Conversa ao
pé do fogo.
Conselhos de
um Velho Chefe Escoteiro. Parte II.
Outro dia publiquei aqui, alguns
conselhos que julgava úteis para os novos chefes que ainda não conheciam bem o
caminho do sucesso conduzir com êxito sua sessão Escoteira. Não sei se valeram,
pois uma experiência que deu certo não pode ser guardada há sete chaves. Aqui
estou publicando a Parte II. Quem sabe vira a III a IV e a V. Foram anos
atuando em tropas e porque não passar meus parcos conhecimentos aos meus amigos
e irmãos chefes Escoteiros?
- Uma sessão Escoteira permanece em reunião por
um tempo mínimo de duas horas e um máximo de três horas e meia. Isto uma vez
por semana. Muito pouco. Portanto não temos o direito de perder tempo. É
importante que se observe a pontualidade Escoteira não só no programa, mas em
tudo que diz respeito à tropa ou Alcateia. Pontualidade é um dever até dos reis. E você
também é responsável.
- É comum se perder
tempo demais no cerimonial de abertura e encerramento. Às vezes todos os
membros do grupo estão lá, cada um fala um pouquinho, uma explicação quase se transforma
em um discurso. Já dizia o meu Chefe que os primeiros cinco minutos os jovens
absorvem, dez minutos querem dormir, quinze minutos prometem a si mesmo não
voltar mais.
- Promessas são de
interesse dos membros da sessão. Promessas onde todos estão presentes desmotivam
os que não participam da sessão dos promessados. Cada tropa ou Alcateia deve
ter seu tempo para fazer as promessas e distintivos que interessam só a eles em
reuniões onde só a sessão estará presente. Somente em casos especiais como Lis
de Ouro, Escoteiro da Pátria, cordões e condecorações devem estar presentes
todas as sessões do grupo.
- Quem for convidado
para hastear ou arriar a bandeira já deve ter sido instruído antes. Chefes que
ficam a li ensinando, explicando e repetindo tomam o tempo deles e dos outros
que estão assistindo. Bandeira é coisa seria. Toda sessão deve estar preparada
para agir quando chamados. Os monitores são os responsáveis para adestrarem
seus Escoteiros.
- Assistentes não estão
ali para assistirem. Se não fizerem parte do programa no seu todo claro que irão
desistir em pouco tempo. Devem aprender sim, mas deve ter a liberdade de ação
em atividades que para eles foram designadas ou escolhidas.
- Aconselho sempre aos
chefes que tenham um canto na área de reunião para ser o Canto da Patrulha.
Eles mesmos devem fazer seus tamboretes, mini bancos e que ao terminar a
reunião são guardados na sede. Nos cantos eles têm liberdade para conversar,
treinar, adestrar e discutir temas de interesse da patrulha. Em qualquer
ocasião de tempo livre (onde o Chefe deixa que os monitores dirijam suas
patrulhas) elas estarão em seus cantos de patrulhas.
- O Chefe como bom
observador deve verificar de longe como está agindo o Monitor. Se ele está
sendo amigo de todos, se está orientando ou se fica de olho no Chefe aguardando
uma chamada. Tudo isto deve ser muito bem conversado e discutido em Corte de
Honra. O Chefe que não tem atividades com seus monitores, tais como excursões
ao ar livre, acampamentos ou outro tipo de reunião, nunca terão monitores
motivados e ou adestrados suficientemente para dirigirem suas patrulhas.
- É importante que os
gritos de chamada, apitos e outros sejam esporádicos. Sinais manuais existem
para isto e todos devem conhecer cada um. Uma patrulha quando forma não espera
o grito do Monitor. Ele em forma faz o sinal de atenção (sem olhar para trás) o
de descansar e o firme ou alerta. Aguarda o Sub Monitor que é o ultimo dizer a
ele: - Monitor patrulha pronta. Só então ele apresenta ao Chefe.
- Nenhum patrulheiro
gosta de ser o intendente, lenhador, aguadeiro, almoxarife, cozinheiro,
instrutor, ou mesmo um escriba se não for bem motivado. Não se determina.
Tenta-se chegar a um consenso de escolha pessoal. Na última hipótese que seja
por sorteio. Nas reuniões o Chefe deve ter um sistema para chamar cada um
destes encargos e conversar com eles sobre algum tema do interesse da patrulha.
Dois três minutos já é uma boa motivação.
- Eu conheci chefes que
tinham bandeirolas pequenas de cada cor para identificar cada um dos patrulheiros
e suas funções. Por exemplo: - Azul, chamando o cozinheiro, verde chamando o
intendente e assim por diante. Pode ser amarrada em um bastão ou quem sabe
utilizar o mastro que quase não se utiliza na sede.
- Jogos onde só tem um
vencedor não motivam. Os que erraram ou saíram do jogo não tem o que fazer.
Ficam parados assistindo e muitas vezes aproveitam para fazer outras atividades
que não são próprias de Escoteiros. Isto serve para Falsas Baianas, Comando
Crow e Cabeça de Minhoca que um faz e os demais ficam assistindo. Fogos de Conselho
onde só um representa não é certo. A patrulha é quem deve estar a frente de
tudo. Os jogos devem na medida do possivel devem ter toda a patrulha
disputando. Ou ganha uma ou outra. Esse tal de sou o melhor não pega bem para Escoteiros.
- Existe uma grande
preocupação com jogos por parte dos chefes. Porque não experimentar e deixar
por conta dos monitores a maioria? Cada patrulha fica encarregada por um ou
dois cada reunião. Assista, veja as vantagens e desvantagens. Mas não esqueça,
sempre reúna a tropa por um tempo mínimo de dez minutos sentados em círculos
deixando a discussão livre. Só assista e tire suas conclusões.
- Cá entre nós, umas
duas ou três reuniões de sede são o bastante. Acima disto pode saber que muitos
irão desistir e ou não aparecer mais. Não é tão difícil sair da sede, seja de ônibus,
de trem e passar um gostoso dia em local afastado. Porque não treinar o Passo Escoteiro?
Porque não treinar o Passo Duplo? Porque não fazer um belo reconhecimento de pássaros
e insetos? “Afinal siga as palavras de Kipling: - Deixai-o seguir com os
outros, pois os passos dos jovens se volvem aos campos do desejo provado e do
encanto reconhecido”.
- E,
por favor, escolha uma boa estrada carroçável e quase sem movimento nas suas
andanças para o campo. Esqueça a fila, danada de fila que já existem todos os
dias na escola. É gostoso demais ter liberdade para andar nos campos, junto a
amigos, conversando trocando ideias e aprendendo com a natureza. Deixe um na
frente que não pode ser ultrapassado e outro atrás que ninguém pode ser
ultrapassado por ele.
- O bom
Chefe observa, olha, aprende e vive os sonhos que eles estão vivendo sem
interferir. Não grite, não apite demais. Vá viver na natureza e aprenda com
ela. Seu silencio vai lhe ensinar muita coisa. Quem disse que a fé move montanhas;
pequenas ações movem o mundo e pequenos sentimentos movem o universo?
-"O
amanhã é nosso. Somos do mesmo sangue, tu e eu... Boa caçada”!
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