Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

quinta-feira, 6 de março de 2014

Uma ponte longe demais.


Lembranças da meia noite.
Uma ponte longe demais.

    Era uma vez... Uma ponte, simples de madeira com dois vãos, pequena, mas que acalentava os caminheiros que por ali passavam. Dizem que era longe demais, que não ligava a lugar nenhum. Pode até ser. Não era uma ponte qualquer, pois para mim ela tinha vida, ela tinha alma. Cansado de uma longa jornada eu sentei naquela ponte muitas vezes. Gostava de ficar ali, olhando um rio que passava sobre meus pés. Meus olhos acostumaram com aquelas ondas que brincavam de zig zag nas corredeiras que iam para o mar. Nem via o tempo passar, hipnotizado não queria voltar ao meu percurso. A ponte agora me dava vida, queria que eu e ela fossemos um só. Os incrédulos diziam que ela não ia dar a lugar nenhum. Eu sorria quando diziam isto. Uma doce mentira de caminheiros que não viram o brilho daquela ponte. Ela me levava ao Campo da Felicidade.

  Quando surgia a primavera eu corria para chamar meus amigos Escoteiros e eles sorriam como eu quando dizia que íamos acampar no Campo da Felicidade. Todos sabiam que íamos atravessar a ponte, que todos diziam ser longe demais... E diziam que ela não levava a lugar nenhum... Era longe sim, a ponte era longe demais e isto nos fazia voltar sempre... Ver a ponte de madeira rústica, olhar o rio com suas águas brilhantes a correrem para o mar... Na várzea das Borboletas azuis, em uma pequena trilha cheia de flores silvestres, avistávamos a ponte. A ponte que diziam ser longe demais... A ponte que não levava a lugar nenhum... Mas no levava ao Campo da Felicidade.

       Um dia, um dia que nunca esquecerei, um dia que ficou marcado em meu coração para sempre, a ponte não estava lá... A ponte que nos levava ao Campo da Felicidade tinha partido... A ponte longe demais agora não mais existia. A ponte que não levava a lugar nenhum agora era uma réstia de uma lembrança de um passado que se foi... Ficamos ali, cabisbaixos, deixando o sol nos queimar, nossas mochilas às costas pesando e nossa preocupação era uma só. A ponte longe demais partiu sem dizer adeus... Não era um empecilho para atravessar o rio, o rio que serpenteava suas águas e corria para o mar. A ponte que diziam não ligar a lugar nenhum agora era uma sombra, um arremedo de sonhos, uma alegoria de um carnaval que passou.

   Nunca mais voltamos ao Campo da Felicidade. Ele e ela, a ponte longe demais se completavam. Um não tinha serventia sem o outro. Algumas vezes volto meu pensamento no tempo que já se foi. Lembro daquela ponte, uma ponte longe demais... Uma ponte que não ligava a lugar nenhum, mas sem ela nunca poderíamos acampar no Campo da Felicidade. Não choro lágrimas doídas, não verto águas que os olhos deixam cair... Meu coração bate forte quando em minha mente eu vejo a ponte, a ponte longe demais... A ponte que diziam não levar a lugar nenhum. Vejo-me sentado, olhando o rio que serpentava naqueles campos que seguia seu rumo para o mar. Sei que não terei mais aquela visão que me marcou profundamente. Mas enquanto ela existiu me trouxe a beleza da vida, o sonho da natureza, me ligou de um ponto ao outro mesmo dizendo que ela era longe demais... Que não ligava a lugar nenhum!

A Ponte e a Cerca...

Na vida... Podemos escolher entre ser ponte... Que une uma margem à outra de um rio. Ou ser uma cerca... Que separa um território de outro. Se compararmos... Podemos perceber que se formos ponte... Iremos unir todas as coisas... Que por algum motivo nesta vida... Vivem separados.

Se formos cerca... Estaremos dividindo... Marcando espaço... Quando poderíamos formar elos... Entre mundos em duelos.

Como ponte... Podemos aumentar amizades... Fazer elos entre comunidades... Amar com mais intensidade... Juntar forças entre dois extremos em inimizades.

Como cerca... Aumentamos divisões... Isolamentos... Deixamos a vida mais solitária...
Esquecemos de ser humanitários... Quando poderíamos nos unir a quem necessita...
De alguém mais solidário.

Sejamos ponte na comunidade... Ponte em nossa família...
Ponte da fraternidade... Semeando amor em grande quantia.

Sejamos PONTE... Derrubemos CERCAS...
Seremos de companheirismo uma fonte...
Para que muita alma não se perca.
Marilene Mees Pretti.


Boa noite meus amigos e minhas amigas, que uma ponte possa me ligar ao coração de todos vocês! Uma ponte que não seja longe demais! 

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