Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

sábado, 8 de março de 2014

Um lindo alvorecer na morada da Terra do Sol.


Venha comigo conhecer...
Um lindo alvorecer na morada da Terra do Sol.

               Tinha voltado da minha incrível caminhada de quinhentos metros, cansado, respiração ofegante e estava fazendo o meu breakfast quando bateram palmas na porta de minha morada. Domingo é sempre assim. Religiosos nos chamando para dizer se queremos ouvir a palavra do Senhor. Porque não? Gosto de vê-los lendo os mandamentos de Deus. Quando acontece descanso em uma cadeira, pois ficar em pé é difícil e ouço com amor, e olhem, nunca digo que sou espiritualista. Eles não gostam. Afinal ouvir é bom e não prejudica ninguém. Mas naquele dia não eram eles. Cheguei à porta da sala e vi no portão uma figura imponente que até me assustei. Cabelos brancos compridos até o ombro, barba branca bem penteada e uns olhos azuis que chamuscavam quem olhava diretamente para ele. Vestia um paletó branco, comprido que ia até o joelho. Uma camisa azul brilhante com um pequeno lenço verde amarrado no pescoço. Usava uma calça de gabardine verde e calçava uma sandália de couro sem meias. Trazia nas mãos uma forquilha. Senhor! Que forquilha! Linda, marrom e cinza, e onde o V fazia uma curva acentuada parecia estar cravejadas de pedras preciosas em delicioso arranjo.

               Quem seria? Nesta cidade grande todo cuidado é pouco. Loucos, assaltantes, pedintes, vem às centenas bater em nossa porta. Mas o sorriso do "Velho" era cativante. Cheguei mais perto. Um perfume de flores do campo veio até a mim. O "Velho" sorriu e sem eu esperar me disse – Posso lhe dar um abraço? Fiquei estarrecido! Nunca ninguém bateu em minha porta oferecendo um abraço! Peguei as chaves, abri o portão e ele entrou como se estivesse entrando em um castelo de Reis. Encostou a forquilha encantada na parede e me deu um abraço! Gente! Que abraço. Eu com meus 73 anos me sentia como se fosse um menino sendo abraçado pelo pai. Fiquei sem jeito. – Aceita um café? – Obrigado. Mas não podemos perder tempo. Vou levar você para conhecer o alvorecer na Morada do Sol.

              Assustei-me. Tenho que tomar cuidado, pensei. Pode ser alguém com acesso de loucura – Ele como se estivesse lendo meus pensamentos sorriu e disse – Você precisa vir comigo. Sei que Dona Célia está fazendo a feira e volta logo. Mas estaremos de volta antes. – Pegou-me pela mão e sem fechar o portão saímos voando, ele me segurando, eu assustado! Ele soltou minha mão. Gente! Eu “volitava” sozinho no ar como se já tivesse feito isto há muito tempo. Em segundos estávamos em uma montanha, onde as árvores eram lindas, as folhas de um verde que nunca tinha visto e lá no alto um pico envolto em nuvens que para dizer a verdade, fez meu coração disparar. Lindo! Uma montanha das mais lindas que tinha visto – Como chama? Perguntei. – Você conhece você já esteve aqui. Serra do Sol Nascente. A morada do sol – Me lembrei. Mas não era assim! Eu disse. Ele me olhou e carinhosamente disse - Porque você só viu o que queria ver!

             De novo me pegou pela mão. Em segundos estávamos em uma cachoeira de uma beleza sem par. Linda mesmo. Uma névoa branca como se fosse orvalho caindo se formava em sua queda, o barulho da queda era como se fosse uma orquestra de cordas tocando maravilhosamente “The Lord of The Rings” e eu ali pensava – Devia ser um sonho. Pássaros dançavam balé fazendo acrobacias. – Onde estamos? Perguntei! – Na Cachoeira da Chuva, você já esteve aqui! – Como? Não vi nada disto que vejo agora. - Porque você só viu o que queria ver! De novo lá fomos nós a voar pelo espaço e em segundos chegamos a um vale, todo florido, flores silvestres de todas as cores que nunca tinha visto com um perfume inebriante, e a brisa leve tocando as pétalas e elas dançando ao sabor do vento. – Onde estamos? Perguntei! – No Vale Encantado da Felicidade. Você já esteve aqui. Muitas vezes acampando. – Não lembro, não lembro que fosse assim! – Porque você só viu o que queria ver!

              E lá fomos de novo voando nas nuvens brancas do céu. Descemos e ficamos a sombra de um lindo castanheiro. Era madrugada. O orvalho caia calmamente. Uma brisa fresca tocou-me o rosto. Foi então que assisti o cantar da passarada quando a manhã chega lépida e insistente. Havia beija flores, Tico-Tico, Sabiás, canários amarelos, pardais graciosos, uma multidão de pássaros pulando de galho em galho e com suas gralhas graciosas a cantar para todo o universo naquela bela manhã. Onde estamos? Perguntei – Não reconhece? O castanheiro do quintal da sua casa no passado. – Mas não era assim, eu disse. Ele gentilmente respondeu – Porque você só viu o que queria ver.

             E assim ele me levou a longínquos lugares perdidos neste mundo de Deus e sempre a me dizer – Você já esteve aqui. Por último, fomos até uma nuvem, enorme, milhares e milhares de escoteiros sentados, cantando canções sublimes. – Que lindas canções são estas? – As mesmas que você cantou sempre. Mas muitas vezes gritadas, sem nexo e você não procurou ver a beleza da melodia que elas possuíam, pois você só ouviu o que queria ouvir!

          Voltamos e como se eu fosse um pássaro alado no seu pouso encantador, avistei o meu portão e ele sorridente me disse – Procure ver as coisas como são, procure sentir a beleza das cores, do arco íris, dos lindos sonhos que acontecem com você. Procure ser sincero e diga a si mesmo que a beleza da vida e a felicidade sempre estão ao nosso lado. As cores são belas quando sabemos olhar com amor. Os cantos são belos quando sabemos diferir a letra e a música tocada. Os pássaros são sempre os mesmos, mas saber ver neles a beleza e a singela simpatia que eles têm é uma arte fácil de ser observada. Seus cantares e seus gorjeios nos transmitem amor e felicidade. – Ele me olhou e disse – Posso lhe dar outro abraço? E me apertou em seu corpo e de novo senti que era meu pai me abraçando. Saiu calmamente pela rua, escorando na sua linda forquilha cravejada de brilhantes e ao chegar à esquina, virou-se e deu-me um último adeus. Uma pequena nuvem apareceu e o levou ao céu que agora era de um azul profundo, tão azul que pensei que nunca tinha visto aquela cor como agora.

           Sentei na cadeira de sempre na minha varanda emocionado. A Célia chegou. Sorriu para mim e disse – O que foi? Porque esta sorrindo assim? Sabe mulher, porque sempre vi o que queria ver e agora procuro ver as coisas como devem ser vista. Nunca tinha observado como você é bela, a mais linda mulher que conheci! Fiquei em pé me aproximei e disse – Posso lhe dar um abraço?  


Boa noite meus amigos e amigas. Durmam bem.        

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