Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Gente! Estou ficando Velho!


Gente! Estou ficando Velho!

                        Olhe, não tenho certeza, mas acho que estou ficando Velho. Descobri isto quando vi que estamos chegando em 2016. Ainda não? Faltam dias para chegar? Pois é a velhice é assim, você nem nota. Saio da sala e volto novamente. Apaguei a luz? Preciso ter certeza. Esquentei um jantar comecei a comer e voltei novamente ao fogão. Desliguei o Gás? É sempre assim. Acordo de madrugada e fico a abrir portas para verificar se estão fechadas. O que é isto? Seria manias de Velho? Li um poema e quis escrever aqui. Não anotei. Esqueci. Seria assim? – “Eu sou assim mesmo, eu quase não choro e rio pouco, e pouco falo, mas muito ouço”. Sou de apanhar e não dar o troco. E quase nem grito e se faço assim fico rouco. Se continuar assim acho que fico louco! Dizem que a velhice chega sem a gente perceber. Devagar, tropeços no ar. Segurar a lua pensando que ela vai brilhar e nos orientar. Ainda penso e dizem se penso logo existo. Certa tarde, envolto em tristezas quis recusar o vento, não tinha nas mãos nenhuma maquina de alegria, foi então que inventei um espanador de tristeza. Era de fácil manejo, mas Deus do céu! Não funcionava! Preciso reinventar meu espanador.

                      Resolvi mudar meu estilo de Velho chato e maniento. Um sorriso me fez lembrar que mesmo Velho escrevia poemas. Eu os colecionava no fundo do coração. Quando pensava neles abraçava a mim mesmo. Outro Velho poeta escreveu assim: - Sou um pequeno grão de areia, sou o canto da sereia, e canto para enfeitiçar, sou uma luz no infinito, sou um sonho bonito e sonho para não mais acordar! Lindo não? Mas não se iludam, estou ficando Velho e não tem saída. Eu mesmo me chamo de Velho Escoteiro. Já me disseram que não, que sou um antigo, um Velho Lobo ou um Veterano. Será? Gosto do Velho. Dá-me um ar de malicia, que delicia pensar que posso dizer o que quiser. Mas a verdade é uma só. Não tenham dó, não quero, pois sei que sou um Velho Escoteiro que ainda escreve e costuma esquecer. – Que foi que escrevi ontem? Onde estão meus arquivos? Amigo, toque um sustenido para a música se elevar no ar... Dizendo coisa com coisa não sei onde quero chegar.

                 Melhor parar por aqui. Já nem sei mais o que digo. Como diz o poeta que de tanto erro passado, tantas retaliações, tanto perigo, eis que ressurge um Velho amigo, nunca perdido e nunca reencontrado. Fico feliz, ela senta novamente ao meu lado, com aquele olhar antigo, me olhando atribulado, e ri ao sentar comigo. Pois é, o tempo é um ponto de vista, depende de quem vê e de quem olha ou quem escuta. Velho é quem é um dia mais Velho que a gente... Escrevendo isto sorri de repente ao dizer: Olá meu amigo, que ouve? Está tão novo? Danado, me achincalha debochando.  Isto mesmo, de repente num momento fugaz, os fogos de artificio anunciam - O ano novo está presente, e o ano Velho ficou para trás... E lá vou esperar 2017. Que venha, farei nova resenha pois mesmo Velho Escoteiro estarei lá, afinal me chamam de bobo, por ser Velho e tentar ser novo. Mas cá prá nós não posso parar de tentar...


Boa noite!

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Novo rumo, novo Azimute, vamos lá pegar estrelas?


Novo rumo, novo Azimute, vamos lá pegar estrelas?

                       Hoje não tem histórias. Não têm poemas, quem sabe algumas palavras para encantar nossa noite após o natal. Um poeta disse que quando vier à primavera, se estiver morto às flores florirão da mesma maneira e as árvores não serão menos verdes e a estrelas ainda continuarão no céu. Mas e melhor estar vivo, escrever versos alegres e tristes, escrever, por exemplo, que a noite está estrelada, e os azuis dos astros lá ao longe olham o vento da noite que gira no céu e canta. Dizem que é proibido rir dos problemas, não lutar pelo que se quer... Abandonar tudo por medo, mas não podemos transformar nossos sonhos em realidade? Porque não demonstrar amor a quem se ama, esperar da vida sem reclamar. A vida não é feita de ilusão, ninguém pode morrer na solidão. Aprender a tirar a pedra do caminho, sentir o perfume da flor sem medo dos seus espinhos. É preciso saber viver.

                       Dizem que tudo de bom na vida tem seu preço. Se pudermos pagar, pagamos se não... Partimos em busca dos nossos sonhos transformando-os na vida real ou imaterial.  Quanto custa ser feliz? Bendito seja quem encontra a felicidade em pequenas nuances que o tempo nos dá a cada segundo que vivemos. Partiremos agora célere a uma felicidade que muitos conseguiram ter neste maravilhoso mundo dos escoteiros. Hã! Deitar na relva, respirar o ar puro do campo, da floresta encantada, sentir a brisa cair suave no rosto, olhos fixos nas estrelas cintilantes no céu como a dizer que seu brilho vai nos fazer felizes para sempre. Quantos de nós não sorrimos nas noites de acampamento em volta de um de um encantador Fogo de Conselho? É surpreendente estar ali, olhar fixos no fogo, ou mesmo quando as chamas vão crescendo parecendo querer alcançar o céu. Os sorrisos, as paixões, a vontade de ficar ali para sempre. Quem sabe ter asas para voar sobre aquela clareira, ver do alto os amigos cantantes, canções errantes displicentemente cantadas por lábios que aprenderam a entoar o Rataplã. Voltar novamente a terra, olhos vidrados no Contador de Histórias. Ah! O Contador de Histórias. Indispensável na vida escoteira de todos nós.

                 Histórias nos encantam. Fazem-nos viver sonhos que ainda não conseguimos realizar. Dizem que contar histórias é uma arte, uma arte gostosa, palatável de agrado geral. Histórias se contam em todos os lugares, mas nos Fogo de Conselhos elas têm seu lugar. A fogueira alta, o Contador de História sorrindo a história surgindo seus gestos acompanhando, todos de olhos fixos tentando viver os personagens daquela história maravilhosa. Os olhos da moçada não pisca. Mesmo aqueles que já estiveram ali por muitas vezes são atraídos como os grilos e pirilampos com suas luzes brilhantes e saltitantes parecem querer também participar da história. É lindo estar ali com amigos, vendo um céu de estrelas, ouvindo o piar de uma coruja escondida em um carvalho com seus olhos grandes, negros sem piscar em um galho qualquer.


Vamos dormir. A noite vai alta. Aceitem meu boa noite, meu abraço, meu sorriso e desculpe por não estar presente, pois se estivesse eu te daria um abraço daquele forte e gostoso como todo Escoteiro dá. Durma com Deus. 

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

É mais verde a grama lá em Gilwell.


É mais verde a grama lá em Gilwell.

                  Hoje levantei com pensamentos abstratos, tristes, tentei usar meus truques para sorrir. Mudei o fundo musical e não adiantou. Dei uma busca na floresta encantada do meu pensamento.  Quando penso muito me lembro do poema de Ana Jácomo: Jogo a minha rede no mar da vida e às vezes, quando a recolho, descubro que ela retorna vazia. Não há como não me entristecer e não há como desistir. Deixo a lágrima correr, vinda das ondas que me renovam, por dentro, em silêncio: dor que não verte, envenena. O coração marejado me arrumo como posso, os meus sentimentos. Passo a limpo os meus sonhos. Ajeito, da melhor forma que sei a força que me move. Guardo a minha rede e deixo o dia dormir. Com toda a tristeza pelas redes que voltam vazias, sou corajoso o bastante para não me acostumar com essa ideia. Se a gente não fosse feito pra ser feliz, Deus não teria caprichado tanto nos detalhes. Perseverança não é somente acreditar na própria rede. Perseverança é não deixar de crer na capacidade de renovação das águas. Hoje, o dia pode não ter sido bom, mas amanhã será outro mar”. E eu estarei lá na beira da praia de novo”.

           Dizem que nossa maior glória não reside no fato de nunca cairmos, mas em levantarmos sempre depois de cada queda todos dizem. Mas isto é fato? Quão difícil é perseverar, insistir, permanecer e persistir nas sendas Escoteiras. Se voltar meus olhos ao passado vejo uma multidão de jovens seguindo uma trilha que não vai a lugar nenhum. Se vão para não mais voltar. Entristeço-me. Posso culpá-los? Os motivos que os levaram a outros caminhos não tem significado para mim? Quem sabe eles tem a razão que eu desconheço. Dez anos, quinze, vinte, quarenta e chegando aos sessenta e cinco anos. E quantos ainda estão ao meu lado? Uns minguados como eu? Eu sei que dizem que boas atividades grandes jornadas e belos acampamentos amarram nossas vidas a esta bela coisa que se chamam de coração escoteiro. Mas quantos dizem isto e quantos conseguem fazer por anos a fio? – Não é fácil. É difícil mesmo que ”mormente” façamos tudo para permanecer para sempre nas sendas de Lord B-P.

                 Pensei em cantar melodiosamente minha volta a Gilwell. Mas onde está Gilwell? De novo outro curso? Seria bom demais. Ouvir um mestre escoteiro nos ensinar nosso caminho para chegar ao sucesso e a felicidade. Sei que quando chegar a hora de partir não haverá volta para muitos como eu. Sei que em meus sonhos, volto sempre a Gilwell. Onde alegre e feliz eu acampei Vejo os fins de semana com meus velhos amigos, e o campo em que eu treinei. É mais verde a grama lá em Gilwell, onde o ar do Escotismo eu respirei. E sonhando assim vejo B-P que sempre viverá ali.

                É tão bom sentir o perfume das flores lá em Gilwell. O ar puro que respirei, o sol chegando, voltar de novo a minha patrulha, cozinhando, construindo belas pioneiras, fazendo desafio às outras patrulhas, sem chefões, jogar quando der na telha e sentir o chilrear dos pássaros, colocar os pés na água fria do riacho. Olhar para o céu e tentar entender as nuvens brancas que se espalham, sentir o vento soprando gostosamente no rosto. E quando a noite chegar, quando a fumaça da lenha do fogão se espalhar, alguém irá dizer que a boia esta pronta. Hora de sorrir pois vamos contar belos causos. Causos que se estenderão pela noite no Fogo de Conselho, na conversa ao pé do fogo. É bom demais estar lá em Gilwell, ver a noite cantar sonolenta chamando a orquestra das estrelas para acompanhar.  

              Se nos meus sonhos eu volto sempre a Gilwell, se eu era um bom lobo e não estou mais lobeando, preciso urgente voltar. Preciso voltar a me motivar, acampar com a escoteirada que dependem de mim e de muitos outros como eu. Mas penso com meus botões, existem ainda estes acampamentos? Podemos voltar a Giwell para viver o escotismo que sonhamos?

É mais verde a grama lá em Gilwell
Onde o ar do Escotismo eu respirei
E sonhando assim vejo B-P
Que sempre viverá ali.


Boa noite!

sábado, 19 de dezembro de 2015

O "Velho" e saudoso bastão Escoteiro.


Conversa ao pé do fogo.
O "Velho" e saudoso bastão Escoteiro.

                      Não ia escrever sobre ele. Já foi abolido há tempos. Dizem que serve para os saudosistas lembrarem-se quando usavam um. Eu tive o meu. Eu mesmo fiz. Somente o bastão do monitor ainda se mantem vivo, pois o totem precisava ter um lugar onde ancorar. Já vi muitos jovens usando um, não às réplicas antigas, redondo, altura do ombro, duas polegadas de diâmetro. Hoje são forquilhas, madeira em curva enfim a gosto da escolha do monitor ou da patrulha. Não sei se hoje ainda podemos usá-lo como no passado. Muitas vezes é incomodo dependendo o transporte a usar. Lembro que quando Chefe Escoteiro há uns trinta anos quando chegávamos ao campo todos faziam os seus. Na sede o canto de patrulha era ornamentado com ele. Hoje alguns o acusam de ser militarizado, imitando um fuzil, se mostra agressivo para quem observa. Não concordo, mas fazer o que? O meu serviu para muitas coisas. Uma vez pensei em ter um e dar umas bastonadas na cabeça de alguns cabeçudos chefes, risos, brincando, sou um Escoteiro de paz. Risos.

                  Ainda acredito que o bastão se usado frequentemente torna-se um hábito de comportamento. O meu era de pé de goiabeira. Eu mesmo o fiz. Calmamente sem pressa. Oleado, engraxado, lixado e dormindo várias noites a luz do luar. Disseram-me que ficaria perfeito e iria durar muitos anos. Soube que madeira de lei não era boa e quebrava muito. Peroba rosa este sim era perfeito. Mesmo passando para os seniores eu ainda o usava, apesar de que nesta sessão praticamente ninguém nunca o usou. Naquela época as patrulhas sabiam reconhecer um bom bastão escoteiro. Ninguém esquecia que ele contava a história de seu dono. Seu tempo de atividade, seu crescimento técnico, suas etapas, seus acampamentos. Mil coisas. Até 1975 os alunos de cursos escoteiros ainda usavam o bastão.

                     Pensando bem o bastão queira ou não têm mil e uma utilidades. Abrir picadas em matas, se defender de animais peçonhentos, e olhe importantíssimo em trilhas desfeitas para fazer barulho e espantar cobras no caminho. Elas correm com o barulho. Ele era imprescindível em jogos, (quem nunca fez o jogo do bastão? O quebra canela? Melhor ainda cantar o Escravo de Jó usando o bastão?) serviam como escada para elevar um Escoteiro em uma árvore alta, na montagem de campo e claro nunca esquecer suas mil e uma utilidades nos casos de emergências: - Uma torção do pé, alguma dor na coxa e se necessário se transformar em uma maca rapidamente com duas camisas. Nas tropas mais ricas todos tinham iguais. Quando um pai marceneiro ajudava era bom demais. O Escoteiro recebia pronto. Não sei se é válido. O esforço pessoal valoriza muito o que se quer ter, seja o bastão o uniforme ou outro “treco” que cada um pensa em ter. Nosso Chefe repetia sempre: O bom bastão deve aguentar seu peso, leve e de fácil manuseio. Nos acampamentos um bambu Chinês ou o taquarussú pode “quebrar o galho” sem sombra de dúvida. Claro que ao terminar o acampamento ele seria descartado. Vai secar rapidamente.

                    Muitos não gostavam de jogar fora. Escolheram tanto e agora descartá-lo? Não dava para pegar ônibus urbano, mochila, sacos de intendência e bastão. Mas sempre dávamos um jeito. Afinal jornadas sem carretinhas o bastão era indispensável. Os sacos de patrulhas já eram feitos com alça para facilitar o transporte. As técnicas para ter ele a mão em formações, saudações e outras necessidades eram bem treinadas pelos escoteiros. Monitores sempre os responsáveis para o treinamento. Em forma, em posição de alerta (sentido), descansar ou saudando a chefia, funeral saudação à autoridade e a bandeira, andar em marcha de estrada, estar preparado e em repouso. Dava orgulho ver um Monitor ou sub. passando o bastão para o outro. Uma cerimônia linda e que todos orgulhavam. Não sem se ainda fazem assim. Mudou-se tanto! E quer saber? É incrivelmente ante-escoteiro arrastar o bastão em marcha de estrada ou na sede. E fazê-lo de descanso nas formaturas? Monitor escorado, parecendo cansado ufa!

                Mas convenhamos que hoje ele seja supérfluo. Ele não aparece mais nos livros escoteiros. Foi abortado! Afinal os tempos são outros. Dizem que muitas tropas ainda utilizam. Não sei. Infelizmente muitas tradições vão ficando pelo caminho. Válido ou não ainda prefiro pensar no passado muito mais gostoso do que hoje. Mas não sou mais jovem e acredito que eles podem pensar diferentes. Tenho que concordar. Para que bastão se a mão está ocupada com um celular ou um laptop? Interessante que muitos países ainda o adotam. Quando vejo a escoteirada bem perfilada fico orgulhoso. Dei boas gargalhadas quando alguém me disse que BP colocou o bastão para lembrar o fuzil do exército, pois ele sempre viu todos como futuros soldadinhos. Risos. Dizem tanto sobre BP. Tem hora que fico em dúvida se ele existiu. Com os novos Baden Powell que existem por aí a modernidade vai superar o passado sem sombra de dúvida.


                Um dia vou por aí a vaguear seguindo o vento, em uma trilha ou abrindo caminhos em mata cerrada (existe ainda?) e se achar um belo pé de goiabeira e ver um galho que se mostra autêntico para ser um bastão Escoteiro eu o trarei comigo. O meu não tenho mais. Se achar um perfeito depois de prepará-lo mandarei fazer a biqueira de aço. Ops! Isto não, dizem que o bastão vira uma arma letal! Nossa! Bem o meu vai ficar em lugar de honra em minha casa. Irei colocar nele tudo que fiz e que ganhei na minha vida Escoteira. Mas isto não deve interessar a ninguém. Não mesmo. Existem outras situações mais importantes para preocuparem. É melhor deixar com os antigos as recordações. São coisas de “Velhos” escoteiros rabugentos e suas manias. Risos.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Previsão do tempo são coisas de escoteiros.


Previsão do tempo são coisas de escoteiros.

                Dizem que é ultrapassado. Os homens e as mulheres do tempo dão conta do recado. Sei não ainda confio nas previsões dos Escoteiros. Era gostoso improvisar para saber se ia chover ou não, quanto tempo ia durar. Uma parafernália de frases nos ajudavam. Eu me lembro de algumas. Do livro do Chefe Floriano de Paula “Para ser Escoteiro” aprendi muitas. O tempo foi passando e decorei outras tantas. Nunca me apertei em acampamentos ou atividades aventureiras. Afinal Escoteiro não se aperta.

- Vermelho nascente que pronto descora, tempo de chuva que vem sem demora.
- Vermelha alvorada vem mal-encarada.
- Vento contra a corrente levanta mar imediatamente
- Vento sudoeste mansinho e panga é de tremer dele, quando se zanga.
- Volta direita, vem satisfeita, volta de cão traz furacão.
- Sol nascente desfigurado, no Inverno, frio, no Verão, molhado.
- Sol que nasce em nuvens sentado, não vás ao mar fica deitado.
- Se grandes, correm desmanteladas, mau tempo, velas rizadas.
- Se um trovão seco no céu reboa, temporal violento nos apregoa.
- Se ao vale a névoa baixar, vai para o mar, e se pelos montes se atrasa, fica em casa.
- Se vem chuva e depois vento, põe-te em guarda e toma tento.
- Se tens vento e depois água, deixa andar que não faz mágoa.
- Sem nuvens o céu e estrelas sem brilho, verás que a tormenta te põe num sarilho.
- Chuva miudinha como farinha dá vento do norte, mas não muito forte.
- Com céu azul carregado, teremos o barco em vento afogado.
- Céu pedrento, chuva ou vento, não tem assento.
- Céu limpo e lua no horizonte, de lá te virá o vento.
- Depois da chuva tem nevoeiro, tens bom tempo marinheiro.
- Lua à tardinha com seu anel, dá chuva à noite ou vento a granel.
- Lua com halo de grande aparato é molhada certa prá gente de quarto.
- Lua com circo,  água no bico.
- Lua nova trovejada, trinta dias é molhada.
- Lua empinada, maré repontada.
- Lua deitada marinheiro em pé.
- Limpo horizonte que relampeja dia sereno, calma sobeja.
- Lua nova de Agosto carregou, lua nova de Outubro trovejou.
- Lua Nova, Lua Cheia preia Mar às duas e meia.
- Lua fora, lua posta  quarto de maré na costa.
- Nuvens aos pares, paradas, cor de cobre, é temporal que se descobre.
- Nuvem comprida que se desfia sinal de grande ventania.
- Nuvens finas, sem ligação, bom tempo, brisas de feição.
- Nuvens espessas e acumuladas, ventanias certas e continuadas.
- Nuvens pequenas, altas e escuras são chuvas certas e seguras.
- Nordeste molhado, não te dê cuidado.
- Vermelho ao sol por delicia do pastor.
- Orvalho de madrugada, faz cantar a passarada.
Os insetos não se apertam. Sabem quando vai chover. O piar da passarada? Tempo bom sem terra molhada. O João de Barro devia trabalhar na TV. Enfim, fica somente a sugestão.


                  Boa noite. Com chuva ou não um sono reparador e um belo amanhecer.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

A história de uma flor. Apenas uma flor sem nome.


A história de uma flor.
Apenas uma flor sem nome.

                Um acampamento volante. A pé, coisa de quarenta quilômetros. Devagar sem correr. Apreciando cada passo, cada nuvem no horizonte. Sentir o vibrar dos pássaros no ar. O prazo foi calculado, três paradas três noites. A patrulha sorria na estrada. Estradinha linda gramada. Desconhecida. Nunca passamos ali. Não era nosso primeiro houve outros. Alguns assim e outros menos ou mais ou menos assim. Coisas de aventureiros, de uma turma de escoteiros que só querem descobrir onde o sol se escondeu o horizonte. O rumo foi calculado, passo duplo bem armado, se preciso um passo Escoteiro, pois todos são bem mateiros. Um riacho cantante ao lado, coisa já bem calculada, sempre um riacho a acompanhar para a sede matar. As horas iam passando, uma curva aqui, uma subida ali, e então avistamos um local para acampar. Era simples, armar barraca, um fogo estrela ou um fogão tropeiro.

               Nas costas do intendente um caldeirão médio, nas costas do aguadeiro uma frigideira e nas costas do cozinheiro uma panela com alça. Dava para o gasto. Um cardápio francês a gosto do freguês. Arroz, batata e macarrão, quem sabe uns pedaços de linguiça para adoçar o paladar eram levados em pequenas porções nas mochilas de cada um. O Monitor em pequenos vidros de pimenta jazia lá dentro gordura de porco, outro com sal e distribuído com os demais uma faca de cozinha, um facão mateiro, uma concha e uma espumadeira pequena. Precisava de mais? Um sorriso, um cantar, alguém grita para parar. Os sete valentes escoteiros sabiam o que iam fazer. Três nas duas barracas de duas lonas, dois na cozinha e dois no serviço de exploração. Descobrir novas guloseimas que sempre existiam espalhadas na mata próxima. Os da barraca terminando iam jogar uma linhada, quem sabe uma traíra ou um bagre para o jantar.

                  Os pés doíam da caminhada. Melhor jogar para cima as pernas cansadas e deixar o sangue circular. Primeira noite. Não houve fogo, não houve contos, não houve causos.  Estavam exaustos e precisavam dormir. Acordei cedo. O sono se foi, abri a porta da barraca e o sol brigava com a noite na montanha distante para aparecer. Como disse o poeta esta é a hora, cada dia que nasce é um novo amanhecer. Olhei uma árvore próxima. Pensei: - Ver o mundo como um grão de areia, ver o céu como um campo florido, guardar o infinito na palma da mão, e a eternidade em uma hora de vida. Saí da barraca ainda descalço. Estiquei os braços e as pernas, levantei o corpo para um longo e gostoso espreguiçar. Senti nas narinas o bafejar do orvalho da manhã, o movimento febril dos insetos da madrugada, o bailar dos pardais anunciando um novo dia. Desentorpecer o corpo é bom demais. Hora de vestir meu uniforme, colocar minha botina, parei estupefato.

                    Incrível, debaixo do Jequitibá uma flor. Nossa mãe! Que flor linda! Fascinante! Fiquei olhando não acreditando no que via. Não era grande e nem pequena, apenas uma flor segura por um pequeno ramo que ia se esconder na terra molhada do orvalho da manhã. Era grená? Ou então cor vinho com verde e azul? À medida que o sol nascia ela se transformava. Dizem que nunca houve uma noite, ou um problema que pudesse derrotar o nascer do sol ou a esperança. Sentei em sua frente, meus olhos vidrados a olhar a flor sem nome. Estava fascinado. Gosto de flores amo as flores o seu perfume, a sua maneira singela de aparecer para a gente assim tão linda e formosa. O sol espantou a lua, as estrelas desapareceram no céu. Ouvi falar que os jovens têm a memoria curta, e os olhos para apenas o nascer do sol. Para o poente olham apenas os velhos, aqueles que viram o ocaso tantas vezes. Os demais patrulheiros apareceram na porta da barraca. O sol quente se mostrou na lona levantada onde agora nossas bugigangas estavam a secar.

                    Ninguém viu a flor. Eu não sabia por quê. Eu amava todas elas, vermelhas, rosas, azuis e formosas. Fui ajudar a patrulha e olhando sempre meu novo amor. Quem tenta possuir uma flor verá sua beleza murchando. Mas quem apenas olhar uma flor no campo permanecerá para sempre com ela. Eu sabia que ela nunca seria minha, mas no meu coração eu a teria para sempre. Um café, um pequeno biscoito do intendente, campo limpo e a partida. Pedi licença, fui pela última vez olhar minha flor, meu novo amor que sabia nunca mais iria ver. Partimos alguém começou a cantar o Rataplã. Acompanhei, a estrada era longe demais. Mais um dia outra parada, no longínquo céu azul acompanhávamos o vento que nos levava aonde o sol iria se por. Minha vida de Escoteiro, sempre alegre a marchar, aonde vou? Onde vou parar? Ah! Na próxima parada eu irei plantar uma flor. Serão sementes de amor. E quando voltar irei colher os frutos da felicidade.

 “Meu jovem Escoteiro e minha amiga escoteira, saia, vá para o campo, aproveite o sol e tudo o que a natureza tem para oferecer. Saia e tente recapturar a felicidade que há dentro de você; pense na beleza que existe em tudo ao seu redor, e seja feliz. A beleza continua a existir mesmo no infortúnio. Se procurá-la, descobrirá cada vez mais felicidade, e recuperará o equilíbrio. Uma pessoa feliz tornará as outras felizes; uma pessoa com coragem e fé nunca morrerá na desgraça”.


Boa noite. Um lindo fim de semana cheio de alegria e felicidade.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Quando eu me for, por favor...


Quando eu me for, por favor...

                    Quando eu me for eu tenho um pedido. Um pedido simples de amigo para amigo. Não digam que fui para o Grande Acampamento. Não digam que fui para o Acampamento Eterno. Não quero ir e nem ficar lá. Quero ter liberdade de ir e vir. Quero poder ter a alegria de pegar uma carona em um cometa qualquer e ir parar em uma nebulosa azul. E quando me cansar irei parar na Constelação zodiacal de Virgem. Quantas virgens encontrarei lá? Dizem que é um grupo de estrelas fixas, ligadas por linhas imaginarias e formam uma figura pertencente ao campo da imaginação. Dizem que ela sempre foi marcada por histórias míticas. Uma das primeiras a receber uma denominação e representada pela imagem de uma donzela. Dizem que foi Têmis, divindade da justiça insatisfeita com o procedimento da humanidade e ela retorna aos céus. Portanto meus amigos irei encontrá-la e trocar ideias mil.

Assim por favor, esqueçam este tal de Grande Acampamento. Só porque dizem estar lá o nosso fundador e tantos outros que um dia fizeram o juramento a Bandeira? Sim, sim eu fiz o juramento também, mas quero passar por lá de passagem. Será um bivaque. Uma parada sem armar minha barraca. Irei dormir sob as luzes das estrelas do firmamento. Darei um Sempre Alerta, cumprimentarei BP e outros amigos meus que estão lá, cantarei uma canção, posso até fazer um cafezinho brasileiro no meu meião querido que muitos amigos meus adoravam. (risos). Algumas horas somente e partirei célere como um foguete para outras plagas. Voltarei ao nosso planeta. Têm lindos locais que nunca fui. Irei acampar um dia no Monte Kilimanjaro, onde dizem ser a montanha branca de Masai. Quem sabe um dia também para conhecer o Monte Kenya e de lá avistar o Chalé do nosso líder.

Acampamento Eterno? Caramba! Já pensou ficar para sempre em um acampamento desses? Sem possibilidade de explorar novas montanhas, novos vales, picos sem fim, ver e ouvir o vento cantar sua canção de amor preferida? Por favor, quando eu me for me desejem boa viagem, digam a todos que lá vai o Chefe, Mochila nas costas, bandeiras ao vento a cantar o Rataplã por este mundão de Deus, mas nunca para o acampamento Eterno! Sentarei em uma nuvem branca como a neve e com um violão gostoso, tocarei e cantarei as mais lindas canções escoteiras que aprendi cantar. Se olharem para o céu irão me ver sorrindo e cantando até o luar aparecer. Quando vocês acamparem me procure ao lado da Coruja Buraqueira no Alto do Jequitibá, sorrindo junto aos Pica Paus picotando troncos nas mais altas árvores, montado em uma onça pintada que dominarei como dominei uma vez um potro selvagem e correndo pelas campinas para sentir as flores silvestres e os beija flores coloridos a pararem em pleno ar.

Posso pedir um favor? Sorriem quando eu me for, pois eu estarei sorrindo. Não quero que chorem, pois eu não vou chorar. Minha alma estará solta na natureza que amo. Voarei ao lado de uma Águia-da-cabeça-branca, e sabendo que ela me ensinará grandes voltas de idas e vindas no céu azul. E se passar um Gavião do Penacho Amarelo, sorrirei para ele e ao seu lado vamos explorar o Everest porque lá nunca estive e se passar correndo um Falcão Maltês pedirei para me levar até a Pirâmide Carstensz e se possível uma volta no Aconcágua e não vou me apertar. Levo comigo meu bornal, meu cantil francês, um canivete suíço, uma faca alemã, uma mochila brasileira e direi, eu sou internacional. É gente, vou andar como nunca andei. Vou subir e descer picos que sempre estive ou que ainda desconheço. Percorrerei montes e vales e quando cansar irei cantar a canção do Clã – Em uma montanha bem perto do céu, existe uma lagoa azul...

Mas calma meus amigos, ainda vai demorar, não é prá já. Temos tempo e quanto tempo teremos ainda para jogar conversa fora, conversar ao pé do fogo através da mente, vivermos juntos em volta de uma fogueira dizendo que não é mais que um até logo. Portanto não esqueçam, um dia irei. Todos nós estamos na fila. Eu você e todos os seres que habitam a terra. E torno a insistir, não digam que fui para o Grande Acampamento. Não fui e não vou. Passarei por lá de passagem é claro. Lá tenho grandes amigos que jamais esqueci. E eles sabem que sou um Escoteiro Mochileiro e andarilho. E sabem que sem uma mochila, sem um cantil e um farnel em um bornal não sou ninguém. Que o céu me espere. Quando eu me for ele será pequeno para mim!


Boa noite vou dormir, pois hoje vou sonhar com Capella, a minha estrela que será meu lar no céu! Durmam com Deus!

sábado, 5 de dezembro de 2015

Hoje tem reunião, alegria de montão. Assim falou BP sobre a riqueza.



Hoje tem reunião, alegria de montão!

Sei que vai hoje para a reunião dos seus jovens, dos seus amigos e irmãos escoteiros e Escoteiras. Sei que lá vai poder sorrir muito mais que a riqueza que muitos conseguiram. Não existe felicidade maior que um sorriso de uma criança, vê-la crescer e saber que ajudamos um pouco na sua formação humana. Portanto desejo uma esplêndida reunião e porque não contar o que B.P dizia sobre a riqueza?

COMO FICAR RICO
Veja bem, eu tive na minha permanência na terra um momento tão bom nisso como qualquer outro homem. Assim quem sabe eu possa falar com algum conhecimento. Um escritor no Manchester Guardian que é desconhecido para mim ultimamente me descreveu como "o homem mais rico do mundo." Isso parece uma ordem muito grande, mas quando penso que fora eu quem se considerava o mais rico do mundo, acredito que ele não está longe e ser um homem rico não é necessariamente um homem com um pote de ouro, mas um homem que está realmente feliz. E eu sou isso.
Eu imagino que os milionários não eram homens felizes, pois eles não tinham tudo o que queriam e, portanto, não tinha conseguido encontrar o sucesso na vida. O provérbio cingalês diz: - "Aquele que é feliz é rico, mas isso não significa que quem é rico é feliz." O homem realmente rico é o homem que tem menor número de desejos.
Sei que qualquer biografia terá suas sugestões úteis para tornar a vida um sucesso, mas ninguém melhor ou mais infalível do que a biografia de Cristo.
Se você já leu Rovering para o sucesso você vai ter percebido que minha ideia do sucesso na vida é a felicidade. Felicidade, como Sir Henry Newbolt diz, é em grande parte adquirida por "Happifying".
De muitas coisas que muitos rapazes não parecem conhecer é que o sucesso depende de nós mesmos e não em um destino que possa vir a acontecer conosco. Nem mesmo tendo amigos poderosos.
Eu tenho uma e outra vez explicado que o propósito do Movimento Escoteiro é a construção de homens e mulheres como cidadãos dotados Dos três atributos que considero importante - Ou seja, o H de três, saúde, felicidade e Serviço. O homem ou a mulher que consegue desenvolver esses três atributos garantiu os principais passos para o sucesso desta vida.
No entanto, mais um item é necessário para completar o sucesso. É a prestação de serviço aos outros na comunidade. Sem isso a mera satisfação do desejo egoísta não atinge o topo da linha da felicidade.

Lord Baden-Powell of Gilwell.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

O fundo de cena e a história de Mowgli.


Conversa ao pé do fogo.
O fundo de cena e a história de Mowgli.

Todos os escotistas, mesmo aqueles que não trabalham com Alcatéias, sabem que o Ramo Lobinho tem como fundo de cena a história de Mowgli, conhecendo o seu valor; porém, fora a nomenclatura, pouco vemos na prática a utilização do fundo de cena na Alcatéia. Daí vem o valor na qual devemos minuciosamente explicar como aplicá-lo. A importância da utilização do fundo de cena está embutida em todo o conteúdo do curso, aliás, é o próprio fundamento do curso e, está enfatizado na sessão “Os valores contidos no Livro da Jângal”, porém, é útil que recordemos objetivamente o que é o fundo de cena, como aplicá-lo e o seu valor dentro do programa Lobinho.

Em caráter introdutório poderíamos apenas dizer que é através das histórias de Mowgli que penetramos no mundo romântico e aventuresco do Lobinho para levar-lhes as mensagens educativas do caráter, incentivar lhes o adestramento físico e dos sentidos, enfim, formar uma base sólida para o adestramento escoteiro. Porém, este fim não vale por si só, é preciso criar-se a atmosfera para podermos atingir este objetivo. Ou, seja o menino não se sentirá na Jângal, apenas porque se tornou um Lobinho e o Ramo assim o requer: o menino deverá ser conduzido a esta aventura!

Em auxílio a esta tarefa lançamos mão dos seguintes recursos:

Gruta de Alcatéia
É absolutamente indispensável que a Alcatéia tenha o seu canto e falamos nisso sabedores das dificuldades inúmeras que enfrentam os Grupos Escoteiros em busca de sedes, porém, dificuldades não podem justificar uma omissão; é fundamental que os Lobinhos tenham a sua Gruta! Um local, mesmo que pequeno, deverá ser rigorosamente limpo e organizado, contendo mobília simples e somente o necessário para as atividades da Alcatéia (Certos Grupos Escoteiros têm suas sedes como verdadeiros depósitos de coisas velhas, inúteis e absolutamente sem valor).

A Gruta deverá ser o reduto primeiro que transporte os Lobinhos a Seeonee, portanto, a sua decoração deve levar ao Jângal. As Grutas de Alcatéia ficam bonitas quando nelas se retratam cenas da selva, trazendo em destaques e retratar uma verdadeira Gruta, podendo inclusive ter uma entrada rebaixada imitando uma caverna.
Os chefes devem levar a sério o fato de decorar o seu lugar, procurando desta forma torná-lo aconchegante, mostrando assim, o seu carinho e atenção à Alcatéia, além do que formará a harmonia necessária com o fundo de cena. A gruta deverá retratar a história da Alcatéia; para isso, deverá conter os quadros de etapa, frequência, de pontos, avisos e caçadas, matilhas de serviço, além de quadros demonstrativos acerca de especialidades, nós, áreas de interesse, etc.

História da Jângal
É óbvio que o que mantém a atmosfera é o fato de continuamente contarmos as histórias da Jângal. Devemos contar todas as histórias, e claro que preferencialmente vão sendo relatadas as histórias proporcionalmente ao progresso do Lobinho na Alcatéia, mas devemos nos assegurar que ao sair da Alcatéia todos os Lobinhos tenham ouvido todas as histórias. As histórias devem ser contadas com ênfase e alternando-se as técnicas. No decorrer do curso serão apresentadas diversas técnicas diferentes, bem como teremos uma sessão destinada a como contar histórias.

Bastão Totem
Segundo a regra 055 do POR: “O símbolo representativo da história da Alcatéia é o bastão-totem, encimado por uma cabeça ou corpo inteiro de lobo, usado principalmente nas cerimônias e no Grande Uivo”. Tradicionalmente, sempre que um Lobinho/Lobinha alcançar um distintivo (progressão, especialidade ou especial) ou outros fatos importantes da Alcatéia acontecerem, afixamos marcas indicativas desses fatos no Bastão-Totem. Notamos assim que o Bastão-Totem além de ser um marco simbólico de Alcatéia e um elemento auxiliar do fundo de cena é um instrumento de incentivo na formação da Alcatéia, e uma forma originalíssima de contar a sua história!

O Bastão Totem tem cerca de 1,50 m de altura e deverá ser leve para ser transportado. No seu topo deverá conter uma cabeça de lobo ou um lobo de corpo inteiro esculpido em madeira, recortado em compensado, modelado em gesso ou papel marche e interessante (mas não indispensável) que ele tenha um tripé para ficar em pé sem auxilio, ele deve ter uma pequena plataforma para que se fixem tiras ou fitas, uma para cada Lobinho da Alcatéia. Estas fitas é que são os elementos importantes de estímulo do Bastão-Totem, pois deverá haver uma para cada Lobinho e sempre na cor da matilha. A fita deverá conter o nome do Lobinho e as datas que lhe são importantes; as especialidades poderão ser escritas ou desenhadas, não importa como cada distintivo será representado, o importante é que a tira represente o estágio atual do Lobinho, consequentemente, o Totem representará o estado atual da Alcatéia: quanto mais “enfeitado”, mais capacitada é a Alcatéia.


É claro que uma Alcatéia capacitada terá grande orgulho de seu Bastão-Totem e assim gostará de levá-lo a todos os lugares e, assim deverá ser. Ele deverá se tornar um elemento da Alcatéia, a sua tradição! Ele deve ser usado nas Cerimônias, principalmente na investidura quando o Lobinho fixa a sua fita, e naquelas de entrega de especialidades e mudança de etapa de desenvolvimento, quando os marcos são agregados, como também no Grande Uivo, mas ele poderá acompanhar a Alcatéia onde ela quiser levá-lo, em acantonamento ou excursões, por exemplo.

sábado, 28 de novembro de 2015

Bom demais... Hoje tem reunião escoteira!


Bom demais... Hoje tem reunião escoteira!

Hoje tem reunião, alegria de montão.
Triste que em dezembro, tudo vai acabar...
O grupo para, pois as férias irão chegar.
Mas se Deus quiser em fevereiro,
Voltaremos aos folguedos,
Pois somos bons escoteiros,

E ao meu grupo eu vou voltar!

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Hora de dormir... A gente se acostuma, mas não deveria...


Hora de dormir...
A gente se acostuma, mas não deveria...

Eu sei que a gente se acostuma, mas não devia. A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos, e a não ter outra vista que não sejam as janelas ao redor. E porque não tem vista logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo à luz. E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibos porque não pode perder tempo da viagem. A comer sanduiche porque não dá pra almoçar. A sair do trabalho porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos. E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz. Aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração. A gente se acosturma há esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acosturma a pagar tudo o que deseja e o de que necessita. A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.

E a ganhar menos do que precisa. E a fazer filas para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E, a saber, que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra. A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e a ver comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acosturma a poluiçao. As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. A luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. As bactérias da água potável. A contaminação da água do mar. A lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães. A não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acosturma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui, Um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não muito que fazer a gente vai dormir cedo E ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acosturma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da Faca e da baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta De tanto acostumar, se perde de si mesmo. (MC).


Boa noite.