Crônicas
de um Chefe Escoteiro.
“Boas
ações dignificam o caráter!”
Paulo Coelho acertou em cheio ao
definir a ajuda ao próximo como ajudar a si mesmo. Diz ele – “Cuidado com as
palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com as suas ações: elas se
transformam em hábitos. Cuidado com os seus atos: eles moldam seu caráter. Cuidado
com seu caráter: ele controla seu destino”. Acredito que tudo começa pela boa
ação. Um poeta dizia que as causas não determinam o caráter da pessoa, mas
apenas a manifestação desse caráter, ou seja, as ações. È isso mesmo. Tudo na
vida se diz que é um hábito de comportamento. Ajudar o próximo em toda e
qualquer ocasião nos mostra que devemos ajudar e ser bons para os outros. Baden
Powell foi firme ao dizer que o dever de um Escoteiro é ser útil e ajudar o
próximo. Simples assim. Acredito que ele se baseou na figura de São Jorge e dos
Cavaleiros Medievais. Eles diziam que era preferível morrer honesto a viver
envergonhado e que o cavalheirismo requer que o jovem seja treinado para que
possa realizar serviços complexos ou simples com alegria e bondade, e para ao
bem do próximo. (vide café mateiro – blog).
Desde os primórdios que o
escotismo foi implantado no Brasil que a boa ação é sinal de que os escoteiros
estão em atividades. Especificar o que as escrituras dizem sobre isto é alongar
muito. Mas até hoje a ajuda ao próximo é considerada como condição importante
para qualquer cidadão honesto. O Escoteiro aprende desde o primeiro dia que a
sua boa ação diária irá fazer parte por toda a sua vida. Afinal um dos artigos
da nossa Lei diz que o Escoteiro está sempre alerta para ajudar o próximo e
pratica todos os dias uma boa ação. A boa ação é ainda um marketing que nos
marca na comunidade. A história da velhinha atravessando a rua ajudada por
escoteiros tem e terá suas versões ampliadas ainda por muito tempo. Eu não
duvido e tenho certeza que os escoteiros de todo o mundo inclusive em nosso
país fazem da boa ação uma obrigação se não diária quem sabe semanal. Acredito
também que a maioria das tropas devem ter bons programas para incentivar este
habito tão salutar.
Lembro quando Escoteiro que
nossa MOEDA DA BOA AÇÂO era sagrada. Bolso esquerdo sem fazer. Bolso direito
feita. E o NÓ NO LENÇO? Pontinha com nó sem fazer, pontinha sem nó feita. Mas
não era só isto. Tínhamos uma bandeirola que ficava abaixo do totem. Chamava-se
“BOA AÇÃO“. Quando a Patrulha ainda não tinha feito sua boa ação coletiva, a
bandeirola era amarrada ao bastão de cabeça para baixo. Para cima sinal que
tínhamos feito. Nas inspeções diárias no inicio da reunião era escolhido um
Escoteiro aleatoriamente para contar sua boa ação do dia. Aplausos silenciosos
para as boas ações “mixurucas”. No nosso programa anual da tropa constava
sempre uma boa ação dela. Discutíamos em Patrulha o que fazer. A Corte de Honra
definia o que. Ir a uma casa de menores abandonados, limpar a área de interesse
público, brincar com as crianças fazendo jogos que conhecíamos (separávamos
também em Patrulha os meninos) e tinha outra coisas que adorávamos. Ver nosso
parque da cidade em perfeito estado. Sim, tínhamos adotado um parque. Alí tinha
nossa placa. Parque Tropa Escoteira Cruzeiro do Sul. Foi uma época que nunca esqueci. Lembro-me do
“Troféu Boa ação!”. Uma bandeirola de couro verde escrito a fogo – Primeiro
Lugar em boas ações. Que orgulho colocá-la no bastão da patrulha.
Sei que eram outros tempos e
agora nesta época vertiginosa da modernidade, onde a juventude talvez nem pense
nestas coisas, quem sabe poderá surgir alguma boa ação virtual. Não sei. Não
sou bom nisto. Não sei como fazer boa ação teclando aqui. Mas deve ter chefes
ou dirigentes que podem sem sombra de dúvida colocar nas etapas escoteiras a
BOA AÇÃO VIRTUAL. Eles não inventam tantas coisas? Vivendo e aprendendo. Claro
que acredito e sem sombra de duvida na formação e no aprendizado Escoteiro que é
feito lá na tropa, e também acredito que deve ser uma obrigação nossa fazer com
que os escoteiros, escoteiras, seniores e guias sejam iniciados neste arte tão
salutar. Só assim isto poderá vir a ser um hábito de comportamento, tão útil
para formar homens e mulheres no que esperamos deles. Honra, caráter, ética e
trabalho ao próximo. Afinal ajudar os outros faz parte da lei, faz parte da nossa
formação escoteira e isto é insubstituível. Já diziam os poetas que “Aquilo que
você faz, fala mais alto do que aquilo que você diz”. O que você plantar hoje
certamente colherá amanhã. Já disse um sábio: “Plante uma ação e você colherá
um hábito. Cultive o hábito e você desenvolverá um caráter!”. E não esqueça,
qualquer mudança nos seus escoteiros depende de você. Se der o exemplo então
você vai fazer a diferença. Ficar naquela máxima de façam o que eu digo e não
façam o que eu faço não é próprio e digno de um Chefe Escoteiro.
Boas ações. Sim, não
duvidem. Sem elas não existe escotismo. Afinal não são elas que todos dizem que
dignificam o caráter?
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