Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Quando a primavera voltar quem sabe... Eu voltarei ao Campo Escola.



Lembranças da meia noite.
Quando a primavera voltar quem sabe... Eu voltarei ao Campo Escola.

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é.
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem por que ama, nem o que é amar...

Saudades que nunca terminam. Saudades que vieram para ficar. Boas lembranças do Campo Escola. Era como se eu estivesse aventurando na minha infância nas Matas do Tenente, ou nas Florestas infinitas do Rio do Peixe. Eu gostava de lá. Muito mesmo. Em poucos minutos eu me transportava de uma selva ou um deserto de Pedras Altas para o mais puro ar que se respira. Só quem conhece sabe como é o aroma de folhas, galhos, árvores enormes a esconder o sol que a seu modo tenta penetrar em pequenas olheiras de galhos entrelaçados naquele lugar mágico. Muitas vezes o som birrento de uma máquina de aço a mesma que me transportava para aquelas paragens verdejantes eram esquecidos. À medida que me aproximava da redenção eu me transformava em puro deleite de felicidade, não só pela vista maravilhosa, como daquele pequeno lago, construções simples encravadas em síndrome de sombra de por do sol. A pequena construção de pau a pique, abertas na lateral, para mim só tinha o significado de ensinar, passar aqueles que ali estavam o saber que um dia nós dirigentes adquirimos.

Quando não estava presente com os alunos amigos, eu me tateava para o pequeno descampado, sentava a beira de uma pequena árvore que muitas vezes teve em seus braços a bandeira arvorada. Eu ficava olhando as demais que se fechavam em copas, como se fossem intransponíveis para uma exploração de um mateiro Escoteiro que quisesse desvendar seu segredo. Nem a gigante antena do mais alto pico ali a gente via. Era como se sentir bem perto do céu! Pássaros que voavam no seu habitat, eu tive a honra de encontrar uma Preguiça, com seu olhar meigo, sem medo deixando-me aproximar, ela com seu olhar cativante com passadas contadas em horas para transportar de galho em galho. Quantas corujas em vi? Um tatu-canastra, bugios aos montes a rirem de mim. Sempre que ali estava me lembrava de Gonçalves Dias que em seu lindo poema narrava: - “Minha terra tem palmeira, onde canta o sabiá, as aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá”.

Era um deleite as noites e os dias escondidos naquele habitat especial, naquele grotão infinito, plena natureza da Selva de Pedra. As noites o céu era lindo, milhares de estrelas e em noite de lua cheia. Era incrível! Tantas saudades que me veio à mente o que Kipling escreveu sobre ela: - Quem ao crepúsculo já sentiu o cheiro da fumaça da lenha? Quem já ouvir o crepitar do lenho ardendo? Quem é rápido em entender os ruídos da noite? Deixai-o seguir com os outros, pois os passos dos jovens se voltem aos campos do desejo provado e do encanto reconhecido! É meu amigo Gonçalves Dias, seus escritos se misturam com as belas lembranças, naquele território Escoteiro onde me sentia mais perto de Deus. “Nosso céu tem mais estrelas, nossas várzeas têm mais flores, nossos bosques têm mais vida, nossa vida mais amores. Mais prazer encontro lá”. Lá? No Campo Escola dos tempos idos. Para quem viveu junto as Palmeiras, bromélias, begônias, orquídeas, cipós e briófitas, pau-brasil, jacarandá, peroba, jequitibá-rosa tantos e tantos outros que nunca mais vou esquecer...

Soube por uma amiga que irão me convidar a voltar lá. Não sei se quero ir, pois se passaram quase trinta anos e ninguém se lembrou de que eu gostaria de reviver o passado. Tempos demais. Será que ainda vou ver o que eu vi? Ainda vou viver o que eu vivi? Não sei. Gostaria de reviver o passado como ele foi. Que tivessem preservado o encanto que vi com meus olhos que a terra vai comer. Vamos esperar. Enquanto isto vou cantando e filosofando Alberto Caeiro:

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é.
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem por que ama, nem o que é amar...

Boa noite meus amigos e minhas amigas. Um ótimo sono reparador. Ate amanhã!





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