Meu amigo Vander se foi. Hoje o meu conto é dedicado àqueles outros que também
estão no céu. Para cada um, um tempo, para cada tempo uma atividade, para cada
atividade uma lembrança. Ninguém foge de seu destino e a vida continua aqui e
lá em cima com retorno programado. Chico já dizia que Escapamos da morte
quantas vezes for preciso, mas da vida nunca nos livraremos. Kardec também
comentava que os homens semeiam na terra o que colherão na vida espiritual: Os
frutos da sua coragem ou da sua fraqueza. Que meus amigos lá do céu façam suas
estrelas brilharem para saudar a chegada do Vander, meu compadre, meu amigo e
meu irmão.
Uma das coisas mais belas da vida é olhar para o céu,
contemplar uma estrela e imaginar que muito distante existe alguém olhando para
o mesmo céu, contemplando a mesma estrela e murmurando baixinho: "Que
Saudade”.
Um dia eu contei estrelas no céu.
Passado tantos e tantos anos eu deixei de contar estrelas no céu.
Precisava voltar no tempo para olhar um céu de estrelas reluzentes, uma via
láctea brilhante e lembrar-se de uma por uma. São tantas, mas ainda dá para ver
- Ali naquela bem em frente está meu amigo Darcy Malta, ao seu lado Chefe
Floriano, um pouco mais a frente o Claudio com seu sorriso inesquecível. São
muitas estrelas no céu. Cada uma mais brilhante, todas elas estrelas
cintilantes sempre a me dar boas noites. Vejo na longitudinal o Carlos ali bem à
frente com seu estilo BP, o Odair não muito longe dali. Helio um bom amigo e
Basbaun muito querido faziam um chão de estrelas a sapecarem nos olhares como a
dizer – Estamos aqui. Eu sempre sorrio só em olhar. Quantas estrelas no céu. Lucio
e o Dutra formam um lindo par. Eles sempre aumentando falam em milhões de
estrelas no céu. Dizem ser impossível contar, mas eu contei, sabia que um dia
seria uma delas, um ponto no espaço infinito a marcar sem muita luz as
maravilhas dos outros amigos que fincaram o pé no universo.
Hoje um amigo se foi. Amigo de tempos idos. Passado e presente se
misturam ao lembrar. Mas vou seguir para o campo, nas matas verdes do Brasil e
olhar... Olhar o céu novamente, pois quero agora ver novamente Wander e Lucia,
quem sabe serão estrelas cadentes, pois gostam de viajar. Lá estarão eles, indo
e vindo nas madrugadas frias ou quentes há clarear um pouco mais os corações
daqueles que os amavam. A gente que ainda não foi tem vontade de pegar as
estrelas com as mãos. Seria possível? Dizem os poetas que é indispensável
querermos deitar a mão a mais do que podemos alcançar, senão para que serviria
o céu?
Para mim hoje foi um dia triste. Lágrimas nos olhos meus e da Celia. Não
dá para segurar mesmo sabendo que a partida é doce e deve ser lembrada com
alegria. Ela é como uma descida em uma estação das viagens intermináveis que
sempre fazemos. Saudades queiram ou não podem machucar e outras podem alegrar.
Todos vão um dia e não tem como evitar. Dizer que as pessoas que amamos não
morrem e que apenas partem antes de nós, ajuda a explicar, mas não substitui
aquela dor da perda de um amigo. Quantas histórias para contar? Quantas se
perderem no ar? Patativa do Assaré dizia que existem dor que mata a pessoa sem
dó nem piedade. Porém não há dor que doa como a dor de uma saudade. Mas o mundo
continua, as saudades ficam presas em nossos corações e uma noite em um céu de
estrelas, seja onde a gente estiver lá estarão eles a nos olhar, a nos acenar,
a dizer Sempre Alerta e a cantar o Rataplã.
Uma vez que você tenha experimentado voar, você andará pela terra com
seus olhos voltados para céu, pois lá você esteve e para lá você um dia vai
voltar. Quintana com sua sabedoria comenta que “nós vivemos a temer o futuro, mas é o passado que nos atropela e
mata". Não sei se o escotismo nos deu uma saudade que parece maior que as
outras. Nossas lembranças são diferentes, buscamos o passado distante, a correr
com amigos lá do céu pelas matas, pelas cascatas, pelas montanhas enormes, nos
vales intermináveis e nas campinas das flores silvestres. Lembrar-se dos pássaros
cantantes, de um lindo por do sol e esperar que as estrelas vão chegar. São tantas as lembranças e enormes as saudades!
Lembrar-se da selva risonha, das viagens intermináveis, acampamentos de sol e a
lua para ajudar. E os rostos tão queridos ao nosso lado sorrindo. Deus meu!
Saudades que doem que machucam e só mesmo Clarice para dizer - Oh, não se
assuste, às vezes, a gente mata por amor, mas eu juro que um dia a gente
esquece, eu juro.
Meu
abraço compadre Vander. Você foi embora hoje. Sei que já é uma estrela lá no
céu. Com minha comadre Lucia fazem o par perfeito. Eu e Célia nunca os
esquecemos, as saudades ficaram, mas as lembranças de tudo ficarão marcada para
sempre em nossos corações.
...Saudade
é amar um passado que ainda não passou,
É recusar um presente que nos machuca,
É não ver o futuro que nos convida...
É recusar um presente que nos machuca,
É não ver o futuro que nos convida...
Boa noite amigos e amigas, que as estrelas lá
do céu estejam no coração de cada um.
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