Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

A história de uma flor. Apenas uma flor sem nome.


A história de uma flor.
Apenas uma flor sem nome.

                Um acampamento volante. A pé, coisa de quarenta quilômetros. Devagar sem correr. Apreciando cada passo, cada nuvem no horizonte. Sentir o vibrar dos pássaros no ar. O prazo foi calculado, três paradas três noites. A patrulha sorria na estrada. Estradinha linda gramada. Desconhecida. Nunca passamos ali. Não era nosso primeiro houve outros. Alguns assim e outros menos ou mais ou menos assim. Coisas de aventureiros, de uma turma de escoteiros que só querem descobrir onde o sol se escondeu o horizonte. O rumo foi calculado, passo duplo bem armado, se preciso um passo Escoteiro, pois todos são bem mateiros. Um riacho cantante ao lado, coisa já bem calculada, sempre um riacho a acompanhar para a sede matar. As horas iam passando, uma curva aqui, uma subida ali, e então avistamos um local para acampar. Era simples, armar barraca, um fogo estrela ou um fogão tropeiro.

               Nas costas do intendente um caldeirão médio, nas costas do aguadeiro uma frigideira e nas costas do cozinheiro uma panela com alça. Dava para o gasto. Um cardápio francês a gosto do freguês. Arroz, batata e macarrão, quem sabe uns pedaços de linguiça para adoçar o paladar eram levados em pequenas porções nas mochilas de cada um. O Monitor em pequenos vidros de pimenta jazia lá dentro gordura de porco, outro com sal e distribuído com os demais uma faca de cozinha, um facão mateiro, uma concha e uma espumadeira pequena. Precisava de mais? Um sorriso, um cantar, alguém grita para parar. Os sete valentes escoteiros sabiam o que iam fazer. Três nas duas barracas de duas lonas, dois na cozinha e dois no serviço de exploração. Descobrir novas guloseimas que sempre existiam espalhadas na mata próxima. Os da barraca terminando iam jogar uma linhada, quem sabe uma traíra ou um bagre para o jantar.

                  Os pés doíam da caminhada. Melhor jogar para cima as pernas cansadas e deixar o sangue circular. Primeira noite. Não houve fogo, não houve contos, não houve causos.  Estavam exaustos e precisavam dormir. Acordei cedo. O sono se foi, abri a porta da barraca e o sol brigava com a noite na montanha distante para aparecer. Como disse o poeta esta é a hora, cada dia que nasce é um novo amanhecer. Olhei uma árvore próxima. Pensei: - Ver o mundo como um grão de areia, ver o céu como um campo florido, guardar o infinito na palma da mão, e a eternidade em uma hora de vida. Saí da barraca ainda descalço. Estiquei os braços e as pernas, levantei o corpo para um longo e gostoso espreguiçar. Senti nas narinas o bafejar do orvalho da manhã, o movimento febril dos insetos da madrugada, o bailar dos pardais anunciando um novo dia. Desentorpecer o corpo é bom demais. Hora de vestir meu uniforme, colocar minha botina, parei estupefato.

                    Incrível, debaixo do Jequitibá uma flor. Nossa mãe! Que flor linda! Fascinante! Fiquei olhando não acreditando no que via. Não era grande e nem pequena, apenas uma flor segura por um pequeno ramo que ia se esconder na terra molhada do orvalho da manhã. Era grená? Ou então cor vinho com verde e azul? À medida que o sol nascia ela se transformava. Dizem que nunca houve uma noite, ou um problema que pudesse derrotar o nascer do sol ou a esperança. Sentei em sua frente, meus olhos vidrados a olhar a flor sem nome. Estava fascinado. Gosto de flores amo as flores o seu perfume, a sua maneira singela de aparecer para a gente assim tão linda e formosa. O sol espantou a lua, as estrelas desapareceram no céu. Ouvi falar que os jovens têm a memoria curta, e os olhos para apenas o nascer do sol. Para o poente olham apenas os velhos, aqueles que viram o ocaso tantas vezes. Os demais patrulheiros apareceram na porta da barraca. O sol quente se mostrou na lona levantada onde agora nossas bugigangas estavam a secar.

                    Ninguém viu a flor. Eu não sabia por quê. Eu amava todas elas, vermelhas, rosas, azuis e formosas. Fui ajudar a patrulha e olhando sempre meu novo amor. Quem tenta possuir uma flor verá sua beleza murchando. Mas quem apenas olhar uma flor no campo permanecerá para sempre com ela. Eu sabia que ela nunca seria minha, mas no meu coração eu a teria para sempre. Um café, um pequeno biscoito do intendente, campo limpo e a partida. Pedi licença, fui pela última vez olhar minha flor, meu novo amor que sabia nunca mais iria ver. Partimos alguém começou a cantar o Rataplã. Acompanhei, a estrada era longe demais. Mais um dia outra parada, no longínquo céu azul acompanhávamos o vento que nos levava aonde o sol iria se por. Minha vida de Escoteiro, sempre alegre a marchar, aonde vou? Onde vou parar? Ah! Na próxima parada eu irei plantar uma flor. Serão sementes de amor. E quando voltar irei colher os frutos da felicidade.

 “Meu jovem Escoteiro e minha amiga escoteira, saia, vá para o campo, aproveite o sol e tudo o que a natureza tem para oferecer. Saia e tente recapturar a felicidade que há dentro de você; pense na beleza que existe em tudo ao seu redor, e seja feliz. A beleza continua a existir mesmo no infortúnio. Se procurá-la, descobrirá cada vez mais felicidade, e recuperará o equilíbrio. Uma pessoa feliz tornará as outras felizes; uma pessoa com coragem e fé nunca morrerá na desgraça”.


Boa noite. Um lindo fim de semana cheio de alegria e felicidade.

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