Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Adoro ser um saudosista sonhador.


Crônicas de um Velho Escoteiro.
Adoro ser um saudosista sonhador.

                   Poderia ter começado esta minha crônica dizendo: Oh! Que saudades que eu tenho, da aurora da minha vida, da minha infância querida que os anos não trazem mais... É Cassimiro de Abreu, seu poema bate fundo na alma de um Velho Escoteiro. Ainda mais quando me dizem que o passado devia ser morto e enterrado. Não disseram que esquecer é uma necessidade? Que a vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa apagar um caso já escrito? Não gritem nos meus ouvidos que devemos voltar o rosto sempre na direção do sol, pois só assim as sombras ficarão para trás. Não acredito nisto. Posso viver o presente, mas nunca vou esquecer o meu passado. Dizem que o nosso presente são das coisas boas ou más que fizemos no passado. Não sei. Eu gosto quando me chamam de saudosista. Hoje existe uma nova ou velha moda comportamental que tenta esconder o saudosismo. Dizer que naqueles tempos, foi melhor que hoje é só para quem conseguiu viver uma vida cheio de alegrias e felicidade. Dizem que de novo a um rumor saudosista, crescendo, afirmando como era bom naquele tempo que a amizade valia mais que uma promessa, que a palavra e a honra era respeitada, onde a lealdade nunca poderia ser posta em dúvida.

                Comentam por aí os defensores do saudosismo que desde que nascemos já temos saudades. Começa quando nos afastamos do ninho cálido onde estivemos por nove meses, um lugar seguro e protetor, onde o mundo ali era somente seu. Mesmo crescendo havia a proteção da mãe, dos amigos, de aventuras que fazíamos de tantas coisas que a gente nunca mais esqueceu. São saudades de um tempo que se vivia sorrindo, alegre e solto, sem muitas imposições da sociedade onde a primavera era lembrada quando as flores começavam a florir encantamentos nos quintais, nas estradas, nos campos que floriam sem a gente saber que a primavera chegou. Ruy escreveu um dia que “saudade é a vontade de outra vez”. De pelo menos mais uma vez. De rever alguém, de reviver algo, de recuperar talvez um elo perdido. Ou de até mesmo tentar descobrir se aquele encantamento foi um belo sonho ou se realmente existiu. Sem perceber construímos ao longo da vida um mar de sonhos que nos faz ter saudades por toda a vida. “Que saudades eu tenho, de ainda menino, ver minha mãe cantar para mim: Boi, boi, boi, boi da cara preta, pega o Osvaldinho que tem medo de careta”.

                 Podem me chamar do que quiserem. Eu tento viver o presente, aceitar as novas normas que aceito, mas não gosto, tentar impingir a mim mesmo que isto não é o que acreditava no passado. Sei que tudo que disser meus pensamentos estarão fixos no passado vivendo realidade que hoje não são mais aceitas. Eu gostaria de personificar meu passado e torna-lo real. Eu brigo comigo mesmo para não deixar morrer aqueles lindos e velhos tempos. Quem sabe minha saudade é a minha própria história, nas páginas contadas aos quatro ventos, belas, generosas e cândidas. Muitas vezes feita de uma tristeza suave, que dói e mesmo assim faz reviver. Dizem que é como chorar sorrindo. Ou derramar lágrimas para bebê-las como se fossem gotas de mel. Mas saudades são lembranças guardadas no coração e nunca são esquecidas pela mente. Ela me parece ser algum pétreo, paralisante, como se eu fosse o Senhor do Tempo e pudesse detê-la ou avançá-la. Sei que não posso mantê-la junto de mim sempre. Dizem que os saudosistas tem alma fechada, como se o medo ou a covardia o impedisse de viver a grande aventura de viajará através do tempo.

                     Eu gostaria mesmo de tonar vivo o meu passado. Apertar um botão e ser arremessado aqueles tempos que amei e nunca mais esqueci. Ah! Se eu pudesse começar tudo de novo, fazer com que o acontecido se torne vivo no presente. Não me culpo e nem sinto culpa por ser um saudosista. Minha condição humana fez de mim um saudoso das eras passadas e esta saudade imensa é que me ajudar a enxergar a beleza do agora e a ter esperança no amanhã. As vezes choro sorrindo, as vezes me levanto e ando para saber se não encontrei a porta do passado, quem sabe a beleza de antes ressurge novamente agora. Foi bom enquanto durou e poderia ser bom novamente se todos pensassem como eu. Mas sei que isto é impossível. Cecílio de quem tirei muitas destas palavras foi sábio quando disse: - O saudosista quer viver do passado. O saudado faz do passado fonte de vida!  

Chefe Osvaldo, apenas... Um Escoteiro!  

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