É mais verde
a grama lá em Gilwell.
Hoje levantei com pensamentos
abstratos, tristes, tentei usar meus truques para sorrir. Mudei o fundo musical
e não adiantou. Dei uma busca na floresta encantada do meu pensamento. Quando penso muito me lembro do poema de Ana
Jácomo: Jogo a minha rede no mar da vida
e às vezes, quando a recolho, descubro que ela retorna vazia. Não há como não
me entristecer e não há como desistir. Deixo a lágrima correr, vinda das ondas
que me renovam, por dentro, em silêncio: dor que não verte, envenena. O coração
marejado me arrumo como posso, os meus sentimentos. Passo a limpo os meus
sonhos. Ajeito, da melhor forma que sei a força que me move. Guardo a minha
rede e deixo o dia dormir. Com toda a tristeza pelas redes que voltam vazias,
sou corajoso o bastante para não me acostumar com essa ideia. Se a gente não
fosse feito pra ser feliz, Deus não teria caprichado tanto nos detalhes.
Perseverança não é somente acreditar na própria rede. Perseverança é não deixar
de crer na capacidade de renovação das águas. Hoje, o dia pode não ter sido
bom, mas amanhã será outro mar”. E eu estarei lá na beira da praia de novo”.
Dizem que nossa maior glória não
reside no fato de nunca cairmos, mas em levantarmos sempre depois de cada queda
todos dizem. Mas isto é fato? Quão difícil é perseverar, insistir, permanecer e
persistir nas sendas Escoteiras. Se voltar meus olhos ao passado vejo uma
multidão de jovens seguindo uma trilha que não vai a lugar nenhum. Se vão para
não mais voltar. Entristeço-me. Posso culpá-los? Os motivos que os levaram a
outros caminhos não tem significado para mim? Quem sabe eles tem a razão que eu
desconheço. Dez anos, quinze, vinte, quarenta e chegando aos sessenta e cinco
anos. E quantos ainda estão ao meu lado? Uns minguados como eu? Eu sei que
dizem que boas atividades grandes jornadas e belos acampamentos amarram nossas
vidas a esta bela coisa que se chamam de coração escoteiro. Mas quantos dizem
isto e quantos conseguem fazer por anos a fio? – Não é fácil. É difícil mesmo que
”mormente” façamos tudo para permanecer para sempre nas sendas de Lord B-P.
Pensei em cantar
melodiosamente minha volta a Gilwell. Mas onde está Gilwell? De novo outro
curso? Seria bom demais. Ouvir um mestre escoteiro nos ensinar nosso caminho
para chegar ao sucesso e a felicidade. Sei que quando chegar a hora de partir
não haverá volta para muitos como eu. Sei que em meus sonhos, volto sempre a
Gilwell. Onde alegre e feliz eu acampei Vejo os fins de semana com meus velhos
amigos, e o campo em que eu treinei. É mais verde a grama lá em Gilwell, onde o
ar do Escotismo eu respirei. E sonhando assim vejo B-P que sempre viverá ali.
É tão bom sentir o perfume das
flores lá em Gilwell. O ar puro que respirei, o sol chegando, voltar de novo a
minha patrulha, cozinhando, construindo belas pioneiras, fazendo desafio às
outras patrulhas, sem chefões, jogar quando der na telha e sentir o chilrear
dos pássaros, colocar os pés na água fria do riacho. Olhar para o céu e tentar
entender as nuvens brancas que se espalham, sentir o vento soprando gostosamente
no rosto. E quando a noite chegar, quando a fumaça da lenha do fogão se
espalhar, alguém irá dizer que a boia esta pronta. Hora de sorrir pois vamos contar
belos causos. Causos que se estenderão pela noite no Fogo de Conselho, na
conversa ao pé do fogo. É bom demais estar lá em Gilwell, ver a noite cantar
sonolenta chamando a orquestra das estrelas para acompanhar.
Se nos meus sonhos eu volto
sempre a Gilwell, se eu era um bom lobo e não estou mais lobeando, preciso
urgente voltar. Preciso voltar a me motivar, acampar com a escoteirada que
dependem de mim e de muitos outros como eu. Mas penso com meus botões, existem
ainda estes acampamentos? Podemos voltar a Giwell para viver o escotismo que
sonhamos?
É mais verde a grama lá em Gilwell
Onde o ar do Escotismo eu respirei
E sonhando assim vejo B-P
Que sempre viverá ali.
Boa noite!
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