Crônicas de
um Chefe Escoteiro.
“Zé Amâncio”
Um violeiro Escoteiro que deixou saudades.
De vez em quando rebusco no
passado fatos interessantes para relembrar. São muitos. Cada um com sua
peculiaridade, seu estilo e sua história. Durante o período que fui Comissário
Regional em Minas Gerais de 1967 a 1975 por sinal tempo demais, convivi com
pessoas maravilhosas e não só na capital, mas nas cidades que visitei. Tive a
honra de conviver com pessoas magnificas isto em uma época que o escotismo ainda
não tinha florescido nas montanhosas terras mineiras. Conheci figuras
representativas, figuras que posteriormente se tornaram célebres em seu ofício
e em seu meio profissional. Percorri milhares de quilômetros, em automóveis
simples de amigos, pois ainda não tinha um veículo meu usava muito ônibus de
carreira viajando por estradas de terra, buscando aproximar o escotismo da
Região Escoteira de Minas Gerais as cidades mineiras. Difícil passar um fim de
semana com a família. Quando não viajava os cursos me tomavam o tempo. Eram
sonhos ainda de um jovem que acreditava no escotismo e sempre achou que sua
colaboração tinha valor.
Foram muitas cidades. Dezenas
talvez. Ali uma conversa com um Professor, um profissional qualificado, um juiz
de direito, um prefeito, palestras em Rotary e Lions, atendendo um jovem que
escreveu para mim sem idade suficiente para se tornar responsável na
organização de um Grupo Escoteiro. Norte, sul leste e oeste do estado lá
estavam eu atendendo a todos os chamados. Enfim cheguei a Pouso Alegre. Uma
linda cidade cuja prosperidade estava no seu inicio e convidado lá fui eu
tentar ajudar na organização do Grupo Escoteiro. Desculpem, não lembro os nomes,
os que eu conheci ainda tenho a lembrança deles na mente, mas nomes não. Claro
que não esqueci o Urias, uma figura interessante, com uma barbicha que lhe dava
um ar de pedagogo. Com o tempo o nomeei Comissário Distrital. Lutamos para
desenvolver o sul de minas escoteiramente. Campanha, Passos, São Lourenço,
Itajubá, Varginha e outras tantas cidades. Em algumas o escotismo floresceu em
outras não. Hoje sei que em Poços de Caldas um escotismo forte e belo existe
ali.
Até hoje dou gargalhadas com a
turma do distrito de Pouso Alegre. Acho que eram uns oito ou dez chefes. Um CAB
(curso de Adestramento Básico) proximo a Belo Horizonte. Lá estava eu
dirigindo, o Padre João de Juiz de Fora, o Blair e o Chefe João de Belo
Horizonte que mais tarde se tornaria padre e hoje falecido – “grande Escoteiro
ele”. O curso se não me engano tinha 22 participantes. Três patrulhas. Em julho
um frio de rachar. A região na época pobre (não sei hoje) as barracas simples,
na primeira noite a temperatura desceu a cinco graus. Os alunos do curso
reclamaram. Ensinamos a eles como fazer um fogo espelho. Ele é a melhor solução
para o frio à noite na barraca. No segundo dia, na chamada das patrulhas vimos
que faltavam oito. Fomos saber o que houve – A turma do distrito de Pouso
Alegre tinha debandado sem falar nada conosco. Um motim Escoteiro? Disseram que
foi o Urias o responsável. Chamou todos pela madrugada e partiu sem avisar.
Risos. Um mês depois peguei o ônibus e fui lá. Colocamos tudo em pratos limpos.
Refizemos o curso em Campanha.
No meio da década de oitenta, eu
era um Chefe de um Grupo Escoteiro na capital de São Paulo, fazíamos anualmente
um acampamento em uma cidade onde houvesse um Grupo Escoteiro. Não sei como me
lembrei de Pouso Alegre e me surgiu a figura do “Zé Amâncio”. Cartas, telefones
oito meses de preparação, uma ida antes para formalizar o acampamento e dois ônibus
nos levaram até lá. Um lindo local, bambus a rodo, um riacho de águas claras e
límpidas, uma área arborizada e gramada (grama comum). Perfeito. Fomos com duas
alcateias, uma Tropa Escoteira masculina e uma feminina, uma tropa sênior e uma
de guia. Quinze chefes acompanhavam. Os lobinhos ficaram em uma escola a dois
quilômetros dos Escoteiros. “Zé Amâncio” chegou com sua tropa e Alcateia. Foi
então que reconheci o amigo que até hoje guardo boas lembranças.
Já o conhecia dos anos que fui
por várias vezes a Pouso Alegre. Uma figuraça, bonachão, amigo, sincero e quer
saber? Um violeiro de mão cheia. Compunha canções Escoteiras de tirar o folego.
Nos quatro dias que ficamos lá como cantamos. “Zé Amâncio” era bamba no violão.
Dizem que cantar trás paz alegria e felicidade e acho que foi por isto que ele
fez amizade com todo mundo. Uma de suas canções foi cantada pelo nosso grupo
por muitos anos. O fogo do conselho foi supimpa. Ele com sua simplicidade
tocava e cantava encantando a todos. Uma visita à sede do seu grupo uma
surpresa. Ele colocou meu nome em uma das salas principais da sede Escoteira,
por sinal grande com dois andares. Mais de 140 membros do Grupo Águia Branca se
encantou com a sede do Grupo de Pouso Alegre. “Zé Amâncio” perfeito anfitrião.
Na partida abraços, olhos
molhados, uma cadeia da fraternidade de deixar saudades. Partimos e apenas uma
carta de agradecimento marcou o final da atividade. Nunca esqueci o José
Amâncio, o Zé que marcou o coração de muitos. Soube dele por um amigo de Poços
de Caldas o Chefe Fafi. Bateu-me a lembrança de um Chefe que sempre morou em
meu coração. Quem o vir e se ele um dia ler esta mensagem acredite – O
considero um dos maiores compositores Escoteiros que conheci em minha vida.
Pena que a UEB não deu o valor devido as suas músicas. Nem sei se a Região de
Minas Gerais valorizou. Se assim o fez ele mereceu.
Meu abraço meu amigo,
que seja feliz e continue assim, um amigão, um cantor, um violeiro e um
Escoteiro de coração.
4 comentários:
Ola chefe,sempre alerta,muito bacana seu artigo,fui escoteiro do chefe Amâncio de 93 a 2002.realmente era um notável,me ensinou muito embora jovem eu fazia as coisas do meu jeito.com muita tristeza no coração,recebi hj 19/09/2018 aqui em suzano,onde moro atualmente,que infelizmente ele faleceu nesta data de hj.o movimento escoteiro perde um grande chefe,mas o grande acampamento tem mais um como nós um dia já ouvimos suas histórias inesquecíveis.um abraço.sempre alerta
Sempre alerta,
Também fui Escoteiro do chefe Amâncio, ali aprendi muitas coisas que carrego comigo até hoje! E que faz muita diferença em minha vida, tanto profissional quanto pessoal.
Saudades da época, muitas lembranças boas!
Meus sentimentos a família escoteira, que perde hoje uma pessoa ímpar, que sem medir esforços impactou varias pessoas e ajudou no seu crescimento.
Abs
(tive o prazer de conhecer o Tom, forte abraço meu amigo!)
Sempre alerta, abraço!quem é esse irmao escoteiro que me conheceu,não consegui ver seu nome, obrigado por escrever que teve o prazer de me conhecer.obrigado pela consideração.sempre alerta
Inclusive o chefe Amâncio tinha uma camisa que tinhaa foto de um chefe,eu acho que era Oswaldo Ferraz o nome dele.tinha o nome da camisa mas eu não me lembro.na foto ele estava com o lenço rosa da insígnia da madeira.camisa bem antiga lembro dele com essa camisa em 1994
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