Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Quanto custa ser honesto?


Conversa ao pé do fogo.
Quanto custa ser honesto?

              Um homem andando pela rua encontra um envelope pequeno, destes para guardar documentos. O apanha e abre para ver o que tem dentro. 600 reais em dinheiro e algumas contas para pagar no total de 580 reais. Ele deduz que o dinheiro seria para pagar a conta. Foi trabalhar e no horário do almoço se dirigiu a uma lotérica e pagou todas as contas. Sobraram 20 reais. Olhou bem as contas e viu que estava em nome de uma senhora chamada Cecília. Na conta telefônica viu o número e ao chegar em casa ligou para ela. Explicou o que aconteceu e que as contas estavam pagas e sobraram 20 reais. Ele fazia questão de devolver e pediu a ela se podia encontrar com ele no dia seguinte próximo onde ele tinha encontrado o envelope. Ela uma senhora de mais de 70 anos sorria sem parar e contou para todas as amigas, todos os filhos enfim contou para Deus e o mundo. – Diziam que estamos vivendo com marginais, bandidos, ladrões, mas não é assim dizia ela. Estes são uma pequena, mas bem pequena parcela, no mundo têm muitas pessoas honestas!

           A imprensa falada e escrita sempre colocam em suas manchetes os casos mais escabrosos, os roubos e os assaltos com morte. Tomemos o caso da grande São Paulo. Mais de 17 milhões de habitantes. Veja a porcentagem dos assassinatos, roubos etc. Uma parcela mínima está aí incluída. No entanto as coisas boas não dão ibope, portanto não são publicadas. Claro que casos com o acima descrito dão manchete, mas quantos a imprensa utiliza como notícia? Somos milhões de pessoas honestas. O número é incrível de pessoas que lutam, que trabalham, sofrem e estão aí com seu caráter a toda prova. A cada segundo, minuto milhões colocam sua honestidade acima de tudo. Portanto acredito que não estamos partindo para o caos e sim para um mundo melhor. Qualquer boa ação não tem preço. Nunca devemos fazer uma pensando que teremos algum em troca.

             A boa ação faz parte do nosso movimento Escoteiro. Os jovens desde cedo estão a aprender a ajudar o próximo e fazer diariamente sua boa ação. Isto se tornando um hábito de comportamento vai trazer para ele vantagens enormes e ele sabe que as faz não para mostrar a coletividade, mas sim para provar a si mesmo que sua consciência está em paz consigo mesmo. Como dizia nosso Senhor, sem boas obras as portas do céu estarão fechadas para nós. Os poetas sempre dizem que a beleza da vida não está em se moldar ao que os outros esperam de você, e sim na simplicidade em viver de acordo com sua verdade. Ser gentil tem de ser a essência do ser humano. Quem não é suficientemente gentil não é suficientemente humano. Devemos pensar que Deus está olhando para nós o tempo todo. Está olhando agora e vai olhar por toda a sua vida. Não adianta falar, mostrar, realizar se dentro de si como Escoteiro não tem a felicidade que nos trás em ajudar o proximo.

            Nosso papel como Chefe Escoteiro é simples, mostrar aos jovens a vantagem de ser honesto, de ser altruísta, de ter um caráter ilibado e dizer a sua própria consciência e para aqueles que precisam ouvir: - “podes acreditar, eu sou um Escoteiro e o Escoteiro tem uma só palavra” Não preciso acrescentar que ele tem honra, tem alma limpa e reconhece que seus valores são dignos de todos que estão a sua volta. Honestidade se pratica e não se veste não se mostra e nem se faz alarde. Um Escoteiro tem de dar este exemplo sempre. Não basta dizer que sou Escoteiro. Tenho de parecer um Escoteiro que toda a sociedade acredita! E cá prá nós, como disse Homero, se o desonesto soubesse a vantagem de ser honesto, ele seria honesto ao menos por desonestidade.

E terminando o nosso bate papo, relembro Rui Barbosa o que ele disse sobre felicidade: - Onde está a felicidade? No amor, ou na indiferença? Na obediência, ou no poder? No orgulho, ou na humildade? Na investigação, ou na fé? Na celebridade, ou no esquecimento? Na nudez, ou na prosperidade? Na ambição, ou no sacrifício? A meu ver, a felicidade está na doçura do bem, distribuído sem ideia de remuneração. Ou, por outra, sob uma fórmula mais precisa, a nossa felicidade consiste no sentimento da felicidade alheia, generosamente criada por um ato nosso.


Sempre Alerta meus amigos!

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Desapego.


Os ponteiros do relógio se aproximam das doze badaladas da meia noite.
Desapego.

                   Vivemos uma época de celebridades, apelos fáceis à riqueza, ao consumismo, às paixões avassaladoras. Transitamos aturdidos por um mundo em que o destaque vai para aquele que mais tem. E a todo instante os comerciais de televisão, os anúncios nas revistas e jornais, os outdoors clamam: Compre mais. Ostente mais. Tenha mais e melhores coisas. É um mundo em que luxo, beleza física, ostentação e vaidade ganharam tal espaço que dominam os julgamentos. Mede-se a importância das pessoas pela qualidade de seus sapatos, roupas e bolsas. Dá-se mais atenção ao que possui a casa mais requintada ou situada nos bairros mais famosos e ricos. Carros bons somente os que têm mais acessórios e impressionam por serem belos caros e novos. Sempre muito novos.

                   Adolescentes não desejam repetir roupas e desprezam produtos que não sejam de grife. Mulheres compram todas as novidades em cosméticos. Homens se regozijam com os ternos caríssimos das vitrines. Tornamo-nos, enfim, escravos dos objetos. Objetos de desejo que dominam nosso imaginário, que impregnam nossa vida, que consomem nossos recursos monetários. E como reagimos? Será que estamos fazendo algo – na prática – para combater esse estado de coisas? No entanto, está nos desejos a grande fonte de nossa tragédia humana. Se superarmos a vontade de ter coisas, já caminhamos muitos passos na estrada do progresso moral. Experimente olhar as vitrines de um shopping. Olhe bem para os sapatos, roupas, joias, chocolates, bolsas, enfeites, perfumes.

                       Por um momento apenas, não se deixe seduzir. Tente ver tudo isso apenas como são: objetos. E diga para si mesmo: Não tenho isso, mas ainda assim eu sou feliz. Não dependo de nada disso para estar contente. Lembre-se: é por desejar tais coisas, sem poder tê-las, que muitos optam pelo crime. Apossam-se de coisas que não são suas, seduzidos pelo brilho passageiro das coisas materiais. Deixam para trás gente sofrendo, pessoas que trabalharam arduamente para economizar... Deixam atrás de si frustração, infelicidade, revolta. Mas, há também os que se fixam em pessoas. Veem os outros como algo a ser possuído, guardado, trancado, não compartilhado. Esses se escravizam aos parceiros, filhos, amigos e parentes. Exigem exclusividade, geram crises e conflitos.

                       Manifestam, a toda hora, possessividade e insegurança. Extravasam egoísmo e não permitem ao outro se expressar ou ser amado por outras pessoas. É, mais uma vez, o desejo norteando a vida, reduzindo as pessoas a tiranos, enfeiando as almas. Há, por fim, os que se deixam apegar doentiamente às situações. Um cargo, um status, uma profissão, um relacionamento, um talento que traz destaque. É o suficiente para se deixarem arrastar pelo transitório. Esses amam o brilho, o aplauso ou o que consideram fama, poder, glória. Para eles, é difícil despedir-se desse momento em que deixam de ser pessoas comuns e passam a ser notados, comentados, invejados. Qual o segredo para libertar-se de tudo isso? A palavra é desapego. Mas... Como alcançá-lo neste mundo? Pela lembrança constante de que todas as coisas são passageiras nesta vida. Ou seja: para evitar o sofrimento, a receita é a superação dos desejos.

                        Na prática, funciona assim: pense que as situações passam, os objetos quebram, as roupas e sapatos se gastam. Até mesmo as pessoas passam, pois elas viajam, se separam de nós, morrem... E devemos estar preparados para essas eventualidades. É a dinâmica da vida. Pensando dessa forma, aos poucos, a criatura promove uma autoeducação que a ensina a buscar sempre o melhor, mas sem gerar qualquer apego egoísta. Ou seja, amar sem exigir nada em troca.


Boa noite meus amigos, que o Senhor esteja com vocês todas as horas de suas vidas.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Já? Já, hora do Velho Chefe Escoteiro ir dormir! Não deixe a esperança morrer.


Já? Já, hora do Velho Chefe Escoteiro ir dormir!
Não deixe a esperança morrer.

                   Ah! Como é difícil seguir os conselhos que damos aos outros. É tão simples resolver quando nos contam seus problemas e os nossos? Quando a tempestade chega muitas vezes ficamos desnorteados, sem equilíbrio e dificilmente pensamos que a bonança sempre vem depois dela. Tenho certeza que todos vocês que me leem passaram por situações difíceis e alguns se safaram sem maiores problemas. Os outros sofreram na pele por dias e dias até que aquele problema se foi. Ele o nosso amigo disse que tudo passa. As dificuldades passarão. As dores iram passar. Fácil de dizer, mas difícil de entender.

                         Eu tive muitas tempestades em minha vida. Algumas eu achei que o pior ia acontecer. Tempestades profissionais, tempestades sentimentais, tempestades aventureiras. Foram tantas! Depois que elas se foram pouco me lembrava delas. Ficaram aquelas que me marcaram profundamente a mente e o coração. Uma vez, a muitos e muitos anos atrás resolvi conhecer uma gruta lá para os lados de Lagoa Santa, mas depois confirmei ser em Cordisburgo. Fui só. Fiz centenas de atividades sem companhia. Eu me chamava “Escoteiro” aquele que anda só. As mais difíceis nunca fui sozinho. Esta eu achava que seria simples. Sábado cedo partida e domingo à tarde retorno. Final dos anos cinquenta. Mochila nas costas, uma corda de três oitavo de vinte metros, lanche para dois dias e pé no caminho.

                 Ninguém conhecia a gruta desconhecida. Fui acompanhando um riacho procurando a nascente, quedas d’águas lindas, até que encontrei um jovem pescando e ele me disse que a dois quilômetros acima iria encontrar uma gruta que ninguém conhecia. Meia hora depois a vi. Difícil acesso. Precisava usar minha corda e descer uns dez metros até uma plataforma e depois mais uns dez onde deveria existir uma grande abóboda, pois calculava ser ali o final da gruta. Foi então que minha corda caiu. Achei que alguém tinha feito uma maldade, pois o nó que dei foi perfeito. Bem assim achei. Tinha água e comida para dois dias. Precisava pensar. Pedir socorro impossível. Procurei um canto da gruta para servir de morada. A gruta era feia. Água pingando em vários lugares. Não tinha mais nada. Pedra lisa.

               Não me desesperei no primeiro dia. Fiz uma exploração completa e nada. Repeti no segundo dia. À tarde comecei a ficar preocupado. Estava com dezenove anos e não era marinheiro de primeira viagem. Dormi naquele segundo dia acordando a cada hora. Durante o dia uma pequena claridade iluminava algumas partes da gruta e a noite uma escuridão profunda. No terceiro dia mesmo economizando lanches, pois a água não faltava achei que não tinha mais uma saída. À tarde daquele dia comecei desesperar. Não sabia o que fazer. Alguém gritar lá do alto por mim seria difícil. Ninguém sabia onde estava a não ser o jovem pescador. A noite de terça meu coração batia com força querendo sair do peito.

                   Próximo a mim vi um pequeno brilho. Lanterna acesa, pois economizava pilha fui até onde achei que brilhava. Em uma pedra vi o que seria a visão mais impossível do mundo. Ali naquele buraco, naquela gruta feia, noite alta iluminei uma linda flor. Amarela, quase do tamanho de uma rosa. Que flor era? Como nasceu ali? Não tinha ramos, folhas nada. Só o broto e ela. Fiquei ali olhando aquela flor e me esqueci do resto. Melhor orar. Orei olhando para a flor. Ouvi um barulho de água. Colhi a flor e fui à procura do barulho. Quatro horas depois achei. Segui o pequeno riacho e sai em uma abertura do outro lado da montanha. Duas da manhã. O céu estrelado. Sentei na grama e rezei. Olhava para o céu e para a flor na minha mão. Rezei muito. Uma paz incrível. A bonança chegou.

Quando o dia amanheceu voltei para minha cidade. Meus pais estavam preocupados. Contei para eles à tempestade que me apanhou e a flor que me salvou. Bem não foi só a flor, tenho certeza que meus amigos lá do alto me ajudaram. Obrigado meu Deus!


Boa noite, hoje vou dormir mais cedo. O corpo do Velho Chefe Escoteiro já não recebe mais ordens. Melhor obedecer. Durmam com Deus e os anjos do Senhor.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Quando a primavera chegar.


Quando a primavera chegar.

                Quando a primavera chegar eu vou colher flores, no jardim da praça, nos vales floridos, nas campinas e com as flores do campo, eu vou me esbaldar. Vou rolar na grama, brincar de pique esconde e me perderei entre elas. Vai ser doce sentir o perfume das flores no ar. Quem sabe me transformarei em borboleta, qualquer uma não importa a cor. Irei de pétala em pétala das lindas flores dos jardins das casas, sentirei o gosto e o aroma do néctar de uma flor. Voarei por montanhas floridas, correrei por vales e montes coloridos, sentarei nas pedras das escarpas azuis tão alta e lá irei oferecer uma pétala que está desabrochando aos casais apaixonados que ali fazem juras de amor. Irei caminhar com leveza para não machucá-las. Se o vento passar eu serei um mágico para segurar o perfume da primavera florida. Vai ser lindo quando a primavera chegar. Como Escoteiro vou longe para longe muito longe para acampar. Vou sentir a natureza se desmanchando de amor quando a primavera chegar.

                E quando chegar a hora eu subirei na montanha mágica, verei lá de cima os rios que cruzam as campinas verdejantes, cidades além dos horizontes, pássaros incríveis que fizeram ali seus ninhos e agora estão a cantar. Lembrar-me-ei das falas novas que Bagheera cantava pelos montes a correr e saudar. Quero descobrir a mais bela flor do campo, quero ver o desabrochar da orquídea branca como a neve que vive nas alturas das árvores na Mata do Vale Feliz. E quando a primavera chegar quero sentir o vento soprar em meu rosto, ver o bailado no ar do beija flor que se deixa levar. Se possível irei buscar novos rumos, deixar que Mowgly siga seus passos vou chamar o Lobo Gris e correr com ele tristonho ao ver Mowgly partir. É, quando a primavera voltar serei o primeiro a ver o nascer do sol, tão belo, tão pujante, como se fosse uma bola de fogo a surgir no horizonte.

Alguém já comentou que há uma primavera em cada vida: é preciso cantá-la assim florida, pois se Deus nos deu voz, foi para cantar! E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada que seja a minha noite uma alvorada, que eu saiba perder... Para me encontrar...


Boa noite!

domingo, 9 de agosto de 2015

Minha homenagem ao pai ausente escondido nas sendas do mundo.


Minha homenagem ao pai ausente escondido nas sendas do mundo.

Hoje prestamos homenagens aos nossos pais. Um dia sublime e a gente tenta mostrar o melhor de nós para uma homenagem bela, cheia de amor aos nossos pais. Aqueles que tem as benesses de ter seus filhos junto, aqueles que tem as benesses de ainda poder lhe dar um abraço um beijo e dizer que te amo. Isto é bom demais.
Mas temos aqueles ausentes, aqueles que os filhos não se lembram deles, aqueles que estão por aí espalhados pelo destino nas esquinas da vida. São os presidiários abandonados, os sem teto dormindo embaixo de marquises nas intempéries do tempo. São aqueles que perderam o amor dos seus entes queridos, aqueles que fazem do dia um trabalho maior para dar o que comer aos seus rebentos. Porque não aqueles que nem recebem um beijo, uma palavra de afeto, cujas lágrimas aparecem neste dia para lembrar que a vida não lhes deu a riqueza, a simplicidade da vivencia em família, o amor dos filhos e muito mais.

Aqui escondido nestas páginas ilusórias virtuais, eu presto a todos eles minha homenagem. Não haverá presentes, não haverá abraços contentes, não haverá um muito obrigado. Quiçá vai haver o desejo maior de que no limiar do tempo tudo vai passar e cada um terá seu lugar junto aos seus filhos nos braços do Senhor. Só posso desejar a todos eles que não se sintam infelizes. Por mais obscuro nas teias do tempo sempre haverá alguém a rezar por eles.


FELIZ DIAS DOS PAIS esteja onde estiverem e a você meu papai que está no céu, nunca me esqueci de você!

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Lembranças e lambanças. Pois nunca fui santo. Risos. Baseado em fatos reais.


Coisas do passado.
Lembranças e lambanças. Pois nunca fui santo. Risos.
Baseado em fatos reais.

                   Minha Patrulha Sênior por volta de 1957. Éramos seis. Fomos acampar na Caverna do Morcego uma barranca do Rio Doce, acima de São Raimundo depois da ponte da estrada Rio Bahia. Seriam três dias de diversão, pois lá assa-peixe e bambus tinham a rodo. Seriam três dias sem necessário armar barracas, pois a Caverna era enorme e cabia gente que não acaba mais. Tudo foi levado em nossas bicicletas. No sábado pela manhã observamos um pelotão do Tiro de Guerra (unidade do exército que existia e acho que ainda existe nas pequenas cidades do Brasil) montando um acampamento. Uns oitenta soldados recrutas e um sargento nosso Velho conhecido. Estávamos fazendo uma torre de observação, uma das mais altas que já tínhamos feito. Do alto da torre dava para avistar a ilha do Macaco e fazendas próximas. O Arlindo sub achou à tarde na beira do rio uma enorme (grande mesmo) abobora amarela. Precisou da ajuda de outros dois para levá-la até ao acampamento.

              Abobora deste tamanho não é boa para comer, mas logo alguém que até hoje não lembro deu a ideia supimpa. O Arlindo e o Ronaldo ficaram horas trabalhando a abobora. Limparam por dentro, fizeram uma bocarra cheia de dentes. Em cima ele mestre no assunto fez uma tampa fácil para abrir e fechar. Parecia uma gigantesca feiticeira ou o demônio sem lá. Os olhos eles fizeram questão de colocar dois ovos presos com barro. A noitinha estava pronto. Normal quase todos seniores terem uma ou duas velas na mochila. Bastaram quatro postas, muitas folhas verdes em volta e com muito cuidado para não afundar eu mesmo fui nadando e a levei até o meio do rio, com as velas acesas e a fumaça saindo por todos os lados.

                  Foi à conta, a gente já esperava um susto, mas o que aconteceu foi demais. Quando a abóbora passou pela área do Tiro de Guerra (por volta das onze e meia da noite) o sentinela levou o maior susto. Passou a atirar a torto e a direito e gritava – O capeta! O demônio! O diabo! Socorro! Vieram outros recrutas que estavam dormindo. Muitos de cueca, short e até uns pelados. Todos armados (Fuzil Mauzer, modelo 1908) e não faltou bala para ninguém. Começaram a atirar. Era soldado correndo atirando e gritando. Eu até ouvi um pedindo sua mãe. Coitadinho, agora tinha que se virar. Tanto correram e atiraram que acabou a munição. Foi nesta hora que surgiu o Sargento Martinho levantando as calças (devia estar no WC) foi até sua barraca, pegou seu fuzil mirou e acertou uma bala bem no centro da abobora que se despedaçou.

                 Nunca rimos tanto dos pobres recrutas. Contamos para a cidade em peso. No sábado de reunião nos divertíamos com uma corda montando um tripé e levamos o maior susto. O Capitão Leopoldo do Tiro de Guerra entrou no pátio da sede acompanhado do Sargento Martinho e dois recrutas que nos reconheceu. Pediu ao Chefe João Soldado para falar conosco. Começamos a urinar nas calças. Um medo danado. Formados em linha, em posição de sentido, os seis bravos escoteiros seniores tremiam como varas verdes. O capitão andando de um lado ao outro fez uma pequena inspeção nos uniformes, nos olhou olhos e falou:
- Então são vocês, seis merdinhas escoteiros que botaram o Exército Brasileiro para correr? E começou a rir desbragadamente. E não parou de rir até que toda a Patrulha parou de tremer e a rir também. A cidade nunca esqueceu a historia e por muitos e muitos anos o causo era lembrado nas padarias, nos bares e claro no Barbeiro, local de fofoca e conversa fiada. Risos.


E como digo no final das minhas historias, acredite se quiser! Risos. 

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Memórias de Baden Powell


Conversa ao pé do fogo.
Memórias de Baden Powell

                    Depois de escrever o meu livro, Escotismo para Rapazes, eu naturalmente pensei que as organizações dos meninos iriam utilizá-lo pelo seu trabalho e haveria pouco para eu fazer sobre o assunto. Mas antes de muito tempo, na primavera de 1909, eu percebi que muito dessas organizações, centenas de garotos se formavam Tropas Escoteiras. Foi em 1909 que o rei Edward tinha tido sua conversa comigo sobre o movimento. Apesar de ter sido, em seguida, apenas na sua fase embrionária Sua Majestade viu tais promessas e possibilidades e por isto me incentivou a tentar fazer uma grande concentração.

                   Motivado eu fiz o que minha mente dizia. Um convite foi enviado a todos os escoteiros para em um determinado dia fazer um encontro no Palácio de Cristal, e isso resultou em um desfile com a presença de mais de 11.000 escoteiros. Foi o maior agrupamento de meninos, o que nunca tinha acontecido até agora e olhe que o movimento não tinha dois anos! Isso foi um pouco de uma bomba para mim. Vi que eu não podia continuar no exército e ficar com o escotismo. Devia deixar um ou o outro?

                  Mas do ponto de vista pessoal, eu tinha cinquenta e dois anos e era um tenente-general, e, portanto, no alto da escala profissional para a minha idade: ao mesmo tempo em que seria uma pena deixar esse novo crescimento vacilar e desaparecer, e ainda assim eu não conseguia ver ninguém que poderia ou iria levá-lo na mão naquele momento. Como eu já disse, o Rei havia me questionado sobre esse ponto e sabendo que ele tinha entendido completamente a ideia, deixei em suas mãos para dizer qual curso eu deveria tomar. Eventualmente, ele concordou que eu devia organizar os Escoteiros e isto foi o mais importante para mim. Então, pedi demissão do Exército.


E o escotismo floresceu!

sábado, 1 de agosto de 2015

Porque hoje é sábado...


Conversa ao pé do fogo.
Porque hoje é sábado...

                   Ótimo, hoje é sábado e porque hoje é sábado eu sei que já tem milhares e milhares de meninos, meninas e chefes se preparando para o fantástico dia que vem a seguir. Muitos já estão de uniforme ou com a vestimenta esperando o almoço para partir. Outros já foram para os montes e vales acampar. Daqui a pouco os sorrisos irão brotar e a vontade de dizer Melhor Possível ou Sempre Alerta irá surgir. E aqueles outros? Não sabe? Eles fizeram uma aposta entre si, ganha quem primeiro grita o lema Escoteiro. Você chega à sede de mansinho e não vê ninguém. Quando menos assusta aparece de todos os lugares muitos correndo e gritando: - Sempre Alerta! Melhor Possível. Isto é bom demais. Paçoca das boas, doce de leite que encanta pipoca explodindo no ar. Vontade enorme de estar ali para beber a água da fonte, correr pelos horizontes a gritar alto em bom som: Avançam Patrulhas! Hoje vamos conquistar!

                   Outro dia um escoteirinho me disse aqui sorrindo: - Chefe de qual Grupo? – Respondi – Hoje meu amiguinho sou Escoteiro do mundo, a idade me pegou de jeito na curva do destino e não me deixa mais participar, só mesmo uma visita de vez em quando, visita de médico ou de politico que diz: - Vote em mim e se manda. Mas em espírito eu estou presente com eles estejam onde estiverem. Já pensou? Arvorar uma bandeira? No mastro ver a beleza verde e amarela ribombando no ar? Todos firmes de olhos fixos naquela que representa nossa pátria? Repito... É bom demais. E os jogos? Corre aqui, corre ali, eu ganhei, eu ganhei! Alegria geral dos corujas, dos touros, dos morcegos, dos leopardos e de tantas outras patrulhas supimpas. E os marrons, os verdes e azuis? Bom demais ver esta lobada no seu Grande Uivo, a Akelá a gritar: Melhor, melhor, melhor e melhor. Isto é danadamente bom demais. E lá no cantinho os seniores e guias se reunindo preparando uma reunião e dizendo entre si: - Somos seniores, somos guias, somos duros na queda, ninguém nos segura, vamos velejar pelos mares, acampar nos vales e picos das maiores montanhas do mundo. Pois é não dizem que seniores e guias são supimpas? – Tropa Sênior, Sênior é, é que é bacana... Pois é ser Sênior e Guia é bom demais.

                  Portanto eu desejo uma ótima reunião, uma feliz amizade, sorrisos de montão. Desejo mil jogos fantásticos, centenas de nós bem feitos, bases no melhor estilo, monitores sorrindo satisfeitos e dizendo aos comandados: Avante turma, pois hoje ninguém vai nos pegar. Ver um Primo ou uma Segunda de olhos fixos na historia do Balu. Era uma vez, em uma floresta linda, verde como meu Brasil... Ah! Reuniões! Que coisa boa, que coisa supimpa. Assim eu acredito assim eu vejo através dos olhos dos pássaros que sobrevoam as sedes Escoteiras no mundo.
Uma ótima reunião de alcateia, Tropa, Tropa Sênior e guia, e não vou esquecer-me dos pioneiros, que em uma montanha bem perto do céu, contam historias na beira de um lago azul.


Sempre Alerta!