Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Apenas uma lágrima.


Lembranças da meia noite.
Apenas uma lágrima.

Ela chegava todas as quintas feiras tentando passar despercebida. Num pequeno fusca descia e pegava as sacolas que estavam no veículo. Os vizinhos acostumaram com ela. Nunca perguntaram quem era, seu nome e de onde vinha. Sempre chegava vestida simplesmente, nunca mostrando sinais de riqueza. Na casa que ela iria entrar os meninos sorriam. Sabiam que ela iria trazer comida e eles já estavam com muita fome mas o que mais gostavam era da barra de chocolate que ela dava a cada um. Corriam para dizer a sua mãe que ela chegava. A mãe deles estava prostrada na cama pois não podia mais andar. Seu marido ajudou enquanto pode e quando caiu do terceiro andar de um prédio onde trabalhava ela achou que ele não ia voltar nunca mais para ela. Ela sempre chegava e lhe dava um beijo na testa. A mãe sorria de alegria. Quem era ela? Nunca perguntou e ela nunca falou. Correu a preparar o jantar. Trouxe para ela em uma bandeja.

- Fiz para três dias. Acho que os meninos podem esquentar e se Deus quiser volto no sábado. A mãe chorou. De alegria. Nunca pensou que alguém no fim de sua vida iria olhar por ela. Ela abraçou todo mundo e partiu. Deu um beijo gostoso na menina mais nova de seis anos. – Lembre-se você é a mulher da casa. Cuide de sua mãe e de seus irmãos. Ela partiu não para sua casa e sim para o hospital onde o marido dela estava internado. A mãe viu quando ela partiu. Uma pequena lagrima ela deixou cair. Ficou seis meses em coma e estava se recuperando aos poucos. Bolachas, bombons, livros e flores ela entregou a ele. – Em sua casa está tudo bem. Disse. Nunca vai faltar nada para seus filhos e sua esposa. Dito isto ela partiu. Médicos e enfermeiras nunca souberam quem era ela. Sabiam que ela pagava todo o tratamento que o SUS se recusou a fazê-lo. Ele sabia que ela sempre voltaria. Pelo menos uma vez por semana. Uma pequena lagrima caiu de seus olhos.

Sua filha queria participar com a mãe. Mãe, sou escoteira, preciso fazer minha boa ação. A mãe olhou para a filha. – Que tipo de boa ação poderia fazer? Não sei mãe pensei em ajudar com as compras e limpar a casa dela. – Se fizeres compras será pago por mim, assim não será boa ação. Se quiseres ajudar pense o que pode fazer por você mesmo. No sábado ela foi com a mãe. Fez um vestido simples. Pensou em ir como escoteira com seu uniforme. Achou que seria mostrar que estava fazendo caridade e ela sabia que isto não tinha valor nenhum para depois da vida. Os vizinhos estranharam a mocinha com a senhora. O mesmo carro, a mesma roupa simples. O sapato usado sem cor. Ela aprendeu com a mãe a caridade sem ostentação. Varria, lavava a roupa dos meninos, lavou-os e cuidou deles como se fossem seus filhos. Gostou do que fez. Pediu a mãe para vir sempre. Pelo menos duas vezes por semana.

Ela não foi ao hospital. Achou que pela sua idade uma visita seria inconveniente para fazer a boa ação sozinha. Um dia chegou à casa da mãe dos meninos. Muita gente na porta. A mãe tinha morrido, nos seus olhos apenas uma lágrima e um sorriso. Ela morreu sabendo que seus filhos seriam olhados. A senhora cuidou de tudo, assustou quando viu o pai dos meninos na porta. Impossível pensou, ele não andava. Ele soube do que aconteceu por um anjo. Era hora de partir. Seus filhos precisavam dele. Não houve choros convulsivos no enterro. Cada um deixou cair uma pequena lágrima. A Senhora nunca abandonou aquela família. Ela sabia o que tinha lido de um médium espírita - "Deus nos concede, a cada dia, uma página de vida nova no livro do tempo. Aquilo que colocarmos nela, corre por nossa conta".

 A filha nunca comentou no Grupo Escoteiro o que fazia, como fazia e a ajuda ao próximo que ela dava e que chamava de boa ação. Sua mãe tinha lhe ensinado que isto é particular. Quando saímos por aí contando nossas caridades elas perdem o valor. A caridade sai do coração e não na voz para mostrar que somos bons para todos. Ela repetiu de novo a palavra do médium que disse – "O Cristo não pediu muita coisa, não exigiu que as pessoas escalassem o Everest ou fizessem grandes sacrifícios. Ele só pediu que nos amássemos uns aos outros."

A menina escoteira nunca mais esqueceu. Aprendeu com sua mãe que não importa a crença que acredita. Pode ser católica, evangélica, mulçumana ou espirita, importa sim o que pode fazer pelos outros sem alardear que fez. Cresceu pensando sempre no que sua mãe lhe dizia sempre: - Filha, a caridade é amor, amor é compreensão, deixe cair uma pequena lagrima de alegria toda vez que ajudar alguém!

Nosso Senhor ensina-nos a orar, sem esquecer o trabalho. A dar, sem olhar a quem. A servir, sem perguntar até quando... A sofrer, sem magoar, seja quem for. A progredir, sem perder a simplicidade. A semear o bem, sem pensar nos resultados... A desculpar, sem condições. A marchar para frente, sem contar os obstáculos. A ver sem malícia... A escutar, sem corromper os assuntos. A falar, sem ferir. A compreender o próximo, sem exigir entendimento... A respeitar os semelhantes, sem reclamar consideração. A dar o melhor de nós, além da execução do próprio dever, sem cobrar taxas de reconhecimento... Senhor, fortalece em nós, a paciência para com as dificuldades dos outros, assim como precisamos da paciência dos outros, para com as nossas próprias dificuldades... Ajuda-nos para que a ninguém façamos aquilo que não desejamos para nós... Auxilia-nos, sobretudo, a reconhecer que a nossa felicidade mais alta será, invariavelmente, aquela de cumprir seus desígnios onde e como queiras, hoje, agora e sempre. Chico Xavier.


Boa noite meus amigos e minhas amigas. Apesar de tudo peçamos a Deus para nos abençoar nos caminhos que escolhemos. "Que eu não perca a vontade de doar este enorme amor que existe em meu coração, mesmo sabendo que muitas vezes ele será submetido a provas e até rejeitado." Chico Xavier.

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