Hora de dormir, amanhã é outro dia para viver...
Um Chefe chamado Sauro José Bartolomei.
Nunca
fomos íntimos. Eu morava em Belo Horizonte Minas Gerais quando o conheci pela
primeira vez. Ele era Chefe do grupo Escoteiro Nove de Julho em São Paulo capital.
Tive o primeiro contato com ele em um curso da Insígnia de Madeira lá pela década
de sessenta e ele um DCIM nunca negou colaborar. Disseram-me que não media
esforços e não cobrava nada nas suas viagens por este Brasil. Fazia questão de
pagar do seu próprio bolso. Mas e dai? Porque estou citando este Chefe que já
mora em uma estrela distante e junto de BP devem fazer belos acampamentos? Quem
sabe é porque eu tive a honra de conhecer chefes escoteiros que até hoje faço
questão de tirar o chapéu quando me lembro deles. Quanto aprendi nesta escola maravilhosa
que eles traziam para nós do mundo Escoteiro. Com eles eu aprendi o verdadeiro
escotismo entre os lideres de então. Eram alegres, amigos, sinceros e com uma
fraternidade sem igual. Uma época de cavalheirismo, de lealdade, de sinceridade
de um sorriso honesto, de um linguajar amigo sem pretensões de ser o chefão,
sem palavras ásperas e sempre com um sorriso nos lábios.
Neste
curso uma noite (foram oito dias direto de curso) ficamos eu ele, o Chefe Floriano,
o Chefe Darcy Malta o Hélio Profissional da UEB conversando por horas. Claro
após o toque de silencio por parte dos chefes alunos. Ouvir “causos” do Chefe Sauro
era maravilhoso. E ali naquela mesa rústica feita de bambus pelos próprios
chefes, sob a luz de um pequeno lampião a gás, com o orvalho caindo, pequenos
grilos dançantes a nos espiar eu sinceramente nunca mais esqueci. Demorou anos
até nos vermos novamente. Passaram-se quase doze anos. Recém chegado a São Paulo
e após entregar meu curriculum a Região esperava ser convidado a colaborar nos
cursos escoteiros. Afinal São Paulo sempre foi à locomotiva do escotismo
brasileiro. E eu ainda um pata tenra de três tacos queria aprender mais.
Passou-se meses sem nenhum convite. Nem mesmo para as reuniões da equipe
regional. Foi ele quem soube que estava na cidade que me telefonou – Chefe Osvaldo,
teremos no Nove de Julho um encontro de adestradores da Região de São Paulo.
Faço questão de sua presença.
Lembrei-me dele
na hora. Cheguei no horário programado depois de ficar duas horas perdido em
ruas desconhecidas onde estava seu Grupo Escoteiro. Lembrar-me dos olhares dos
bambas do adestramento regional na época é melhor esquecer. Não era bem vindo.
Mas ele efusivamente levantou caminhou em minha direção e me abraçou com amor.
Ele era assim, não guardava magoas, não tinha pretensões de ser o melhor, só
tinha carinho e uma palavra elogiosa para dar. Dizem que era autoritário em sua
empresa. Levava tudo a sério, mas eu tenho dele as melhores lembranças. Aprendi
com ele a ser amigo, sem ser prepotente, sem querer ser o melhor ou um chefão.
Não me lembro de quando ele partiu para as estrelas, nosso contato foi
diminuindo com o passar dos anos. Tive a honra de conhecer grandes chefes,
enormes corações cheios de amor para dar. Chefes que me deixaram saudades. Isto
me trouxe muitos exemplos que procuro ter em meu estilo de vida até hoje. Ao me
lembrar dele, nesta tarde fria e chuvosa de quarta, eu tiro meu chapéu e o saúdo
com o grito de guerra da União dos escoteiros do Brasil:
Arrê! Arrê! Arré (três vezes)
Pró Brasil? – Maracatu!
Boa noite amigos e amigas, lembrem-se que somos todos irmãos, nenhum
de nós é mais que o outro, o que eu sei mais que vocês tenho certeza que no seu
habitat tem muitas coisas que sabem e eu não sei nada! Durmam com Deus!
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