Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Marcha soldado cabeça de papel!


Lembranças da meia noite.
Marcha soldado cabeça de papel!

      Quando menino eu queria ser soldado. Nos meus sete anos eu colocava um capacete de jornal na cabeça, e com um cabo de vassoura eu marchava como os soldados que via desfilar no Sete de Setembro. Quando fui lobo meu desejo era marchar, marchar como o soldado de branco que desafia os mares em busca de aventuras. Minha mãe se divertia comigo quando eu com a boca fazia barulho do tambor, a marchar pela casa com meu inesquecível fuzil de madeira e ela queria ralhar, mas não, sua paciência com seu rebento era fantástica – Sabes meu filho, se queres ser soldado, serás General, se queres ser monge, acabarás como Papa. Mas meu filho ele queria ser outra coisa, queria ser pintor e acordou como Picasso!

    Depois cresci e a ideia de ser soldado foi terminando. Mas lá no fundo da mente o desejo ainda continuava. Um dia ainda molecote Escoteiro fiquei emocionado com uma história que li.  
- Conta-se que um soldado dirigiu-se ao seu superior e lhe solicitou permissão para ir buscar um amigo que não voltou do campo de batalha. Permissão negada, respondeu o tenente. Mas o soldado, sabendo que o amigo estava em apuros, ignorou a proibição e foi a sua procura. Algum tempo depois retornou mortalmente ferido, transportando o cadáver do seu amigo nos braços. 
O seu superior estava furioso e o repreendeu: 
- Não disse para você não se arriscar? Eu sabia que a viagem seria inútil! Agora eu perdi dois homens ao invés de um. Diga-me: valeu a pena ir lá para trazer um cadáver?
E o soldado, com o pouco de força que lhe restava, respondeu: 
- Claro que sim, senhor! Quando eu o encontrei ele ainda estava vivo e pôde me dizer: - “Tinha certeza que você viria”! (Anderson Griman).

        O tempo foi passando e eu fui virando homem feito, e ser soldado agora era uma busca distante. Quem sabe como Escoteiro eu imitava Honoré de Balzac que dizia – Esse homem é o soldado armado com a espada e eu sou o soldado armado com a pena... Mas eu triunfarei onde Napoleão foi derrotado, pois conquistarei o mundo! Bem, eu não conquistei o mundo, mas conquistei montanhas, conquistei vales floridos, vi coisas lindas que ficaram para sempre em minha memoria. Hoje eu ainda me lembro do meu desejo em ser soldado. E nas tardes dos meus sonhos, na minha humilde varanda eu fecho os olhos e canto o hino do Infante:

"Onde vais tu, esbelto infante, com teu fuzil, lesto a marchar?
Cadência certa, o peito arfante, onde vais tu a pelejar?"
Pra longe eu vou, a Pátria ordena! Sigo contente o meu tambor,
Cheio de ardor! Cheio de ardor! Pois quando a Pátria nos acena,
Vive-se só da própria dor.
É no combate que o infante é forte; vence o perigo, despreza a morte.

Dou um sorriso e mudo toda a letra mantendo a música, pois de soldado eu passei a ser Escoteiro:

Onde vais tu, oh Escoteiro, com teu bastão lesto a marchar?
Cadência certa, passo certeiro, onde vais tu a acampar?
Prá longe eu vou, o Chefe ordena, sigo contente o Monitor,
Cheio de ardor, cheio de ardor. Pois quando a tropa nos ordena,
O caminho é sempre com amor.
É lá no campo que o Escoteiro é forte, vence o perigo e despreza a morte!

Não sei se a minha música atingiu o objetivo. Sei que ela não é para qualquer um. Muitos não querem nos ver marchando. Pode ser. Ela foi feita para os soldados e os Escoteiros das ruas aqueles que tem o amor pela pátria no coração. Não é uma música para festas, para dançar, é uma musica espiritual, só para aqueles que foram soldados e Escoteiros!

Boa noite meus amigos e amigas, um lindo sonho esta noite. Amanhã muitas alegrias, muitos jovens sorrindo, Ops! Então é o dia do sorriso, de pagamento. Ou melhor, o soldo do soldado, o Infante!  


Dedico todo meu conto ao meu amigo Marcos Rodrigues um soldado de coração Escoteiro. 

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