Lembranças da
meia noite.
O estranho
amor entre dois irmãos.
Joel tinha seis anos
quando nasceu Noal. Joel era um menino alegre, que vivia a brincar e correr
pelo bairro junto a vários amigos. Mas desde o nascimento de Noal que Joel
mudou. Passava horas e horas em ao lado do berço e não deixava faltar nada. Sua
mãe e seu pai ficaram preocupados e fizeram tudo para Joel ter uma vida de
criança normal. Anormal? Não isto não. Joel não era anormal só que passou a
viver em função do seu irmão. Na Pré-escola ele corria até lá para tomar conta
de seu irmão. Quando entrou na escola ele ficou no mesmo colégio só para não
ficar longe de Noal. Todos sabiam que se alguém tocasse em Noal teria o troco
de Joel. Noel fez sete anos e não era um bom aluno. Joel passava o dia a tentar
ensiná-lo com as matérias simples do primeiro ano. Tudo aconteceu sem Joel
Esperar. Noal pediu a sua mãe para ser lobinho. Joel não teve saída a não ser entrar
nos escoteiros.
Joel era estranho na
patrulha. Participava pouco, pois sempre a vigiar o seu irmão na Alcatéia. No
primeiro acantonamento não se sabe como Joel apareceu lá de bicicleta. Foi
alertado que não poderia ficar. Escondeu atrás de uns arvoredos e ficou lá os
dois dias sempre de olho em Noel. Chegou em casa cansado, com fome e com sono. Seus
pais não sabiam mais o que fazer. O Padre Totonho tentou e nada. Doutor Laércio
o psicólogo desistiu. Na tropa foi chamado diversas vezes na Corte de Honra. Não
queria acampar, não saia da sede e isto prejudicava enormemente sua patrulha.
Até o Conselho de Chefes discutiu o assunto, mas nada resolveu. Seu Chefe foi à
casa de Joel e conversou com os pais. Eles também não tinham a mínima ideia do
que fazer. Noel cresceu e aos quinze anos começou a namorar Cecília. Mas Joel
com seus vinte e um anos não dava paz ao casal. Sempre a vigiá-los onde quer
que fossem. Noel nos seus quinze anos não suportava mais a vigilância do irmão.
Aos dezenove anos Noel
ainda namorava Cecilia. Diversas vezes discutiu com seu irmão e chegou a ameaçá-lo
se ele continuasse com aquela vigilância incomoda. Mas Joel não discutia. Ouvia
calado e passou a se esconder de longe quando seguia seu irmão. O escotismo ficou
para trás. Não ajudou no crescimento deles tudo por culpa de Joel. Um dia Noel
combinou com Cecilia em fugir. De madrugada pegaram o ônibus para o Rio de
Janeiro. Joel não sabia. Correu cedo ao quarto do irmão para abraçá-lo como
fazia todos os dias. A cama vazia. Joel ficou desesperado e na casa de Cecilia
disseram que ela desapareceu também. Joel moveu céus e terra para encontrá-los
e nunca mais os viu vivos. Vivos, pois dez anos depois eles foram encontrados
mortos dentro de um fusca próximo a Parati. Uma batida com um ônibus tirou a
vida dos dois.
Joel quando ficou
sabendo e entrou em parafuso. Em casa durante estes dez anos Joel só vivia a
chorar pelos cantos. Um homem de vinte e dois anos e nem trabalhar mais ele ia.
Só sabia reclamar da vida e culpava sua mãe e seu pai dos seus infortúnios. A
vida deles se tornou um inferno. Joel tinha comprado um carrinho. Uma velha Brasília
branca. Saiu em disparada rumo a Parati. Na descida da serra próximo a
Caraguatatuba o carro desgovernou. Caiu em um despenhadeiro matando de maneira
dolorosa seu ocupante. O espírito de Joel sentiu que não havia mais corpo. Se
estava morto ele precisava encontrar Noel. Rodou céus e terra e nada. Dois
monstros o levaram para o Umbral. Ficou lá trinta anos até que de tanto chorar e
pedir perdão a Deus ele foi socorrido por Joel e Cecília. Quarenta anos depois
reencarnaram em uma mesma família. O que aconteceu fica para ser contado em
outra oportunidade.
Boa noite meus amigos e
minhas amigas. Durmam com Deus e procurem ajudar aos outros, pois só assim
alcançaremos a nossa felicidade.
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