Gente!
Estou ficando Velho!
Olhe, não tenho
certeza, mas acho que estou ficando Velho. Descobri isto quando vi que estamos
chegando em 2016. Ainda não? Faltam dias para chegar? Pois é a velhice é assim,
você nem nota. Saio da sala e volto novamente. Apaguei a luz? Preciso ter
certeza. Esquentei um jantar comecei a comer e voltei novamente ao fogão.
Desliguei o Gás? É sempre assim. Acordo de madrugada e fico a abrir portas para
verificar se estão fechadas. O que é isto? Seria manias de Velho? Li um poema e
quis escrever aqui. Não anotei. Esqueci. Seria assim? – “Eu sou assim mesmo, eu
quase não choro e rio pouco, e pouco falo, mas muito ouço”. Sou de apanhar e
não dar o troco. E quase nem grito e se faço assim fico rouco. Se continuar
assim acho que fico louco! Dizem que a velhice chega sem a gente perceber.
Devagar, tropeços no ar. Segurar a lua pensando que ela vai brilhar e nos
orientar. Ainda penso e dizem se penso logo existo. Certa tarde, envolto em
tristezas quis recusar o vento, não tinha nas mãos nenhuma maquina de alegria,
foi então que inventei um espanador de tristeza. Era de fácil manejo, mas Deus
do céu! Não funcionava! Preciso reinventar meu espanador.
Resolvi mudar meu estilo
de Velho chato e maniento. Um sorriso me fez lembrar que mesmo Velho escrevia
poemas. Eu os colecionava no fundo do coração. Quando pensava neles abraçava a
mim mesmo. Outro Velho poeta escreveu assim: - Sou um pequeno grão de areia,
sou o canto da sereia, e canto para enfeitiçar, sou uma luz no infinito, sou um
sonho bonito e sonho para não mais acordar! Lindo não? Mas não se iludam, estou
ficando Velho e não tem saída. Eu mesmo me chamo de Velho Escoteiro. Já me
disseram que não, que sou um antigo, um Velho Lobo ou um Veterano. Será? Gosto
do Velho. Dá-me um ar de malicia, que delicia pensar que posso dizer o que
quiser. Mas a verdade é uma só. Não tenham dó, não quero, pois sei que sou um
Velho Escoteiro que ainda escreve e costuma esquecer. – Que foi que escrevi
ontem? Onde estão meus arquivos? Amigo, toque um sustenido para a música se
elevar no ar... Dizendo coisa com coisa não sei onde quero chegar.
Melhor parar por aqui. Já nem
sei mais o que digo. Como diz o poeta que de tanto erro passado, tantas
retaliações, tanto perigo, eis que ressurge um Velho amigo, nunca perdido e
nunca reencontrado. Fico feliz, ela senta novamente ao meu lado, com aquele
olhar antigo, me olhando atribulado, e ri ao sentar comigo. Pois é, o tempo é
um ponto de vista, depende de quem vê e de quem olha ou quem escuta. Velho é
quem é um dia mais Velho que a gente... Escrevendo isto sorri de repente ao
dizer: Olá meu amigo, que ouve? Está tão novo? Danado, me achincalha
debochando. Isto mesmo, de repente num
momento fugaz, os fogos de artificio anunciam - O ano novo está presente, e o
ano Velho ficou para trás... E lá vou esperar 2017. Que venha, farei nova
resenha pois mesmo Velho Escoteiro estarei lá, afinal me chamam de bobo, por
ser Velho e tentar ser novo. Mas cá prá nós não posso parar de tentar...
Boa
noite!