Lembranças da meia noite.
Marcha soldado cabeça de papel!
Quando menino eu queria ser soldado.
Nos meus sete anos eu colocava um capacete de jornal na cabeça, e com um cabo
de vassoura eu marchava como os soldados que via desfilar no Sete de Setembro.
Quando fui lobo meu desejo era marchar, marchar como o soldado de branco que
desafia os mares em busca de aventuras. Minha mãe se divertia comigo quando eu
com a boca fazia barulho do tambor, a marchar pela casa com meu inesquecível fuzil
de madeira e ela queria ralhar, mas não, sua paciência com seu rebento era
fantástica – Sabes meu filho, se queres ser soldado, serás General, se queres
ser monge, acabarás como Papa. Mas meu filho ele queria ser outra coisa, queria
ser pintor e acordou como Picasso!
Depois cresci e a ideia de ser
soldado foi terminando. Mas lá no fundo da mente o desejo ainda continuava. Um
dia ainda molecote Escoteiro fiquei emocionado com uma história que li.
- Conta-se que um soldado dirigiu-se ao seu superior e lhe solicitou
permissão para ir buscar um amigo que não voltou do campo de batalha. Permissão
negada, respondeu o tenente. Mas o soldado, sabendo que o amigo estava em
apuros, ignorou a proibição e foi a sua procura. Algum tempo depois retornou
mortalmente ferido, transportando o cadáver do seu amigo nos braços.
O seu superior estava furioso e o repreendeu:
- Não disse para você não se arriscar? Eu sabia que a viagem seria
inútil! Agora eu perdi dois homens ao invés de um. Diga-me: valeu a pena ir lá
para trazer um cadáver?
E o soldado, com o pouco de força que lhe restava, respondeu:
E o soldado, com o pouco de força que lhe restava, respondeu:
- Claro que sim, senhor! Quando eu o encontrei ele ainda estava vivo e
pôde me dizer: - “Tinha certeza que você viria”! (Anderson Griman).
O tempo foi passando e eu
fui virando homem feito, e ser soldado agora era uma busca distante. Quem sabe
como Escoteiro eu imitava Honoré de Balzac que dizia – Esse homem é o soldado
armado com a espada e eu sou o soldado armado com a pena... Mas eu triunfarei
onde Napoleão foi derrotado, pois conquistarei o mundo! Bem, eu não conquistei
o mundo, mas conquistei montanhas, conquistei vales floridos, vi coisas lindas
que ficaram para sempre em minha memoria. Hoje eu ainda me lembro do meu desejo
em ser soldado. E nas tardes dos meus sonhos, na minha humilde varanda eu fecho
os olhos e canto o hino do Infante:
"Onde
vais tu, esbelto infante, com teu fuzil, lesto a marchar?
Cadência certa, o peito arfante, onde vais tu a pelejar?"
Pra longe eu vou, a Pátria ordena! Sigo contente o meu tambor,
Cheio de ardor! Cheio de ardor! Pois quando a Pátria nos acena,
Vive-se só da própria dor.
Cadência certa, o peito arfante, onde vais tu a pelejar?"
Pra longe eu vou, a Pátria ordena! Sigo contente o meu tambor,
Cheio de ardor! Cheio de ardor! Pois quando a Pátria nos acena,
Vive-se só da própria dor.
É no combate que o infante é forte; vence o perigo,
despreza a morte.
Dou
um sorriso e mudo toda a letra mantendo a música, pois de soldado eu passei a
ser Escoteiro:
Onde
vais tu, oh Escoteiro, com teu bastão lesto a marchar?
Cadência
certa, passo certeiro, onde vais tu a acampar?
Prá
longe eu vou, o Chefe ordena, sigo contente o Monitor,
Cheio
de ardor, cheio de ardor. Pois quando a tropa nos ordena,
O
caminho é sempre com amor.
É lá
no campo que o Escoteiro é forte, vence o perigo e despreza a morte!
Não
sei se a minha música atingiu o objetivo. Sei que ela não é para qualquer um. Muitos
não querem nos ver marchando. Pode ser. Ela foi feita para os soldados e os Escoteiros
das ruas aqueles que tem o amor pela pátria no coração. Não é uma música para
festas, para dançar, é uma musica espiritual, só para aqueles que foram
soldados e Escoteiros!
Boa
noite meus amigos e amigas, um lindo sonho esta noite. Amanhã muitas alegrias,
muitos jovens sorrindo, Ops! Então é o dia do sorriso, de pagamento. Ou melhor,
o soldo do soldado, o Infante!
Dedico
todo meu conto ao meu amigo Marcos Rodrigues um soldado de coração Escoteiro.
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