Uma Homenagem ao meu
querido amigo Carlos Kohi que partiu hoje para uma longa jornada no céu.
Quando eu me for, por
favor...
Quando eu me for eu tenho um pedido. Um pedido simples de amigo
para amigo. Não digam que fui para o Grande Acampamento. Não digam que fui para
o Acampamento Eterno. Não quero ir e nem ficar lá. Quero ter liberdade de ir e
vir. Quero poder ter a alegria de pegar uma carona em um cometa qualquer e ir
parar em uma nebulosa azul. E quando me cansar irei parar na Constelação
zodiacal de Virgem. Quantas virgens eu encontrarei lá? Dizem que é um grupo de
estrelas fixas, ligadas por linhas imaginarias e formam uma figura pertencente
ao campo da imaginação, e como sou um sonhador tenho que passar por lá. Dizem
que ela sempre foi marcada por histórias míticas. Uma das primeiras a receber
uma denominação e representada pela imagem de uma donzela. Dizem que foi Têmis,
uma divindade da justiça insatisfeita com o procedimento da humanidade e ela
retorna aos céus. Portanto meus amigos irei encontrá-la e trocar ideias mil.
Assim por favor, esqueçam este tal de Grande Acampamento. Só
porque dizem estar lá o nosso fundador e tantos outros que um dia fizeram o
juramento a Bandeira? Sim, sim eu fiz o juramento também, mas quero passar por
lá de passagem. Será um bivaque. Uma parada sem armar minha barraca. Irei
dormir sob as luzes das estrelas do firmamento. Darei um Sempre Alerta,
cumprimentarei BP e outros tantos amigos meus que estão lá, cantarei uma
canção, posso até fazer um cafezinho brasileiro no meu meião querido que muitos
amigos meus adoravam. (risos). Algumas horas somente e partirei célere como um
foguete para outras plagas. Voltarei ao nosso planeta. Têm lindos locais que
nunca fui. Irei acampar um dia no Monte Kilimanjaro, onde dizem ser a montanha
branca de Masai. Quem sabe um dia também para conhecer o Monte Kenya e de lá
avistar o Chalé do nosso amado BP.
Acampamento Eterno? Caramba! Já pensou ficar para sempre em um
acampamento desses? Sem possibilidade de explorar novas montanhas, novos vales,
picos sem fim, ver e ouvir o vento cantar sua canção de amor preferida? Por
favor, quando eu me for me desejem boa viagem, digam a todos que lá vai o
Chefe, Mochila nas costas, bandeiras ao vento a cantar o Rataplã por este
mundão de Deus, mas nunca para o acampamento Eterno! Sentarei em uma nuvem
branca como a neve e com um violão gostoso, tocarei e cantarei as mais lindas
canções escoteiras que aprendi cantar. Se olharem para o céu irão me ver
sorrindo e cantando até o luar aparecer. “Não há oh gente oh não luar como este
do sertão”. Quando vocês forem acampar me procure ao lado da Coruja Buraqueira
no Alto do Jequitibá, sorrindo junto aos Pica Paus picotando troncos nas mais
altas árvores, montado em uma onça pintada que dominarei como dominei uma vez
um potro selvagem e correndo pelas campinas atrás de flores silvestres e dos
beija flores coloridos.
Posso pedir um favor? Sorriem quando eu me for, pois eu estarei
sorrindo. Não quero que chorem, pois eu não vou chorar. Minha alma estará solta
na natureza que amo. Voarei ao lado de uma Águia-da-cabeça-branca, e sabendo
que ela me ensinará grandes voltas de idas e vindas no céu azul. E se passar um
Gavião do Penacho Amarelo, sorrirei para ele e ao seu lado vamos explorar o
Everest porque lá nunca estive. E se vier depois voando um Falcão Maltês
pedirei para me levar até a Pirâmide Carstensz e se possível uma volta no
Aconcágua e não vou me apertar. Levo comigo meu bornal, meu cantil francês, um
canivete suíço, uma faca alemã, uma mochila brasileira e direi, eu sou
internacional. É gente, vou andar como nunca andei. Vou subir e descer picos em
que sempre estive ou que ainda desconheço. Percorrerei montes e vales e quando
cansar irei cantar a canção do Clã – Em uma montanha bem perto do céu, existe
uma lagoa azul...
Mas calma meus amigos, ainda vai demorar, não é prá já. Temos
tempo e quanto tempo teremos ainda para jogar conversa fora, conversar ao pé do
fogo através da mente, vivermos juntos em volta de uma fogueira dizendo que não
é mais que um até logo. Portanto não esqueçam, um dia irei. Todos nós estamos
na fila. Eu você e todos os seres que habitam a terra. E torno a insistir, não
digam que fui para o Grande Acampamento. Não fui e não vou. Passarei por lá de
passagem é claro. Lá tenho grandes amigos que jamais esqueci. E eles sabem que
sou um Escoteiro andarilho. E sabem que sem uma mochila, sem um cantil e um
farnel em um bornal não sou ninguém. Que o céu me espere. Quando eu me for ele
será pequeno para mim!
Ao Carlos meu amigo que partiu me espere. São tantos que se
foram que a mesa farta no céu tem de ser enorme para caber todos. ADEUS CARLOS.
LEMBRE-SE QUE BREVE MUITO BREVE TORNAREMOS A NOS VER!
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