Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

sábado, 19 de dezembro de 2015

O "Velho" e saudoso bastão Escoteiro.


Conversa ao pé do fogo.
O "Velho" e saudoso bastão Escoteiro.

                      Não ia escrever sobre ele. Já foi abolido há tempos. Dizem que serve para os saudosistas lembrarem-se quando usavam um. Eu tive o meu. Eu mesmo fiz. Somente o bastão do monitor ainda se mantem vivo, pois o totem precisava ter um lugar onde ancorar. Já vi muitos jovens usando um, não às réplicas antigas, redondo, altura do ombro, duas polegadas de diâmetro. Hoje são forquilhas, madeira em curva enfim a gosto da escolha do monitor ou da patrulha. Não sei se hoje ainda podemos usá-lo como no passado. Muitas vezes é incomodo dependendo o transporte a usar. Lembro que quando Chefe Escoteiro há uns trinta anos quando chegávamos ao campo todos faziam os seus. Na sede o canto de patrulha era ornamentado com ele. Hoje alguns o acusam de ser militarizado, imitando um fuzil, se mostra agressivo para quem observa. Não concordo, mas fazer o que? O meu serviu para muitas coisas. Uma vez pensei em ter um e dar umas bastonadas na cabeça de alguns cabeçudos chefes, risos, brincando, sou um Escoteiro de paz. Risos.

                  Ainda acredito que o bastão se usado frequentemente torna-se um hábito de comportamento. O meu era de pé de goiabeira. Eu mesmo o fiz. Calmamente sem pressa. Oleado, engraxado, lixado e dormindo várias noites a luz do luar. Disseram-me que ficaria perfeito e iria durar muitos anos. Soube que madeira de lei não era boa e quebrava muito. Peroba rosa este sim era perfeito. Mesmo passando para os seniores eu ainda o usava, apesar de que nesta sessão praticamente ninguém nunca o usou. Naquela época as patrulhas sabiam reconhecer um bom bastão escoteiro. Ninguém esquecia que ele contava a história de seu dono. Seu tempo de atividade, seu crescimento técnico, suas etapas, seus acampamentos. Mil coisas. Até 1975 os alunos de cursos escoteiros ainda usavam o bastão.

                     Pensando bem o bastão queira ou não têm mil e uma utilidades. Abrir picadas em matas, se defender de animais peçonhentos, e olhe importantíssimo em trilhas desfeitas para fazer barulho e espantar cobras no caminho. Elas correm com o barulho. Ele era imprescindível em jogos, (quem nunca fez o jogo do bastão? O quebra canela? Melhor ainda cantar o Escravo de Jó usando o bastão?) serviam como escada para elevar um Escoteiro em uma árvore alta, na montagem de campo e claro nunca esquecer suas mil e uma utilidades nos casos de emergências: - Uma torção do pé, alguma dor na coxa e se necessário se transformar em uma maca rapidamente com duas camisas. Nas tropas mais ricas todos tinham iguais. Quando um pai marceneiro ajudava era bom demais. O Escoteiro recebia pronto. Não sei se é válido. O esforço pessoal valoriza muito o que se quer ter, seja o bastão o uniforme ou outro “treco” que cada um pensa em ter. Nosso Chefe repetia sempre: O bom bastão deve aguentar seu peso, leve e de fácil manuseio. Nos acampamentos um bambu Chinês ou o taquarussú pode “quebrar o galho” sem sombra de dúvida. Claro que ao terminar o acampamento ele seria descartado. Vai secar rapidamente.

                    Muitos não gostavam de jogar fora. Escolheram tanto e agora descartá-lo? Não dava para pegar ônibus urbano, mochila, sacos de intendência e bastão. Mas sempre dávamos um jeito. Afinal jornadas sem carretinhas o bastão era indispensável. Os sacos de patrulhas já eram feitos com alça para facilitar o transporte. As técnicas para ter ele a mão em formações, saudações e outras necessidades eram bem treinadas pelos escoteiros. Monitores sempre os responsáveis para o treinamento. Em forma, em posição de alerta (sentido), descansar ou saudando a chefia, funeral saudação à autoridade e a bandeira, andar em marcha de estrada, estar preparado e em repouso. Dava orgulho ver um Monitor ou sub. passando o bastão para o outro. Uma cerimônia linda e que todos orgulhavam. Não sem se ainda fazem assim. Mudou-se tanto! E quer saber? É incrivelmente ante-escoteiro arrastar o bastão em marcha de estrada ou na sede. E fazê-lo de descanso nas formaturas? Monitor escorado, parecendo cansado ufa!

                Mas convenhamos que hoje ele seja supérfluo. Ele não aparece mais nos livros escoteiros. Foi abortado! Afinal os tempos são outros. Dizem que muitas tropas ainda utilizam. Não sei. Infelizmente muitas tradições vão ficando pelo caminho. Válido ou não ainda prefiro pensar no passado muito mais gostoso do que hoje. Mas não sou mais jovem e acredito que eles podem pensar diferentes. Tenho que concordar. Para que bastão se a mão está ocupada com um celular ou um laptop? Interessante que muitos países ainda o adotam. Quando vejo a escoteirada bem perfilada fico orgulhoso. Dei boas gargalhadas quando alguém me disse que BP colocou o bastão para lembrar o fuzil do exército, pois ele sempre viu todos como futuros soldadinhos. Risos. Dizem tanto sobre BP. Tem hora que fico em dúvida se ele existiu. Com os novos Baden Powell que existem por aí a modernidade vai superar o passado sem sombra de dúvida.


                Um dia vou por aí a vaguear seguindo o vento, em uma trilha ou abrindo caminhos em mata cerrada (existe ainda?) e se achar um belo pé de goiabeira e ver um galho que se mostra autêntico para ser um bastão Escoteiro eu o trarei comigo. O meu não tenho mais. Se achar um perfeito depois de prepará-lo mandarei fazer a biqueira de aço. Ops! Isto não, dizem que o bastão vira uma arma letal! Nossa! Bem o meu vai ficar em lugar de honra em minha casa. Irei colocar nele tudo que fiz e que ganhei na minha vida Escoteira. Mas isto não deve interessar a ninguém. Não mesmo. Existem outras situações mais importantes para preocuparem. É melhor deixar com os antigos as recordações. São coisas de “Velhos” escoteiros rabugentos e suas manias. Risos.

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