Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Isto não existe mais?


Lembranças da meia noite.
Isto não existe mais?

               Não existe mais? Olhar o seu calçado para ver se está limpo? Olhar seu cinto para ver se a fivela está brilhando? Ver seu meião se está com as estrias retas? Ou então se ele no alto está dobrado com a medida de três dedos? Não? Não existe mais? Então ninguém mais se olha no espelho para ver se está condignamente uniformizado? Se o lenço foi bem dobrado e perfeitamente colocado parte com parte? Não existe mais? Olhar se as unhas estão cortadas, se o cabelo foi penteado, se no bolso estava à moeda da boa ação, o lenço e o pente? Isto não existe mais? Um pequeno lembrete para contar ao Monitor e ao Chefe a sua melhor boa ação da semana? Considerar ponto de honra à limpeza da área da sede? Não jogar papel no chão, até o mais humilde palito vai para a lixeira? Fazer de tudo para ser o primeiro a dar Sempre Alerta? Não existe mais?

              Dizer para a mamãe que lavou sua roupa no acampamento? Mostrar para a mamãe que toda a roupa que levou está limpa, pois você a lavou no acampamento? Sorrir para o Monitor quando ele perguntar se ainda se lembra do sétimo artigo da lei e você diz sem pestanejar? O orgulho de fazer quinze nós Escoteiros e mais quinze de marinheiro de olhos fechados? Não existe mais? Tirar sua faca da bainha e mostrar que está limpa e você passou um pouco de talco para não enferrujar? Entregar dentro das normas escoteiras ao companheiro a faca, a machadinha e o facão? Sentir orgulho quando Chefe fazia a inspeção e seu material estava posto corretamente nos moldes de Giwell? Não existe mais?

              E quando você afiava uma ferramenta com perfeição? Nunca esqueceu quando transmitiu 35 letras em um minuto nas semáforas? Ou então quando junto ao seu amigo de patrulha construíram uma pequena cigarra e se orgulharam de transmitir os sinais de Morse em quarto diferente? Isto não existe mais? E quando acendeu sua fogueira com um palito? E quando cozinhou seu arroz e fritou os peixes que pegou naquela noite chuvosa? E quando sua patrulha construiu um Ninho de Águia no Jequitibá do acampamento? E aquela ponte pênsil no Riacho do Tatú? E aquela barraca suspensa que de madrugada caiu? E quando quase conseguiu tocar no Quati na Mata do Rio Pomba? Isto não existe mais? E quando O Josiel quebrou o braço naquela jornada e você fez uma tala de madeira protegida por lenço e tudo deu certo? E quando você manejava a bússola com perfeição e sabia seguir um mapa, um croqui ou um percurso de Giwell? E na sua jornada de Primeira Classe onde quase se perderam no vale do Rio Doce? Isto não existe mais?

             E quando iam dormir, você e sua patrulha ajoelhavam no capim molhado e rezavam agradecendo a Deus pelo dia? E na alvorada de short a fazer a educação física com um frio de doer? E as noites na porta de sua barraca com um foguinho aceso a patotear com seus amigos com causos e causos e davam belas risadas? E quando passaram mal por comer muita batata doce? E fazer mil e uma armadilhas para pegar um pássaro grande e fazer um belo assado? E os bagres e mandis do Córrego do Boi que não conseguiam fisgar? Isto não existe mais? E das jornadas noturnas, dos bivaques sem fim, a tropa alegre a cantar o rataplã? E quando acordaram as quatro da matina só para ver o nascer do sol no Pico do Papagaio na Serra da Mantiqueira? Isto não existe mais?


Boas noites meus amigos e amigas. Eu rezo para que isto ainda exista, pois é a essência do escotismo. Fora do campo o Escoteiro e a Escoteira são como peixes fora d’água. Durmam bem e boa semana. 

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