo Escoteiro não o fazia sentir que participava de uma grande família. Achava ele que para ser um líder Escoteiro a entrega pessoal é tão grande que se esquece da vida familiar e social. Lembremos que tem muitos cuja família não participa e até cobra sua participação. Quem sabe em uma unidade ou sessão autônoma ele teria mais tempo? Sem as programações hoje de grupo distrito e região? Bem para ter certeza precisamos saber como os outros países fazem. Aqui o lema é ou você é um Escoteiro obediente e disciplinado, ou então desista. Escoteiro para muitos é aquele que está presente, sempre dando seu Sempre Alerta, firme junto aos demais não importa se chove ou não. Não seria isto motivo de desistência por parte de centenas ou milhares que desistem do escotismo não importando a idade?

                  Teríamos nós a coragem de repensar o que fazemos? Será que algum dia poderíamos idealizar um escotismo perfeito? Se nos países de primeiro mundo a estrutura de um Grupo Escoteiro como o nosso não existe, porque não discutir o sucesso deles, afinal tem muito maior número de membros Escoteiros não só em qualidade como em quantidade. Qualquer um bem informado sabe que nestes países mais avançados o escotismo é visto como um importante meio auxiliar na educação de um jovem para a vida. E nos enquanto isto pecamos por falta de uma boa divulgação e ficamos na rotina de dizer a A ou B que não vendemos biscoito e nem ajudamos a velhinha a atravessar a rua. É pena que até hoje tenhamos medo de discutir o obvio, ou melhor, discutir se nosso caminho para o sucesso é o mais correto.


                   Vale a pena pensar a respeito?

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