Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O tempo e o vento para os Mestres de Campo.


Hora de dormir e de lembrar, lembranças que não se apagam.
O tempo e o vento para os Mestres de Campo.

Sempre temos lembranças marcantes das coisas lindas que o escotismo nos ofereceu em um passado distante. Ou quem sabe no presente de hoje. Sem sombra de dúvidas marca mesmo a gente. São tantas coisas que marcam, e que às vezes ficam esquecidas e só o tempo nos traz de volta as lembranças daquelas noites gostosas, vividas em um acampamento qualquer. As patrulhas em seus campos, ouvindo as conversas aqui e ali, o lusco fusco da noite e os lampiões sendo aceso. Um sorriso alto uma canção despercebida, a fumaça do fogo a lenha no fogão tropeiro ou suspenso e os cozinheiros preparando seu jantar com toda a patrulha em volta aguardando que o manjar ficasse pronto. A gente na chefia, sentindo o vento no rosto também com nosso fogo aceso, girando a manivela devagar, um belo naco de lombo, bonito de se ver e sentindo a carne ir tostando. Outros chefes ali ao seu lado, de olhos pregados na carne, sentindo o sabor na mente, e com a noite suave a mostrar os primeiros vagalumes, a gente escuta uma patrulha dar o primeiro grito. Aqueles felizardos seriam os primeiros a jantar. A chefia sorri. E o Monitor correndo? – Sempre Alerta Chefe, Patrulha Gavião com jantar pronto. Aceitar jantar conosco?

O som do grito da segunda da terceira e da quarta patrulha e a gente sabia que nem assim o silêncio iria acontecer. A gente não estava com eles, mas imaginava. Sentados em bancos, ou no chão, com os pratos na mão, algumas patrulhas com mesas e bancos e eles não deixavam de matraquear. A noite está firme. O lampião aceso clareando o campo de patrulha e a gente de longe olhando e saboreando aquela noite gostosa. A alegria reinante não tem preço para pagar o que sentimos. E o olhar deles? No prato ou no rosto de um patrulheiro um sorriso e nunca a reclamar. Sem dizer que estava sem sal, sem óleo ou gordura. E a gente em volta do fogo no campo da chefia olhando os chefes que de olhos abertos perguntavam sem dizer – E esta carne, ainda não está boa? – Tome experimente – a gente corta uma tira com a faca mateira para um e outro. O estalar da boca, o sorriso e já era hora do nosso jantar. Bem próximo o barulho das patrulhas aumenta, eles dão risadas, alguns cantam e a gente sabia que o acampamento tinha atingido o ponto esperado.

O tempo. Belas lembranças dos acampamentos. Ah! O tempo que um dia aconteceu e a realidade daqueles momentos ainda permanecem vivos em nossa mente. Uma alvorada, um alvorecer, uma noite bem dormida, um jogo bem jogado, uma refeição bem nutrida. E quem sabe um peixe bem pescado, um tomate colhido no lago, um mamão achado ao sopé da montanha para uma sopa bem gostosa e a noite alta, o silêncio a dormir com eles esperando o amanhã. São coisas nossas e próprias de nós chefes que vivemos tudo isto. O tempo e o vento! O vento sul, do norte não importa. A soprar nas tardes quentes, um banho no riacho de águas geladas, a escoteirada vibrando, brincando de pic, nic, brincando de palmar na água, ah! O vento!  A alvorada, um passar de mão nos olhos tentando acordar, hora da ginastica, o sol surgindo, uma névoa que se vai. São somente lembranças, do tempo e do vento. Vento que tantas vezes sentíamos no rosto trazendo a fragrância das colinas tão perto, o perfume das flores nos montes, o frescor a substituir o calor de um dia bem vivido. Não dá para esquecer. São coisas nossas, são coisas de escoteiros.

Se você meu caro amigo ainda não sentiu o cheiro da terra molhada, não sentiu nas madrugadas o orvalho caindo e molhando sua face, a chegada da brisa fresca antes do nascer do sol. Se ainda não viu o sol se por, a cigarra cantando, o canto dos Jaburus, o uivo de um lobo guará, uma bela coruja a piar no galho de um jacarandá, o barulho das águas nas pedras fazendo chuá-chuá! Se você meu caro ainda não viu tudo isto está na hora de botar o pé na estrada. E se por acaso me encontrar na volta eu irei ver o seu sorriso e poderei dizer – Você é um Escoteiro de fato!


Boa noite, que Deus esteja com todos vocês!

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