Uma deliciosa conversa ao pé do fogo!

Amo as estrela, pois mesmo tão distantes nunca perdem seu brilho, espero um dia me juntar a elas, e estar presente a cada anoitecer alegrando o olhar daqueles que amo

domingo, 6 de julho de 2014

O Lobinho Naldinho e a terrível Casa do Espanto.


Lendas escoteiras
O Lobinho Naldinho e a terrível Casa do Espanto.

                Naldinho estava na janela olhando de soslaio para que ninguém o visse da casa em frente a sua. Já havia seis dias que ele fazia isto. Sua mãe e seu pai achavam que ele estava dormindo. Dormia cedo. As nove ele já ia para o seu quarto. Mas desde o dia que foi fechar a janela por causa de um vento súbito ele viu três pessoas em forma de fumaça descer pela chaminé da casa vizinha. Naldinho tinha nove anos. Era lobinho da matilha verde. Tinha dois anos de lobinho. Todos gostavam dele. Há um ano era o primo da matilha. Conseguira a Primeira Estrela e pensava que até o fim do ano receberia a segunda estrela. Sabia que pelas onze ou onze e meia às assombrações iriam aparecer. Todos os dias era assim.

              Naldinho lembrava quando ao chegar da escola não viu a placa na casa que fora de Dona Matilde. Seu Geraldo morrera e ela resolveu ir embora morar com a filha. Colocou a casa a venda. Naldinho ao beijar a mãe perguntou quem era os novos vizinhos. Sua mãe disse que não viu ninguém. Não houve mudança. Durante muitos dias a casa ficou fechada até que na noite fatídica Naldinho viu as aparições entrarem pela chaminé. Logo notou que havia barulho e janelas fechavam e batiam. Luzes da cor violeta e roxa toda hora piscavam na casa. Isto acontecia até altas madrugas. Naldinho não sabia quando terminavam. O sono chegava e ele ia dormir. No primeiro dia comentou com sua mãe. Ela como sempre disse que ele estava vendo muito filme de terror. Engano. Naldinho nunca viu nenhum.

             Na reunião de sábado comentou com Princesa, a sua segunda (o nome dela era Paty) sobre o acontecido. Ela acreditou. Sapinho o terceiro da matilha também (Norberto). Eram os três que ficavam mais juntos, pois alem de serem da mesma matilha estavam na mesma classe na escola. Naldinho queria levá-los a ver a descida dos fantasmas noturnos, mas era impossível naquela hora. Nenhuma mãe deixaria eles ir lá. Uma semana tentou ver se as mães deixavam os dois dormir lá de uma sexta para um sábado. Deram uma desculpa de um trabalho para a matilha. Uma das mães perguntou a Mirtes, a Akelá e ela não se lembrava de nenhum trabalho. Deu em nada.

             No sábado após a reunião, Naldinho propôs aos dois irem até a casa e tentar entrar. Sapinho tremeu e disse que tinha medo. Princesa apesar de ter duvida topou na hora. Nem bem a reunião terminou saíram correndo, pois se atrasassem na chegada em casa ia ser um Deus nos acuda! Procuram alguma janela aberta e com surpresa viram que todas estavam abertas e as portas também. Entraram. Sala vazia. Sem móveis. Cozinha nada. Subiram ao andar superior. Um cheiro de queimado. Um quarto. Nada, vazio. Segundo quarto uma surpresa. Cordas, velas, uma machadinha, um facão, potes cheios de uma coisa vermelha (seria sangue?) e muitos gravetos num canto. Assustaram-se.

             No segundo quarto outra surpresa. Uma cama sem estrado. Um emaranhado de arame farpado fazia às vezes de colchão. O que era aquilo? O que significava? Sapinho começou a tremer e chorar baixinho. Pedia insistentemente para ir embora. Naldinho resolveu descer e ao chegar embaixo um barulhão. As janelas se fecharam automaticamente. As portas estavam trancadas. Tentaram abrir e nada. Meu Deus! E agora? Sentaram em um cantinho debaixo da escada e ficaram ali tremendo de medo. Viram as sombras aparecerem pela saída da chaminé. Sapinho chorava baixinho. Princesa de olhos arregalados. Naldinho achou que era o Chefe. Levantou-se e disse – Eu não tenho medo! Sou lobinho! O lobinho é forte! – As sombras riram. Pegaram os três e os levaram ao andar de cima onde em um quarto foram amarrados. Umas das sombras tomou vida. Um enorme tigre dentuço. – Você é o Shere Khan?

            Não tinha jeito. As sombras iam fritá-los na fogueira. Pedir socorro não adiantava. Gritar também não. Mas Naldinho não desistiu. Fechou os olhos e pediu a Deus, a Jângal, aos seus irmãos lobos que não os deixassem morrer. Um clarão enorme aconteceu! Quase cegou os olhos dos três lobos. Quando abriram viram um enorme Urso, uma enorme Pantera a gritar para Shere Khan: - Você não desiste mesmo não é seu Tigre Manco! Vamos lhe dar uma lição. Shere Khan deu enormes gargalhadas e sumiu na fumaça. Bagheera a Pantera Negra os soltou. Baloo o urso grandalhão e amigo os aconselhou – Nunca façam o que sabem ser errado. Voces conhecem a Lei do Lobinho – “O Lobinho ouve sempre os velhos lobos”. E os dois também desapareceram.


           Voltaram para suas casas. Ainda tremendo deram o “Melhor Possível” um para o outro e se foram. Naldinho aprendeu a lição. Nunca mais tomou iniciativa sem antes aconselhar com seus pais, sua professora, e seus chefes. Uma semana depois nova placa anunciava a venda da Casa do Espanto. Desta vez Naldinho não quis nem saber quem iria comprar, quem iria morar e dormia cedo. Muito cedo. As máximas da Jângal nunca mais seria esquecida. Naldinho agora andava de olhos e ouvidos bem abertos, nunca deixou de pensar primeiro nos outros, andar sempre limpo, dizer sempre a verdade, e claro, dar boas risadas de tudo, pois o lobinho é como Akelá levando sua Alcatéia com alegria e sempre procurando o caminho para o sucesso de todos!               

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