Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Lembranças e lambanças. Pois nunca fui santo. Risos. Baseado em fatos reais.


Coisas do passado.
Lembranças e lambanças. Pois nunca fui santo. Risos.
Baseado em fatos reais.

                   Minha Patrulha Sênior por volta de 1957. Éramos seis. Fomos acampar na Caverna do Morcego uma barranca do Rio Doce, acima de São Raimundo depois da ponte da estrada Rio Bahia. Seriam três dias de diversão, pois lá assa-peixe e bambus tinham a rodo. Seriam três dias sem necessário armar barracas, pois a Caverna era enorme e cabia gente que não acaba mais. Tudo foi levado em nossas bicicletas. No sábado pela manhã observamos um pelotão do Tiro de Guerra (unidade do exército que existia e acho que ainda existe nas pequenas cidades do Brasil) montando um acampamento. Uns oitenta soldados recrutas e um sargento nosso Velho conhecido. Estávamos fazendo uma torre de observação, uma das mais altas que já tínhamos feito. Do alto da torre dava para avistar a ilha do Macaco e fazendas próximas. O Arlindo sub achou à tarde na beira do rio uma enorme (grande mesmo) abobora amarela. Precisou da ajuda de outros dois para levá-la até ao acampamento.

              Abobora deste tamanho não é boa para comer, mas logo alguém que até hoje não lembro deu a ideia supimpa. O Arlindo e o Ronaldo ficaram horas trabalhando a abobora. Limparam por dentro, fizeram uma bocarra cheia de dentes. Em cima ele mestre no assunto fez uma tampa fácil para abrir e fechar. Parecia uma gigantesca feiticeira ou o demônio sem lá. Os olhos eles fizeram questão de colocar dois ovos presos com barro. A noitinha estava pronto. Normal quase todos seniores terem uma ou duas velas na mochila. Bastaram quatro postas, muitas folhas verdes em volta e com muito cuidado para não afundar eu mesmo fui nadando e a levei até o meio do rio, com as velas acesas e a fumaça saindo por todos os lados.

                  Foi à conta, a gente já esperava um susto, mas o que aconteceu foi demais. Quando a abóbora passou pela área do Tiro de Guerra (por volta das onze e meia da noite) o sentinela levou o maior susto. Passou a atirar a torto e a direito e gritava – O capeta! O demônio! O diabo! Socorro! Vieram outros recrutas que estavam dormindo. Muitos de cueca, short e até uns pelados. Todos armados (Fuzil Mauzer, modelo 1908) e não faltou bala para ninguém. Começaram a atirar. Era soldado correndo atirando e gritando. Eu até ouvi um pedindo sua mãe. Coitadinho, agora tinha que se virar. Tanto correram e atiraram que acabou a munição. Foi nesta hora que surgiu o Sargento Martinho levantando as calças (devia estar no WC) foi até sua barraca, pegou seu fuzil mirou e acertou uma bala bem no centro da abobora que se despedaçou.

                 Nunca rimos tanto dos pobres recrutas. Contamos para a cidade em peso. No sábado de reunião nos divertíamos com uma corda montando um tripé e levamos o maior susto. O Capitão Leopoldo do Tiro de Guerra entrou no pátio da sede acompanhado do Sargento Martinho e dois recrutas que nos reconheceu. Pediu ao Chefe João Soldado para falar conosco. Começamos a urinar nas calças. Um medo danado. Formados em linha, em posição de sentido, os seis bravos escoteiros seniores tremiam como varas verdes. O capitão andando de um lado ao outro fez uma pequena inspeção nos uniformes, nos olhou olhos e falou:
- Então são vocês, seis merdinhas escoteiros que botaram o Exército Brasileiro para correr? E começou a rir desbragadamente. E não parou de rir até que toda a Patrulha parou de tremer e a rir também. A cidade nunca esqueceu a historia e por muitos e muitos anos o causo era lembrado nas padarias, nos bares e claro no Barbeiro, local de fofoca e conversa fiada. Risos.


E como digo no final das minhas historias, acredite se quiser! Risos. 

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