Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

segunda-feira, 31 de março de 2014

Em algum lugar do passado ou do presente.


Os ponteiros do relógio marcam as doze badaladas da meia noite. Hora de dormir.
Em algum lugar do passado ou do presente.

Um sorriso me alcançou de pronto. Eu vi coisas que nunca poderia imaginar. Pensei estar vivendo em outras eras, mas era verdade. Quanto mais eu via mais eu me orgulhava de ser escoteiro. Minha mente viajava no tempo, um tempo que não sabia qual. Poderia ser em algum lugar do presente ou em algum lugar do passado. E tudo que via era bonito de se ver. Um ônibus, uma fila e dois escoteiros. Deixaram as senhoras e velhos passar na frente. Entraram ser pisar ou empurrar ninguém. Pagaram suas passagens calmamente. Um banco vazio um sentou. Um senhor idoso com um embrulho entrou no ônibus e logo o lugar lhe foi oferecido. Eu me sentia deslumbrado. Agora estava no metrô, um empurra, empurra. Uns querendo sair outros querendo entrar. Um lobinho e um sênior de uniforme sorrindo e dizendo – calma, vamos dar a vez para os que saem e aos mais velhos. E cá pra nós, eu vi um Chefe de Alcateia sendo fechado bruscamente por outro veiculo. Ele encostou, suspirou e disse: - Calma meu amigo, que Deus ilumine seu caminho.

São coisas que marcam. Ver o Chefe ensinando a não jogar papeis na rua, e ali na fila do cinema uma patrulha esperando sua vez para entrar na maior ordem e sabem mais? Eles desligaram o celular. Uma moça carregando varias sacolas e dois lobinhos acorrerem para ajudar. Um menino simplório, mal vestido olhando aquela guia com olhos vidrados no seu Big Mac e ela? Não se fez de rogada. O chamou e o levou até o balcão e pagou para ele o mesmo lanche que comia. Em uma esquina topei com uma patrulha de sêniores e guias. Não estavam em fila indiana. Eles sabiam como proceder em marcha de estrada ou de cidade. Não precisava de chefes a fiscalizá-los. E aquele Chefe e sua namorada? Desciam do carro, carro velho, não era novo, mas ele correndo foi abrir a porta para ela. Ao entrar no restaurante puxou a cadeira para ela sentar. Toda vez que ela levantava para ir a toalete ele levantava também em sinal de respeito. Não houve despesas divididas. Ele convidou. Pediu a conta para si. Era um cavalheiro. Fazia questão de proceder assim. Cavalheirismo! Onde anda você?

E aquela Tropa a dizer? Sim senhor Chefe. Sim senhor moço. Sim senhor Papai. Sim senhora Professora. Melhor foi na escola. A professora entrar e todos de pé em uníssemos dizendo – Bom dia Professora. E enquanto ela não autorizasse não sentavam. Sabiam no recreio usar o banheiro, dar a descarga, limpar a sujeira que outros fizeram. No pátio não jogavam papel no chão. Vi um lobinho pegar um papel de carta que um jovem jogou no chão e dizer – É seu? Quer que jogue na lata de lixo para você? Será para mim um prazer. O bom de tudo isto era o sorriso deles. Palavrão? Não vi ninguém dizer. Os meninos com o maior respeito com as meninas. As mãos limpas, as unhas aparadas. Cabelos penteados e gritar ou falar alto entre si? Nunca! Gostei mesmo do que vi. Isto sim era escotismo. Ninguém sem camisa a mostrar um físico que não tem. Andar sem camisa fora dos locais próprios ou tirar foto assim eles sabiam que não era papel de um cavalheiro principalmente um Escoteiro. A modernidade de apetrechos pelo corpo que não era bem recebida pelos pais nenhum deles fazia ou usava. Todos sabiam ajudar os colegas que não eram Escoteiros a aconselhar dos malefícios das drogas que só destruíam e quem usava não tinha futuro.

Foi um dia significativo. Orgulhei-me de ser um escoteiro. Sorria de orgulho em ver uma juventude sadia, fazendo um escotismo que todos nós podíamos orgulhar. Seria um sonho? Seria em algum lugar do passado ou em algum lugar do presente ou quem sabe do futuro? Não sei. Mas procuro ver isto nos jovens, não importa os de ontem, os de hoje e os de amanhã. Acredito neles. Vale a pena acreditar...


Boa noite meus amigos e minhas amigas. Durmam bem! E putz! Uma bela semana para todos!

sexta-feira, 28 de março de 2014

Quando o tempo nos ensinou a viver.


O ponteiro do relógio se aproxima das doze badaladas da meia noite. Hora de dormir!
Quando o tempo nos ensinou a viver.

                  Nossa vida é uma sucessão de fatos que nos vão transformando à medida que os anos passam. Acredito que isto faz parte de todos nós, pois temos um objetivo aqui neste mundo. Quem sabe adquirir conhecimentos tais que iremos levar para a vida eterna. São escolhas nossas, um livro arbítrio que temos para decidir o certo e o errado. Aprimorar nosso amor ao próximo. Tentar de tudo para fazer o bem. Não é fácil. As pedras no caminho não nos deixam caminhar em linha reta. São as voltas que a vida nos obriga a dar. As escolhas nem sempre são perfeitas. Mas acredito que é desta maneira que vamos crescendo espiritualmente. Nosso amigo Chico um dia nos contou que na vida tudo passa, que a sempre um recomeço. Compete a cada um de nós acreditarmos. Difícil, difícil mesmo dizer que não temos mais ódio no coração. Que o amor substituiu o jogo cego da vida. Mas desistir de amar? Nunca!

                   Se vocês procurarem bem ao redor as noites sempre são preenchidas com o que fazemos durante o dia. E são as noites onde as reminiscências poesias, poemas fazem e vão fazer sempre companhia até as últimas badaladas da meia noite. Queira ou não carrego um orgulho comigo. Sou e sempre fui um escoteiro de coração. Não existe um momento, um segundo que o escotismo não faça parte de mim. A filosofia que ele nos mostra é inteiramente absorvida pelo meu ser. Errei muito em deixar que outros fizessem seu caminho em trilhas que não iam dar em um bom caminho. Varias vezes tropecei em mim mesmo por duvidar de minhas forças contra uma égide de amigos que escolheram outra moeda para sua boa ação.

                   Agora, com a idade avançada acompanhando meus passos, não há como não viver de lembranças. Boas ou ruins estão sempre presente conosco. Ainda bem que as tenho. Hoje a não ser aqui não tenho mais história para contar na beira de uma fogueira. Meus amigos da noite se foram com o luar e com as estrelas que um dia me guiaram.  Só o que escrevi servirá para se ter uma noção de quão belo é escotismo de aventuras, de sonhos de fazer e acreditar. Lembranças são escritas sempre quando as últimas badaladas de um dia que termina e elas formam um amontoado de sonhos reais do passado. Hora de dormir...


Boa noite amigos e amigas. Um sonho gostoso esta noite e uma linda reunião escoteira neste sábado. 

quarta-feira, 26 de março de 2014

Quando eu me for, por favor...



Uma Homenagem ao meu querido amigo Carlos Kohi que partiu hoje para uma longa jornada no céu.

Quando eu me for, por favor...

Quando eu me for eu tenho um pedido. Um pedido simples de amigo para amigo. Não digam que fui para o Grande Acampamento. Não digam que fui para o Acampamento Eterno. Não quero ir e nem ficar lá. Quero ter liberdade de ir e vir. Quero poder ter a alegria de pegar uma carona em um cometa qualquer e ir parar em uma nebulosa azul. E quando me cansar irei parar na Constelação zodiacal de Virgem. Quantas virgens eu encontrarei lá? Dizem que é um grupo de estrelas fixas, ligadas por linhas imaginarias e formam uma figura pertencente ao campo da imaginação, e como sou um sonhador tenho que passar por lá. Dizem que ela sempre foi marcada por histórias míticas. Uma das primeiras a receber uma denominação e representada pela imagem de uma donzela. Dizem que foi Têmis, uma divindade da justiça insatisfeita com o procedimento da humanidade e ela retorna aos céus. Portanto meus amigos irei encontrá-la e trocar ideias mil.

Assim por favor, esqueçam este tal de Grande Acampamento. Só porque dizem estar lá o nosso fundador e tantos outros que um dia fizeram o juramento a Bandeira? Sim, sim eu fiz o juramento também, mas quero passar por lá de passagem. Será um bivaque. Uma parada sem armar minha barraca. Irei dormir sob as luzes das estrelas do firmamento. Darei um Sempre Alerta, cumprimentarei BP e outros tantos amigos meus que estão lá, cantarei uma canção, posso até fazer um cafezinho brasileiro no meu meião querido que muitos amigos meus adoravam. (risos). Algumas horas somente e partirei célere como um foguete para outras plagas. Voltarei ao nosso planeta. Têm lindos locais que nunca fui. Irei acampar um dia no Monte Kilimanjaro, onde dizem ser a montanha branca de Masai. Quem sabe um dia também para conhecer o Monte Kenya e de lá avistar o Chalé do nosso amado BP.

Acampamento Eterno? Caramba! Já pensou ficar para sempre em um acampamento desses? Sem possibilidade de explorar novas montanhas, novos vales, picos sem fim, ver e ouvir o vento cantar sua canção de amor preferida? Por favor, quando eu me for me desejem boa viagem, digam a todos que lá vai o Chefe, Mochila nas costas, bandeiras ao vento a cantar o Rataplã por este mundão de Deus, mas nunca para o acampamento Eterno! Sentarei em uma nuvem branca como a neve e com um violão gostoso, tocarei e cantarei as mais lindas canções escoteiras que aprendi cantar. Se olharem para o céu irão me ver sorrindo e cantando até o luar aparecer. “Não há oh gente oh não luar como este do sertão”. Quando vocês forem acampar me procure ao lado da Coruja Buraqueira no Alto do Jequitibá, sorrindo junto aos Pica Paus picotando troncos nas mais altas árvores, montado em uma onça pintada que dominarei como dominei uma vez um potro selvagem e correndo pelas campinas atrás de flores silvestres e dos beija flores coloridos.

Posso pedir um favor? Sorriem quando eu me for, pois eu estarei sorrindo. Não quero que chorem, pois eu não vou chorar. Minha alma estará solta na natureza que amo. Voarei ao lado de uma Águia-da-cabeça-branca, e sabendo que ela me ensinará grandes voltas de idas e vindas no céu azul. E se passar um Gavião do Penacho Amarelo, sorrirei para ele e ao seu lado vamos explorar o Everest porque lá nunca estive. E se vier depois voando um Falcão Maltês pedirei para me levar até a Pirâmide Carstensz e se possível uma volta no Aconcágua e não vou me apertar. Levo comigo meu bornal, meu cantil francês, um canivete suíço, uma faca alemã, uma mochila brasileira e direi, eu sou internacional. É gente, vou andar como nunca andei. Vou subir e descer picos em que sempre estive ou que ainda desconheço. Percorrerei montes e vales e quando cansar irei cantar a canção do Clã – Em uma montanha bem perto do céu, existe uma lagoa azul...

Mas calma meus amigos, ainda vai demorar, não é prá já. Temos tempo e quanto tempo teremos ainda para jogar conversa fora, conversar ao pé do fogo através da mente, vivermos juntos em volta de uma fogueira dizendo que não é mais que um até logo. Portanto não esqueçam, um dia irei. Todos nós estamos na fila. Eu você e todos os seres que habitam a terra. E torno a insistir, não digam que fui para o Grande Acampamento. Não fui e não vou. Passarei por lá de passagem é claro. Lá tenho grandes amigos que jamais esqueci. E eles sabem que sou um Escoteiro andarilho. E sabem que sem uma mochila, sem um cantil e um farnel em um bornal não sou ninguém. Que o céu me espere. Quando eu me for ele será pequeno para mim!


Ao Carlos meu amigo que partiu me espere. São tantos que se foram que a mesa farta no céu tem de ser enorme para caber todos. ADEUS CARLOS. LEMBRE-SE QUE BREVE MUITO BREVE TORNAREMOS A NOS VER!

domingo, 23 de março de 2014

Saudade não tem idade.


Os ponteiros do relógio se aproxima das badaladas da meia noite. Hora de dormir!
Saudade não tem idade.

...Saudade é amar um passado que ainda não passou,
É recusar um presente que nos machuca, 
É não ver o futuro que nos convida...


                      Muitos dizem que a saudade não tem dono. Ela pertence a todos. Ainda bem. Assim posso sentir minhas saudades sem dever nada a ninguém. E olhe como é bom sentir saudades e lembrar. Isso nos faz crescer ainda mais, mesmo estando com a idade no ponto onde não pensamos no futuro e sempre voltamos ao passado.                       Todos nós que chegamos à idade da razão (dizem assim da terceira idade, não sei) sabemos que o futuro vai ser lindo. Cada um acredita na sua fé. Tem certeza que do outro lado da vida existe outra vida. Admiro os jovens que fazem escotismo. Eles estão construindo um presente para lembrar no futuro que será passado. Quando o tempo passar irão lembrar com saudades de tudo.

                        Quem sabe um dia eles serão como eu? Lembrando das lindas noites de primavera, quando o inverno chegar, as folhas caindo no outono, ver as chuvas do verão e sentir o cheiro da terra molhada. Quem sabe irão escrever que as saudades fazem parte do presente que já é passado. Quem sabe alguns deles serão poetas? Um escritor famoso que irá escrever poemas nunca sonhados, sobejos e cheios de carinho, de honra, de amor, de ufanismo, mostrando a todos que o escotismo é único maravilhoso como foi para mim e também está sendo para eles agora e será sempre presente no futuro que vai ser passado. Saudades, quantas saudades. Mas saibam que isso é bom. Só não sente saudades quem não fez nada. Quem nada produziu. Eu sinto saudades dos amigos, do escotismo corrido, das semanas pensantes, dos acampamentos volantes, sinto saudades de todos, pessoas amigas, irmãs com quem não mais falei ou cruzei...

                      “Mario Quintana e Rubens Alves definem bem a saudade: - O tempo não para”. Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo – A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar...


Boa noite meus amigos e minhas amigas. Hora de esticar as canelas e tentar dormir. Adoro a terceira idade. Durmam bem que a semana seja frutífera para todos! 

quarta-feira, 19 de março de 2014

Era uma vez dois irmãos.


O relógio marca as últimas badaladas da meia noite.
Era uma vez dois irmãos.

Dois jovens mesmo sendo irmãos não se entendiam. Com idade variando de onze e treze, cada um achava que ele devia ser quem teria mais direitos nos brinquedos, escolher o lugar de ficar no carro, no Grupo Escoteiro mesmo de patrulhas diferentes não perdiam tempo sempre a se digladiar nas horas vagas. Quando iam acampar era difícil manter um clima saudável no acampamento. Enfim, sempre discutindo e seu Chefe apesar de tentar tudo estava preocupado. Mesmo conversando com os pais eles não paravam de se provocar. Um dia o chefe deles os chamou. – Vamos passear para ver o trem de ferro entrar na estação. Eles não entenderam, mas como gostavam muito do escotismo lá foram eles.

Quando estavam na plataforma viram o trem de passageiros chegando à estação. Ao mesmo tempo em sentido contrário outro trem de carga a toda velocidade entrando na estação. Estarrecidos viram uma batida iminente. Quase na entrada da área da estação o trem de carga pega um desvio. Passa pelo trem de passageiros sem nada acontecer. Seu chefe olhando para eles disse – Que sirva de lição. Nada é impossível de evitar. Sempre na nossa vida existe um desvio. Ele pode ser a compreensão, o amor, o entendimento.

Os dois jovens aprenderam a lição. Dizem eu não sei que praticamente acabou as brigas e discussões entre eles.  Hoje quarta é dia que eu e Celia fazemos nossa leitura do Evangelho. Juntos sempre. Meu filho mais novo chegou. Participou conosco. Lembrei-me desta pequena história sobre dois irmãos. Quem sabe todos nós deste movimento lindo também não temos irmãos para amar, abraçar e perdoar se for preciso?


Hora de dormir. A todos meu Alerta e meu desejo de que um arco íris acompanhe você amanhã. Boa noite meus amigos e minhas amigas. Durmam bem.  

segunda-feira, 17 de março de 2014

Nunca diga adeus a sua Alcateia. Ela vai viver para sempre em seu coração.


O relógio marca as ultimas badaladas da meia noite.
 Nunca diga adeus a sua Alcateia. Ela vai viver para sempre em seu coração.

Eu não posso dizer adeus. Adeus como? Esquecê-lo para sempre? Nunca farei isto, pois custou tanto nos tornarmos irmãos que dizer adeus agora seria desistir de uma bela amizade. Eu sei que você pensa como eu e sabe que ficamos irmãos de sangue para sempre. Eu e você. Quando você partir eu também serei como Mowgly que chorava por não ter morrido nas garras dos Dholes. Ele se sentiu só, chorava pelos campos, chamava seus amigos e não tinha resposta. Serei assim também ao sentir sua falta? Não pode ser. Eu lhe digo que não tenho a flor vermelha a ferver em meu sangue, mas meus ossos não fraquejam. Escoteiros como nós não dizem adeus. Nunca. Dizemos até logo, dizemos até breve, pois ir para sempre é morrer e ficar sozinho na escuridão. Não quero lembrar que Akelá disse que Mowgly levaria Mowgly para a Alcateia dos homens. Não só ela disse, mas também Baloo, Bagheera.

Isto não é um grande final. Nunca foi é somente uma partida para a cidade dos homens. Ninguém nunca vai esquecer que não é mais que um até logo e que vai perpetuar para sempre em todos que participaram deste círculo de amor. Agora e mais que nunca iremos nos unir para sempre. Nunca iremos perder as esperanças, sempre vamos nos tornar a ver. Não sou o único a dizer isto, pois são todos a querer. Não se emocione já disse, é só um até logo, um breve adeus. Quantas vezes ainda vamos nos tornar a ver? Eu sei que você pensa como eu. Isto é da lei. Quantas vezes Mowgly nas Tocas Frias ouviu que a Jângal nunca iria expulsá-lo? Ele sabia que o homem vai para o homem. Ele sabia. Sentiu-se forte quando os irmãos Gris uivaram furiosamente: - Enquanto vivermos ninguém, mas ninguém mesmo ousará levá-lo. E sabe meu amigo ele não chorou quando Bagheera gritou alto no alto da colina “Rãzinha, lembra que Bagheera te ama”! Boa caçada em seu novo caminho senhor da Jângal! E ele assim como eu e você iremos nos manter fortes. Portanto meu irmão lobo não fique triste. Lobos como nos não choram. E só um até logo e um breve adeus.

             Sabe meu irmão Lobo é melhor pensar que temos Ele lá em cima que nos protege e sempre vai nos abençoar. Vamos sorrir cantar e nos alegrar, pois é certo que um dia certamente vai de novo nos juntar. Firme, faça como eu. Já disse, não é mais que um até logo. Não é mais que um breve adeus. Claro que sei que é triste, sei o que Mowgly passou naqueles dias venturosos da primavera. Você sabe também, sabe que Baloo o chamou e o abraçou, sabe que Kaa disse que é difícil arrancar a pele quando se está só. Sabe quando ele rompeu em soluços com a cabeça junto ao coração do urso cego que tentava lamber-lhes os pés. E sabe também que um dia ele voltou. A cidade dos homens não era como esperava, mas lá era seu lugar. Você também tem sua morada com seus irmãos homens, mas sabe que aqui sempre terá sua caverna para descansar.

            Meu amigo lobo, este não foi o nosso último fogo de conselho, só Deus sabe quantos outros virão. Força no pensamento, estamos com as mãos entrelaçadas ao redor deste calor que sempre nos trará a paz e o amor. Força, vamos formar um lindo círculo onde cantaremos que não é mais que um até logo. E o meu irmão Lobo se foi, quando o fogo de conselho terminou. Era a hora da passagem. Não sei quantas lágrimas derramamos, não contei. Sei que foram muitas e quando o vi virando a curva do Rio da Esperança gritei alto – “Não é mais que um até logo meu querido irmão, não é mais que um breve adeus”! Fiquei olhando até que ele deu o último passo e sumiu na curva do Rio para se juntar aos seus irmãos de Patrulha. Eu pensei que seria para nunca mais voltar. – Quis gritar como o Lobo Gris gritou - “Meu irmão de caverna, meu irmão Escoteiro, o teu caminho é o meu caminho. A tua caça é a minha caça e tua luta de morte é a minha luta de morte. Não é mais que um até logo, não é mais que um breve adeus”...

A fogueira se foi. Algumas brasas adormecidas ainda deixaram que o vento levasse algumas fagulhas que estão sumindo na escuridão. Todos foram dormir. Eu fiquei ali olhando para o céu estrelado e lembrando o meu irmão Lobo que partiu e pensei... - “As estrelas desmaiam, concluiu o lobo Gris, de olhos erguidos para o céu”. Onde me aninharei doravante? Porque agora os caminhos são novos...

 Boa noite meus amigos e minhas amigas. A passagem nunca deve ser triste. Todos sabem que não existe adeus para sempre. E não é tão bom quando nos encontramos outra vez?  

sexta-feira, 14 de março de 2014

Lembranças de um menino Escoteiro. A Canção da Despedida.


As ultimas badaladas da meia noite estão chegando.
Lembranças de um menino Escoteiro.
A Canção da Despedida.

                        Meu primeiro acampamento, quanto tempo, início da década de cinquenta, novo na patrulha, onze anos, lobinho de coração. Estranho no ninho. Medo, receio. Uma nova etapa. Sem minha Akelá e o Balu para me proteger. Lágrimas brotaram quando fiz a passagem. Aos poucos fui acostumando. Ângelo o Monitor, grande companheiro. Até quando casei lá estava ele ao meu lado como meu padrinho. Algumas excursões, mas nada como este acampamento. Seis dias. Mata fechada. Selva para mim inóspita, Pânico no primeiro dia. Depois, barracas montadas, cozinha coberta, fogão suspenso, sala de refeições, fossas, Até WC fizemos!

                           Quando a noite chegava, estava em pandarecos. Mas orgulhoso. Era mais um deles. Ajudei, colaborei. Dormia o sono dos justos. Só acordava com alguém me chamando ou puxando meu pé. E de novo, vivendo com meus amigos, fazendo, construindo, aprendendo, brincando, aventuras maravilhosas. Escaladas (tremia) balsas, pistas de animais, grandes pioneiras, subir em árvores, comida gostosa, banhos deliciosos, predadores, escorpiões, cobras (que medo!), chupar cana, colher goiabas, mangas, abacate, nas mais altas árvores.

                            Quinto dia. Orgulho daquela patrulha, irmão das demais. Amigos, fraternos, uma chefia maravilhosa. Então a surpresa. Um Fogo de Conselho só da tropa. Senhor! Olhe, fico arrepiado ao lembrar. Ficou marcado para sempre. Ria, cantava, batias palmas, pulava, corria, e então... E então... Todos deram as mãos em volta do fogo e começaram a cantar. Eu a principio não conhecia a letra, aos poucos fui entendo. Meu Deus! Que musica maravilhosa! Tocou-me fundo no coração. Impossível aguentar a emoção. A primeira emoção. “Não é mais que um até logo”! Onze anos e chorando. Lágrimas descendo no meu rosto. Mãos entrelaçadas, apertando uma as outras. 

                             Parou a canção. Final, fogueira crepitando, estrelas no céu. Vento frio, brisa no rosto, cheiro da terra, do capim meloso, grilo saltitando, vagalumes aqui e ali querendo mostrar seu brilho. Silêncio na mata. Lagrimas caindo, uns olhando para os outros tentando disfarçar. Trombeta tocando. Reunir! Boa noite, Corte de Honra, oração. Fui para a barraca com um sorriso enorme! Deitei, coloquei as mãos debaixo da cabeça, olhava para o teto da barraca, ele desaparecia. Agora via estrelas brilhantes no céu. Chorei. De alegria de saber que tinha encontrado amigos, irmãos e que agora pertencia a uma grande Fraternidade Escoteira. Agora eu era um deles, um escoteiro, um privilégio de poucos!

                              Foi a primeira grande emoção. A Canção da despedida marca. Vocês que me leem sabem disto. Chorei depois muitas vezes. Era marcante. Não dava para esconder, que já participou sabe o que estou dizendo. Não sei explicar quando cantamos, se ela dói se machuca se uma saudade gritante fala para nós, não perdermos as esperanças de que um dia voltaremos a nos ver. É uma situação inusitada. Se nós contarmos para um amigo ou amiga, eles vão rir. Acha que somos bobos, tolos. Não compreendem. Não entendem. Não sabem o que é isto. Nunca vão saber... Só nós, os privilegiados deste incrível movimento escoteiro.

                             Centenas, muitas centenas de vezes participei com orgulho. Dizia a mim mesmo que não mais iria chorar. Engano. Bebê chorão! Sempre ali, lagrimas e lágrimas escorrendo no rosto, caindo e molhando a terra, nosso chão abençoado. É, escotismo, você marca. Como você não existe outro. Por isto te amo, te adoro, vivo para ajudar a todos, mas que orgulho em ser escoteiro. Aprendi ali, vivendo intensamente tudo aquilo que você tem. Sorrindo, cantando, Chorando! Sim mas sem nunca se esquecer das horas e horas maravilhosas que contigo passei.

                 A vida não para os anos passam e nos levam a lugares nunca dantes imaginado. Lá estava eu na cidade de Hermosillo, capital do estado de Sonora, México. 50 anos de fundação do Grupo Escoteiro. Vários outros grupos irmãos. Achei que dava para enrolar no idioma. Nada. Um paspalho era eu para entender o que diziam. Mas quem disse que em acampamentos escoteiros precisamos disto? Parece que falamos um só idioma. Claro, somos iguais em todas as nações. Nossa! Marcou mesmo. Incrível a amizade dos escoteiros mexicanos. Simples, leal, honesta, sem altivez, soberba. Que amigos! Tocaram meu coração. Mas quando chegou à hora da despedida! Ah! Não, não queria sair dali. Chorei copiosamente. Um marmanjo. Trinta e quatro anos! Abrindo a boca, lágrimas e lágrimas descendo pelo rosto. E o pior, quando terminou a Canção da Despedida, todos vieram me abraçar, chorando também, dizendo, - “No te vayas, te queremos, quédade nosotros”... Quem aguenta? Diga-me meu amigo e irmão escoteiro, quem?

                             E o pior, no dia seguinte, a tomar o trem para a cidade do México, lá estavam eles na estação, barulhentos, amigos abraçando, cantando canções típicas, e quando o trem foi se afastando, cantaram de novo a Canção da Despedida. Rapaz foi incrível suportar! Impossível! E repetiam, repetiam – “No te vayas, te queremos, quédade nosotros”! Marcou meu amigo. Marcou. Passageiros ao meu lado não entendiam. Um deles se aproximou. Be Prepared! Americano, boy Scouts. Incrível! Que movimento é este? Deus do céu!


Boa noite meus amigos, não posso ficar lembrando. Me emociono demais, tempos que se foram e não voltam mais. Lágrimas caem devagar. Hora de dormir. Durmam com Deus! 

quinta-feira, 13 de março de 2014

Tô Velho, que coisa boa!

Quando os ponteiros se aproximam da meia noite, é hora de dormir...
Tô Velho, que coisa boa!

“Deus entregou aos velhos um grande benefício em lugar da memória - a prudência obtida pelo uso das coisas e um juízo mais agudo e eficaz”.

Ei Velho, você gosta de ser Velho?  

                 Eu nunca trocaria meus amigos surpreendentes, minha vida maravilhosa, minha amada família por menos cabelo branco ou uma barriga mais lisa. Enquanto fui envelhecendo, tornei-me mais amável para mim, e menos crítico de mim mesmo. Eu me tornei meu próprio amigo. Eu não me censuro por comer biscoito extra um doce ou um chocolate, ou por não fazer a minha cama, ou pela compra de algo bobo que eu não precisava, para ser sincero hoje não compro mais nada. Claro compro pão na padaria, laranja na feira e no calor adoro um sorvete. Eu tenho direito de ser desarrumado, de ser extravagante.

                Vi muitos amigos queridos deixarem este mundo cedo demais, antes de compreenderem a grande liberdade que vem com o envelhecimento. Quem vai me censurar se resolvo ficar lendo escrevendo e postar no computador até às quatro horas e dormir até meio-dia? Eu Dançarei ao som daqueles sucessos maravilhosos dos anos 60 & 70, e se eu, ao mesmo tempo, sentir desejo de chorar por um amor perdido... Eu vou. Claro que não preciso, pois ao meu lado está o grande amor da minha vida. Se der vontade vou andar na praia em um short excessivamente esticado sobre um corpo decadente e barrigudo, e mergulhar nas ondas com abandono, se eu quiser, apesar dos olhares penalizados dos outros. Eles, também, vão envelhecer.

Eu sei que eu sou às vezes esquecido. Mas há mais algumas coisas na vida que devem ser esquecidas. Eu me recordo das coisas importantes. Claro, ao longo dos anos meu coração foi quebrado. Como não quebrar seu coração quando você perde um ente querido, ou quando uma criança sofre, ou mesmo quando algum amado animal de estimação é atropelado por um carro? Mas corações partidos são os que nos dão força, compreensão e compaixão. Um coração que nunca sofreu é imaculado e estéril e nunca conhecerá a alegria de ser imperfeito.

            Eu sou tão abençoado por ter vivido o suficiente para ter meus cabelos grisalhos, e ter os risos da juventude gravados para sempre em sulcos profundos em meu rosto. Muitos nunca riram, muitos morreram antes de seus cabelos virarem prata. Conforme você envelhece, é mais fácil ser positivo. Você se preocupa menos com o que os outros pensam. Eu não me questiono mais.
Eu ganhei o direito de estar errado.

             Assim, para responder sua pergunta, eu gosto de ser velho. Ele me libertou. Eu gosto da pessoa que me tornei. Eu não vou viver para sempre, mas enquanto eu ainda estou aqui, eu não vou perder tempo lamentando o que poderia ter sido, ou me preocupar com o que será. E eu vou comer sobremesa todos os dias (se me apetecer).
Que nossa amizade nunca acabe porque vem direto do coração!

(Baseado de um texto da internet)

Boa noite meus amigos e amigas. Um sono tranquilo e reparador para todos. Até amanhã!


terça-feira, 11 de março de 2014

As tardes são para os velhos escoteiros.



O relógio se aproxima da meia noite, é hora de dormir!
As tardes são para os velhos escoteiros.
                    
Eu gosto de ver as tardes chegando. São belas. Algumas têm um lindo por do sol, outras uma garoa gostosa e tem aqueles de frio e chuva torrencial. Não importa. Elas sempre me encontrarão sentado na minha varanda, para mim um local delicioso e para outros uma varanda comum. Sei que ali me sinto bem e sinto que a pequena varanda faz parte do meu lar. Eu chamo de Morada da Felicidade. Na maioria das vezes a Celia está do meu lado. Ela tricotando e eu pensando. Ficamos horas em silencio. Talvez nossos pensamentos se cruzam lá onde um dia iremos viver para sempre.

Minha morada é simples. Nada de palacete, nada de casarão. Uma casa pequena, em uma rua comum, em um bairro de periferia, mas que não troco por nenhuma outra. É uma morada humilde. Eu a tenho em alta conta. Não preciso de mais. Muitos fizeram de suas casas o sonho que tiveram em suas vidas. Eu nunca tive este sonho. Sei que quando me for só levarei o que fiz de bom e ruim. Serão somente as obras que irão prevalecer do outro lado da vida. 

                     Hoje estive pensando na chuva, na garoa fina que se espalhou por toda à tarde. Lembrei-me das garoas, das chuvas que um dia me maravilhou em muitos acampamentos nas terras longínquas do meu país. Lembrei-me um dia de chuva fria e gelada no Pico da Bandeira, de uma densa neblina no Itatiaia, das chuvas torrenciais quando acampava no Rio do Peixe. Lembrei-me quando resolvemos explorar onde se deu o desastre que vitimou os escoteiros e Caio Martins na Serra da Mantiqueira. Lembrei-me também quando ficamos perdidos em uma gruta próxima a Maquiné. Lá fora choveu há cântaros por quatro dias, lá dentro da caverna onde fizemos nossa barraca era gostoso, ouvia a chuva lá fora, o cheiro da terra entrava pela fresta que ainda conseguíamos ver.  Quantas lembranças quantas histórias para contar.

 A chuvas eram incessantes, mas deliciosas. Lembrei-me de trovões que marcaram uma época. Da árvore que caiu em cima de nossa barraca suspensa provocada por um raio espetacular. Risos. Quantos raios incandescentes caíram próximos ao campo de patrulha? A mão de Deus estava ali a nos proteger. Quantas e quantas descidas perigosas da Serra Da Piedade, onde sempre chovia dias e dias sem parar. De quantas e quantas noites choveu na Serra do Cipó. Na travessia do Rio Doce em uma jangada de piteiras, com a cheia do rio, dormindo noites e noites em suas margens debaixo de chuva, molhados, sorrindo e cantando o Rataplã. A cheia de que transformou o Rio São Francisco em um mar de águas e a patrulha descendo sem medo por muitos quilômetros em uma pequena canoa e a chuva não parava. Da chuva intermitente quando acampamos próximo ao Rio das Velhas e sem poder atravessar ficamos ali por seis dias.  Foram centenas de lembranças. Para cada uma delas um sorriso de um tempo que não volta mais.

                    Olhei para a Celia. Ela parecia dormitar ali na varanda com seus apetrechos de agulhas, linhas e afins. A noite chegava calma e gostosa. A chuva sessou. Uma brisa fresca no ar. O céu carregado de nuvens brancas e cinzas. Lá ao longe a cidade de pedra piscava radiantes suas luzes aos nossos olhos. Hora de dormir. De descansar. De orar e pedir a Deus por aqueles que precisam. De agradecer a ele a vida que nos deu. Sem ostentação sem riqueza, mas cheia de felicidade.


Durmam bem meus amigos. Durmam bem. Que a chuva que um dia vai cair traga um doce perfume da primavera e que as esperanças nunca deixem de existir para cada um de vocês! Boa noite! 

segunda-feira, 10 de março de 2014

Nunca tão poucos fizeram tanto por tantos.


O relógio se aproxima da meia noite, é hora de dormir!
Nunca tão poucos fizeram tanto por tantos.

(palavras de Winston Churchill, no final da Batalha da Normandia, com a libertação da Europa das forças alemãs).

Nosso país passa por momentos difíceis. Para alguns momentos de transição, para outros caminhamos para o caos. A corrupção grassa nos meios políticos e em muitas organizações brasileiras. Enquanto milhares de brasileiros levantam cedo e com seu suor ganham o pão de cada dia, ficamos cada vez mais abismados com o que vemos nos noticiosos nacionais. Ficamos em duvida quando nos lembramos de frases que nos marcaram no passado e que ainda resiste em nosso pensamento:

- A honestidade fingida é desonestidade dobrada;
- Alcançar o sucesso pelos próprios méritos. Vitoriosos os que assim procedem;
- Para o homem honesto uma boa reputação é a melhor herança;
- O trabalho afasta três grandes males: O ódio, o vício e a necessidade;
- Um homem honesto não sente prazer no exercício do poder sobre seus iguais;
- Devemos julgar um homem mais por suas perguntas que pelas suas respostas;
- Se queres ser feliz por um dia vingue-se; por toda a vida, perdoe;
- Podemos nos defender de um ataque, mas somos indefesos a um elogio.
Aristóteles já dizia a muitos e muitos anos atrás – “Nosso caráter é o resultado da nossa conduta”.

Porque escrevi isso? “Talvez por querer mudar um país dos seus erros que tão poucos estão cometendo em nome de tão muitos”. Sei que impossível, mas quem sabe um dia?

Por outro lado, temos “tão poucos fazendo tanto por tantos”. Sim o MOVIMENTO ESCOTEIRO. Uma força na comunidade. Apenas algumas horas em um fim de semana. Pouco, muito pouco. Mas como produzem. Como marcam! É um passo gigantesco para mostrar uma juventude forte, sadia, cheia de valores e que nos orgulhamos nesta pequena gota de orvalho de um amanhecer glorioso. Se pudéssemos crescer, abancar um grande número de rapazes e moças poderíamos mudar uma nação. Uma nação forte cheia de honra, de ética onde teríamos a altivez em saber que produzimos muito “por tantos”. Mesmo assim somos felizes, muito. Nós escoteiros nos orgulhamos pelo que fazemos. Poderia ser mais, muito mais, mas pelo menos fazemos.

Parabéns a você, lobinho, lobinha, escoteiro, escoteira, sênior ou guia, pioneiro ou pioneira, escotistas e tantos outros membros diretores nos Grupos Escoteiros. Vocês são a razão verdadeira da existência desta grande fraternidade. Parabéns mesmo. A nação escoteira silenciosa sabe o valor do seu trabalho. Sua recompensa? Um sorriso. Vale muito. Mais de um milhão de tudo que possa existir!
Que continuemos assim, a trabalhar sem pensar em recompensa, a dar sem contar, a sacrificar sem esperar outra recompensa que vai existir na alegria de uma criança.  Quem sabe poderemos fazer mais? E assim dizer com orgulho:
"Nunca tão poucos fizeram tanto por tantos"


Boas noites durmam com Deus!

sábado, 8 de março de 2014

Um lindo alvorecer na morada da Terra do Sol.


Venha comigo conhecer...
Um lindo alvorecer na morada da Terra do Sol.

               Tinha voltado da minha incrível caminhada de quinhentos metros, cansado, respiração ofegante e estava fazendo o meu breakfast quando bateram palmas na porta de minha morada. Domingo é sempre assim. Religiosos nos chamando para dizer se queremos ouvir a palavra do Senhor. Porque não? Gosto de vê-los lendo os mandamentos de Deus. Quando acontece descanso em uma cadeira, pois ficar em pé é difícil e ouço com amor, e olhem, nunca digo que sou espiritualista. Eles não gostam. Afinal ouvir é bom e não prejudica ninguém. Mas naquele dia não eram eles. Cheguei à porta da sala e vi no portão uma figura imponente que até me assustei. Cabelos brancos compridos até o ombro, barba branca bem penteada e uns olhos azuis que chamuscavam quem olhava diretamente para ele. Vestia um paletó branco, comprido que ia até o joelho. Uma camisa azul brilhante com um pequeno lenço verde amarrado no pescoço. Usava uma calça de gabardine verde e calçava uma sandália de couro sem meias. Trazia nas mãos uma forquilha. Senhor! Que forquilha! Linda, marrom e cinza, e onde o V fazia uma curva acentuada parecia estar cravejadas de pedras preciosas em delicioso arranjo.

               Quem seria? Nesta cidade grande todo cuidado é pouco. Loucos, assaltantes, pedintes, vem às centenas bater em nossa porta. Mas o sorriso do "Velho" era cativante. Cheguei mais perto. Um perfume de flores do campo veio até a mim. O "Velho" sorriu e sem eu esperar me disse – Posso lhe dar um abraço? Fiquei estarrecido! Nunca ninguém bateu em minha porta oferecendo um abraço! Peguei as chaves, abri o portão e ele entrou como se estivesse entrando em um castelo de Reis. Encostou a forquilha encantada na parede e me deu um abraço! Gente! Que abraço. Eu com meus 73 anos me sentia como se fosse um menino sendo abraçado pelo pai. Fiquei sem jeito. – Aceita um café? – Obrigado. Mas não podemos perder tempo. Vou levar você para conhecer o alvorecer na Morada do Sol.

              Assustei-me. Tenho que tomar cuidado, pensei. Pode ser alguém com acesso de loucura – Ele como se estivesse lendo meus pensamentos sorriu e disse – Você precisa vir comigo. Sei que Dona Célia está fazendo a feira e volta logo. Mas estaremos de volta antes. – Pegou-me pela mão e sem fechar o portão saímos voando, ele me segurando, eu assustado! Ele soltou minha mão. Gente! Eu “volitava” sozinho no ar como se já tivesse feito isto há muito tempo. Em segundos estávamos em uma montanha, onde as árvores eram lindas, as folhas de um verde que nunca tinha visto e lá no alto um pico envolto em nuvens que para dizer a verdade, fez meu coração disparar. Lindo! Uma montanha das mais lindas que tinha visto – Como chama? Perguntei. – Você conhece você já esteve aqui. Serra do Sol Nascente. A morada do sol – Me lembrei. Mas não era assim! Eu disse. Ele me olhou e carinhosamente disse - Porque você só viu o que queria ver!

             De novo me pegou pela mão. Em segundos estávamos em uma cachoeira de uma beleza sem par. Linda mesmo. Uma névoa branca como se fosse orvalho caindo se formava em sua queda, o barulho da queda era como se fosse uma orquestra de cordas tocando maravilhosamente “The Lord of The Rings” e eu ali pensava – Devia ser um sonho. Pássaros dançavam balé fazendo acrobacias. – Onde estamos? Perguntei! – Na Cachoeira da Chuva, você já esteve aqui! – Como? Não vi nada disto que vejo agora. - Porque você só viu o que queria ver! De novo lá fomos nós a voar pelo espaço e em segundos chegamos a um vale, todo florido, flores silvestres de todas as cores que nunca tinha visto com um perfume inebriante, e a brisa leve tocando as pétalas e elas dançando ao sabor do vento. – Onde estamos? Perguntei! – No Vale Encantado da Felicidade. Você já esteve aqui. Muitas vezes acampando. – Não lembro, não lembro que fosse assim! – Porque você só viu o que queria ver!

              E lá fomos de novo voando nas nuvens brancas do céu. Descemos e ficamos a sombra de um lindo castanheiro. Era madrugada. O orvalho caia calmamente. Uma brisa fresca tocou-me o rosto. Foi então que assisti o cantar da passarada quando a manhã chega lépida e insistente. Havia beija flores, Tico-Tico, Sabiás, canários amarelos, pardais graciosos, uma multidão de pássaros pulando de galho em galho e com suas gralhas graciosas a cantar para todo o universo naquela bela manhã. Onde estamos? Perguntei – Não reconhece? O castanheiro do quintal da sua casa no passado. – Mas não era assim, eu disse. Ele gentilmente respondeu – Porque você só viu o que queria ver.

             E assim ele me levou a longínquos lugares perdidos neste mundo de Deus e sempre a me dizer – Você já esteve aqui. Por último, fomos até uma nuvem, enorme, milhares e milhares de escoteiros sentados, cantando canções sublimes. – Que lindas canções são estas? – As mesmas que você cantou sempre. Mas muitas vezes gritadas, sem nexo e você não procurou ver a beleza da melodia que elas possuíam, pois você só ouviu o que queria ouvir!

          Voltamos e como se eu fosse um pássaro alado no seu pouso encantador, avistei o meu portão e ele sorridente me disse – Procure ver as coisas como são, procure sentir a beleza das cores, do arco íris, dos lindos sonhos que acontecem com você. Procure ser sincero e diga a si mesmo que a beleza da vida e a felicidade sempre estão ao nosso lado. As cores são belas quando sabemos olhar com amor. Os cantos são belos quando sabemos diferir a letra e a música tocada. Os pássaros são sempre os mesmos, mas saber ver neles a beleza e a singela simpatia que eles têm é uma arte fácil de ser observada. Seus cantares e seus gorjeios nos transmitem amor e felicidade. – Ele me olhou e disse – Posso lhe dar outro abraço? E me apertou em seu corpo e de novo senti que era meu pai me abraçando. Saiu calmamente pela rua, escorando na sua linda forquilha cravejada de brilhantes e ao chegar à esquina, virou-se e deu-me um último adeus. Uma pequena nuvem apareceu e o levou ao céu que agora era de um azul profundo, tão azul que pensei que nunca tinha visto aquela cor como agora.

           Sentei na cadeira de sempre na minha varanda emocionado. A Célia chegou. Sorriu para mim e disse – O que foi? Porque esta sorrindo assim? Sabe mulher, porque sempre vi o que queria ver e agora procuro ver as coisas como devem ser vista. Nunca tinha observado como você é bela, a mais linda mulher que conheci! Fiquei em pé me aproximei e disse – Posso lhe dar um abraço?  


Boa noite meus amigos e amigas. Durmam bem.        

quinta-feira, 6 de março de 2014

Uma ponte longe demais.


Lembranças da meia noite.
Uma ponte longe demais.

    Era uma vez... Uma ponte, simples de madeira com dois vãos, pequena, mas que acalentava os caminheiros que por ali passavam. Dizem que era longe demais, que não ligava a lugar nenhum. Pode até ser. Não era uma ponte qualquer, pois para mim ela tinha vida, ela tinha alma. Cansado de uma longa jornada eu sentei naquela ponte muitas vezes. Gostava de ficar ali, olhando um rio que passava sobre meus pés. Meus olhos acostumaram com aquelas ondas que brincavam de zig zag nas corredeiras que iam para o mar. Nem via o tempo passar, hipnotizado não queria voltar ao meu percurso. A ponte agora me dava vida, queria que eu e ela fossemos um só. Os incrédulos diziam que ela não ia dar a lugar nenhum. Eu sorria quando diziam isto. Uma doce mentira de caminheiros que não viram o brilho daquela ponte. Ela me levava ao Campo da Felicidade.

  Quando surgia a primavera eu corria para chamar meus amigos Escoteiros e eles sorriam como eu quando dizia que íamos acampar no Campo da Felicidade. Todos sabiam que íamos atravessar a ponte, que todos diziam ser longe demais... E diziam que ela não levava a lugar nenhum... Era longe sim, a ponte era longe demais e isto nos fazia voltar sempre... Ver a ponte de madeira rústica, olhar o rio com suas águas brilhantes a correrem para o mar... Na várzea das Borboletas azuis, em uma pequena trilha cheia de flores silvestres, avistávamos a ponte. A ponte que diziam ser longe demais... A ponte que não levava a lugar nenhum... Mas no levava ao Campo da Felicidade.

       Um dia, um dia que nunca esquecerei, um dia que ficou marcado em meu coração para sempre, a ponte não estava lá... A ponte que nos levava ao Campo da Felicidade tinha partido... A ponte longe demais agora não mais existia. A ponte que não levava a lugar nenhum agora era uma réstia de uma lembrança de um passado que se foi... Ficamos ali, cabisbaixos, deixando o sol nos queimar, nossas mochilas às costas pesando e nossa preocupação era uma só. A ponte longe demais partiu sem dizer adeus... Não era um empecilho para atravessar o rio, o rio que serpenteava suas águas e corria para o mar. A ponte que diziam não ligar a lugar nenhum agora era uma sombra, um arremedo de sonhos, uma alegoria de um carnaval que passou.

   Nunca mais voltamos ao Campo da Felicidade. Ele e ela, a ponte longe demais se completavam. Um não tinha serventia sem o outro. Algumas vezes volto meu pensamento no tempo que já se foi. Lembro daquela ponte, uma ponte longe demais... Uma ponte que não ligava a lugar nenhum, mas sem ela nunca poderíamos acampar no Campo da Felicidade. Não choro lágrimas doídas, não verto águas que os olhos deixam cair... Meu coração bate forte quando em minha mente eu vejo a ponte, a ponte longe demais... A ponte que diziam não levar a lugar nenhum. Vejo-me sentado, olhando o rio que serpentava naqueles campos que seguia seu rumo para o mar. Sei que não terei mais aquela visão que me marcou profundamente. Mas enquanto ela existiu me trouxe a beleza da vida, o sonho da natureza, me ligou de um ponto ao outro mesmo dizendo que ela era longe demais... Que não ligava a lugar nenhum!

A Ponte e a Cerca...

Na vida... Podemos escolher entre ser ponte... Que une uma margem à outra de um rio. Ou ser uma cerca... Que separa um território de outro. Se compararmos... Podemos perceber que se formos ponte... Iremos unir todas as coisas... Que por algum motivo nesta vida... Vivem separados.

Se formos cerca... Estaremos dividindo... Marcando espaço... Quando poderíamos formar elos... Entre mundos em duelos.

Como ponte... Podemos aumentar amizades... Fazer elos entre comunidades... Amar com mais intensidade... Juntar forças entre dois extremos em inimizades.

Como cerca... Aumentamos divisões... Isolamentos... Deixamos a vida mais solitária...
Esquecemos de ser humanitários... Quando poderíamos nos unir a quem necessita...
De alguém mais solidário.

Sejamos ponte na comunidade... Ponte em nossa família...
Ponte da fraternidade... Semeando amor em grande quantia.

Sejamos PONTE... Derrubemos CERCAS...
Seremos de companheirismo uma fonte...
Para que muita alma não se perca.
Marilene Mees Pretti.


Boa noite meus amigos e minhas amigas, que uma ponte possa me ligar ao coração de todos vocês! Uma ponte que não seja longe demais!