Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

A coruja dos olhos verdes.


Lendas Escoteiras.
A coruja dos olhos verdes.
(Histórias para lobinhos)

          Ela não tinha muitas lembranças do seu passado. Sua mãe morreu um mês depois que nasceu vitima de uma pedrada dada por um homem. Sem motivo. Um Pardal Cinzento trazia comida para ela todos os dias. Assim se fortaleceu até que sozinha aprendeu a procurar sua comida. O Pardal Cinzento nunca mais apareceu. Quem sabe morreu por outra pedrada de outro homem. Corria deles. Parece que não gostavam das flores, dos animais, dos pássaros, das arvores e matavam por qualquer coisa por nenhum motivo.  Saia pela manhã para procurar sua alimentação e voltava logo. Costumava voar até a Lagoa da Saudade onde encontrava sempre minhoquinhas pequenas e elas lhe davam força para viver mais um dia. Gostava de ir passear também pelo Lago da Esperança, pois sempre encontrava borboletas, bem-te-vis, abelhas douradas e elas eram grandes amigas.

          Mas a maioria do tempo ela passava ali, no galho da Arvore Da Felicidade. Uma grande amiga. Em seus galhos cresceu e se tornou adulta. Fez ali sua casinha pequena simples, mas era seu pedaço de chão para viver. Ficava sempre a perscrutar o horizonte para ver se algum animal, e se algum pássaro poderia vir para aproveitar a sombra da Arvore da Felicidade. De vez em quando aparecia um quati, um lobo, uma onça ou um tatu e uma vez riu muito quando vários meninos e meninas vestidos de azul cantavam dando gargalhadas uma canção esquisita. Diziam: - Eu matei o Shery Kaan, sou amigo do Balu! Ainda bem que nunca apareceu um homem. Tinha muito medo de pedradas. Mas naquela manhã, quase quando o sol ficou sem sombra chegaram outros meninos e meninas bem maiores de chapéu e bastões de madeira. Desta vez a Coruja dos Olhos Verdes teve medo e se escondeu na copa da Árvore da Felicidade. Eles se arrancharam e uns pegaram lenha outro foi ao Riacho do Amor pegar água nos cantis e pescar. Eram alegres e A Coruja dos Olhos Verdes criou coragem e voltou ao seu posto de observação.

         Eles não gritavam, não brigavam e cantavam muito. Tinham um enorme chapéu de três bicos na cabeça um lenço cor verde e amarelo e suas roupas eram iguais. Fizeram uma espécie de sopa e comeram com vontade. Um deles cujo nome era Toquinho olhou para cima e viu a Coruja dos Olhos Verdes. Parecia que ele entendia sua língua e ele disse – Olha Corujinha, você é linda! Não tenha medo. Sou um Escoteiro e o Escoteiro é amigo dos animais e das plantas! Ela sorriu e ainda tremendo disse – Olá! Os outros a viram, mas não sabiam sua língua. Só o Toquinho. Ficaram por um dia e meio. À noite cantaram canções lindas. Acenderam uma fogueira e a Arvore da Felicidade reclamou da fumaça. Dormiram todos encostados no tronco da Árvore da Felicidade. Nem bem o sol apareceu no horizonte levantaram e se foram. Toquinho olhou para a Coruja dos Olhos Verdes e se despediu. Adeus linda corujinha. Quem sabe um dia nós voltaremos a nos ver?

        Quando viraram na trilha da Colina Verdejante, próximo ao Monte da Alegria o vento balançou os galhos e as folhas da Arvore da Felicidade e eles desapareceram de sua vista. A Coruja dos Olhos Verdes começou a chorar. A Árvore da Felicidade chorou também. – Porque não vai atrás deles e saber onde vão ficar? A Coruja dos Olhos Verdes não se fez de rogada. La foi ela batendo suas asas atrás dos meninos do chapéu de três bicos. Voava alto quando os viu. Viu também ao longe um grande acampamento de escoteiros e escoteiras. Pareciam formigas a correr aqui e ali. Viu que os seis meninos erraram o caminho. Ela foi voando até lá e teve que descer para falar com Toquinho onde era o caminho certo. Ele agradeceu. Voltaram e pegaram a trilha certa.


        Foi uma boa ação que ela fez. Começou a voar de volta. Não era longe a sua morada na Arvore da Felicidade. Sentiu uma forte dor na asa direita. Olhou e viu dois homens maus com pedras na mão. Eles a tinham acertado. Com muito custo voando com muita dificuldade chegou a sua casinha. Deitou. Uma dor enorme ela sentia. Muito sangue escorria. Acordou e viu sua mãe e o Pardal Cinzento que a ajudou quando pequena a sorrirem para ela. Mostraram uma nuvem branca no céu e ela voou até lá. Sentaram na nuvem branca e sumiram no céu azul. A Árvore da Felicidade chorou por muito tempo. Agora estava sozinha. A corujinha se fora.  Os animais que ali apareciam também choravam. Um dia, numa tarde linda, com ventos brandos vindo do norte, em meio a uma brisa fresca, eis que apareceu a Coruja dos Olhos Verdes. Sorriu para a Árvore da Felicidade que também sorriu. E a felicidade voltou a viver junto a todos que moravam no Vale da Esperança. A Árvore da Felicidade e todos os que ali chegavam para descansar na sua sombra sempre sorriam. Mesmo onde existe a maldade, devemos perdoar e sorrir. Isto é como se a felicidade estivesse sempre conosco. A Árvore da Felicidade aprendeu com a Coruja de Olhos verdes que a verdadeira felicidade é fazer os outros felizes!

Nenhum comentário: